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O gelo venceu o Endurance. Shackleton venceu tudo

Encalhado. O Endurance, preso no gelo da Antártida, em 1915.

 

 

 

Há 100 anos, 28 homens partiram a bordo de um navio rumo à Antártida para procurar um feito único: atravessar o continente a pé. O que aconteceu depois de encalharem num banco de gelo é uma das mais extraordinárias histórias de sobrevivência de sempre.

 

 

Com extremo cuidado, o Endurance avançava lentamente contornando enormes icebergues no mar de Weddell, na Antártida. A tempestade da véspera – que detivera o navio numa espessa placa de gelo – amainara o suficiente para permitir à tripulação içar as velas e navegar por entre densas massas de picos gelados. Aproveitando um longo canal de água que se abrira junto à base de um glaciar, o navio conseguiu percorrer 38 quilómetros até encalhar de novo.

 

 

 

Nessa noite, os 28 tripulantes deitaram-se com a esperança de que o amanhecer trouxesse melhores condições para prosseguir viagem até à baía de Vhasel, a menos de um dia de distância. Nenhum imaginava que o Endurance já não sairia dali, afundando-se dez meses depois, esmagado pelo gelo, e deixando-os entregues à sua sorte. Estávamos a 18 de janeiro de 1915.

 

 

 

Meses antes, em agosto, o Endurance zarpara do porto de Plymouth, no Reino Unido, numa expedição à Antártida liderada por Ernest Shackleton, um dos mais conceituados exploradores polares da época.

 

 

 

Depois de Roald Amundsen ter conquistado o Polo Sul, em 1911, Shackleton perseguia o último grande prémio ainda não reclamado da exploração antártica: a travessia a pé do continente. Chamou-lhe Expedição Transantártica Imperial e seria o último sopro da Idade Heróica da Exploração da Antártida.

 

 

 

“Do ponto de vista sentimental, é a última grande viagem polar que resta fazer. (…) a maior e mais extraordinária de todas as viagens: a travessia do continente”, escreveu Shackleton no prospeto da expedição.

 

 

 

O navio seguira em direção a sul, passando pela Madeira, Montevideu e Buenos Aires, onde Shackleton se juntaria à tripulação, juntamente com 69 cães de trenó canadianos. A paragem seguinte, onze dias depois, seria nas remotas estações baleeiras da ilha da Geórgia do Sul, situada às portas do Círculo Polar Antártico.

 

 

 

Ficam um mês em terra, à espera que o verão austral derreta algum gelo no mar. Em vão. Quando retomam viagem, o Endurance progride despedaçando grandes blocos de gelo. “Sentimos uma grande admiração pelo nosso pequeno e robusto barquito”, escreve Frank Hurley, o fotógrafo da expedição, no seu diário de viagem, citado no livro “O Endurance – Encurralados no Gelo”, de Caroline Alexander, que acaba de chegar ao mercado português.

 

 
ENCURRALADOS NO GELO

 

 

Com bravura, percorrem em seis semanas mais de 1600 quilómetros de bancos de gelo até ao fatídico dia. Dessa vez, o gelo comprime de tal forma que aprisiona o navio. Durante dias, semanas, meses, a tripulação desespera para poder seguir viagem. Em julho, Shackleton antecipa o pior: “Está quase a chegar o fim… O navio não vai aguentar mais. (…) O que o gelo agarra, o gelo não larga”. A 21 de setembro, 10 meses depois de terem encalhado, os 28 homens observam impotentes o Endurance a afundar-se. Estavam entregues à sua sorte, sem possibilidade de resgate.

 

O gelo venceu o Endurance. Shackleton venceu tudo2
Durante os dez meses em que o navio esteve aprisionado, a tripulação organizou jogos de futebol para fintar o tédio, equipa de bombordo contra a de estibordo. Ao domingo, as sessões de canto eram um acontecimento. As noites eram animadas por Leonard Hussey, o popular meteorologista e exímio tocador de banjo. Quando, em maio, o sol desaparece por completo por quatro meses, uns refugiam-se no xadrez, outros preferem as cartas e as damas, e outros ainda os livros ou jogos de adivinhas. Focas e pinguins tornam-se alimentos de eleição.

 

 

 

“É quase impossível de conceber, mesmo para nós, que estamos em cima de uma jangada de gelo colossal, com apenas 1,5 metros de gelo a separar-nos de um oceano com 2 mil braças de profundidade”, escreve Hurley no diário.

