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Portugal avalia suspensão da reciprocidade de vistos com os Estados Unidos

Portugal está a acompanhar “muito de perto” os impactos de uma possível suspensão de reciprocidade de vistos entre a União Europeia e os Estados Unidos. Na prática, esta decisão faria com que os cidadãos norte-americanos fossem obrigados a pedir um visto nas deslocações de curta duração à Europa. Neste momento apenas precisam ter o passaporte válido nos três meses seguintes à entrada num país do Espaço Schengen. O país quer salvaguardar “as estreitas relações de cooperação” que mantém com os aliados transatlânticos.

 

 

A Comissão Europeia adiou para julho a decisão de suspender a reciprocidade de vistos com os EUA e o Canadá, depois destes dois países continuarem a exigir aos cidadãos da Roménia e à Bulgária vistos para estadias de curta duração. Até lá, o Parlamento Europeu e os Estados-membros têm de se pronunciar sobre esta iniciativa que pertence à Comissão. Portugal, um país que mantém relações próximas com os Estados Unidos e com o Canadá, não só comerciais, mas também com muitos emigrantes portugueses a residirem naqueles países, está a acompanhar a situação, embora ainda não tenha posição definida.

 

 

“Portugal acompanha de muito perto a situação e está ainda a avaliar os impactos dos vários cenários possíveis, de modo a contribuir positivamente para uma posição comum no seio do Conselho da União Europeia que salvaguarde, da melhor maneira possível, os interesses da União Europeia e dos seus Estados-membros”, esclareceu fonte oficial da secretaria de Estado dos Assuntos Europeus ao Observador. O Governo lembra ainda que é preciso salvaguardar “as estreitas relações de cooperação que mantemos com os nossos aliados transatlânticos”.

 

 

Os Estados Unidos e o Canadá deveriam ter abolido os vistos para todos os Estados-membros da União Europeia entre abril de 2014 e abril de 2016, mas os dois países ainda mantêm a exigência de vistos para cidadãos romenos e búlgaros. A Comissão Europeia pode avançar agora com uma suspensão da reciprocidade dos vistos, o que pode resultar na mesma prática por parte do lado dos norte-americanos, obrigando a que o cidadãos que queiram atravessar o Atlântico tenham obrigatoriamente de pedir vistos mesmo para visitas turísticas ou curtas viagens de negócios.

 

 

TPT com: Tiago Petinga/LUSA/Catarina Falcão/Obs/ 21 de Abril de 2016

 

 

 

 

 

Nas primárias de Nova Iorque Clinton bateu Sanders e Trump leva quase 70% dos votos

Hillary Clinton (democratas) e Donald Trump (republicanos) são os vencedores das eleições primárias no estado de Nova Iorque que decorreram esta terça-feira nos Estados Unidos.

 

 

A projeção das estação de televisão MSNBC poucas horas após o fecho das urnas (início da madrugada em Lisboa) apontavam para, no campo dos democratas, uma vitória da ex-senadora com cerca de 60% sobre o seu adversário Bernie Sanders, que se fica pelos 35%.

 

 

Para Clinton é um resultado que ganha importância por interromper uma série de três vitórias consecutivas.

 

 

Do lado republicano, voltou a refletir-se a vantagem de Donald Trump sobre os seus rivais, com a CNN a prever que conquistará 68,6% dos votos. Ted Cruz, o segundo classificado e principal adversário, não passará dos 13,6%, abaixo de John Kasich, governador do Ohio (obterá 17,8%).

 

 

Trump e Clinton lideram em Nova Iorque, Sanders promete luta

 

 

 

“Se ganharmos em Nova Iorque, vamos chegar à Casa Branca.” A declaração não pertence nem à líder da corrida democrata, Hillary Clinton, nem ao líder da corrida republicana, Donald Trump, que estão à frente nas intenções de voto para as primárias do estado de Nova Iorque, esta terça-feira.

 

Nas primárias de Nova Iorque Clinton bateu Sanders e Trump leva quase 70% dos votos 2

A declaração foi proferida por Bernie Sanders, o senador pelo Vermont nascido e criado em Brooklyn que, nas últimas semanas, ganhou em sete dos oito estados que levaram a cabo primárias democratas, num inesperado golpe à vitória pré-anunciada de Clinton.

 

 

A ex-secretária de Estado que foi senadora por Nova Iorque sempre acreditou que a vitória desta noite estava garantida e os inquéritos de opinião sempre apontaram que seria mesmo ela a chamar a si a maioria dos 291 delegados democratas em disputa.

 

 

Se assim for, irá cimentar a liderança da corrida e ficar um passo mais perto da nomeação do partido na convenção de julho. Mas se esta corrida presidencial tem provado alguma coisa é que há sempre espaço para novas surpresas e uma vitória inesperada de Sanders, apesar de mantê-lo atrás da rival em número de delegados, galvanizaria a sua campanha e abriria a fase mais renhida da corrida democrata.

 

 

O mesmo se passa do lado republicano com o incendiário Donald Trump, nascido em Nova Iorque, onde criou o império de imobiliário e hóteis que fez dele um multimilionário. Só que no caso do populista, uma derrota inesperada terá um sabor mais amargo do que para Clinton, afastando-o ainda mais do mínimo necessário de 1237 delegados para garantir a nomeação republicana.

 

 

Esta terça-feira, Trump disputou com o senador Ted Cruz e com o governador do Ohio, John Kasich, 95 dos 769 delegados que ainda estão por atribuir até à convenção nacional de julho. Neste momento, Trump conta com 743, contra 543 para Cruz e 144 para Kasich (para além dos 171 que tinham sido escolhidos para apoiar o candidato Marco Rubio, que desistiu da corrida, e que ainda não foram redistribuídos).

 

 

Se, ao contrário do que previam as sondagens, Trump não vencesse, seria possível que a 26 de abril, na próxima etapa da corrida à nomeação do partido, perderia de vez todas as esperanças em disputar a Casa Branca pelo Partido Republicano.

 

 

Nesse dia, vão a votos os estados do Connecticut, Delaware, Maryland, Pensilvânia e Rhode Island — estando em disputa um total de 172 delegados republicanos (os 16 de Delaware serão atribuídos ao primeiro classificado e os 109 de Maryland e Pensilvânia quase todos a quem sair a ganhar nesses estados). Do lado democrata haverá 462 delegados a serem disputados entre Clinton e Sanders.

 

 

Entre o magnata, a senadora ou o socialista com sotaque, quem teve a melhor noite em Nova Iorque?

 

 

Em Manhattan, é difícil não reparar nos imponentes edifícios de Donald Trump, alguns até com o seu apelido disposto em letras douradas à porta. Ali perto, com uma ponte pelo meio, está Brooklyn, o borough [subúrbio] onde Bernie Sanders nasceu e cresceu, numa altura em que os afro-americanos lá ainda eram poucos, os hipsters ainda nem sequer tinham sido inventados e em que a maior parte da população ainda era composta por imigrantes e operários. E foi para o estado de Nova Iorque que os Clinton se mudaram depois de Bill sair da Casa Branca acossado por um escândalo sexual — e, pouco depois, dando início ao projeto de poder da sua mulher, Hillary, que foi senadora por aquele estado entre 2001 e 2009.

 

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Cada um à sua maneira, Trump, Hillary e Bernie jogam em casa nas eleições primárias no estado de Nova Iorque, nesta terça-feira. No Partido Republicano, disputam-se 95 delegados (de um total nacional de 2 472) , sendo que quem tiver mais de 50% dos votos pode ficar com (quase) todos. No Partido Democrata, disputam-se 291 delegados (entre 4 765 no plano nacional). Tanto de um lado, como do outro, Nova Iorque pode ser um estado crucial. Desde que os democratas começaram a realizar primárias neste estado, em 1972, o vencedor em Nova Iorque ganhou mais tarde a nomeação do partido 67% das vezes. E, do lado dos republicanos, desde 1976, ganhar em Nova Iorque tem sido sempresinónimo de vencer a nomeação do partido.

 

 

Trump pode ter maioria absoluta contra Cruz, o candidato anti-Nova-Iorque

 

 

Ainda assim, olhando para as sondagens, há algumas coisas que parecem claras como água — nalguns casos, bem mais clara do que a água do poluído rio Hudson, que banha o estado de Nova Iorque em quase toda a sua extensão.

