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MNE de Portugal saúda na ONU esforço de Angola pela paz em países africanos

O chefe da diplomacia portuguesa defendeu esta segunda-feira na ONU o trabalho que Angola tem feito pela paz em vários países africanos, num encontro sobre Prevenção e Resolução de Conflitos na Região dos Grandes Lagos.

 

 

“Quero louvar todo o trabalho que Angola tem feito na presidência da Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos, na procura de soluções para conflitos e na identificação de caminhos de desenvolvimento da região”, disse o ministro Augusto Santos Silva.

 

 

Com o título “Paz e Segurança Internacional: Prevenção e Resolução de Conflitos na Região dos Grandes Lagos”, este debate aberto do Conselho de Segurança foi presidido por Angola. Santos Silva foi convidado a participar pelo seu homónimo angolano, Georges Chikoti.

 

 

No seu discurso, Santos Silva disse que “África ocupa um lugar especial na política externa portuguesa.”

 

 

Enquadrando a atuação do país no âmbito da ONU, da União Europeia e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, o ministro disse que continua “constante o empenho de Portugal no multilateralismo ativo”.

 

 

Santos Silva falou dos casos específicos do Burundi, República Democrática do Congo e Sudão do Sul. O ministro disse que a colaboração entre Comunidade da África Oriental, União Africana e ONU no Burundi “é o único caminho válido para evitar uma escalada do conflito e uma maior deterioração da situação dos Direitos Humanos no país”.

 

 

Quanto à República Democrática do Congo, considerou “fundamental assegurar um forte apoio à missão da ONU no terreno, MONUSCO, e promover o estreitamento da sua colaboração com as Forças Armadas” do país.

 

 

Finalmente, em relação ao Sudão do Sul, o representante disse que “as constantes violações do acordo de cessar-fogo e a dramática situação dos Direitos Humanos” preocupam o governo português “seriamente”.

 

 

Depois de se referir aos desafios enfrentados por esta região, o ministro disse que “existe também um vastíssimo potencial de desenvolvimento”, associado à presença de “uma boa governação” e à “existência de instituições sólidas”.

 

 

“Estou ciente de que a generalização da cultura democrática requer estabilidade. Não me refiro, porém, a uma estabilidade democrática a qualquer preço, mas à estabilidade que resulta do rigor no cumprimento da ordem constitucional, do Estado de Direito, da transparência e fiabilidade dos processos eleitorais e de instituições estatais que protejam os interesses de toda a população”, concluiu.

 

 

Ainda esta segunda-feira, Santos Silva teve uma reunião com o secretário-geral cessante da ONU, em que o tema da candidatura do ex-primeiro-ministro português e antigo Alto Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, estava fora da agenda oficial.

 

 

Numa nota emitida antes do encontro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português indicou que na reunião com Ban Ki-moon seriam discutidos “temas da agenda multilateral de particular relevância para Portugal”.

 

 

Entre eles, lê-se no documento, estão a situação na Guiné-Bissau, a política dos oceanos, a questão das migrações e a participação de Portugal na operação de manutenção de paz das Nações Unidas no Mali.

 

 

AFP/JN/Lusa/23/3/2016

 

 

 

 

Estado Islâmico reivindica morte de mais de trinta pessoas em Bruxelas

Forças de segurança envolvidas em operações por toda a Bélgica procuram suspeito filmado pelas câmaras de segurança do aeroporto. “É toda a Europa que é atacada”, diz o Presidente francês.

 

 

Ao longo do dia, a Praça da Bolsa foi-se tornando num memorial improvisado. Ao fim da tarde, horas depois dos atentados reivindicados pelo Estado Islâmico que mataram pelo menos 31 pessoas e feriram 250 no aeroporto e no metro da cidade, já havia centenas de pessoas juntas na praça do centro histórico de Bruxelas.

 

 

Muitos belgas, alguns turistas, pessoas de todas as nacionalidades que vivem na cidade sede das principais instituições da União Europeia improvisaram cartazes e mensagens em diferentes línguas: “Paz”, “Bruxelles est belle”, “Don’t worry”, “Je suis Bruxelles”. “Bruxelles I love you”, escreveu-se a giz no chão. À noite, enquanto alguns acendiam velas, um jovem tocava violoncelo. “É importante juntarmo-nos em momentos como este. É simbólico, mostra que estamos unidos face ao terrorismo”, disse à AFP Leila Devin, uma comediante de 22 anos.

 

 

O primeiro-ministro belga, Charles Michel, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, juntaram-se à multidão na Praça da Bolsa. “O que temíamos aconteceu”, dissera Michel. “Neste momento de tragédia, neste momento negro para o nosso país, apelo a toda a gente para manter a calma e também para mostrar solidariedade.”

 

 

Eram 8h quando a primeira explosão aconteceu na zona de partidas do aeroporto internacional de Zaventem; alguns segundos depois, uma segunda explosão na mesma zona, antes dos primeiros controlos de bagagens. O tecto de vidro desabou com o abalo. Há testemunhas que dizem ter ouvido disparos antes – para além de uma terceira bomba numa mala, a polícia encontrou uma Kalashnikov abandonada.

 

 

“Ajudei a transportar cinco pessoas mortas, com as pernas destruídas”, contou à Reuters Alphonse Youla, de 40 anos, que trabalha no aeroporto e descreve ter ouvido um “senhor gritar em árabe” antes da primeira explosão.

 

 

Tinha passado pouco mais de uma hora quando uma bomba explodiu na carruagem do meio de um metro que se preparava para deixar a estação de Maelbeek, perto da Comissão e do Parlamento europeus, na direcção de Arts Loi e do centro da cidade. Há vídeos onde se vêem os passageiros a atravessar a pé o túnel do metro. A explosão foi tão violenta que fez colapsar três paredes de um parque de estacionamentosubterrâneo contíguo à estação.

 

Estado Islâmico reivindica morte de mais de 30 pessoas em Bruxelas 2

As autoridades divulgaram imagens das câmaras de vigilância do aeroporto onde surgem, lado a lado, três jovens que empurram trolleys com malas. Dois ter-se-ão feito explodir; o terceiro está em fuga e foi pedido que quem o reconheça contacte a polícia federal, que coordena as investigações.

 

 

A polícia passou horas a revistar malas no aeroporto, e fez explodir algumas das muitas que as pessoas deixaram para trás no caos da fuga. O aeroporto foi evacuado e encerrado.

 

 

Durante algumas horas, todo o sistema de transportes públicos da cidade esteve parado. Só voltou a funcionar a meio da tarde. Foi pedido a toda a gente que evitasse usar as saturadas redes de telemóveis e que se ficasse onde estava, em casa, no emprego, enquanto se apelava aos pais para não irem às escolas buscar os filhos.

 

 

Operações em todo o país

 

 

“No país inteiro há casas a serem revistadas e pessoas a serem interpeladas”, disse ao início da noite o procurador belga Frédéric van der Leeuw, numa conferência de imprensa ao lado do primeiro-ministro. Pouco depois sabia-se que a polícia encontrava “uma bomba de pregos, produtos químicos e uma bandeira do ISIS” (uma das siglas usada para referir o Daash, o auto-designado Estado Islâmico).

 

 

Falta muito para se poder reconstituir o filme dos atentados que a Bélgica esperava e que “agora aconteceram”, nas palavras do primeiro-ministro. “Não tínhamos informações sobre nenhum ataque em particular, mas sabíamos que eles se estão a mexer na Europa, em diferentes países, aqui, em França, na Alemanha”, disse o ministro do Interior, Jan Jambon, afirmando ainda que estes atentados surpreendem pela “escala”.

 

 

 

Os atentados acontecem quatro dias depois da detenção, na comuna de Molenbeek, em Bruxelas, do principal suspeito que sobreviveu aos atentados de 13 de Novembro, em Paris, Salah Abdeslam, de nacionalidade francesa mas que sempre viveu na Bélgica. Jambon avisara depois que desfazer uma célula terrorista pode “empurrar outra a agir”.

 

 

Ninguém acredita que estes ataques tenham acontecido apenas em retaliação pela detenção – seria preciso mais tempo para os preparar – mas admite-se que tenham sido acelerados por receios de que o jovem pudesse pôr as autoridades na pista de outros jihadistas. Segundo o procurador e o seu advogado, ele tem colaborado com os investigadores.