 
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O banco à deriva deslocava-se por vezes três quilómetros num dia. A 7 de abril, já depois dos últimos cães terem sido abatidos para alimentar o grupo, os picos da ilha Elefante surgem no horizonte. Dois dias depois, o gelo quebra o suficiente para os homens se lançarem finalmente à água, num bote salva-vidas do Endurance que tinham conseguido salvar. A terra estava à vista mas a sua provação apenas começara.

 

 

POR FIM TERRA

 
Depois de 13 meses presos no gelo, e mais seis dias num mar agitado e com correntes imprevisíveis, pisavam finalmente terra firme, pela primeira vez em 497 dias. Os homens estavam maltratados, extenuados e tensos. Havia quem não dormisse há 90 horas. Alguns, mal pisaram a areia da praia, vaguearam em ziguezague, como se estivessem alcoolizados. Outros pareciam ter ensandecido. Um dos marinheiros pegou num machado e só parou depois de matar 10 focas.

 

 

O gelo venceu o Endurance. Shackleton venceu tudo4
A ilha era um local inóspito, afastado de qualquer rota marítima. Por isso, oito dias depois do desembarque, Shackleton toma uma decisão que viria a ser decisiva para o resgate do grupo: ele e cinco outros homens navegariam no maior dos botes, o James Caird, rumo à Geórgia do Sul, e aí pediriam ajuda para resgatar o resto do grupo. Poucos acreditavam no sucesso da missão: a ilha estava a 1300 quilómetros de distância, dez vezes mais do que haviam acabado de percorrer. Em pleno inverno, num barco aberto de 7 metros de comprimento, teriam que enfrentar ventos de 130 km/h, vagas de 20 metros e navegar às cegas num mar hostil. Antes de partir, Shackleton deixa uma carta a Frank Wild, que fica responsável pelo grupo da ilha Elefante:
“Caro Senhor
Na eventualidade de eu não sobreviver à viagem de barco até à ilha da Geórgia do Sul, deverá fazer o melhor que puder para salvar resto do grupo. (…) Transmita o meu amor a todos os meus e diga-lhes que dei o meu melhor”
Ernest Schackelton

 
Os seis homens chegam sãos e salvos à Geórgia do Sul. Tinham enfrentado as condições mais adversas que um marinheiro pode encontrar e completado uma das grandes viagens marítimas de todos os tempos. Mas ainda era cedo para cantarem vitória.

 

 

Em mais uma prova de resistência, Shackleton e dois tripulantes ainda têm que caminhar durante 36 horas sem descanso por um território gelado e adverso, que não conheciam, para chegar à estação baleeira mais próxima. No seu livro “South”, o explorador resumiria assim essa travessia: “Tínhamos sofrido, passado fome e triunfado, tínhamos sido humilhados mas vislumbrámos a glória (…). Tínhamos visto Deus no Seu Esplendor e ouvido a voz da Natureza. Tínhamos alcançado a alma nua do homem”.

 
Estávamos em maio de 1916. No final de agosto, mais de ano e meio depois de ter ficado presa no gelo, a restante tripulação do Endurance seria resgatada na ilha Elefante por um pequeno rebocador disponibilizado pelo governo do Chile, depois da recusa do almirantado britânico em ceder um navio, por causa dos esforços da I Guerra Mundial. Quando alcançou a ilha, Shackleton contou 22 silhuetas. Todos os homens tinham sobrevivido. Na carta que enviaria à mulher, escreveu apenas. “Consegui. Maldito almirantado… Não perdemos um único homem e atravessámos o inferno”.

 

 

*Fotos retiradas do livro “O Endurance – Encurralados no Gelo”, de Caroline Alexander (Planeta)

 

Nelson Marques (texto) Frank Hurley* (fotos)

 

18/01/2015

 

 

 

 

 

Cinco cientistas portugueses recebem 10 milhões de euros para dar continuidade à investigação

As bolsas Consolidator do Conselho Europeu de Investigação permitem aos cientistas agora premiados fortalecer as equipas e prosseguir com a investigação em áreas como imunologia, infeção ou inflamação.

 

 

Cada investigador vai receber uma bolsa de cerca de dois milhões de euros.