 

 

O mais evidente é que esta foi uma noite muito boa para Trump — algo de que bem precisa, depois de três derrotas consecutivas contra Ted Cruz no Utah, Wisconsin e Colorado.

 

 

“Olhemos bem para ele! Ele é uma celebridade, nasceu em Queens [outroborough da cidade de Nova Iorque], há prédios com o nome dele por todo o lado”, aponta Keena Lipsitz, professora de ciência política e especialista em comportamento eleitoral da City University of New York. O tom é de graça, mas mesmo assim carrega alguma verdade. Mas existem outros fatores que permitiram uma vitória retumbante a Trump no seu estado, como explica aquela académica, ao telefone com o Observador. “Os republicanos do estado de Nova Iorque têm uma tendência para serem menos conservadores do que a média dos republicanos, e isso encaixa que nem uma luva no perfil de Trump”, diz Lipsitz.

 

 

No lado oposto está Cruz, o texano ultraconservador, estudioso da Constituição e maior adversário de Trump nesta fase. Em janeiro, quando a procissão ainda ia no adro — ou, mais propriamente, as eleições primárias ainda não tinham começado — o senador do Texas decidiu criticar Trump num debate, evocando, de forma negativa, os “valores de Nova Iorque”. “Toda a gente percebe que os valores da cidade de Nova Iorque são socialmente liberais, são a favor do aborto e do casamento gay, e andam em torno do dinheiro e dos media”, disse Cruz, que também não tem coisas simpáticas a dizer sobre Washington DC. Dúvidas houvesse de que o alvo era Trump, Cruz tratou de dissipá-las: “Não há muitos conservadores que saem de Manhattan”.

 

 

A jogada correu mal a Cruz. Trump respondeu, evocando os bombeiros e polícias que responderam aos atentados de 11 de setembro de 2001. “Esta afirmação de Ted foi muito insultuosa”, respondeu o magnata nova-iorquino. No dia seguinte, o New York Daily News, um tablóide liberal, fez capa com a Estátua da Liberdade a dedicar um gesto obsceno ao texano e a dizer-lhe: “Morre, Ted”. E, mais abaixo, uma referência ao facto de Cruz ter nascido fora dos EUA: “Hey, Cruz, não gostas dos valores de Nova Iorque? Volta para o Canadá!”.

 

 

Se é verdade que a afirmação podia cair bem no eleitorado conservador rural (duas semanas mais tarde, Cruz venceria a primeira eleição no Iowa), também era certo que tinha de chegar o dia em que Cruz teria de justificar aquelas palavras. Tentou fazê-lo, explicando que não quis atacar os nova-iorquinos em geral, mas antes Trump. Segundo explicou na CNN, a sua tirada teve como base uma entrevista que Trump deu em 1999, onde terá usado a expressão “valores de Nova Iorque”, para defender uma causa à qual hoje em dia se opõe — a despenalização do aborto.

 

 

Não é líquido — e até é algo improvável — que a justificação de Cruz tenha surtido o efeito que este desejaria. Mas, para Lipsitz, isso pouco importa. “Cruz nunca se daria bem no estado de Nova Iorque, mesmo se não tivesse feito esses comentários”, diz. “Simplesmente, conservadores deste tipo não apelam ao eleitorado republicano de Nova Iorque.”

 

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Sobra ainda Kasich, o governador do Ohio que, apesar de aparecer em segundo lugar nas sondagens de Nova Iorque, está consideravelmente atrás de Cruz e Trump na contagem de delegados. Ainda assim, não deixa de ser irónico que um republicano moderado como Kasich não se dê bem no estado de Nova Iorque. “À partida, os republicanos de Nova Iorque poderiam votar em alguém com as ideias de Kasich, mas a verdade é que ele, pessoalmente, tem muitas dificuldades em ganhar eleitores. As pessoas nem conhecem o nome dele”, diz Lipstiz. Ao contrário da “celebridade” Trump. Além disso, também não terá ajudado o facto de Kasich ter sido apanhado pelas câmaras a comer uma pizza com um garfo — pecado capital em Nova Iorque, mesmo que a fatia estivesse “a escaldar”, como o candidato mais tarde explicou.

 

 

Assim sendo, o que é que aconteceu aos “republicanos moderados” de Nova Iorque? Segundo Lipsitz, foram ofuscados. Por quem? Trump, claro. E os seus apoiantes. “A questão aqui é que Trump não está a receber os votos de republicanos que outrora ajudaram a nomear republicanos mais moderados”, como foi, por exemplo, o caso de John McCain em 2008, alguém que está nos antípodas do magnata nova-iorquino. “Trump está a apelar a novas pessoas, gente que nunca votava ou que não ligava a política. Estas não são as mesmas pessoas que votaram em McCain”, diz. A verdade é que o “fenómeno Trump” levou a que a participação nas primárias republicanas deste ano atingissem valores recorde — mas, como já escrevemos anteriormente, isso não é sinónimo de vida fácil para o Partido Republicano nas eleições de 8 de novembro.

 

 

“Quem disser que tem uma bola de cristal está a vender banha da cobra”

 

 

Mas, antes dessa data, o Partido Republicano terá ainda de ultrapassar os três dias da convenção nacional, entre 18 e 21 de julho. Isto porque, neste momento, torna-se cada vez mais provável o cenário em que nenhum dos três candidatos republicanos consegue obter 1 237 delegados até à convenção — o mínimo necessário para ter maioria absoluta e ganhar a nomeação. Para já, de acordo com o The New York Times, Trump tem 743, Cruz tem 543 e por fim Kasich está com 144. Além disso, Marco Rubio, que desistiu depois de perder no seu estado da Florida, ainda tem 171 delegados e ainda não disse a qual candidato é que pretende cedê-los.

 

 

Neste momento, de acordo com as previsões do site FiveThirtyEight, Trump deverá ficar em primeiro lugar, mas aquém dos 1 237 delegados necessários para uma nomeação direta. Se assim for, o jogo fica completamente aberto — e passará a haver uma batalha para conquistar delegados de maneira informal. De repente, Cruz ou até Kasich podem juntar os delegados necessários para serem nomeados após uma primeira votação inconclusiva. E existe também a hipótese de uma quarta personalidade surgir na convenção e assumir-se como um candidato consensual, mesmo que não tenha disputado as eleições primárias. Falou-se na hipótese de Paul Ryan, speaker dos republicanos na Câmara dos Representantes, poder ser esse dark horse em julho, mas ele já negou: “Deixem-me ser claro. Eu não quero, e não vou aceitar, a nomeação do nosso partido”.

 

 

Uma coisa é certa: no que toca ao lado dos republicanos, reina a incerteza. Quando lhe pedimos para apostar numa nomeação de Trump ou de Cruz, Lipsitz recusou amigavelmente o convite. “Quem quer que esteja a dizer neste momento que sabe ao certo o que vai acontecer e que tem uma bola de cristal está a vender banha da cobra”, disse. “A maneira como tudo isto tem acontecido, tem sido uma lição de humildade para todos os cientistas políticos que têm tentado fazer previsões.”

 

 

Hillary e Bernie: proximidade vs. sotaque

 

 

Do lado dos democratas, as coisas parecem bem mais simples do que no campo dos republicanos.

 

 

“Vai ser uma batalha decisiva entre Sanders e Clinton”, diz a professora de ciência política Keena Lipsitz. “Ele precisa de uma grande vitória em Nova Iorque e as sondagens dizem-nos que isso não é muito provável. Eu acho que as coisas vão correr muito bem a Hillary Clinton. Ela é muito conhecida e já foi eleita pelos nova-iorquinos como senadora duas vezes. Ela conhece o estado de uma ponta à outra, conhece os problemas políticos locais. E, mesmo que Sanders venha de Brooklyn, a verdade é que ele saiu de cá e foi para Chicago estudar aos 18 anos e depois nunca mais voltou”, explica a académica. Hillary Clinton, que nasceu em Chicago, escolheu viver no estado de Nova Iorque e a partir dali lançar a sua carreira política. Bernie Sanders saiu e afirmou-se como político socialista no Vermont. “A única coisa que ainda lhe resta de Nova Iorque é o sotaque“, graceja Lipsitz.