 

 

As operações na cidade sucediam-se desde há uma semana. O nível de alerta só esta terça-feira voltou a ser elevado para o máximo, que indica uma “ameaça credível e iminente” – é o mesmo que esteve accionado durante alguns dias em Novembro, quando eram procurados vários suspeitos em fuga de Paris; mas desta vez não se limita a Bruxelas, é todo o país que está afectado.

 

 

Várias capitais europeias também elevaram os níveis de alerta para ameaça terrorista e mobilizaram forças de segurança nos transportes. Os controlos nas fronteiras terrestres com a Bélgica foram restabelecidos; na fronteira com a Holanda, as filas de carros chegaram a ter dez quilómetros.

 

 

“Aliança de cruzados”

 

 

As informações confirmadas sobre os ataques são muito poucas. Não foi divulgada a identidade das vítimas, sabe-se apenas que entre os feridos “há muitas nacionalidades” (pelo menos oito são franceses, outros oito norte-americanos), e não há dados sobre os atacantes. As autoridades belgas nem dão como certa a reivindicação dos jihadistas do Estado Islâmico nem admitiram, no imediato, qualquer ligação entre estes ataques e os da capital francesa.

 

 

“Uma célula secreta de soldados do califado […] lançou-se em direcção da Bélgica cruzada”, lê-se no comunicado do grupo, onde se acusa o país de não ter “parado de combater o islão e os muçulmanos”. O texto garante que “os alvos foram cuidadosamente seleccionados” e reclama que os ataques fizeram 40 mortos sem dizer nada sobre os atacantes. “Prometemos à aliança de cruzados que viverão dias negros em resposta à sua agressão”, diz-se ainda.

 

 

A Bélgica está entre as dezenas de países que disponibilizaram meios e forças para atacar o Daash na Síria e no Iraque. Em Cuba, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que estes atentados mostram a necessidade de “manter o combate da coligação” contra os jihadistas e apelou à “união face aos que ameaçam a segurança dos povos em todo o mundo”.

 

 

“É toda a Europa que é atacada”, declarou o Presidente francês, François Hollande. “Enfrentamos uma ameaça global.” O seu primeiro-ministro, Manuel Vals, repetiu aquilo que Hollande disse depois de Paris: “Estamos em guerra. Nos últimos meses temos sido alvo de actos de guerra na Europa.”

 

 

Tal como aconteceu com a Al-Qaeda, o Daash começou por recrutar centenas de europeus para combater na Síria e no Iraque, mas consegue mobilizar, ao mesmo tempo, cidadãos nascidos na Europa para atacar nos seus países. A marca mantém-se: ataques simultâneos e pensados para atingir qualquer pessoa. Como em Madrid, em 2004, ou Londres, um ano depois, o alvo voltam a ser os transportes públicos. “Hoje é a Bélgica, mas o mesmo pode acontecer noutros sítios”, diz Thomas Hegghammer, analista do Instituto de Investigação em Defesa Norueguês. “Acima de tudo, não podemos pensar que é um problema belga.”

 

 

Ao início da noite, enquanto a Praça de Bolsa de Bruxelas se enchia, os principais monumentos de Paris, Roma ou Berlim eram iluminados com as cores da bandeira belga. Na Bélgica foram declarados três dias de luto nacional e o Governo convidou a população a cumprir um minuto de silêncio esta quarta-feira às 12h.

 

 

Os homens que podem estar por trás dos atentados

 

 

 

Najim Laachraoui e Mohamed Abrini estão a ser investigados como possíveis suspeitos de serem os responsáveis pelos atentados de Bruxelas, adianta o The Telegraph. Segundo a polícia belga, os dois homens eram também suspeitos nas investigações aos atentados de Paris, em novembro.

 

 

Laachraoui e Abrini fugiram na sequência da captura, pela polícia belga, de Salah Abdeslam na passada sexta-feira.

 

Estado Islâmico reivindica morte de mais de 30 pessoas em Bruxelas 3

Najim Laachraoui, de 24 anos, é suspeito de ser um dos fabricantes das bombas que explodiram em novembro, em Paris. O ADN de Laachraoui foi encontrado nos coletes usados pelos bombistas do Stade de France e do Bataclan. Segundo o The Telegraph, o jovem belga terá alegadamente viajado para a Síria em fevereiro de 2013 e regressado a França como um suposto refugiado em fuga do conflito na Síria.

 

 

Já Mohamed Abrini, cidadão belga de 30 anos que nasceu em Marrocos, foi visto com Abdeslam dois dias antes dos ataques de Paris, num carro que foi usado durante o massacre. Familiares afirmam que Abrini não participou nos atentados da noite de 13 de novembro porque estava em Bruxelas. O suspeito terá viajado para a Síria em 2014.

 

 

O que sabemos neste momento sobre os atentados em Bruxelas?

 

 

A Europa acordou com a notícia de explosões em Bruxelas, no aeroporto e numa estação de metro, que resultaram em dezenas de mortos.

 

 

O que é que aconteceu?

 

 

Por volta das 8h de Bruxelas (7h em Lisboa), duas bombas explodiram no aeroporto de Zaventem. Cerca de uma hora depois, um homem fez-se explodir na estação de metro de Maelbeek, perto das instituições europeias. No aeroporto morreram cerca de 10 pessoas e na estação de metro morreram cerca de 20. No total, morreram pelo menos 34 pessoas e mais de 230 ficaram feridas.

 

 

Quem é responsável pelos atentados?

 

 

O Estado Islâmico reivindicou os dois ataques numa nota divulgada pela agência noticiosa do grupo. Bélgica “é um país que faz parte da aliança contra o Estado Islâmico”, referiram. O EI prometeu fazer mais atentados na Europa.“Nós prometemos aos Estados Cruzados que se aliaram contra o Estado Islâmico mais dias sombrios, em resposta às agressões endereçadas ao nosso Estado. Esperem mais dificuldades e mais amarguras”, avisou o Daesh.

 

 

Estamos a falar de quantas bombas?

 

 

Estavam três bombas no aeroporto belga. Duas explodiram logo pela manhã. A terceira bomba foi entretanto encontrada e desativada pela polícia.

 

 

Ainda há suspeitos em fuga?

 

 

Dois dos presumíveis autores dos ataques no aeroporto terão morrido no atentado. Os dois homens foram vistos a empurrar um carrinho com malas de viagem antes de o atentado acontecer. Ao lado deles estava um terceiro homem que está agora ser “procurado ativamente” pela polícia. Entretanto, a polícia alemã deteve três homens suspeitos de ligações a grupos terroristas, informa o jornal La Libre Belgique. Serão três homens nascidos no Kosovo que saíram esta terça-feira de Bruxelas e estavam a caminho de Salzburgo quando foram intercetados. A polícia belga está a pedir à população para enviarem informações sobre os suspeitos.

 

 

Era este o ataque que estava a ser planeado por Salah Abdeslam?

 

 

É essa a principal convicção até agora. O único suspeito vivo dos dez alegados responsáveis pelos ataques de Paris foi detido na passada sexta-feira e, já na altura, as autoridades alertavam para a possibilidade de um novo ataque. Didier Reynders, ministro dos Negócios Estrangeiros da Bélgica, dizia que Salah Abdeslam planeava fazer “alguma coisa em Bruxelas” depois dos atentados de novembro na capital francesa. Abdeslam terá dado a entender que a unidade terrorista a que pertencia tinha como próximo alvo a capital belga, depois de Paris.

 

 

Como ficou Bruxelas?

 

 

Os voos de e para o aeroporto de Bruxelas foram cancelados logo após os ataques. O aeroporto ficará fechado até às 6h de quarta-feira. Todas as linhas de metro foram encerradas de imediato mas algumas retomaram o funcionamento esta tarde, referem meios locais. O complexo de edifícios europeus também está fechado. O primeiro-ministro belga pediu aos cidadãos para “evitarem o máximo possível” deslocarem-se, por uma questão de segurança. O governo belga decretou três dias de luto nacional.

 

 

TPT com: Sofia Lorena/Púb/AFP/CBS//Catarina Marques Rodrigues/OBS/23 de Março de 2016

 

 

 

 

 

Barack Obama torna-se no primeiro presidente dos EUA a pisar Cuba em 88 anos

O presidente norte-americano, Barack Obama, aterrou este domingo em Havana tornando-se o primeiro líder dos Estados Unidos a visitar Cuba nos últimos 88 anos, e mostrando-se ansioso para conhecer o povo cubano.