 

 
O Conselho Europeu de Investigação (ERC, na sigla em inglês) atribuiu dez milhões de euros a cinco cientistas portugueses para durante cinco anos darem continuidade aos projetos de investigação que desenvolvem na área das ciências da vida. As bolsas ERC Consolidator, como o nome indica, são uma oportunidade para os investigadores prosseguirem o trabalho de investigação que desenvolvem e manterem as respetivas equipas.

 

 
“Esta é uma excelente oportunidade para concretizar uma visão científica, através da consolidação da minha equipa”, refere Cristina Silva Pereira, que estabeleceu o grupo de investigação que coordena em 2008, no Instituto de Tecnologia Química e Biológica, da Universidade Nova de Lisboa. A investigadora pretende estudar se as proteções naturais das plantas contra os fungos podem ter aplicações clínicas.

 

 
Este financiamento torna-se particularmente relevante em áreas de investigação em que os financiamentos possam ser mais difíceis de conseguir. “O prémio ERC vai permitir-me executar o meu programa de investigação na área da sépsis sem barreiras”, diz Luís Moita, investigador principal no Instituto Gulbenkian de Ciência.

 

 
Para se candidatarem a esta bolsa os cientistas têm de ter o doutoramento há mais de sete anos (e menos de 12). É uma bolsa que surge na continuidade das bolsas ERC Starting para investigadores que acabaram o doutoramento há menos tempo e que estão a tentar estabelecer um grupo de trabalho independente. Henrique Veiga-Fernandes, em 2008, e Bruno Silva-Santos, em 2010, foram ambos premiados com esta bolsa de iniciação para estabelecerem os respetivos grupos de trabalho no Instituto de Medicina Molecular (IMM), da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

 

 
“Este financiamento irá permitir a continuação do trabalho do grupo internacional e excecional de cientistas que reuni no meu laboratório, ao mesmo tempo que nos permitirá iniciar um novo projeto ambicioso e com importantes implicações na Biomedicina”, nota Bruno Silva-Santos, que pretende perceber que mecanismos controlam a produção de citocinas, substâncias altamente inflamatórias. Estas moléculas tanto podem ter um papel importante na resposta às infeções e tumores, como podem ser responsáveis por doenças inflamatórias crónicas e autoimunes.

 

 
Inflamação e cancro são duas áreas chave na investigação em biomedicina. Henrique Veiga-Fernandes procura novos “alvos terapêuticos em doenças inflamatórias, infecciosas e tumorais no intestino” pela relevância que têm para a saúde pública, enquanto, João Barata, que também tem um grupo de trabalho no IMM, quer “entender os mecanismos através dos quais a [molécula] IL-7 e o seu recetor podem transformar célula normais e fazer com que se tornem malignas e o papel que têm no desenvolvimento de leucemia e outros cancros”.

 

 
06/02/2015

Autor: Vera Novais – Hugo Amaral / Observador

 

 

 

 

Cinco momentos loucos da ciência em 2014

Algumas descobertas desafiam até os argumentistas de Ficheiros Secretos – a série dos anos 90 que apresentava fenómenos por explicar a cada episódio – e outros fenómenos são facilmente explicáveis, embora não deixem de ser muito, muito estranhos. Eis os mais insólitos da ciência em 2014:

 
Sexo no espaço acaba mal

 
A missão Foton M-4, da Agência Espacial Russa, qual motel da Linha de Sintra fora de gravidade, pretendia entender se é possível a reprodução a gravidade zero. A bordo seguiam casalinhos de gecos (lagartos), moscas da fruta e outros organismos, mas uma perda de contacto com a sonda deixou os cientistas em Terra sem grande informação. Apesar de o contacto ter sido restabelecido, o estado dos ninhos de amor era uma incógnita e o regresso do satélite foi antecipado. Mas o romance entre os gecos acabou em tragédia: estavam mortos. A boa notícia é que as moscas da fruta sobreviveram.

 

 
Os ‘buracos negros’ da Sibéria

 

 
Há coisas que só acontecem neste país. A frase pode ser aplicada a qualquer lugar no mundo, mas na Rússia, em particular na Sibéria, ela ganha um valor, digamos… excepcional. Basta conferir o fenómeno dos buracos de grande diâmetro que se encontram na região, gelada a maior parte do ano. Um deles leva, porém, a palma: tem 30 metros de diâmetro. Os cientistas arregaçaram as mangas para superar a especulação de que as crateras teriam sido causadas por uma chuva de meteoritos ou até por uma invasão extraterrestre. Afinal, o fenómeno parece explicar-se pelo facto de a água estar a circular pela camada espessa de gelo à superfície – o chamado permafrost (ou pergelissolo em português) – e a escavar túneis no trajecto. Outros sugerem que estes trajectos imprevisíveis da água combinam-se com a libertação súbita de metano contida no subsolo. E advertem que as alterações climáticas podem ajudar a multiplicar fenómenos como estes nas regiões geladas.