 

 

A desfavor do socialista está o facto de a votação dos democratas no estado de Nova Iorque não estar a aberta a todos os eleitores, mas apenas àqueles que estão registados no partido. Aqueles que estavam registados como independentes tinham de se registar como democratas, em outubro, para poderem, agora, mais de meio ano depois, votar nas primárias — algo que está mais próximo do perfil do eleitor típico de Bernie Sanders (jovem, primeiras eleições) do que o de Hillary Clinton (mais de 40 anos).

 

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Com a vitória de Clinton na noite de terça-feira, Bernie Sanders vê a sua missão ainda mais dificultada. Segundo escreveu o FiveThirtyEight, a 30 de março, naquela altura o senador do Vermont precisava de 57% dos delegados a disputar doravante para conseguir a nomeação em julho. Com o passar do tempo, e apesar de entretanto ter vencido no Wisconsin e no Wyoming, a tendência deverá ser para este número crescer — e, assim, diminuírem as possibilidades de Bernie vingar.

 

 

Mas não é por isso que o entusiasmo em torno do candidato socialista tenha esmorecido — no fim-de-semana, atraiu um recorde de 28 mil pessoas para um comício no Prospect Park, em Brooklyn. “Sanders persiste, porque há um espaço à esquerda dos democratas que tem estado vazio até há pouco tempo e que ele conseguiu ocupar, aproveitando-se do crescimento do sentimento anti-establishment, contra os banqueiros e Wall Street”, diz Lipsitz. “Finalmente há alguém que consegue levar esta mensagem à política mainstream e isso é algo que é notório e não desaparece da noite para o dia.”

 

 

Tanto que, segundo uma sondagem de 6 de abril, 1 em cada 4 dos apoiantes de Bernie Sanders disseram que não votariam em Hillary Clinton, caso ela fosse a candidata do Partido Democrata nas eleições de 8 de novembro. Mesmo assim, Lipsitz desvaloriza esse número: “Mesmo que muita gente diga agora que não vai votar na Hillary Clinton, eles vão. O que vai acontecer é que, quando ela ganhar, já depois de o partido ter sarado as suas feridas, Sanders vai declarar-lhe o seu apoio e os fãs dele irão atrás”. Até porque ainda falta muito tempo para essa altura, garante. “Estamos a mais de seis meses das eleições. Em tempo político, seis meses é uma enormidade. Até lá, a raiva destas pessoas, que muitas vezes é pessoalmente dirigida diretamente contra Hillary Clinton, vai descer. Vão ficar mais racionais.”

 


Sanders precisa de ganhar em Nova Iorque. Trump lidera sondagens no estado

 

 

Os partidos Democrata e Republicano realizaram esta terça-feira primárias para as presidenciais norte-americanas de 8 de novembro, com o democrata Bernie Sanders a precisar de vencer para ter hipótese relativamente a Hillary Clinton, enquanto do lado republicano Donald Trump reúne favoritismo.

 

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O Estado de Nova Iorque foi a votos para as duas primárias, processo pelo qual os membros de um partido designam os seus candidatos presidenciais.

 

 

Com 291 delegados dos quais 44 são super-delegados, Nova Iorque representa para os democratas um grande desafio, sendo o segundo Estado com mais representantes atrás do da Califórnia.

 

 

O senador do Vermont, que se diz “muito orgulhoso em ser de Nova Iorque”, acredita numa vitória depois de ter juntado milhares de pessoas – 20.000 segundo as contas de Sanders – durante um comício no Prospect Park, da sua Brooklyn natal.

 

 

Segundo as intenções de voto divulgadas pelo portal na Internet RealclearPolitics.com, Hillary Clinton, antiga senadora de Nova Iorque, lidera com 53,5% contra os 41% de Bernie Sanders.

 

 

Clinton que já conseguiu eleger cerca de 1.700 delegados nas primárias anteriores lidera com vantagem relativamente aos cerca de 1.100 delegados eleitos por Sanders.

 

 

Para se ser designado candidato presidencial pelo partido Democrata são precisos 2.383 delegados.

 

 

No lado dos Republicanos, Donald Trump esteve confiante, seguro de ganhar em Nova Iorque, que elege 95 delegados.

 

 

As sondagens apontam igualmente para um êxito de Trump, que tem uma intenção de voto de 52,2%. Os seus adversários, John Kasich e Ted Cruz recolhem, respetivamente, 23,2% e 17,8% das intenções de voto.

 

 

Donald Trump está no topo da corrida às primárias republicanas mas ficou, desde a vitória de Ted Cruz no Estado do Wisconsin, preocupado em não conseguir a maioria absoluta que lhe permitiria uma investidura automática do partido, para o que são necessários 1.237 delegados.

 

 

O milionário republicano acusa nomeadamente o partido de querer bloquear a sua nomeação, e denuncia a existência de regras intencionalmente deturpadas de atribuição de delegados que variam consoante o Estado.

 

 

Para travar Cruz Trump reorganizou a sua equipa de campanha e está a conseguir aparentemente controlar melhor a sua mensagem, tendo passado a falar com auxílio de apontamentos e mais contido nos ‘tweets’ que publica na sua conta da rede social Twitter.

 

 

A eleição dos delegados pelos dois partidos começou no passado dia 1 de fevereiro e acaba, no caso dos republicanos, a 7 de junho, e no dos democratas a 14 de junho.

As eleições presidenciais realizam-se no dia 8 de novembro.

 

 

Giuliani apoia Trump: “a melhor escolha”

 

 

No dia das primárias em Nova Iorque, o favorito à nomeação republicana recebeu o apoio do antigo presidente da câmara. Mesmo depois de ter cometido uma gafe e trocado a data dos atentados terroristas do 11 de setembro de 2001.

 

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Em vez de nine-eleven, Donald Trump disse seven-eleven. Mas o facto de o milionário ter trocado a data dos atentados do 11 de Setembro de 2001 nos EUA com o nome de uma loja de conveniência deverá ficar apenas como uma nota de rodapé na sua previsível vitória nas primárias republicanas de Nova Iorque, onde estavam 95 delegados em jogo. As sondagens colocavam-no 30 pontos percentuais à frente dos adversários, Ted Cruz e John Kasich. E isto ainda antes de ter conseguido o apoio do ex-presidente da câmara Rudolph Giuliani, que disse que ele era “a melhor escolha”.

 

 

O republicano Giuliani, que foi mayor de Nova Iorque entre 1994 e 2001, confirmou o apoio a Trump numa entrevista à CNN, explicando contudo que não se envolverá na campanha. “Não me chamam para dar conselhos, exceto algumas vezes quando me ofereci para os dar. Não faço parte do aparelho da campanha. Não quero que as pessoas pensem que faço”, disse.

 

 

“Ele é a melhor escolha para Nova Iorque. Ele é a melhor escolha para o país. Ele é o único que consegue derrotar Hillary Clinton”, acrescentou Giuliani. Nas primárias democratas havia 291 delegados em jogo e a ex-secretária de Estado surgia dez pontos à frente do senador Bernie Sanders nas sondagens.

 

 

A vitória parecia certa para Trump em Nova Iorque (os resultados eram esperados durante a madrugada em Lisboa). A preocupação para o milionário no seu estado natal era outra: o processo por difamação que deu entrada nos tribunais, interposto pela consultora de comunicação Cheri Jacobus.

 

 

Tudo terá começado no final de janeiro, com uma crítica dela à campanha de Trump. Em declarações à CNN, Jacobus disse que, nos debates e entrevistas, o candidato republicano “parece um aluno da terceira classe a fingir que sabe de temas de atualidade numa prova oral”.

 

 

Em resposta, o diretor de campanha de Trump, Corey Lewandowski, e o próprio candidato alegaram que ela estava chateada por não ter sido contratada. Jacobus “implorou-nos por um trabalho. Dissemos que não e ela tornou-se hostil. Muito estúpida!”, disse Trump no Twitter, alegando que ela tinha “zero credibilidade”.

 

 

Jacobus alega que as acusações são falsas (terá sido Trump que a quis contratar e ela recusou) e que causaram “enorme prejuízo” à sua “carreira e reputação”. Por isso, pede um indemnização de quatro milhões de dólares (3,5 milhões de euros). “Este é só mais um processo frívolo e uma tentativa de ganhar notoriedade às custas de Donald Trump”, respondeu uma porta-voz do candidato republicano, Hope Hicks. Um advogado de Jacobus admite que é difícil provar estes casos de difamação, mas está confiante. “Trump excedeu claramente os limites legítimos da liberdade de expressão”, indicou Jay Butterman, citado pelo The New York Times.

