Era o primeiro dia de aulas de um novo semestre na Universidade do Texas. O primeiro dia em que os alunos poderiam ir à escola na posse de armas, desde que estas não fossem visíveis. No entanto, para além de livros, material de escrita e portáteis, alguns alunos optaram não por levar uma arma, mas por se fazerem acompanhar por outro objeto que consideravam igualmente ridículo: um dildo, um brinquedo sexual com a forma de um pénis.
O resultado da manifestação foi, segundo o Washington Post, a exibição de cerca de 4.500 brinquedos sexuais de todas as cores e tamanhos nocampus da Universidade do Texas esta quarta-feira.
Jessica Jin, uma das pessoas à frente do protesto, explicou ao New York Times o motivo do protesto com recurso a brinquedos sexuais: “Estas leis não protegem ninguém. Os estudantes não as querem. É um absurdo. Por isso, eu pensei, temos de combater o absurdo com absurdo“.
Esta quarta-feira, alunos da universidade distribuíram os brinquedos sexuais a centenas de alunos que se encontravam a protestar contra a lei que entrou em vigor no dia 1 de agosto. Um dos organizadores do protesto considerou “obsceno” que o Estado permita que armas entrem no campus, acrescentando ainda: “Que melhor maneira de mostrar como nos sentimos que esta”?
Uma das manifestantes, Rosie Zander, explicou que enquanto as armas forem permitidas no campus os dildos também lá vão continuar, acrescentando ainda: “Se estão desconfortáveis com o meu dildo, não podem imaginar quão desconfortável eu estou com a vossa arma”.
Milhares de estudantes tiraram fotografias e fizeram publicações nas redes sociais com os “brinquedos”. O protesto ficou conhecido na Internet como @CocksNotGlocks — uma brincadeira com o nome de um tipo de pistolas, a Glock, e o pénis.
Bob Harkins, vice-presidente da segurança no campus, relembra que mostrar publicamente um brinquedo sexual pode ser ilegal no estado do Texas, caso a pessoa que o transporte esteja a agir de uma forma obscena. A polícia que se encontrava no local não procurou fazer nenhuma detenção por os alunos estarem a manifestar uma posição política, acrescentou o vice-presidente.
O primeiro dia de manifestação foi marcado na página de Facebook do movimento. Na publicação a apelar para que as pessoas assistissem ao protesto, podia ler-se: “Este evento ‘começa’ às oito da manhã porque esse é o primeiro bloco de aulas da Universidade do Texas. No entanto, este é um protesto contínuo — porquê deixar os teus dildos em casa se outras pessoas não deixam as armas delas em casa? Usa-os com orgulho até que a lei seja revogada”.
O presidente da Universidade do Texas já se mostrou contra a lei, mas diz que não teve escolha se não aceitar a decisão.
Brian Bensimon, um dos alunos da Universidade do Texas, faz parte de um grupo nacional a favor de os alunos poderem exercer o seu direito a transportar armas nos campus universitários. O grupo diz que tem vários membros na universidade em Austin, mas Bensimon afirma que é o único.
O jovem envergou um cartaz na quarta-feira junto dos manifestantes que se mostravam contra a nova lei. “Posso não estar bem integrado nocampus, mas estou integrado no Estado”, afirmou o estudante.
Desde o dia 1 de agosto que se tornou legal transportar armas escondidas no campus universitário do estado do Texas, onde já era permitido transportar armas escondidas na rua. A permissão de levar armas para o espaço universitário já existia em sete estados americanos: Oregon, Idaho, Utah, Colorado, Wisconsin, Kansas e Mississípi.
TPT com: AFP//Reuters//CNN//Washington Post//New York Times//Observador//26 de Agosto de 2016