 

 

Uma ‘cara’ no cometa

 

 

Em Novembro, a missão Rosetta, que levou pela primeira vez um objecto humano (não tripulado) a pousar na superfície de um cometa, mostrou que é dos poucos exemplos actuais do entendimento europeu. A sonda da Agência Espacial Europeia fotografou a superfície do 67P/Churyumov-Gerasimenko antes de entrar em hibernação por ter pousado numa superfície ‘escondida’ da luz solar, a sua principal fonte de energia. Mas uma dessas fotos provocaria um bruaá – não é que é perceptível uma espécie de cara esculpida numa das extremidades do cometa? Os cientistas sossegam os incautos: é como darmos formas às nuvens que passam no nosso planeta. É a nossa imaginação que está a trabalhar…

 

 

Fóssil de animal de lábios grandes baptizado ‘Mick Jagger’

 

 

 

A taxonomia (a definição de grupos biológicos e a respectiva atribuição de nomes a eles) actual é pródiga em criatividade. Obama, Dolly Parton, entre muitos outros, já foram nomes atribuídos às mais diversas espécies novas para a ciência. O mesmo se passa com animais que já não existem. Foi o caso de um fóssil descoberto por uma equipa de cientistas no deserto egípcio. A criatura, semelhante a um porco e com os lábios grossos, terá vivido por paragens africanas há 19 milhões de anos e, por causa destas características labiais passou a ser conhecida como Jaggermeryx naida, ou seja ‘ninfa do lago de Jagger’. A coordenadora da equipa confessou-se fã dos Rolling Stones…

 

 

Orelha cortada de Van Gogh replicada a partir de células vivas

 

 

Não fosse uma peça de arte e poderia ser forte candidata aos prémios IgNobel (o inverso do Nobel, dado a estudos ou a descobertas científicas insólitas ou de utilidade duvidosa) deste ano. O alemão Diemut Strebe usou uma amostra de células do trineto do irmão do pintor, Theo, e aplicou-a ao software de uma impressora 3D. O resultado é uma orelha emoldurada, exposta no Centro para a Arte e os Media de Karlsruhe (Alemanha).

 

 
Ricardo Nabais
16/01/2015

 

 

 

 

Descoberto um novo buraco negro demasiado novo para ser tão grande

Representação do buraco negro no centro da Via Láctea.

 

 
Os cientistas descobriram um buraco negro com uma massa equivalente a 12 mil milhões de vezes a massa do nosso Sol. Não é o maior alguma vez encontrado, mas é tão jovem que surpreendeu os cientistas.

 

 

“Como é que se forma um buraco negro tão grande em tão pouco tempo?”. A interrogação parte do próprio coordenador do estudo sobre o buraco negro gigante – SDSS J010013.021280225.8 -, Xue-Bing Wu, investigador na Universidade de Pequim, na China. O buraco negro que ainda só tem nome de código têm uma massa equivalente a 12 mil milhões de vezes à do nosso Sol e ter-se-á formado 875 milhões de anos depois do Big Bang, segundo refere a National Geographic.

 

 

 

Um buraco negro é uma região no espaço onde a gravidade é tão forte que nada lhe escapa, nem mesmo a luz. A força da gravidade é grande porque existe muita matéria compactada num espaço pequeno. Os buracos negros gigantes podem fazer parte do centro de atividade das galáxias.

 

 
Uma das teorias para a formação de buracos negros é que se tenham formado depois do colapso de estrelas gigantes, com várias centenas de vezes o tamanho do Sol. As estrelas que se formaram e colapsaram depois do Big Bang estavam rodeadas de gases que foram alimentando os buracos negros recém-formados. Mas esta ideia não parece funcionar com um buraco negro tão grande. As explosões de luz no quasar onde se encontra teriam afastado os gases e poeiras em vez de os aproximar.

 

 

 

Um quasar significa fonte de emissões rádio quase estelares (quasi-stellar radio source). Embora, na verdade, emitam muito poucas ondas rádio, os quasares são dos objetos mais brilhantes e mais distantes que se consegue ver. Podem ser mais brilhantes que uma galáxia, que tem milhares de milhões de estrelas. E têm normalmente um buraco negro gigante no centro.