 

 

 

TPT com: JUSTIN LANE/EPA/João de Almeida Dias/Obs/ AEP/ Reuters/ Lucas Jackson/ REUTERS/ EPA/ORLANDO BARRIA /Joana Azevedo Viana/Expresso/ 19 de Abril de 2016

 

 

 

 

 

Investigadores querem desvendar segredos do Mosteiro da Batalha

Investigadores das universidades de Aveiro, Coimbra e Porto procuram desvendar segredos da construção do Mosteiro da Batalha através de prospeções por georradar, resistividade elétrica e ondas sísmicas, num trabalho que já permitiu “ver” mais sobre este monumento Património da Humanidade.

 

 

O professor de Geofísica da Universidade de Aveiro Manuel Matias, que lidera o projeto, explicou que a prospeção, através de métodos “não invasivos, não destrutivos”, vai permitir saber “o que está por baixo do mosteiro, as fundações e como é que foi construído inicialmente no século XIV”.

 

 

Numa primeira prospeção com georradar, efetuada em 2014 no transepto da igreja deste monumento do distrito de Leiria, foram detetadas “estruturas soterradas, em particular, sepulturas, eventuais muros ou canalizações primárias antigas que existiriam no princípio do mosteiro”.

 

 

Mais recentemente, o trabalho continuou na Capela do Fundador, o panteão familiar de D. João I e onde está sepultada a Ínclita Geração, a Sala do Capítulo (onde estão sepultados dois soldados desconhecidos mortos na I Guerra Mundial) e parte da igreja, com incidência na área onde está a sepultura de um dos principais arquitetos do mosteiro, Mateus Fernandes.

 

 

À entrada da igreja “foram ‘descobertas’ uma série de estruturas indiciadoras de que no local estão outros espaços fúnebres”, declarou Manuel Matias, confirmando o que já constava nos desenhos de James Murphy, engenheiro que, no final do século XVIII, fez o primeiro levantamento arquitetónico do mosteiro.

 

 

As prospeções, que se vão repetir noutros espaços do interior e, ainda, no exterior do monumento, mandado erguer por D. João I para agradecer a vitória sobre os castelhanos na Batalha de Aljubarrota, contemplam a passagem de uma corrente elétrica numa determinada área que é medida em equipamentos próprios, originando uma imagem no computador.

 

 

Manuel Matias esclareceu que através da interpretação da imagem, “uma tomografia falando em termos médicos”, a equipa vai “tentar perceber a que é que corresponde em termos de estruturas subterrâneas que aqui existam”. “Estamos a tentar perceber as variações de terreno que existem por baixo de nós, se temos zonas mais condutoras, que terão mais água, mais terra, de zonas menos condutoras, que terão mais pedras, mais elementos construtivos ou eventualmente elementos vazios”, declarou.

 

 

O projeto, com a colaboração da empresa Morph, foi iniciado em 2014 e já este ano objeto de um protocolo entre a Universidade de Aveiro e a Direção-geral do Património Cultural. Para o responsável, com este trabalho, que classificou como “moroso”, sabe-se, literalmente, “mais a fundo a história do monumento”.

 

 

“Estas colunas que estão aqui ninguém sabe como foram construídas e nós, a partir de ondas sísmicas, conseguimos fazer uma ‘radiografia, um raio-X’ do que está no interior (…). Não pensamos que elas sejam em rocha maciça, têm rocha aqui à volta que se vê e, por dentro, estarão com enchimento”, adiantou.

 

 

Quatro colunas estão estudadas e vai ser iniciado o estudo sistemático das restantes, assim como das paredes, para aferir se são simples ou duplas e qual o enchimento. Manuel Matias acrescentou que as prospeções contemplam outras mais-valias para o monumento, como a possibilidade de uma visualização 3D do que está por baixo do lajedo, no que será uma viagem virtual ao subsolo do monumento, iniciativa que pode estar concluída dentro de ano e meio.

 

 

Para o diretor do Mosteiro da Batalha, Joaquim Ruivo, trata-se de uma “investigação aliciante para um melhor conhecimento do mosteiro, mas igualmente para os investigadores que aqui têm terreno fértil para testar os seus métodos e a sua tecnologia”.

 

 

“Na realidade, sem necessidade de recorrer a técnicas arqueológicas tradicionais — que não se justificariam para já — com estes métodos de prospeção é possível identificar determinadas anomalias no subsolo e conhecer melhor até as próprias condições geofísicas do terreno em que assenta o Mosteiro”, afirmou, admitindo que haverá sempre segredos no mosteiro, “sobretudo quando a documentação histórica é escassa”.

 

 

TPT com: AFP/Reuters/ 18 de Abril de 2016

 

 

 

 

Dilma Rousseff deu mais um passo para fora do Palácio do Planalto

Afinal, a votação pela abertura do processo de destituição de Dilma Rousseff foi menos renhida do que previa o governo. Com 367 votos a favor e 137 contra, a Câmara dos Deputados do Brasil aprovou a abertura do impeachment da presidente do país, após mais de oito horas de sessão. Houve ainda sete abstenções e dois deputados que não compareceram à sessão.

 

 

Dilma Rousseff necessitava de, pelo menos, 172 votos para travar o processo. No entanto, apenas os partidos PT, PC do B e PSOL votaram unanimemente contra o impeachment, reforçados por votos de deputados “desobedientes” de outros partidos. Do outro lado, os deputados favoráveis à destituição de Dilma foram beneficiados pelos votos de parlamentares indecisos, ex-membros do governo descontentes com a presidente e daqueles que ainda não haviam divulgado publicamente a sua posição.

 

 

O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, criticou a decisão da Câmara dos Deputados, após a votação. “Foi um retrocesso a instauração de processo de impeachment”, disse, citado pelo site G1. Wagner acredita que a votação, “orquestrada por uma oposição que não aceitou a derrota nas últimas eleições, ameaça interromper 30 anos de democracia no país”. Wagner disse “confiar nos senadores e esperar que seja dada maior possibilidade à defesa da presidente”.

 

 

O mesmo discurso foi adotado pelo presidente do PT, Rui Falcão, ao dizer que espera que o Senado brasileiro “trave a próxima e decisiva batalha em favor do resultado eleitoral de 2014”. Numa nota publicada na página no Facebook, Falcão afirma que “as forças mais reacionárias do país venceram a primeira batalha para a deposição da presidenta Dilma Rousseff” e que a missão dos militantes do partido vai ser a de “defender a Constituição contra a aliança dos barões da corrupção, da mídia e da plutocracia, que tenta sequestrá-la”.

 

 

Em conferência de imprensa, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, assegurou que a votação representa uma “rutura com a Constituição”, que “configura, ao nosso ver, um golpe”. “Temos hoje mais um ato na linha da consumação de um golpe. Se consumado, ele ficará na história como algo vergonhoso para o nosso país”. Cardozo voltou a dizer que “o governo demonstrou claramente que não havia irregularidades nos decretos de créditos suplementares”, acusou o relatório do impeachment de “não ter sustentação” e assegurou que não houve “discussão dos fatos”.

 

 

Até ao momento, Dilma Rousseff não se pronunciou sobre a votação.

 

 

Já Michel Temer, vice-presidente do Brasil, terá dito a aliados que não fará qualquer pronunciamento “precipitado” antes de uma definição de admissibilidade do processo de destituição da presidente pelo Senado. Fontes citadas pelo site G1 relatam que Temer vai seguir a “liturgia e todos os ritos legais” do impeachment e evitar qualquer polémica nos próximos dias. “Um pronunciamento neste momento poderia criar um impasse político maior, quando o momento é de pacificação”, observou um interlocutor do vice-presidente, citado pela publicação.

 

 

A votação foi marcada pelo clima tenso entre os deputados a favor e contra o impeachment e teve direito a discursos inflamados, troca de acusações entre deputados do governo e oposição, canções, bandeiras do país e de estados, cartazes a favor e contra Dilma Rousseff, referências bíblicas, selfies e dedicatórias à família.

 

 

Em causa estavam as “pedaladas fiscais”, atos resultantes da autorização de adiantamentos de verbas de bancos para os cofres do Governo, para melhorar o resultado das contas públicas, e a assinatura de decretos de crédito suplementar em 2015, ocorridos sem a autorização do Congresso.