 

Barack Obama é o primeiro presidente dos EUA a pisar Cuba em 88 anos 2

O Air Force One, avião presidencial norte-americano, aterrou perto das 16:15 locais (20:15 hora de Portugal continental) no aeroporto Jose Martin, nome do pai da independência da antiga colónia espanhola.

 

 

Numa curta mensagem na rede social Twitter, divulgada pouco depois de aterrar, Barack Obama escreveu em espanhol, usando uma expressão popular para perguntar como estão os cubanos (“‘Que bolá Cuba?'”) e mostrou-se “ansioso para conhecer e ouvir diretamente o povo cubano”.

 

Barack Obama é o primeiro presidente dos EUA a pisar Cuba em 88 anos 3

Barack Obama tornou-se hoje o primeiro presidente norte-americano, depois de Calvin Coolidge, a visitar Cuba, procurando acabar com décadas de animosidade relacionada com a Guerra Fria.

 

 

“Estou muito emocionada, é o momento pelo qual nós mais esperámos, ele está aqui, em Cuba!”, afirmava extasiada Amarilis Sosa, ao observar em direto pela televisão à chegada do presidente norte-americano.

 

Barack Obama é o primeiro presidente dos EUA a pisar Cuba em 88 anos 4

Sorridente, o presidente Obama desceu as escadas do avião com um guarda-chuva e acompanhado da sua mulher Michelle e das duas filhas, Malia, de 17 anos, e Sasha, 14 anos.

 

 

“É uma ocasião histórica!”, exclamava o comentador de televisão cubano que transmitia a chegada de Barack Obama ao aeroporto Jose Marti, nome do pai da independência desta antiga colónia espanhola.

 

 

“É uma visita histórica e uma chance única”, afirmou Obama ao reencontrar num hotel da cidade o pessoal da embaixada norte-americana. Washington e Havana restabeleceram relações diplomáticas em julho de 2015.

 

 

Poucas horas antes da chegada do president norte-americano as autoridades cubanas detiveram dezenas de dissidents na habitual procissão dominical das Mulheres de Branco, perto de uma igreja no oeste de Havana.

 

 

Dissidentes detidos em Cuba horas antes da chegada de Obama

 

 

A polícia de Cuba deteve dezenas de militantes do movimento dissidente “Damas de Branco” após o desfile que tentam realizar todos os domingos em Havana, horas antes do início da visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

 

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Segundo a agência France Presse, a polícia fez entrar em veículos policiais dezenas de militantes e simpatizantes junto à igreja em que costumam reunir-se em protesto ao domingo.

 

 

As detenções foram conhecidas quase à mesma hora em que Obama partiu da base aérea de Andrews, nos Estados Unidos, pouco depois das 17:30 TMG e Lisboa, para Cuba, onde realiza a partir de segunda-feira a primeira visita de um presidente norte-americano à ilha desde a revolução de 1959.

O movimento Damas de Branco foi criado por mulheres de opositores ao regime comunista.

 

 

O aperto de mão que pode encurtar os 150 quilómetros mais longos do mundo

 

 

Passados 88 anos, os dois antigos inimigos aproximam-se. Os cubanos, em Cuba e em Miami, agradecem.

 

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Para algumas famílias, a mesa da cozinha não é apenas um sítio onde se repousam os pratos à hora certa para comer. É também ali, em conversas que se arrastam bem depois de a loiça ser levantada, que se discute política. Assim era na família de Giancarlo Sopo, hoje com 32 anos, filho de um homem que fugiu de Cuba após a revolução — e que só lá voltou como militar norte-americano na invasão da Baía dos Porcos, em 1961 — e de uma mulher que passou grande parte da sua juventude a tentar sair daquela ilha.

 

 

Esta mesa de cozinha era, como a de mais de um milhão de cubanos emigrados ou no exílio, na Florida, EUA. Mais propriamente no bairro Little Havana, em Miami. “Quando és um cubano-americano a crescer na Florida, a ideia que te passam é que Cuba é uma mistura de Coreia do Norte com o Haiti”, conta Giancarlo, estratega e assessor de imprensa para empresas e ações políticas, ao telefone com o Observador.

 

 

A Cuba apresentada à mesa de Giancarlo era, por exemplo, aquela que motivara a fuga da família do lado do pai rumo aos EUA. O avô de Giancarlo, Rogelio Sopo Barreto, psiquiatra na marinha pré-revolucionária de Cuba, foi capturado e enclausurado pelo exército de Fidel Castro pouco depois do sucesso da revolução, em janeiro de 1959. Dois meses depois, em março do mesmo ano, Rogelio morria numa fortaleza em Havana.

 

 

“De repente, a minha família recebe um recado ao dizer que o meu avô se tinha suicidado dentro da sua cela”, refere Giancarlo. “Depois também houve gente que esteve lá e que nos garantiu que ele foi atirado por uma ravina abaixo. Mas nunca tivemos uma confirmação oficial do que se passou. Fosse como fosse, a minha família entrou em pânico. A minha avó ficou horrorizada, o meu pai e a minha tia ficaram completamente devastados.” A decisão de fugir para os EUA foi rápida. Em 1960, a família recomeçou a sua vida em Miami. Edgar Sopo, o pai, só voltou a Cuba uma vez — a 17 de abril de 1961, envergando a farda da marinha norte-americana, como soldado na tentativa falhada de invasão da Baía dos Porcos.

 

 

“Quando és um cubano-americano a crescer na Florida, a ideia que te passam é que Cuba é uma mistura de Coreia do Norte com o Haiti.”

Giancarlo Sopo, cubano-americano de 32 anos

 

 

 

Do lado da mãe, ouvia as histórias de como a família passou doze anos a tentar sair do país. Não era a primeira vez que o fariam — em 1956, já tinham fugido de Cuba em direção à Florida, onde nasceu a mãe de Giancarlo, obtendo dupla nacionalidade. Quando se deu a revolução, em 1959, voltaram a Cuba. “Pensaram que as coisas iam melhorar, mas depois aperceberam-se rapidamente de que as coisas estavam a ir na direção errada”, diz Giancarlo. Em 1964, o avô tentou fugir, sem sucesso. Depois, inscreveram-se em longas listas de espera para sair do país. Esperaram mais de dez anos. “Passaram anos e anos em que recebiam chamadas para irem ao aeroporto e depois chegavam lá, com as malas feitas, e diziam-lhes que já não havia lugar no voo, ou que tinha sido cancelado. Isto acontecia frequentemente.”

 

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Em 1977, o então Presidente dos EUA Jimmy Carter retomou, de forma limitada, as relações diplomáticas entre ambos os países. Em 1978, os avós maternos e a mãe de Giancarlo, entretanto com 22 anos, conseguiram enfim chegar à Florida. “A família da minha mãe não gostava do governo, mas eles saíram principalmente por razões económicas”, admite, para depois acrescentar: “Na verdade, eu acho que de uma maneira ou de outra toda a gente veio para os EUA tanto por razões políticas como económicas”.

 

 

Assim se formava, na cabeça de Giancarlo Franco, “a mistura de Coreia do Norte com o Haiti”. Por um lado, o autoritarismo reconhecido por todos, mas apenas discutido em surdina; por outro, a escassez de bens e de oportunidades económicas.

 

 

Um pouco por tudo isto, Giancarlo nunca quis ir a Cuba. Dizia-se cubano, como é jeito dos norte-americanos dizerem quando se referem aos seus antepassados. Foi criado a falar espanhol, num bairro onde essa era a língua principal. Conhecia a música, os provérbios, a comida, a cultura e as histórias. Por um lado, conhecia Cuba. Por outro, não. Até há pouco tempo, só lá tinha ido uma vez, aos dez anos com a mãe, para visitar a bisavó nos seus últimos anos de vida. Não queria voltar.

 

 

“Durante toda a minha vida eu sabia que ser cubano era grande parte da minha identidade, mas nunca passei muito tempo a pensar em ir a Cuba. O meu maior receio era que se eu fosse lá, estaria a dar dinheiro ao regime. Mas na verdade também não estava muito interessado em ir. Os voos eram tão caros que, por aquele preço, eu sempre achei que mais valia ir a Buenos Aires do que fazer uma viagem de 150 quilómetros.”

 

 

Até que chegou o dia 17 de dezembro de 2014, em que, um de cada vez, o Presidente dos EUA, Barack Obama, e o Presidente de Cuba, Raúl Castro, anunciaram a retomada do diálogo diplomático entre os dois países. Entre outras coisas, a decisão anunciada permitiria que fossem feitos voos comerciais entre os dois países.