 

 
Avi Loeb, diretor do Departamento de Astronomia da Universidade de Harvard (Estados Unidos), não esteve envolvido no estudo, mas propõe algumas hipóteses para a formação deste buraco negro gigante, segundo a National Geographic:

 

 
• Duas ou mais galáxias podem ter colidido, fundindo os buracos negros. Se, e só se, estes tivessem a mesma massa, caso contrário o mais pequeno seria afastado.

 

 
• Se tiver tido origem numa estrela que colapsou, esta poderia não ter centenas nem milhares de vezes a massa do Sol, mas milhões de vezes. “Não há nenhum máximo fundamental a que a estrela possa chegar”, disse Avi Loeb. Mas também não há evidências de que essas estrelas alguma vez tenham existido.

 

 
• Os buracos negros atraem e incluem gases a um ritmo mais rápido do que se considerava até agora.

 

 
Mas como é que se vê um buraco?

 

 
De um buraco negro nada escapa, nem mesmo a luz, portanto os buracos negros não se vêm. Para se encontrar este gigante, a equipa de Xue-Bing Wu teve de apontar os telescópios – na China, Hawai, Arizona e Chile -, para o quasar onde está localizado o buraco negro. “Este é o maior monstro alguma vez detetado em termos de luminosidade”, disse Avi Loeb. Este quasar é 40 mil vezes mais brilhante do que a Via Láctea.

 

 
Os investigadores que participaram no estudo publicado na Nature também estavam impressionados com o brilho do quasar, sinal de que o buraco negro é tão grande que aquece muito os gases presentes. “Vimos outros quasares deste período, mas nenhum tinha a massa de mais de três mil milhões de vezes o Sol”, disse Xue-Bing Wu.

 

 
Comparado com o gigante agora encontrado – com uma massa 12 mil milhões de vezes à do Sol -, o buraco negro da Via Láctea, embora gigante, parece muito mais pequeno. O Sagittarius A tem uma massa equivalente a quatro milhões de vezes o Sol, e podia conter no interior vários milhões de planetas do tamanho da Terra.

 

 

 
26/2/2015
NASA/JPL-Caltech
Autor: Vera Novais – Observador

 

Será que as placas tectónicas deslizam sobre uma camada de lubrificante?

A Nova Zelândia está localizada sobre uma das zonas onde a placa indiana e pacífica se encontram.

 

 
Um grupo de cientistas encontrou, na Nova Zelândia, indícios de uma camada que pode servir de lubrificante para o movimento das placas tectónicas. Falta saber se é um fenómeno comum a outras placas.

 

 

Que as placas tectónicas de rocha sólida (litosfera) se movem sobre o manto mais plástico (astenosfera) não é novidade, mas agora um grupo de cientistas propôs ver ‘como é que isso acontece’. ‘Ouvir o som’ das explosões de dinamite permitiu perceber que entre as placas tectónicas e o manto havia uma camada diferente, que funcionaria como um lubrificante para o movimento das placas.

 
O estudo do interior da Terra e das camadas que o compõe tem sido conseguido sobretudo pela análise das ondas sísmicas, que viajam a velocidades diferentes e cujo comportamento varia consoante se trata de um meio mais líquido ou mais sólido. Agora, a equipa coordenada por Tim Stern, geólogo na Universidade de Vitória, em Wellington (Nova Zelândia), usou meia tonelada de dinamite numa zona de subducção – onde uma placa oceânica se afunda por baixo de uma placa continental – e pela medição da progressão das ondas geradas conseguiu uma imagem mais detalhada. Próximo da base da placa tectónica as ondas sonoras abrandaram a velocidade antes de serem refletidas pelo manto, provavelmente devido a uma camada de água ou de materiais fundidos.

 

 

Será que as placas tectónicas deslizam sobre uma camada de lubrificante2

Entre a litosfera (rígida) e a astenosfera (plástica) existe uma camada (a vermelho) que funciona como lubrificante no movimento das placas tectónicas, segundo o estudo publicado na Nature.

 
O estudo apresentado na Nature vem de certa forma contrariar a teoria que defende que o movimento das placas tectónicas é explicado pelas correntes de convecção do manto. Esta teoria assume que o magma nesta camada aquece em profundidade, sobe até à superfície e volta a descer quando arrefece. A circulação destas massas quentes fundidas acaba por arrastar as placas, justificando o movimento.