 

 

Como vai ser no Senado

 

 

A aprovação da continuidade do processo de impeachment não significa que Dilma Rousseff vai afastar-se imediatamente da Presidência do Brasil. Os senadores devem referendar a decisão por maioria simples (41 de 81 votos) para que Dilma abandone temporariamente o cargo, enquanto aguarda a votação definitiva no Senado. Neste caso, o vice-presidente, Michel Temer, assume interinamente a liderança do país.. Todo o processo até à decisão finaldo Senado pode demorar até três meses.

 

 

O jornal Estadão avança as próximas datas aproximadas do processo:

 

 

  1. Recebimento pelo Senado do pedido da Câmara – 18 de abril (segunda-feira)

 

  1. Leitura do pedido de impeachment em sessão no Senado – 19 de abril (terça-feira)

 

  1. Eleição da comissão especial responsável pela condução dos trabalhos no Senado – 19 de abril (terça-feira)

 

  1. Primeira reunião da comissão especial – 20 de abril (quarta-feira)
    O grupo terá um prazo de até dez sessões para apresentar um parecer favorável ou contra o processo de destituição de Dilma Rousseff. É de salientar que ainda não foi definido se a escolha dos membros da comissão vai respeitar a representação dos partidos ou dos blocos partidários no Senado.

 

  1. Votação do parecer da comissão especial – 10 e 11 de maio (terça ou quarta-feira)
    Os 81 senadores decidem se concordam ou não com a abertura do processo de impeachment. Caso seja alcançada uma maioria simples (41 votos), Dilma Rousseff será automaticamente afastada do cargo durante um período de até 180 dias.

 

  1. Entrega do eventual pedido de afastamento de Dilma Rousseff – Ato contínuo

 

  1. Comissão acusadora reúne-se para instruir processo – Ato contínuo

 

  1. Sentença de pronúncia – Ato contínuo

 

  1. Julgamento do processo
    Caberá ao Supremo Tribunal Federal do Brasil definir a data do julgamento de Dilma Rousseff. Haverá espaço para manifestações da defesa e da acusação.
    Os senadores terão de responder a seguinte pergunta: “Cometeu a acusada Dilma Rousseff o crime que lhe é imputado e deve ser condenado à perda do seu cargo?”

 

 

Para a aprovação definitiva do impeachment, são necessários dois terços dos votos, ou seja, 54 votos dos 81 senadores. Se a impugnação for aprovada, Dilma Rousseff é finalmente destituída das funções como presidente do Brasil e, nos oito anos seguintes, fica impossibilitada de se candidatar a qualquer cargo público.Neste caso, o vice-presidente, Michel Temer (PMDB), torna-se o novo presidente do Brasil. Caso seja absolvida, a presidente reassume o mandato.

 

 

 

TPT com: Milton Cappellette/Observador/FSP/AFP/ 18 de Abril de 2016

 

 

 

 

 

 

Londres está prestes a construir um edifício que talvez passe a ser o maior da Europa

Será o One Undershaft o maior edifício da Europa? Bem para o centro da ‘City’ londrina está planeado construir um edifício que vai rivalizar com o Shard, que é atualmente o maior edifício europeu, quase ali ao lado: fica na zona da London Bridge.

 

 

Segundo o The Telegraph, o novo arranha-céus terá 73 andares, cerca de 309,6 metros, e vai privilegiar os espaços públicos, com uma galeria pública, o restaurante mais alto da capital inglesa, no topo, bem como um largo na base do edifício.

 

 

No entanto, o número de andares parece ser o número consensual entre a imprensa. E daí estar em causa este vir a ser o maior prédio europeu. Se o The Telegraph, a Financial Times (a quem o arquiteto Eric Parry deu uma entrevista) e o The Independent dizem que o novo arranha-céus vai medir 309,6 metros, a Business Insider afirma que a altura do prédio será de 303,6 metros. Por outro lado, o site Skyscraper City aponta para os 295 metros.

 

Londres está prestes a construir um edifício que talvez passe a ser o maior da Europa 2

O arranha-céus vai ter as suas fundações no sítio em que agora se localiza a Aviva Tower, que será demolida. Os planos vão para a frente depois de um longo processo de consultoria, e apesar do vizinho projeto Pinnacle, que originalmente iria ter 307 metros, ter sido diminuído para 288 devido às preocupações da Autoridade de Aviação Civil.

 

 

Citado pelo The Telegraph, o arquiteto Eric Parry afirma que “a maioria dos edifícios é usada de segunda a sexta”, mas o novo prédio “vai ser usado sete dias por semana, estando o público apto a desfrutar o novo largo público, a plataforma de observação e o restaurante todos os dias”. É um edifício que tenta colocar “o público primeiro”, contrariando a tendência “anti-social” da maioria dos edifícios que “projetam uma longa sombra no chão”, disse Parry.

 

 

Filomena Martins /Inês Mendes/Obs/ 17 de Abril de 2016

 

 

 

 

Ninguém dormiu em Brooklyn com o barulho de Bernie Sanders e Hillary Clinton

Os dois candidatos do Partido Democrata “calçaram as luvas de boxe e” fizeram do debate em Nova Iorque um verdadeiro combate pela nomeação.

 

 

Longe vão os tempos em que um discreto senador do pequeno estado do Vermont explicava as suas ideias progressistas para o futuro dos Estados Unidos sem entrar em discussões acesas com uma célebre ex-secretária de Estado e antiga senadora do poderoso estado de Nova Iorque. Mas na noite de quinta-feira, três meses depois do primeiro debate entre os candidatos do Partido Democrata que lutam por um lugar na corrida à Casa Branca, Bernie Sanders e Hillary Clinton calçaram as luvas de boxe e ofereceram à assistência um combate épico em Brooklyn, o bairro da cidade de Nova Iorque onde ele nasceu e onde ela abriu a sua sede de campanha.

 

 

Foram duas horas de debate com momentos em que o moderador teve de intervir para dizer aquelas coisas que costumamos ouvir nos programas em que adeptos relativamente conhecidos discutem foras-de-jogo e outras decisões polémicas da arbitragem no campeonato de futebol português. “Se continuarem a gritar um com o outro, os espectadores não vão conseguir ouvir nem um, nem outro. Por isso, façam o favor de não falarem um por cima do outro”, advertiu o moderador da CNN, o jornalista Wolf Blitzer.

 

 

A pressão entre os dois únicos candidatos à nomeação pelo Partido Democrata tem subido nas últimas semanas, e a tampa de ambos saltou finalmente esta quinta-feira – cansados de meses de uma campanha mais dura do que se antecipava há um ano, e a poucos dias das importantes primárias em Nova Iorque, Sanders e Clinton foram directos à jugular um do outro, e não a largaram até ao fim do debate.

 

 

No final, e em resposta a quem não vive sem uma narrativa de vencedores e vencidos, Hillary Clinton saiu do ringue com um pouco mais de fôlego do que Bernie Sanders – na verdade, no jogo que realmente interessa (a nomeação pelo Partido Democrata) ambos saíram praticamente da mesma forma que entraram: quem se alistou na revolução contra os abusos de Wall Street prometida por Sanders não encontrou qualquer razão para se derreter com os argumentos da sua adversária; e quem apoia a visão mais pragmática e gradual de Clinton não viu grandes motivos para mudar de carruagem quando o comboio vai entrar na fase decisiva da longa viagem até ao fim das primárias.

 

 

No geral, nem Sanders nem Clinton disseram nada que não tenham repetido vezes sem conta nas últimas semanas, mas a impaciência, a amargura e até a fúria que usaram para dar forma às mesmas frases foram uma novidade que levou a assistência ao delírio – dividida entre fervorosos apoiantes do senador do Vermont e da antiga secretária de Estado, por vezes parecia que os seus gritos, aplausos e vaias eram accionados por um técnicoparticularmente inábil, que costuma carregar no botão dos risos enlatados em programa humorísticos sem grande noção de timing.

 

 

Reviver o passado no Iraque e em Wall Street

 

 

Um dos momentos em que Bernie Sanders sentiu mais dificuldades foi quando foi confrontado com a declaração de que considera Hillary Clinton uma pessoa sem qualificações para a função de Presidente dos EUA – uma acusação feita num discurso em Filadélfia, na semana passada, em resposta a uma acusação semelhante lançada por Clinton contra o senador do Vermont.