 

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“Senti uma alegria e uma energia imensas quando ouvi aquele anúncio”, lembra Giancarlo. “Comecei imediatamente a escrever um email ao meu primo em Cuba, porque a minha família é das poucas que tem a sorte de ter internet. Quis saber o que é que ele achava daquilo tudo e ele respondeu-me que estava radiante e que as pessoas nas ruas também estavam para lá de contentes. Nessa altura, pensei: ‘Sabes que mais? Tenho de ir lá’.”

 

 

Quando chegou ao aeroporto de Havana para dar início à sua visita de dez dias, a família do lado da mãe esperava-o impacientemente. Pegaram nas malas de Giancarlo e puseram-nas na bagageira de um Lada, um carro de fabrico russo, dos anos 80 e seguiram para a casa onde vivem várias gerações. Prova disso foi ter sido recebido por Elia, tia-avó, de 89 anos, à chegada.

 

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Giancarlo Sopo com a tia-avó, Elia, de 89 anos, na sua primeira visita a Cuba depois de o país de Fidel e Raúl Castro ter retomado as relações diplomáticas com os EUA

 

 

Demorou pouco até que o que os separava se esbatesse e se tornasse em proximidade. Como, afinal de contas, acontece com as famílias. “Ao início pedia permissão para ir à casa de banho ou ao frigorífico, mas um dia depois já ia sem problema nenhum”, recorda. Aos 32 anos, Giancarlo voltou a sentar-se à mesa da cozinha da sua família — com a particularidade de esta ser 150 quilómetros para o Sul. E, assim, percebeu que não estava nem no Haiti, nem na Coreia do Norte. Estava em Cuba.

 

 

Este foi o trajeto de Giancarlo Sopo, que entretanto já regressou a Cuba outras duas vezes: em novembro de 2015, por ocasião do casamento do irmão, que decidiu dar o nó naquele país tão próximo mas ainda assim desconhecido; e em janeiro.

 

 

Este domingo, 20 de março, outro norte-americano vai fazer o mesmo trajeto. Trata-se de Barack Obama, o primeiro Presidente dos EUA a visitar Cuba desde que Calvin Coolidge o fez, em 1928, a propósito de uma cimeira de países do continente americano.

 

 

Pouco mais de trinta anos depois, Fidel Castro subia ao poder em Cuba, depois de derrotar as tropas leais do ditador aliado dos EUA Fulgencio Batista. Inicialmente, Castro não se assumia como marxista nem como comunista, mas rapidamente passou a usar esses pergaminhos e tornou-se num dos aliados mais importantes da União Soviética. A Guerra Fria estendia-se às Caraíbas.

 

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Dwight Eisenhower foi o primeiro Presidente dos EUA a cortar as relações diplomáticas com Cuba

 

 

A 3 de janeiro de 1961, o então Presidente dos EUA, Dwight Einsehower, anunciou o corte de relações diplomáticas com Cuba, depois de Fidel Castro ter ordenado a redução da representação diplomática norte-americana em Havana para apenas 11 pessoas. “Esta ação planeada pelo Governo de Castro é apenas o mais recente de uma longa série de ataques, acusações sem fundamento e violações. Há um limite para aquilo que os EUA podem aguentar mantendo o orgulho próprio. Esse limite foi agora atingido”, disse Eisenhower. E embora anunciasse um corte, deixou o desejo de que este não se prolongasse por muito tempo: “A nossa amizade com o povo cubano não foi afetada. A minha esperança e a minha convicção dizem que, num futuro não muito distante, será possível encontrar uma reflexão da normalidade da nossa amizade histórica”.

 

 

Na verdade, Eisenhower já tinha imposto um embargo às trocas comerciais com Cuba em 1960. Mas foi o corte de relações diplomáticas em 1961, e o posterior reforço do embargo em 1962 por parte do recém-eleito Presidente dos EUA, John F. Kennedy, que reforçaram a certeza de que aqueles seriam os 150 quilómetros mais distantes do mundo. Mais de meio século depois, Barack Obama quer encurtá-los.

 

Barack Obama é o primeiro presidente dos EUA a pisar Cuba em 88 anos 111898 – Espanha declara guerra aos EUA depois de abater o navio USS Maine (na fotografia) por se aproximar demasiado de Havana. Cuba é o maior foco de conflito.

EUA venceram e os espanhões sairam de Cuba.

 

 

 

O embargo que os avós querem, mas os netos não

 

A menos de um ano de entregar as chaves da Casa Branca ao seu sucessor, Barack Obama parece estar decidido em deixar um legado duradouro nas relações entre Cuba e os EUA. “Um dos grandes objetivos de Obama é fazer mudanças de política em relação a Cuba tão grandes que o próximo Presidente dos EUA, seja ele quem for, tenha sérias dificuldades em revertê-lo”, diz ao Observador Jorge Duany, diretor do Cuban Research Institute da Florida International University (FIU), em Miami. Quanto a isso, Obama poderá ter razões para dar essa jogada como potencialmente bem-sucedida. Hillary Clinton, a favorita dos democratas para ir às eleições presidenciais de 8 de novembro, falou contra o embargo: “Temos de substitui-lo por uma abordagem mais inteligente que dê força ao setor privado cubano, à sociedade civil cubana”. E do lado dos republicanos, também Trump disse que “50 anos é suficiente”.

 

 

Entre os “grandes objetivos” de Obama, há um que se destaca: o fim do embargo a Cuba. “Os americanos e os cubanos estão prontos para avançar. Acredito que é altura de o Congresso fazer o mesmo”, disse, no discurso de 1 de julho de 2015, que marcou o retomar de relações diplomáticas entre os dois países, referindo-se àquele órgão parlamentar controlado pelos republicanos — maioritariamente defensores do embargo — e sem o qual o bloqueio não pode ser retirado. “Sim, há alguns que querem puxar o relógio para trás e reforçar para o dobro a política de isolamento. Mas já passou tempo suficiente para percebermos que esta abordagem não funciona. Não tem funcionado nos últimos 50 anos. Encerra a América do futuro de Cuba e só piora a vida do povo cubano.”

 

 

Segundo uma sondagem de 2014 do Cuban Research Intitute da FIU, 71% dos cubano-americanos acham que o embargo não tem funcionado (42% dizem que “não funcionou de maneira nenhuma” e 29% que “não funcionou muito bem”) e apenas 29% disseram que tem funcionado bem ou muito bem.

 

 

“Já passou tempo sufuciente para percebermos que esta abordagem não funciona. Não tem funcionado nos últimos 50 anos. Encerra a América do futuro de Cuna e só piora a vida do povo cubano”.

Baraca Obama, Presidente dos EUA, sobre o embargo a Cuba

 

 

Mais interessante ainda é o facto de a maioria dos inquiridos ter dito que está contra o embargo. São 52% os que se opõem ao bloqueio e 48% que estão a favor. É um resultado equilibrado por si só, mas há um fator que provou ser crucial para a formação de uma opinião em relação ao embargo: a idade.

 

 

O embargo foi feito no tempo dos avós, que continuam a acreditar nele, mas os netos querem que ele desapareça. Nos inquiridos entre os 18 e os 29 anos, 62% querem o fim do embargo e apenas 8% acham que ele deve continuar. Entre os 30-44 anos e 45-65 anos, a resposta foi igual: 55% não querem o embargo, 45% querem mantê-lo. E só nos mais velhos, acima dos 65 anos, é que foi registada uma maioria a favor do bloqueio: 60% contra 40%.

 

 

Já em Cuba, uma esmagadora maioria das pessoas apoia o fim do embargo. Numa sondagem de abril de 2015 feita a 1 200 cubanos, 97% disseram estar a favor do fim do embargo — a mesma percentagem de pessoas que acha que o retomar do diálogo entre os EUA e Cuba é um dado positivo.

 

Barack Obama é o primeiro presidente dos EUA a pisar Cuba em 88 anos 12

Aperto de mão entre Raúl Castro e Barack Obama na Cimeira das Américas, no Panamá, a 11 de abril de 2015

 

 

 

Giancarlo faz parte dos cubano-americanos que está contra o embargo — uma posição que nenhum dos seus familiares mais velhos a viver nos EUA partilha. “Eu consigo compreender porque é que alguém que perdeu tudo em Cuba, e que sofreu debaixo do regime, diga que não quer nada para além de uma política dura em relação a Cuba. Mas cada vez mais acredito que o embargo prejudica todas as pessoas no país à exceção das únicas pessoas que ele procura atingir, que é o regime”, diz ao Observador.

