“Se os estados reunidos em Paris querem verdadeiramente que [o processo de] paz avance, devem fazer pressão sobre [o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas,] para que aceite o convite de Netanyahu [primeiro-ministro israelita] para negociações diretas”, sustenta o ministério. A nota acrescenta que a cimeira de Paris, marcada pela ausência de Israel e Palestina, é uma “tentativa artificial de pessoas fora do Médio Oriente para ditarem soluções às pessoas do Médio Oriente, de que devem viver com as suas repercussões”.
Israel assume Jerusalém como a sua capital indivisível, que inclui o Leste de Jerusalém, parte palestiniana da cidade ocupada por Israel em 1967 e anexada em 1980, e onde os palestinianos querem estabelecer a capital do Estado da Palestina. A ONU considera ilegal a ocupação e a anexação do Leste de Jerusalém por Israel. O processo de paz israelo-palestiniano está em ‘ponto morto’ há mais de dois anos.
Entretanto, o secretário de Estados dos Estados Unidos, John Kerry, garantiu hoje ao primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que a conferência de Paris não terá consequências irreversíveis para Israel, nem tão pouco continuidade numa possível resolução de condenação na ONU.
Kerry, que participa na conferência, no que parece ser o seu último ato oficial de alto nível, telefonou a Netanyahu para lhe prometer que o documento final da reunião não referirá qualquer ação ou sanção na ONU ou outro organismo internacional até 20 de janeiro, quando o presidente norte-americano, Barack Obama, abandonará o cargo e será substituído por Donald Trump.
A Autoridade Palestiniana, ao contrário de Israel, congratulou-se hoje com as conclusões da cimeira de Paris, onde estiveram representados mais de 70 países.
Reino Unido recusa assinar comunicado final sobre solução para Médio Oriente
O Reino Unido, que sempre manifestou reservas quanto à cimeira de Paris sobre o Médio Oriente, recusou, este domingo, assinar o comunicado final, que defende uma solução negociada de dois estados para o conflito israelo-palestiniano.
A recusa foi anunciada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico, numa nota de imprensa.
Na nota, a diplomacia britânica justifica «as reservas particulares» sobre a cimeira, realizada este domingo na capital francesa, com a ausência de Israel e Palestina.
«Esta é uma cimeira contra a vontade de Israel», vincou o Reino Unido, que participou no encontro com o estatuto de observador.
PM israelita diz que conferência internacional para paz no Médio Oriente é “fútil”
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, qualificou hoje como fútil a conferência internacional de Paris para a paz no Médio Oriente.
“A conferência de hoje em Paris é uma conferência fútil”, declarou Netanyahu aos ministros israelitas no início de um Conselho de Ministros em Jerusalém. “[A conferência] Foi coordenada entre franceses e palestinianos com o objetivo de impor a Israel condições que são incompatíveis com nossas necessidades nacionais”, acrescentou, citado pela agência France Presse.
O governo de Netanyahu opôs-se à conferência, afirmando que apenas conversações diretas com os palestinianos podem acabar com o longo conflito.
Os palestinianos saudaram a abordagem multilateral, dizendo que anos de negociações com os israelitas não terminaram a ocupação da Cisjordânia.
Esta conferência, foi presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Desenvolvimento Internacional francês, Jean-Marc Ayrault, e participaram, entre outros, o secretário de Estado norte-americano cessante, John Kerry, e o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, não estando prevista representação de Israel.
Portugal fez-se representar na reunião, pela secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, Teresa Ribeiro.
TPT com: AFP// Reuters//Bertrand Guay //Lusa//Ronen Zvulun// EPA// France Press//15 de Janeiro de 2017