 

 

Na resposta, Sanders recuou um pouco na ideia de que faltam qualificações a Clinton, mas repetiu a acusação de que lhe falta capacidade de discernimento. “A secretária [de Estado] Clinton tem experiência e inteligência para ser Presidente? Claro que tem, mas eu questiono a capacidade de discernimento dela. Questiono o discernimento que a levou a votar a favor da guerra no Iraque”, disse o candidato, numa referência a um dos assuntos que mais os tem distanciado nesta campanha em termos de política externa – Hillary Clinton reconheceu que, se soubesse o que sabe hoje, não teria votado a favor da guerra no Iraque, mas Bernie Sanders foi um dos políticos norte-americanos que mais se opôs à intervenção militar em 2002 e à invasão em 2003 (e também se opôs à intervenção militar de 1991, propondo em troca a imposição de sanções).

 

 

Clinton, que foi perdendo a pose de favorita incontestada à medida que Sanders se foi mantendo na corrida muito mais tempo do que inicialmente esperava, foi directa à questão da suposta falta de qualificações e de capacidade de discernimento.

 

 

“Bem, é verdade que foram feitas algumas declarações, agora que os holofotes estão apontados para Nova Iorque, e a verdade é que o senador Sanders disse que eu não sou uma pessoa qualificada. Já me chamaram muitas coisas na vida, mas esta foi a primeira. Depois, disse que não confiava na minha capacidade de discernimento. Bem, os cidadãos de Nova Iorque votaram em mim duas vezes para ser a sua senadora, e o Presidente Obama confiou na minha capacidade de discernimento para me nomear secretária de Estado dos Estados Unidos”, respondeu Clinton, aproveitando para se colar à grande popularidade que o actual Presidente mantém entre os eleitores do Partido Democrata.

 

 

Mas se há uma questão de que Hillary Clinton não consegue livrar-se é a da ideia de que também se colou durante muito tempo aos grandes banqueiros de Wall Street – o que, argumenta Bernie Sanders, a desqualifica como a candidata ideal para pôr ordem no sistema financeiro.

 

 

Tal como tem feito em muitas outras ocasiões, Sanders voltou a carregar na ferida dos discursos que Clinton fez em empresas como a Goldman Sachs ou a Morgan Stanley, e pelos quais recebeu quase três milhões de dólares entre 2013 e 2015. A questão não é tanto que os tenha feito, mas mais o facto de continuar a não querer revelar as transcrições desses discursos – no debate de quinta-feira, a candidata insistiu que só revelará o conteúdo dos discursos se os candidatos do Partido Republicano também o fizerem.

 

 

Numa tentativa de encostar Bernie Sanders a uma parede semelhante, Hillary Clinton perguntou ao senador onde andam as suas declarações de impostos – o candidato prometeu divulgar a declaração de 2014 ainda esta sexta-feira e as mais antigas nos próximos dias e semanas. “Não recebi dinheiro de discursos, não tenho grandes investimentos. Infelizmente continuo a ser um dos membros mais pobres do Senado dos Estados Unidos”, disse o senador do Vermont.

 

 

O problema de Sanders

 

 

Como seria de esperar, os candidatos trocaram ataques sobre as suas posições em vários temas, desde o aumento do salário mínimo nos EUA ao conflito israelo-palestiniano. Mas nesta fase da corrida, e com as primárias de Nova Iorque ao virar da esquina, Bernie Sanders precisa de operar uma das mais estonteantes reviravoltas da história moderna da política norte-americana para impedir a nomeação de Hillary Clinton.

 

 

Na próxima terça-feira vão estar em causa 247 delegados nas primárias de Nova Iorque, um estado cujo eleitorado é mais favorável a Clinton. Enquanto muitas das mediáticas vitórias de Sanders têm sido alcançadas em caucus(assembleias) e não em primárias, em estados de menor dimensão e com uma base eleitoral maioritariamente branca e jovem; Clinton tem vencido em estados maiores, com mais delegados em jogo, e em primárias – um sistema que exige menos activismo por parte dos eleitores porque, ao contrário dos caucus, não os obriga a manter longas discussões e a organizar demoradas votações no final de um dia de trabalho.

 

 

O que é o CAUCUS?

 

 

Segundo a média das sondagens mais importantes, Clinton tem 13,8 pontos percentuais de vantagem sobre Sanders em New York,  mas o que dificulta ainda mais o caminho do senador até à nomeação é a forma proporcional como o Partido Democrata distribui os seus delegados pelos dois candidatos – para conseguir apanhar Clinton na contagem dos delegados, Sanders precisa de vencer estados como Nova Iorque por uma margem abissal, porque quem perde por poucos consegue, ainda assim, meter ao bolso muitos delegados.

 

 

Até agora, Hillary Clinton conquistou 1289 delegados e Bernie Sanders 1038. Para conquistar o direito a ser a face do Partido Democrata na corrida à Casa Branca, um deles tem de garantir pelo menos 2383 delegados – uma tarefa aparentemente mais fácil para Clinton, que soma à vantagem que já tem a perspectiva de vitórias (segundo as sondagens) em estados como Nova Iorque (247 delegados), Pensilvânia (189 delegados) e Califórnia (475 delegados). E ainda tem a almofada dos superdelegados, mais de 700 pessoas ligadas às estruturas do Partido Democrata que vão à convenção votar em quem entedenderem – segundo o balanço feito pela Associated Press, Clinton tem até agora 469 superdelegados do seu lado e Sanders apenas 31.

 

 

 

TPT com: CNN/LUCAS JACKSON/REUTERS/Alexandre Martins/Público/ APE/16 de Abril de 2016

 

 

 

 

EUA denunciam abuso de direitos humanos no mundo, China aconselha autocrítica

O relatório anual do governo norte-americano sobre a situação dos direitos humanos no resto do mundo destaca a violência de grupos extremistas como o Estado Islâmico e as consequências da guerra na Síria como os casos mais “chocantes” de 2015, mas também acusa países como Angola, China, Rússia, Irão e Cuba de reprimirem abertamente a liberdade de expressão e, no caso angolano, de “corrupção governamental generalizada”. Em resposta à publicação do documento, a China acusou Washington de se “recusar a olhar-se ao espelho” e publicou um relatório sobre a situação dos direitos humanos nos EUA.

 

 

No prefácio do documento norte-americano, o secretário de Estado, John Kerry, fala numa “crise global de governação”, que tem facilitado uma “tendência acelerada para fechar o espaço da opinião pública, asfixiar osmedia e a liberdade na Internet, para marginalizar as vozes da oposição e, nos casos mais extremos, para matar pessoas ou levá-las a terem de fugir das suas casas”.

 

 

Este padrão de comportamento verifica-se “em todas as partes do mundo” e não é da exclusiva responsabilidade dos estados organizados, salienta o responsável norte-americano, numa referência a grupos extremistas activos no Médio Oriente e em África como o Estado Islâmico, o Boko Haram ou as milícias Al-Shabab.

 

 

O responsável norte-americano reservou metade de uma declaração no Departamento de Estado para falar sobre a guerra na Síria, onde apelou à “procura de uma solução política” e declarou que esse esforço deve ser o principal objectivo para 2016.

 

 

“Olhando para os horrores destes últimos cinco anos, não consigo imaginar uma maior contribuição para os direitos humanos do que pôr um fim decisivo a esta guerra – ao terror, à repressão e especialmente à tortura e aos bombardeamentos indiscriminados, e dessa forma tornar possível um novo começo para o povo sírio”, disse John Kerry.

 

 

Sobre a situação em Portugal, o relatório norte-americano destaca como principais preocupações “o uso excessivo da força e o abuso sobre detidos e prisioneiros pela polícia e por guardas prisionais; as más condições, a falta de condições de saúde e a sobrelotação das prisões; e a violência contra mulheres e crianças”, salientando ainda “a discriminação e a exclusão” da comunidade cigana.

 

 

Sobre Angola, o relatório descreve com pormenor o caso contra o jornalista e activista dos direitos humanos Rafael Marques e destaca os três mais graves abusos dos direitos humanos: “As punições cruéis, excessivas e degradantes, incluindo relatos de casos de tortura e espancamentos; limites às liberdades de reunião, associação, expressão e informação; e corrupção e impunidade a nível oficial.”