 
Por outro lado, esta experiência dá apoio à teoria que defende que as placas se movem porque as extremidades se vão enterrando no manto devido ao peso, criando uma espécie de movimento continuo. Mas para perceber se o movimento das placas é principalmente potenciado pela camada lubrificante e não pelas correntes do manto – se as placas são puxadas e não empurradas -, os investigadores precisam de provar que essa camada existe noutras zonas de subducção e que tem um comportamento semelhante.

 
23/02/2015

 

Foto: NASA/Getty Images
Foto: D.R.
Autor: Vera Novais – Observador

 

 

 

Sabe quantas colheres de açúcar tem uma bebida energética?

Uma lata de Redbull tem 10 colheres de açúcar.

 

 

 

Um estudo desenvolvido por um grupo de especialistas do Reino Unido refere que uma bebida energética pode conter até 20 colheres de chá de açúcar.

 

 

 

Um estudo desenvolvido por um grupo de especialistas britânicos refere que as bebidas energéticas podem conter até 20 colheres de açúcar por embalagem, o triplo da dose diária recomendada, refere o Daily Mail. O seu consumo, cada vez mais popular entre os jovens, tem vindo a ser apontado como uma das causas para o aumento da obesidade nas escolas.

 

 

 
Para os 23 especialistas do “Action on Sugar”, um grupo preocupado com o “açúcar e com o seu efeito na saúde”, o aumento do consumo destas bebidas entre os jovens é preocupante. Estas são particularmente populares entre os estudantes, que procuram ficar acordados durante a noite, e têm vindo a integrar-se na dieta diária dos adolescentes.

 

 

 
O estudo analisou 197 das bebidas energéticas mais populares no Reino Unido e que podem ser adquiridas facilmente em qualquer supermercado. Algumas delas chegam a conter 15,6 gramas de açúcar por cada 100 mililitros, o que significa que algumas embalagens de 500 mililitros podem conter até 85 gramas de açúcar, o que equivale a 20 colheres de chá.

 

 

 
Uma dessas bebidas é o Sainsbury’s, que não se encontra à venda nos supermercados portugueses. O Red Devil, uma outra bebida muito popular no Reino Unido, contém 75 gramas de açúcar (19 colheres), enquanto uma lata de 335 mililitros de Redbull contém 39,1 gramas de açúcar, ou seja, dez colheres.

 

 

 

Os especialistas, que consideram as bebidas energéticas “o novo tabaco”, defendem que estas devem ser proibidas a menores de 16 anos, por considerarem que estas têm vindo a contribuir para o aumento da obesidade nas escolas.

 

 

 

Graham MacGregor, professor de medicina cardiovascular na Universidade de Queen Mary, em Londres, explicou ao Daily Mail que “as crianças bebem latas grandes destas bebidas” por acreditarem que “vão melhorar os seus resultados na escola, nos desportos ou mesmo durante uma saída”. “Na verdade, a única coisa que vão fazer é aumentar a probabilidade de desenvolver obesidade ou diabetes tipo 2, que terá implicações a longo prazo na saúde”, acrescentou.

 

 

 

27/02/2015
Foto: AFP/Getty Images
Autor: Rita Cipriano / Observador

 

 

 

 

Transplantar uma cabeça humana pode ser possível daqui a poucos anos

Um cirurgião italiano afirma que daqui a dois anos será possível realizar um transplante de corpo inteiro. A comunidade científica levanta muitas questões técnicas, mas também éticas.

 

 

O cirurgião italiano Sergio Canavero disse à revista New Scientist que o transplante de corpo inteiro será possível num futuro próximo. Para esclarecer: trata-se de transplantar uma cabeça humana de um corpo para outro. Tecnicamente o desafio é gigantesco e muitos especialistas dizem que não é possível (para já) executar, mas as questões éticas tornam este tema particularmente sensível.

 

 
O cenário é o seguinte: de um lado, um doente com uma doença terminal, e do outro uma vítima de morte cerebral. Transplantar a cabeça de um corpo para outro pode ser a salvação do primeiro paciente. O objetivo do médico italiano é então o de prolongar a vida a doentes terminais, mas afirmou que só o fará “se a sociedade assim quiser”.