 

 

Para Pedro Freyre, advogado cubano-americano de 66 anos que é contra o embargo, a mentalidade que defende o bloqueio é “um resquício da Guerra Fria”. “Para muitas pessoas, é uma questão de honra e de orgulho”, diz ao Observador numa entrevista por telefone, lembrando o que ouvia da sua mãe, que fugiu de Cuba em 1961, quando falavam de política: “Ela dizia-me sempre que eu podia dar-me ao luxo de de ser liberal, porque nunca houve ninguém a pisar-me os pés”.

 

 

Para Pedro Freyre, o embargo atingiu “proporções ridículas”. “Cuba tem muito caminho a percorrer em matéria de direitos humanos, mas os EUA tem relações com a China, com o Vietname, com a Arábia Saudita… Temos embaixadas lá, acordos comerciais, falamos com eles a toda a hora, inclusive quando achamos que há algo de errado a acontecer. Sentamo-nos à mesma mesa e falamos”, diz ao Observador. “Por amor de Deus, neste momento os americanos podem viajar para a Coreia do Norte ou para a Arábia Saudita, mas depois precisam de ter uma de doze licenças para poderem ir a Cuba”, queixa-se, referindo-se a uma lista de motivos que, para já, permite aos norte-americanos viajarem para aquele país, incluindo visitas familiares, trabalho jornalístico ou missões humanitárias.

 

 

Qualquer “Tom, Dick e Harry” quer investir em Cuba

 

Existe ainda outro motivo que permite a viagem dos EUA para o seu vizinho a sul e que Pedro Freyre já utilizou dezenas de vezes nos últimos tempos: o estabelecimento de empresas norte-americanas que, respeitando as leis cubanas, pretendam fazer negócio em Cuba. É que Pedro Freyre não é só um advogado de Miami, mas antes sócio da Akerman, uma dos maiores escritórios de advogados da Florida. À semelhança do seu pai, que antes de fugir de Cuba era o representante de empresas norte-americanas na ilha, Freyre é agora descrito pela CNN como “o homem certo” para os americanos que queiram investir naquele país. Em agosto de 2015, Freyre geria os investimentos de 25 empresas norte-americanas — entre estas, sete estão no índice Fortune 500, que junta os 500 maiores negócios dos EUA.

 

 

Além disso, Freyre tem sido abordado por membros dos governos dos EUA e Cuba, que o têm procurado neste processo de aproximação entre os dois países.

 

 

“Estamos num momento fascinante para fazer negócios em Cuba, isto faz-me lembrar a Oklahoma land rush“, diz, referindo-se à corrida para ocupar terrenos desabitados naquele estado norte-americano. “Qualquer Tom, Dick e Harry [expressão idiomática, semelhante a “Zé-ninguém”] querem saber o que é que se passa em Cuba e como é que eles podem lucrar com isso. O nosso papel é explicar-lhes todas as condicionantes, e depois de fazermos isso a maior parte das pessoas desiste. Mas os poucos que sobram têm-se esforçado muito para fazer alguma coisa”, diz, deixando uma garantia: “Depois da visita de Obama, vamos ver muita gente a regressar aos EUA com negócios fechados. Hotéis, telecomunicações, construção… Um pouco de tudo”.

 

Barack Obama é o primeiro presidente dos EUA a pisar Cuba em 88 anos 13

Cuba é, cada vez mais, um país aberto ao investimento externo e ao estabelecimento de novas empresas no seu mercado. Tudo isto é gerido pelo próprio regime. “É uma decisão acima de tudo pragmática, que surgiu do facto de o regime se ter apercebido em 1991 que, depois da queda da União Soviética, o modelo puramente ultra-marxista simplesmente não ia poder continuar a funcionar, se é que alguma vez funcionou. E eles foram muito inteligentes ao entenderem-no”, diz Freyre.

 

 

Para além dos grandes negócios, Cuba é agora também um país aberto às pequenas empresas — e os cubanos aproveitaram essa mudança. A abertura da economia cubana à pequena iniciativa privada (em áreas como a restauração, os transportes, alojamento turístico e telecomunicações) foi um dos passos mais significativos dados pelo país, desde que em 2010 Raúl Castro, anunciou o atual processo de reformas. Neste momento, estima-se que 500 mil cubanos (dentro de uma população total de 11,3 milhões) trabalhem por conta própria — a maioria é dona de restaurantes e bares, mas também há quem tenha pequenos negócios ligados a telecomunicações ou o turismo.

 

 

Na sua primeira visita a Cuba, para além de passear por Havana e aproveitar para conhecer melhor a sua própria família, Giancarlo acabou também por se encontrar com alguns pequenos empresários. “Eu perguntei às pessoas como é que os seus negócios estavam a correr, qual era a relação que tinham com o Governo. E eles diziam-me sempre que não é fácil. Mas também quem é que disse que ter um negócio é fácil? Não é, em parte nenhuma do mundo. E estas pessoas estão a fazê-lo em números que são incríveis para a realidade cubana”, refere.

 

 

“Imaginemos que, por qualquer razão, o Estado cubano tira as licenças às pessoas e apropria-se destes pequenos negócios. Eu não tenho dúvidas de que no momento em que isto acontecesse as pessoas iriam para a rua como nunca aconteceu neste anos todos.”

Giancarlo Sopo, cubano-americano de 32 anos

 

 

Para este cubano-americano de 32 anos, a via da mudança de Cuba é por aqui: “Isto, sim, é uma oportunidade que pode ter um impacto significativo nas vidas das pessoas”. Até porque acredita que é aqui que começa a emancipação da sociedade civil cubana: “Neste momento está a haver uma expansão da sociedade civil que é proporcional ao crescimento de pequenos negócios em Cuba. Isto muda as mentalidades das pessoas. Não só lhes tira o medo de agirem, como lhes dá uma hipótese de pensarem para além do Estado. E isto também é a sociedade civil. A sociedade civil não começa só quando as pessoas forem para as ruas de Havana e começarem uma manifestação. Sair do setor do Estado também é um ato fundador da sociedade civil cubana. E isto, de uma forma, é político”. Para dar força à sua ideia, Giancarlo propõe um exercício de imaginação: “Imaginemos que, por qualquer razão, o Estado cubano tira as licenças às pessoas e apropria-se destes pequenos negócios. Eu não tenho dúvidas de que no momento em que isso acontecesse as pessoas iriam para a rua como nunca aconteceu neste anos todos”.

 

 

Ainda assim, acima de tudo Giancarlo sublinha que não se pode esperar que Cuba “se transforme da noite para o dia”. “A democracia, como temos visto no Médio Oriente, não nasce das árvores”, graceja. Por isso, acredita que para haver mudança no país “ela tem de partir de dentro”. Mas com um detalhe: “Nós, cá de fora, podemos dar uma ajuda nesse sentido, mesmo que simbólica”.

 

 

 

“Nunca pensei ouvir uma banda militar dos EUA a tocar a Guantamera em Havana”

Pedro Freyre, advogado cubano-americano.

 

 

Foi um pouco essa sensação que Pedro Freyre teve quando esteve presente na cerimónia de reabertura da embaixada dos EUA em Cuba, 54 anos depois. Era 15 de agosto e, debaixo de um sol abrasador e envolto no calor húmido de Havana, o advogado estava sentado a poucos metros do secretário de Estado norte-americano, John Kerry. Aquele foi o ponto alto do reatar de relações entre os dois países, depois de todas os momentos promissores do passado — do aperto de mão entre Raúl Castro e Obama no funeral de Mandela, às reuniões secretas mediadas pelo Papa Francisco, ao anúncio de 17 de dezembro de 2014. Depois de meio século de costas viradas, ouviu-se o hino de Cuba, John Kerry discursou em inglês e no espanhol possível, e por fim içou-se a bandeira norte-americana ao som do hino dos EUA, tocado por um quinteto do exército yankee.

 

 

Simbolismo, portanto. Mas, se é simbolismo que se procura, Freyre prefere referir um outro momento dessa mesma cerimónia. Antes de Kerry entrar em cena e subir ao palco para falar, os cinco homens fardados com a bandeira dos EUA que davam música aos convidados pegaram nos seus instrumentos e tocaram as primeiras notas de uma música tipicamente cubana. Guantanamera, guajira guantanamera…

 

 

“Nunca pensei ouvir uma banda militar dos EUA a tocar a Guantamera em Havana”, lembra Freyre.