 

 

Mas a lista continua, na verdadeira parada de horrores que é o relatório sobre a situação dos direitos humanos em Angola: “Outros abusos dos direitos humanos incluem a privação da vida de forma arbitrária ou à margem da lei, condições de detenção duras e potencialmente mortais, detenções arbitrárias, detenções muito longas antes do julgamento, impunidade para pessoas que violam os direitos humanos, ineficácia judicial, despejos forçados sem compensação, restrições a organizações não-governamentais, tráfico de pessoas, limites aos direitos dos trabalhadores e trabalho forçado.”

 

 

Justificações americanas e acusações chinesas

 

 

Mas o relatório norte-americano sobre a situação dos direitos humanos em 2015 é muito mais abrangente, e foi notório o esforço de Kerry para afastar as acusações de hipocrisia por não se debruçar também sobre a situação nos EUA.

 

 

O responsável disse que os indicadores usados no relatório são “universais”: “Não são uma coisa inventada por nós. Não são umas normas arbitrárias dos EUA, que queremos impor às pessoas. São normas dos direitos humanos universais, que foram adoptadas e aceites pela maioria das nações, incluindo por alguns países que concordaram com elas mas que as violam.”

 

 

John Kerry foi ainda mais longe na sua vontade de dizer ao resto do mundo que o relatório norte-americano é independente, ao deixar uma mensagem contra o recurso à tortura que serviu também de puxão de orelhas aos candidatos do Partido Republicano Donald Trump e Ted Cruz.

 

 

“Quero remover qualquer centelha de dúvida ou confusão causada por declarações feitas por outras pessoas nos últimos meses. Os Estados Unidos opõem-se ao uso de tortura sob qualquer forma, em qualquer época, em relação a qualquer pessoa ligada a qualquer governo ou sem ligações a nenhum governo.” Sem referir nomes, foi claro que os alvos de Kerry são o magnata Donald Trump, que defende abertamente o uso de qualquer forma de tortura contra inimigos, e o senador Ted Cruz, que não vai tão longe mas defende que o waterboarding não é uma forma de tortura.

 

 

Obama declara que waterboarding foi uma tortura e um erro

 

 

Para além da violência dos grupos extremistas e dos países em guerra, o relatório norte-americano critica com particular gravidade a situação em países como a China, onde dá conta de que a repressão e a perseguição de pessoas envolvidas em organizações de defesa dos direitos cívicos aumentaram. “A perseguição na comunidade jurídica foi particularmente grave. Advogados e empresas de advogados que lidaram com casos que o governo considerou serem ‘sensíveis’ foram alvos de perseguição e detenção”, lê-se no documento.

 

 

Em resposta, o governo chinês publicou um relatório sobre a situação dos direitos humanos nos EUA, denunciado o “descontrolo da criminalidade relacionada com armas”, a existência de um “sistema prisional contaminado por corrupção e que viola gravemente os direitos humanos dos detidos” e o estado das tensões raciais, que está “no seu pior em quase duas décadas”, entre várias outras acusações.

 

 

“O chamado relatório anual dos Estados Unidos sobre direitos humanos usa a questão dos direitos humanos para fazer comentários irresponsáveis sobre as políticas internas de outros países”, disse Lu Kang, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

 

 

TPT com: CHIP SOMODEVILLA/AFP/Alexandre Martins/Público/16 de Abril de 2016

 

 

 

 

O Museu de Toronto quer reconhecer a chegada de portugueses à América antes de Colombo

O Real Canadian Portuguese Historical Museum em Toronto, no Canadá, reconhece a presença portuguesa na América do Norte dezanove anos antes da chegada de Cristovão Colombo ao continente, anunciou a instituição.

 

 

“Sempre houve vestígios de que o navegador português João Vaz Corte-Real esteve no Canadá em 1472, dezenove anos antes da chegada de Cristovão Colombo à América do Norte”, afirmou Suzy Soares, a presidente do Real Canadian Portuguese Historial Museum (RCPHM, sigla em inglês).

 

 

Alguns historiadores canadianos continuam, nos dias de hoje, a ter algumas dúvidas de que o antigo capitão-donatário de Angra (Açores) tenha estado onde hoje se localiza o Canadá, antes de 1492, mas em Portugal, para muitos estudiosos “é um dado adquirido”, juntando agora os vários pontos de vista e provar de que João Vaz Corte-Real “passou realmente pelo Canadá antes de Colombo”.

 

Museu de Toronto quer reconhecer chegada de portugueses à América antes de Colombo 2

“Todos sabem da existência da Pedra de Dighton, localizada em Berkley, Massachusetts (Estados Unidos), e que tem palavras escritas que só podem ser em português. No entanto a história é muito complexa, pois há sempre várias versões dos acontecimentos”, sublinhou.

 

 

Suzy Soares estabelece como objetivo do museu ir à procura de mais provas e “reconhecer a descoberta da América” pelo navegador português João Vaz Corte-Real.

 

 

O Real Canadian Portuguese Historical Museum comemorou o 30.º aniversário, e no dia 5 de março, homenagearam ‘João Vaz Corte-Real’ durante um jantar de gala.

 

 

No evento estará em exposição uma réplica de uma caravela com três metros de comprimento, utilizada pelo navegador na viagem até ao Canadá, e será apresentado ainda um busto de Corte-Real.

 

 

O primeiro-tenente Nuno Gonçalves da Marinha Portuguesa, chefe de investigação do departamento do Museologia, abordou a presença portuguesa no Canadá. Já o realizador Rui Bela apresentou o documentário ‘Memórias do Mar’.

 

 

O evento terá também o objetivo de “angariar apoio financeiro para dar continuidade ao trabalho do museu”, que tem dado destaque à presença portuguesa na história do país.

 

 

A denominação da região e mar do Labrador no Canadá, é em homenagem ao navegador português João Fernandes Lavrador que em 1498, juntamente com Pedro Barcelos, explorou aquela região.

 

 

Mathieu da Costa, provavelmente de pai português e mãe africana, foi o primeiro afrodescendente de que há registo no Canadá (1600) e o português Pedro da Silva, foi o primeiro carteiro no Canadá (1673).

 

 

Joe Silvey (1853) um pioneiro na colonização da costa oeste do Canadá, um exemplo de miscigenação, porque tomou duas índias como esposas, é outra das referências portuguesas em terras do Canadá.

 

 

Calcula-se que existam no Canadá cerca de 550 mil portugueses e lusodescendentes, estando a grande maioria localizada na província do Ontário.

 

 

TPT com: WARREN TODA/EPA/Reuters/OBS/14 de Abril de 2016

 

 

 

 

Novos critérios para atribuição de invalidez em Portugal são “cruéis”

Médicos de saúde pública, de família e oncologistas criticam os novos critérios para atribuição da pensão de invalidez, com uns a considerarem-nos inaplicáveis e cruéis e outros a afirmarem que são desnecessários e feitos por quem desconhece a realidade.

 

 

Em causa está o decreto-lei 246/2015, que altera o regime especial de proteção na invalidez, que estabelece que a partir de 01 de janeiro, quando entra em vigor a lei, esta pensão será atribuída aos doentes que “clinicamente se preveja evoluir para uma situação de dependência ou morte num período de três anos”.

 

 

É este ponto que tem gerado várias críticas dos médicos, mas também de associações de doentes, dos reformados e até da Federação Nacional da Educação, com alguns a exigirem a revogação da lei.

 

 

Contactado pela Lusa, o Instituto da Segurança Social esclareceu que as alterações pretendem tornar “a lei mais justa, abrangente e equilibrada, sem qualquer perda de direitos”, sublinhando que “o horizonte temporal de três anos remete para o próprio conceito de invalidez permanente” já consagrado na lei.

 

 

Observa ainda que estas alterações resultam da avaliação de uma comissão especializada – composta por representantes de vários organismos com intervenção nestas matérias, por quatro médicos – que consultou a Ordem dos Médicos e outras entidades com competência sobre a matéria.

 

 

Lei inaplicável e “cruel” para as pessoas em sofrimento

 

 

Contudo, para o presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, a “lei é completamente inaplicável” e de uma “extraordinária crueldade para as pessoas que estão em sofrimento”.