 

 
A ciência segue muitas vezes por caminhos polémicos, a manipulação laboratorial de embriões é disso exemplo. Ao longo de anos foi motivo de acessos debates científicos, éticos e legais. Mas um transplante desta dimensão abre uma discussão completamente nova: como será viver no corpo de outra pessoa? Já é possível ter uma pista da complexidade do assunto com os exemplos de transplantes de rosto (pele) em grandes traumatizados. A reabilitação psicológica é demorada e nem sempre isenta de traumas de identidade.

 

 
Os problemas deste desafio são de ordem ética e técnica. Por um lado, os procedimentos cirúrgicos de transplante de corpo vão ter de começar por ser experimentados em macacos e logo aí o assunto será barrado pela maioria dos legisladores, como nota o The Guardian. Por outro, são muitos os cientistas que afirmam que ainda não se sabe como ligar de forma eficaz as células da espinal medula e que “não existe evidência que essa ligação permita restabelecer a função motora”, como explica Richard Borgens, diretor do Centro de Paralisia da Universidade de Purdue (EUA).

 

 
É que, biologicamente, o nosso cérebro está “programado” para desencadear funções motoras específicas para o nosso corpo e apenas para ele e essa aprendizagem demora muitos anos (veja-se o tempo que uma criança necessita para desenvolver o movimento corporal na sua plenitude). Os cientistas dizem não haver garantias de que o cérebro consiga comandar o novo corpo, caso o transplante seja tecnicamente possível.

 

 
O debate está lançado e a história parece ter sido tirada de um livro de ficção científica. Mas não: uma equipa da Universidade de Harbin, na China, já começou a testar o procedimento em ratos. Dizem que estão a aperfeiçoar a técnica cirúrgica e que este “será um marco histórico na medicina, capaz de salvar milhões de pessoas”.

 

 
26/02/2015

 

Foto: Getty Images

 
Autor: Pedro Esteves – Observador

 

 

 

 

Presidente de Timor Leste aceita renúncia do primeiro-ministro e herói da independência

Xanana Gusmão

 

 
O primeiro-ministro e herói da resistência no Timor Leste, Xanana Gusmão, renunciou oficialmente nesta segunda-feira ao cargo na ex-colónia portuguesa do Sudeste Asiático, que conquistou a independência em 2002, após 24 anos de combates violentos contra a ocupação indonésia.

 

 
Xanana Gusmão, dirigente carismático de 68 anos, foi um líder guerrilheiro antes de virar o primeiro presidente de Timor Leste independente. Alguns anos depois assumiu o cargo de primeiro-ministro.

 

 

Gusmão já havia anunciado há algum tempo a intenção de renunciar ao cargo. O presidente Taur Matan Ruak aceitou nesta segunda-feira o pedido.

 

 

Vários ministros da coalizão de Gusmão devem ser afastados do novo governo em um clima de suspeitas de corrupção, um problema que afecta o desenvolvimento do minúsculo país situado ao norte da Austrália, um dos mais pobres da Ásia.

 

 

 

Foto de VALENTINO DE SOUSA/AFP

 
09/02/2015

 

 

afp.com

 

 

 

 

Primeiro-ministro de São Tomé rende homenagem a Agostinho Neto

Primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, visita Memorial António Agostinho Neto.

 

 

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, visitou em Luanda, o Memorial Agostinho Neto, onde rendeu homenagem ao primeiro Presidente de Angola.

 

 

Patrice Trovoada, que esteve acompanhado do ministro angolano das Relações Exteriores, Georges Chikoti, realçou, no final da vista, os princípios e ideais de Agostinho Neto, que constituem inspiração para muitos líderes africanos.

 

 

Segundo o primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, a vida e obra de Agostinho Neto é também uma fonte de inspiração para o presente e futuro dos dois povos.

 

 

É fundamental, prosseguiu Patrice Trovoada, continuar a honrar a memória de Agostinho Neto nos actos diários de cada um.

 

 

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, esteve em Luanda, em visita de trabalho para o estreitamento das relações política, diplomática e económica entre os dois países.

 

 

Inaugurado a 17 de Setembro de 2012, o Memorial Agostinho Neto foi erguido em homenagem ao primeiro presidente de Angola, nascido a 17 de Setembro de 1922, em Kaxicane, região de Icolo e Bengo, na província de Luanda, e falecido, por doença, a 10 de Setembro de 1979, em Moscovo (ex-URSS).