 

Lá ao fundo, estava o mar. E, 150 quilómetros depois, um país que outrora foi um inimigo.

 

 

 

The Portugal Times com: Martin H. Simon/EPA/Carlos Barria/Reuters/ France Presse/João de Almeida Dias/Obs/ 21 de Março de 2016

 

 

 

 

 

 

MpD vence legislativas de Cabo Verde com maioria absoluta e vai governar durante os próximos 5 anos

O Movimento para a Democracia (MpD), liderado por Ulisses Correia e Silva, venceu, este domingo, com maioria absoluta às eleições legislativas em Cabo Verde, conquistando 53,7% dos votos, segundo os resultados oficiais provisórios.

 

 

De acordo com os dados do ‘site’ oficial “Eleições legislativas 2016”, quando estavam contados 91,8 dos votos, o MpD conquistou a maioria dos lugares dos 72 lugares de deputados.

 

 

O Partido Africano da Independência de Cabo Verde, até agora no poder, obteve 81.319 votos (37 por cento).

 

 

A União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID) é a terceira força mais votada, com 15.380 votos (7 por cento).

 

 

Em termos de deputados, quando ainda faltam distribuir oito vagas, MpD tem eleitos 36 deputados, o PAICV 25 e a UCID conseguiu três lugares.

 

 

A abstenção registada situou-se nos 33,2 por cento.

 

 

Até ao momento, o MpD conseguiu pelo menos mais 20 mil votos que nas últimas eleições (94.674 votos em 2011).

 

 

Quando ainda falta contabilizar menos de dez por cento dos votos, o MpD conseguiu já superar os votos do PAICV em 2011, que 117.967 votos em 2011.

 

 

Mais de 350 mil eleitores cabo-verdianos foram hoje às urnas para eleger os 72 deputados ao parlamento nacional, de onde sairá o Governo para os próximos cinco anos.

 

 

 

Mário Cruz/EPA/21 de Março de 2016

 

 

 

 

A crise política brasileira é mais que uma luta entre políticos e juízes ou escândalo de corrupção

A crise política brasileira vai além da luta entre políticos e juízes ou de mais um escândalo de corrupção, antes representa o estertor da distopia do PT.

 

 

O brasileiro é o português – dilatado pelo calor, escreveu Eça de Queirós. A analogia é perfeita para iluminar um personagem central da crise brasileira (e um da portuguesa): Luiz Inácio Lula da Silva é o José Sócrates dilatado pela ambição política. A diferença territorial entre os países é proporcional ao que parece ser o apetite de ambos pelo poder e pelo uso do Estado em benefício próprio, do partido e da ideologia que ambos representam.

 

 

Até recentemente, o ex-presidente Lula gozava de prestígio internacional de que já não desfrutava tão amplamente no Brasil como anos atrás. Sua imagem foi duramente golpeada a partir das investigações da Operação Lava-Jato, conduzida pelo juiz federal Sérgio Moro com uma equipe de procuradores e policiais federais, o ex-presidente do Brasil.

 

 

O esquema de corrupção na Petrobras

 

 

O conjunto de provas reunidas até agora revelou indícios de várias irregularidades. A começar pela compra de um apartamento triplex no Guarujá e a aquisição e reforma de um sítio em Atibaia, ambas as cidades no estado São Paulo. O pagamento teria sido feito por empreiteiras com dinheiro oriundo do mega-escândalo de corrupção na Petrobras descoberto pela Operação Lava-Jato.

 

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Até agora a investigação já descobriu a movimentação de R$ 200 bilhões entre as empresas envolvidas e desse total R$ 6,7 bilhões foram desviados da Petrobras. Cerca de R$ 300 milhões foram devolvidos para a estatal e os acordos obtidos pelo procuradores com os investigados permitirão recuperar em torno de R$ 1,7 bilhão.

 

 

“Lula deixou de ser o ente político intocável para ser apontado pelo Ministério Público Federal como aquele cuja “atuação foi relevante para o sucesso da atividade criminosa” e “um dos principais beneficiários” do grande esquema de desvio de dinheiro da Petrobras”.

 

 

As informações levantadas até agora mostram que o esquema de corrupção na Petrobras atendia aos interesses do PT e de seus aliados. Houve um aparelhamento do que foi chamada pelos procuradores federais como uma organização criminosa que drenou o dinheiro da estatal para financiar o projeto de poder político.

 

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O resultado para a empresa foi desastroso. Em abril de 2015, a estatal divulgou perdas de R$ 6,194 bilhões com a corrupção e uma redução de R$ 44,3 bilhões no valor de seus ativos. O balanço financeiro mais recente divulgado pela Petrobras, relativo ao terceiro trimestre de 2015, registava prejuízo líquido de R$ 3,759 bilhões e uma dívida líquida de R$ 402,3 bilhões no período entre janeiro e setembro do mesmo ano (em 2014, o endividamento total era de R$ 282 bilhões). O lucro líquido nos nove meses, no valor de R$ 2,102 bilhões, foi 58% menor do que o registrado no mesmo período de 2014.

 

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O ex-presidente também é suspeito de receber pelo Instituto Lula vantagens indevidas de empreiteiras investigadas sob a justificativa de pagamento por palestras. Também recai sobre o ex-presidente a suspeição de que tenha exercido tráfico de influência para favorecer a empresa Odebrecht com empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES).

 

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Marcelo Odebrecht, presidente da empreiteira, foi condenado no dia 8 de março a 19 anos e 4 meses de prisão pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e por integrar organização criminosa.

 

 

No desenrolar das investigações, veio o golpe mais duro contra o “mito Lula” e no símbolo que ele e o PT representavam: as diligências da 24ª fase do Lava-Jato, com apreensão de documentos e com o depoimento do ex-presidente para a Polícia Federal.

 

 

Dilma em socorro de Lula

 

 

Diante do risco iminente, o PT e o governo Dilma Rousseff passaram a buscar uma solução que impedisse uma eventual prisão do ex-presidente. E o expediente encontrado foi nomear Lula como ministro de Estado para que ele fosse blindado das ações do juiz federal Sérgio Moro, que conduz a Operação Lava-Jato junto com uma equipe de procuradores e policiais federais. Uma vez no ministério, Lula passaria a ter foro privilegiado e, no futuro, seria julgado pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e não mais por um juiz federal. E assim foi feito, segundo o conteúdo das conversas telefónicas gravadas por autorização da justiça federal.

 

A crise política brasileira é mais que uma luta entre políticos e juízes ou escândalo de corrupção 5

Numa delas, gravada no dia de assumir o cargo de ministro da Casa Civil, a presidente Dilma Rousseff diz que um portador iria entregar a Lula o termo de posse para que ele o utilizasse em caso de necessidade (caso um mandado de prisão fosse expedido e a polícia tentasse prendê-lo).

 

 

“A divulgação das conversas telefônicas caiu como uma bomba no país. Logo depois da posse de Lula na quinta-feira (dia 17 de março), dois juízes federais (um de Brasília e uma do Rio de Janeiro) suspenderam em caráter provisório a nomeação do ex-presidente”.

 

 

No dia da posse de Lula na quinta-feira (dia 17 de março), a presidente Dilma Rousseff fez um discurso que não apenas apoiava o ex-presidente e desafiava agressivamente a parcela da sociedade que se manifestava contra o seu governo, mas demonstrou de forma cabal que ela e os seus apoiadores vivem num plano de realidade imaginária. Por isso, todas as menções às instituições, respeito à lei, estado democrático de direito, e democracia deveriam ser entendidas à luz de um rompimento profundo do vínculo com o mundo real.

 

 

A divulgação das conversas telefônicas caiu como uma bomba no país. Logo depois da posse de Lula na quinta-feira (dia 17 de março), dois juízes federais (um de Brasília e uma do Rio de Janeiro) suspenderam em caráter provisório a nomeação do ex-presidente. Na sexta-feira (dia 18 de março) as duas decisões foram derrubadas, mas uma terceira liminar da justiça federal (de Assis, em São Paulo) impediu que o ex-presidente se tornasse ministro.

 

 

E na noite de sexta-feira o ministro do STF Gilmar Mendes suspendeu a nomeação e determinou que a investigação envolvendo o ex-presidente seja mantida com o juiz federal Sérgio Moro. Agora a decisão do ministro só pode ser reformada se houver recurso para o plenário do Supremo.