 

 

“O que vai gerar é grande confusão, grande perturbação, um adiamento de todas as situações e há muitos doentes que vão sofrer com isso”, disse Mário Jorge Santos à agência Lusa.

 

 

O médico entende esta situação como “incompetência pura” e não como uma vontade de querer reduzir custos, considerando que a intenção do legislador era correta, ao terminar com a lista de doenças que conferem invalidez, mas sublinhando que “o processo escolhido é inacreditável”.

 

 

O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira, também destaca como ponto positivo o facto de a lei passar a abranger todas as doenças, mas considera desnecessário “e terrível” referir a morte.

 

 

“É chocante, eu julgo que nenhum médico vai dizer que é previsível que um doente vai morrer no prazo de três anos” e, por outro lado, “é desnecessário”, porque não é disso que depende um processo de invalidez.

 

 

“A invalidez é que está em causa, não é a dependência ou morte”, uma pessoa pode não estar dependente, mas estar inválida para o trabalho.

 

 

Rui Nogueira sublinhou que este assunto é “muito difícil e sensível” para os médicos e para os doentes, mas também para o legislador, que “por vezes não tem conhecimento da realidade”.

 

 

Para o oncologista e secretário-geral da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Carlos Oliveira, a lei foi feita por pessoas que nunca contactaram com um doente com cancro e desconhecem a sua realidade.

 

 

“Nos doentes oncológicos a avaliação não pode ser feita com estes limites temporais e com esta obrigatoriedade de uma incapacidade total e da possibilidade de se prever a morte num tempo relativamente curto”, afirmou Carlos Oliveira, que falava à lusa enquanto oncologista.

 

 

Na sua opinião, os novos critérios “pecam grandemente” pela avaliação que se pretende fazer, que “não corresponde à realidade”, e visam “cortar nas pensões de invalidez”.

 

 

Manifestou ainda dúvidas sobre se algum médico vai atestar esta situação e questiona mesmo se, do ponto de vista ético, o médico pode fazer algo nesse sentido. “Sob o ponto de vista científico muito menos, sobretudo na área do cancro”, acrescentou.

 

 

A nova Tabela Nacional de Funcionalidades que será utilizada como suporte das decisões das juntas médicas é outro alvo de críticas do médico de saúde pública.

 

 

Esta tabela “não mede a incapacidade do doente, mas mede precisamente o oposto, o que o doente consegue fazer”, criticou Mário Jorge Santos, observando que os médicos não têm a formação necessária sobre esta matéria.

 

 

TPT  com: Nuno Noronha/Sapo/Lusa/AEP /JN/14 de Abril de 2016

 

 

 

 

 

Elisa Ferreira colhe apoios da esquerda à direita para vice-governadora do Banco de Portugal

De Eduardo Catroga a Francisco Louçã, o nome da economista e eurodeputada socialista Elisa Ferreira para vice-governadora do Banco de Portugal (BdP) colhe o apoio de diversas figuras do setor, da esquerda à direita, que aplaudem a sua escolha. O governador do BdP, Carlos Costa, não deixou de sinalizar, porém, que a “proposta” de nomeação” será “formalizada” em “devido tempo”, lembrando que é ao governador que cabe essa iniciativa. Além de Elisa Ferreira foi também noticiado o nome de Máximo Santos, atualmente presidente do banco mau que ficou do BES, para a administração do regulador.

 

 

Respondendo aos jornalistas sobre a notícia, divulgada pelo Expresso, Carlos Costa foi breve e não disfarçou o incómodo. “Sei que estão curiosos de saber quando serão nomeados os novos membros do conselho de administração. Como sabem, é um procedimento que foi adotado por lei e pela Assembleia da República e cabe ao governador formalizar uma proposta. Em devido tempo irei formalizar uma proposta que vista a reforçar o conselho de administração”, afiançou.

 

 

As regras “protocolares” deste processo foram tudo menos by the book. A saída de Elisa Ferreira do Parlamento Europeu (PE) acabou por ser revelada por Marcelo Rebelo de Sousa, na terça-feira à noite, numa conversa informal com eurodeputados, assistida por jornalistas durante a visita a Estrasburgo. Deixando um elogio e caucionando a escolha de António Costa. “Estava eu a falar de instituições financeiras e acontece, quem sabe, se não haverá aqui perdas – relativas, porque há enriquecimento noutras áreas – de quem, em qualquer caso, tem uma posição muito útil para continuar a fazer a ponte com as instituições europeias no domínio financeiro”, disse o Presidente da República.

 

 

A eurodeputada e ex-ministra do Ambiente socialista liderou a equipa do PE que, em 2014, chegou a acordo com os governos da União Europeia sobre o mecanismo único de resolução dos bancos, no quadro da União Bancária. Na altura Elisa Ferreira mereceu elogios do então primeiro-ministro, Passos Coelho, que salientou “o papel relevante que, do lado do PE, foi conduzido por uma deputada portuguesa, Elisa Ferreira – relatora da assembleia -, com a qual o governo português colaborou de uma forma muito próxima e com bons resultados”.

 

 

“Excelente escolha. Seria uma boa governadora”, salientou Francisco Louçã, antigo líder do BE. “Parece-me uma escolha adequada. Tem o perfil indicado. É uma economista com larga experiência, toda a sua intervenção revela substância técnica”, sublinha Eduardo Catroga, ex-ministro das Finanças do PSD, que não vê “problema” na sua conhecida filiação partidária. “As pessoas não podem ser catalogadas dessa forma. O que interessa são as suas capacidades”, defendeu.

 

 

Na mesma linha de pensamento esteve Augusto Mateus, ex-ministro da Economia de um governo PS, que considerou Elisa Ferreira “uma pessoa capaz, que ganhou experiência internacional com as atuais funções”. Apesar de, assinalou, “não ser especialista na área bancária e financeira, é preciso articular o setor financeiro com o resto da economia e Elisa Ferreira será capaz de fazer essa ponte”. Questionado sobre se o facto de ser militante do PS não pode ser uma fragilidade na imagem de independência que requer um cargo desta natureza, Augusto Mateus é perentório: “A independência está na coluna vertebral de uma pessoa. Não depende de se é ou não militante de um partido.”

 

 

Miguel Beleza, economista e antigo governador do Banco de Portugal (de 1992 a 1994), alinha nos elogios. “Acho muito bem”, atalhou logo. “Conheço-a muito bem, dos tempos do Porto. Parece-me bem, é uma excelente escolha”, elogiou ao DN. O mesmo registo vem de Medina Carreira, jurista, que foi ministro das Finanças do I Governo Constitucional: “A todos os títulos, é a pessoa indicada. Se há boas escolhas, esta é uma delas”, declarou. Também não vê que seja uma “vulnerabilidade” a militância no PS. “Não. É a pessoa indicada”, frisou.

 

 

Políticos no banco central

 

 

A entrada de políticos na administração do banco central não é de agora. Vítor Constâncio, que foi vice-governador de 1977 a 1979 e de 1981 a 1984 e governador de 1985 a 1986, saiu para liderar o PS de 1986 a 1989. Regressaria ao cargo de governador de 2000 a 2010.

 

 
Também Miguel Beleza esteve como ministro das Finanças do primeiro governo maioritário de Cavaco Silva em 1990-91 e em 1992 foi indicado para governador. Sairia antes de completar o mandato, em 1994, em choque com o seu sucessor nas Finanças, Braga de Macedo.

 

 
Mais recentemente, Hélder Rosalino, quadro do banco desde 1994, saiu para o primeiro governo de Passos para secretário de Estado da Administração Pública, regressando à instituição em dezembro de 2013, para ser indicado pelo governo de que fez parte para a administração do BdP em setembro de 2014.

 

 

Elisa será ouvida no Parlamento

 

 

Antes de se sentar no conselho de administração do banco central, Elisa Ferreira tem de ser ouvida no Parlamento, depois da alteração à Lei Orgânica do BdP proposta por António Costa há pouco mais de um ano, como secretário-geral do PS, então na oposição.

 

 
Segundo a nova formulação da lei, “os restantes membros do conselho de administração são designados por resolução do Conselho de Ministros, sob proposta do governador do Banco de Portugal e após audição por parte da comissão competente da Assembleia da República, que deve elaborar o respetivo relatório descritivo”.

 

 

Miguel Marujo e Valentina Marcelino /DN/14 de Abril de 2016