 

 

 

14/01/2015

Foto: Joaquina Bento
portalangop.co.ao

 

CPLP é o quarto maior produtor de petróleo do mundo

Com a entrada da Guiné Equatorial, a CPLP passará a produzir quase 5 milhões de barris por dia. São apontadas vantagens geopolíticas e de cooperação, mas os benefícios para as populações não são tão óbvios.

 

 

Os países da Comunidade de Países de Língua Portuguesa produziram, em média, 4,5 milhões de barris de petróleo por dia, em 2013. Isto quer dizer que a comunidade é a quarta maior produtora a nível mundial, a seguir à Arábia Saudita, Rússia e Estados Unidos da América, segundo dados compilados pela agência Lusa.

 

 

A entrada da Guiné Equatorial na CPLP, que deverá ser confirmada na cimeira de Díli, que começa esta quarta-feira (22.07), significa que a CPLP passará a ser responsável pela produção de quase 5 milhões de barris por dia.

 

 
Só o Brasil e Angola produzem mais de 4 milhões de barris por dia, sendo que Timor-Leste também entra para a contagem com 154 mil barris.

 

 
Possibilidades de partilha?

 

 

Brasil, Angola e Timor-Leste são os actuais produtores de petróleo na CPLP

 

 
Manuel Lapão, diretor de Cooperação da CPLP defende que se trata “naturalmente de um projecto que atribui à nossa comunidade uma importância decisiva no mundo”. De acordo com o responsável “ hoje em dia, as fontes primárias de produção de energia ainda estão muito baseadas na produção de hidrocarbonetos, e o facto de ser reconhecido esse potencial à comunidade coloca-a num patamar geopolítico e geoestratégico tendo interesse para a afirmação”. Esta produção “tenderá a ser explorada no contexto da comunidade para uma partilha de boas práticas”, garante Lapão.

 

 

Já José Manuel Pureza, presidente do Conselho Científico do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra e professor de Relações Internacionais, sublinha que “a CPLP não é uma organização que tenha essa dimensão como uma dimensão essencial. Portanto, estamos a falar de algo que pertence à esfera de soberania de cada um dos Estados-membros que têm esses recursos naturais”.

 

 
Como beneficiam as populações

 

 

Uma das questões que se coloca no contexto da produção energética e da existência de recursos tão valiosos a nível mundial, é de que forma as populações beneficiam e podem beneficiar dos lucros gerados através desses mesmos recursos naturais.

 

 

Manuel Lapão refere o caso de Timor-Leste como um exemplo de como se está a caminhar num bom sentido apesar de lembrar que “o processo não é imediato, obviamente”. “Em Timor-Leste, onde me encontro, a legislação é muito moderna para evitar aqueles famosos aqueles síndromes de que ouvimos falar no passado. E os recursos que se obtêm com os dividendos do petróleo estão aplicados em alguns fundos internacionais, os quais obtêm rendimentos, sendo paulatinamente encaminhados para o processo de desenvolvimento dos nossos Estados-membros. Acho que, de facto, é nesse quadro que se poderão assistir a evoluções significativas nos próximos anos, que é verificar como esses dividendos tem repercussão, sensível e comprovada, na melhoria de vida dos nossos Estados-membros”, exemplifica.

 

 

Mas, José Manuel Pureza duvida da capacidade da CPLP funcionar como incentivo a uma melhor distribuição destes valores. “Seria muito importante que a CPLP fosse uma estrutura capaz de gerar condições para que os Estados-membros adoptassem políticas que fizessem reverter a favor das suas populações, de uma forma aberta, transparente e democrática, os benefícios da exploração de recursos naturais tão importantes. Mas estamos a trabalhar no plano do desejo, do wishful thinking, e não propriamente no plano da realidade”, afirma Pureza.

 

 

Entrada da Guiné Equatorial

 

 

 

O investigador considera mesmo que a própria entrada da Guiné-Equatorial na CPLP demonstra que não existe a intenção de caminhar nesse sentido. “A entrada da Guiné Equatorial, a título pessoal, gera em mim os piores receios de que este desejo venha a ser cumprido, porque sabemos bem o registo de concentração dos benefícios da exploração de petróleo num pequeno núcleo social por parte do regime da Guiné Equatorial”, alerta.

 

 

Com a entrada da Guiné Equatorial, a CPLP mantém-se, na mesma, no quarto lugar mundial, uma vez que os países que encabeçam a lista dos maiores produtores chegam a produzir à volta de 10 milhões de barris por dia.

 

 

 

02/03/2015

dw.de