 

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No mesmo dia da posse de Lula como ministro, milhares de manifestantes voltaram às ruas do país depois de terem, no domingo (dia 13 de março), realizado a maior manifestação popular da história brasileira a pedir a saída da presidente e a prisão de todos os envolvidos no mega-escândalo de corrupção revelado pelas investigações da Lava-Jato e que tem como centro de operações a empresa estatal Petrobras.

 

 

A nomeação do ex-presidente e a divulgação pela justiça federal das gravações telefónicas também fortaleceram a oposição ao governo na Câmara dos Deputados, que na quinta-feira elegeu os membros da comissão especial que analisará o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff que foi apresentado em dezembro do ano passado por três juristas. A tramitação do processo deve durar45 dias, segundo o presidente da Câmara, o deputado Eduardo Cunha, que no início de maio foi denunciado por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Procurador-geral da República.

 

 

A pior crise de sempre. Pior que a de 1947

 

 

A crise política brasileira é o resultado daquele que talvez seja o mais desastroso governo da história do país. O país regista sete trimestres consecutivos de redução do PIB, a pior marca desde que o índice começou a ser calculado em 1947. De 2014 até o fim de 2016, a projeção é de queda acumulada de 8,7%. E a taxa de desemprego está em 8,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

 

 

“Enganam-se aqueles que acreditam que práticas como as evidenciadas pelo Mensalão e Petrolão sejam meros desvios éticos; são, substantivamente, elementos estruturais da ideologia e da práxis de partidos socialistas que veem seus próprios crimes como sendo algo nobre”.

 

A crise política brasileira é mais que uma luta entre políticos e juízes ou escândalo de corrupção 7

Dilma Rousseff cometeu uma sucessão de erros de gestão económica num país onde o Estado é excessivamente intervencionista e desde o início do primeiro mandato sua presidência acumula escândalos envolvendo desde a sua ex-assessora no gabinete, Erenice Guerra, a ministros de seu governo com denúncias de corrupção, favorecimento de empresários pelo BNDES e de aliados, perseguição a adversários, e aquele que marcaria de vez o final de seu primeiro governo e o início do segundo: o Petrolão, apontado como sendo o maior esquema de corrupção e desvio de dinheiro da história da política brasileira e que tem sido alvo de investigação da Operação Lava-Jato.

 

 

Como mostro no meu livro “Pare de Acreditar no Governo – Por que os Brasileiros não Confiam nos Políticos e Amam o Estado” (Editora Record, 2015), enganam-se aqueles que acreditam que práticas como as evidenciadas pelo Mensalão e Petrolão sejam meros desvios éticos; são, substantivamente, elementos estruturais da ideologia e da práxis de partidos socialistas que veem seus próprios crimes como sendo algo nobre, uma “marca característica de autenticidade”, e os adversários e demais ideologias como “oponentes a serem eliminados”.

 

 

O aprofundamento das descobertas da Operação Lava-Jato tem mostrado ao país (e agora ao mundo) a profundidade da degradação ética e moral envolvendo a elite política do país, especialmente o PT. O mito Lula e a simbologia antes representada pelo partido estão ruindo.

 

 

A utopia do PT era, afinal, uma distopia

 

 

Quando Lula foi eleito em 2002, os raros críticos que se levantavam contra o infame projeto de poder do PT esbarravam no paredão de certo consenso público em face do significado histórico de sua eleição e dos valores que ambos diziam ser portadores. Uma coisa, porém, é aquilo que alguém diz ser; outra é o que realmente é.

 

A crise política brasileira é mais que uma luta entre políticos e juízes ou escândalo de corrupção 8

O partido se apresentava como o empreiteiro de um futuro glorioso e o supremo portador das virtudes públicas. Com esse discurso, muitos foram seduzidos e enganados pela retórica que pretendia dissociar o PT de todos os outros partidos políticos sob a aura da pureza ética. Isto, porém, não elimina o fato maciço e imperturbável: acreditou nos petistas quem quis acreditar. E o país hoje paga por isso.

 

 

“O governo do PT e os petistas construíram a sua própria realidade e pretendiam encarcerar o Brasil nela. Mas não contavam com a parcela da sociedade que, ao descobrir o que está acontecendo, se recusa a ser reduzida à sua estatura ética e moral”

 

 

Ao final de seus dois mandatos, beneficiado por uma conjuntura económica internacional favorável e por decisões ortodoxas que garantiam ao país confiança interna e externa, Lula conseguiu eleger na presidência a sua sucessora, Dilma Rousseff. O que poucos perceberam é que Lula havia reduzido a política, as instituições e uma parte da sociedade à sua própria estatura que hoje está sendo revelada pela Operação Lava-Jato.

 

 

Proteger-se de uma investigação num ministério de governo parece ser um dos atos de encerramento da peça de teatro de um político hábil e carismático que, em vez de se recolher e esconder-se sob o manto do mito que ainda havia, decidiu continuar a ser quem sempre foi.

 

 

O governo do PT e os petistas construíram a sua própria realidade e pretendiam encarcerar o Brasil nela. Mas não contavam com a parcela da sociedade que, ao descobrir o que está acontecendo, se recusa a ser reduzida à sua estatura ética e moral. As revelações diárias e as crises política e económica são politicamente simbólicas ao mostrarem que a grande utopia do PT era, afinal, uma abominável distopia. Os brasileiros estão a mostrar que querem um outro país.

 

 

Luiz Inácio Lula da Silva é o José Sócrates dilatado pela ambição política? Sócrates foi preso e está a ser investigado por corrupção, fraude fiscal e branqueamento. Parece que o destino reserva o mesmo destino para o seu amigo Lula.

 

 

Bruno Garschagen/Observador/ 20 de Março de 2016

 

 

Bruno Garschagen é autor do livro best-seller “Pare de Acreditar no Governo – Por que os Brasileiros não Confiam nos Políticos e Amam o Estado” (Editora Record, 2015) e mestre em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa.

 

 

“Foi um golpe. Mas foi um golpe do PT e do Lula”, dizem milhões de brasileiros

 

 

Parece cada vez mais que o período politico do PT e de Lula acabou. Mas o fim pode ser violento (não foi Lula que disse que é o único com poder para “incendiar o Brasil”?) e muito negativo para o país.

 

A crise política brasileira é mais que uma luta entre políticos e juízes ou escândalo de corrupção 9

Nas últimas 48 horas, o PT acusou uma suposta aliança entre “juízes” e a “direita” por tentar derrubar Dilma Rousseff e, ainda, enviar Lula para a prisão. O argumento “petista” rapidamente atravessou o Atlântico e foi adoptado pelas esquerdas radicais portuguesas, o BE e o PCP. É impressionante como estas esquerdas nunca perdem uma oportunidade para se colocarem no lado errado da História.

 

 

Mas voltemos à tese do “golpe” da “direita”. O partido mais à direita no sistema político brasileiro, o PSDB, tem estado dividido em relação ao “impeachment” contra Dilma – e continua dividido.

 

A crise política brasileira é mais que uma luta entre políticos e juízes ou escândalo de corrupção 19

O seu líder histórico, Fernando Henrique Cardoso, tem afirmado inúmeras vezes que não é salutar para a democracia brasileira impugnar um Presidente pela segunda vez no espaço de menos de 25 anos. Aécio Neves, o candidato presidencial de 2014, tem sido o mais assertivo a favor do “impeachment “, mas tem hesitado em relação à realização de eleições antecipadas. Outros dirigentes do PSDB, como José Serra e o governador de São Paulo,Geraldo Alckmin, são contra eleições antecipadas. Estas posições correspondem obviamente aos seus interesses políticos, mas o ponto a sublinhar aqui é que não fazem parte de uma conspiração para “derrubar” ilegalmente Rousseff.

 

 

A principal preocupação do PSDB tem sido com a hipótese de Lula concorrer às eleições de 2018, e não com o derrube de Dilma. Os Congressistas do PMDB (partido aliado do PT no governo) é que têm liderado o processo de impugnação contra a Presidente Rousseff. Ou seja, mais do que o resultado de uma estratégia da “direita”, o “impeachment” foi a consequência do início da fragmentação da coligação que apoiava Dilma.

 

 

A afirmação de que os “juízes” estão a preparar um “golpe” contra o PT é ainda mais caricata. O juíz Sérgio Moro – o “inimigo” a abater pelo PT – tem o apoio da maioria dos juízes brasileiros, da Ordem dos advogados e do Supremo Tribunal. As escutas que fez a Lula, e a sua publicação, foram aprovadas pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, e pelos juízes do Supremo Tribunal Federal.

 

 

Moro faz parte de uma geração de magistrados bem preparada, que fez parte dos seus estudos fora do Brasil e que está farta de ver o seu país a sofrer com a corrupção. Desejam viver num país democrata, onde se respeite o estado de direito. O confronto a que estamos a assistir no Brasil é entre uma geração de magistrados que se inspira nas prácticas democráticas e jurídicas da Europa ocidental e dos Estados Unidos e um partido político da esquerda radical e populista, que se sente mais próximo dos regimes de partido único como a China e a Rússia do que das democracias ocidentais.

 

 

Moro e os seus pares fazem parte de uma classe média educada que aspira a viver num país sem corrupção generalizada. Dizer que são aliados dos “poderosos” e dos “ricos” contra o partido dos “trabalhadores” e dos “pobres” é ridículo e falso. Não são eles que passaram os últimos anos a viajar em aviões privados e a conviver com milionários. Foi Lula. A verdade incomoda mas é clara. O PT e Lula são especialistas a conquistar os votos dos pobres, mas depois passam o tempo com os ricos, e fazem negócios com os milionários.

 

 

O PT acusou a oposição de estar a preparar um “golpe” para derrubar uma Presidente eleita democraticamente. Mas o verdadeiro golpe foi a tentativa de colocar Lula como ministro. Seria de facto, e de novo, o Presidente (sem ter sido eleito) e no poder começaria a preparar a campanha para as eleições de 2018. Dilma é uma personagem secundária e uma criação de Lula. O poder esteve sempre com ele. Lula julgou-se um “semi-Deus” e o dono do Brasil. Nunca julgou que os brasileiros o abandonariam. Enganou-se.

 

 

Lula quis ir para o governo para fugir à jurisdição de Sérgio Moro e ser investigado pelo Supremo Tribunal, achando que teria vantagens. Pelo menos, atrasaria o processo e ganharia tempo. Ora foi precisamente um juíz do Supremo que considerou a decisão de Lula um golpe. Anulou a sua nomeação como ministro e enviou-o de volta para Moro. Se o colégio do Supremo confirmar a decisão do juíz Gilmar Mendes, Lula não regressará ao governo.

 

 

Parece cada vez mais claro que o período politico do PT e de Lula acabou. Mas o fim poderá ser violento (não foi Lula que disse que é o único com poder para “incendiar o Brasil”?) e muito negativo para o Brasil. Neste momento, a questão central é a seguinte: qual será a alternativa política que irá emergir? A resposta ainda está longe de ser evidente.

 

 

TPT com: Reuters/FSP/AFP/OBS/João Marques de Almeida/Observador/ 20 de Março de 2016

 

 

 

 

 

Foi aprovado um projeto orçado em quatro milhões de euros para a consolidação da Serra do Pilar, em Gaia

O ministro do Ambiente anunciou a aprovação do projeto de consolidação da Serra do Pilar, em Gaia, empreitada orçada em quatro milhões de euros que contará com fundos europeus, cujo concurso público foi lançado neste mês de março.

 

 

No âmbito da apresentação do projeto de Valorização da frente Fluvial do Rio Douro, da Câmara de Gaia, Matos Fernandes afirmou que a candidatura para a consolidação da Serra do Pilar “foi ontem [sexta-feira] aprovada ao final do dia pelo PO SEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos)”.

 

 

Trata-se de um projeto orçado em quatro milhões de euros, “cofinanciados em cerca de três milhões”, que vai permitir “fazer uma obra de grande relevância para a cidade e para que se possa resolver um dos problemas mais candentes de risco em todo o país”, frisou Matos Fernandes.

 

 

O ministro salientou que esta é “uma das quatro maiores zonas de risco de derrocada do país”, sendo que as candidaturas para a consolidação das escarpas ou encostas de Palmela, de Setúbal e de Santarém “estão pertíssimo de serem aprovadas”.

 

 

“São intervenções diferentes entre si, com dimensões e projetos de engenharia diferentes. Estamos a falar de intervenções também de consolidação da escarpa e, por essa via, de proteção do património construído”, frisou o ministro, referindo que o valor previsto para estas quatro empreitadas é de 13 milhões de euros.

 

 

Segundo Matos Fernandes, “seja no litoral, seja na mitigação do efeito das cheias, seja na proteção das arribas, reduzir o risco e pugnar em simultâneo pela manutenção dos territórios, pelas suas características, significa proteger o património e defender a biodiversidade”.

 

 

Reforçando ser preciso “saber viver num novo paradigma” face às alterações climáticas, o ministro disse que “as consequências que já hoje se sentem obrigam a uma estratégia de adaptação” e que o litoral não pode ser abandonado.

 

 

“Os custos envolvidos são elevados”, afirmou, acrescentando: “Teremos que saber fazer escolhas claras, até porque não será previsível que os fenómenos climáticos extremos deixem de ocorrer”.

 

 

Para o ministro, a ação “terá que centrar-se em aprender a viver com excessos do clima, reforçar a informação às populações, dimensionar para picos as novas infraestruturas, ter mais informação para poder gerir” e até “retirar algumas construções onde o risco é maior”.

 

 

“Mas a nossa ação nunca poderá ser a de deixar que [essa construção em risco] caia ou que o mar a leve, pois se pensarmos assim estaremos a perder ativos naturais, alguns dos mais relevantes que o país tem precisamente por se localizarem em ecossistemas de riqueza”, frisou.

 

 

Sobre as cheias, que recentemente assolaram Coimbra e Amarante, por exemplo, o ministro disse que “não há uma maneira de poder garantir que estas situações não se vão repetir”, contudo, destacou ser necessário ter, em primeiro lugar, “mais informação e mais cedo para a disponibilizar às pessoas” e depois realizar obras que “podem facilitar e diminuir bastante o risco”.

 

 

Recordou que recentemente anunciou um investimento de 20 milhões de euros para zonas inundáveis e para o sistema de monitorização para evitar cheias, que se traduz em oito obras e a instalação de equipamentos em 25 locais, incluindo 10 milhões de euros em Coimbra.

 

 

“O que fizemos foi identificar estas intervenções de cerca de 30 milhões de euros dentro dos planos de gestão de zonas inundáveis que serão tornados públicos em junho”, concluiu.

 

 

 

TPT com: OBS/AFP/20 de Março de 2016

 

 

 

 

 

Foi finalmente detido, na cidade de Bruxelas, o principal suspeito dos atentados de Paris

Charles Michel, primeiro-ministro belga, confirmou que deteve Salah Abdeslam, o principal suspeito dos atentados de Paris. A detenção aconteceu durante uma operação policial em Molenbeek, Bruxelas.

 

 

Salah Abdeslam, que era o terrorista mais procurado pelas autoridades desde 13 de novembro, dia em que os ataques na capital francesa causaram a morte a 130 pessoas, foi encontrado no bairro de Molenbeek, nos arredores de Bruxelas, fruto de uma operação realizada pela polícia belga. “Apanhámo-lo”, confirmou Theo Francken, secretário de Estado do Asilo e da Migração do país, citado pela agência Reuters.

 

 

Pouco depois das 19h30, em conferência de imprensa, Charles Michel, primeiro-ministro belga, confirmou a detenção de Salah Abdeslam e de outros dois suspeitos. “É um sucesso extremamente importante na luta contra o terrorismo e na luta pela democracia”, sublinhou. François Hollande, presidente francês, sentado ao lado do líder belga, também falou: “Apesar de esta detenção ser um marco, não representa o final das investigações. Certamente haverá mais detenções, pois sabemos que a rede é alargada e se estende pela França, Bélgica e Holanda”.

 

 

O Chefe de Estado gaulês disse ainda que não vai requerer a extradição de Salah Abdeslam para França, argumentando que essa função compete ao Ministério Público francês. Hollande não se pronunciou sobre a hipótese de o principal suspeito dos ataques a Paris ter sido transportado para um hospital.

 

 

Esta operação policial envolveu quatro suspeitos:

 

  • Salah Abdeslam, a quem as autoridades atribuem um papel fulcral no planeamento dos atentados de 13 de novembro, em Paris, foi detido. O cidadão francês, nascido em Bruxelas, foi atingido na perna por um disparo durante a ação da polícia.

 

  • Soufyane Kayal, que o L’Écho, um jornal belga, descreve como “comparsa” de Mohamed Bakaïd, homem que, na terça-feira, foi morto pelas autoridades em outro tiroteio, também ocorrido na zona de Molenbeek, quando as autoridades entraram num apartamento que julgavam estar vazio. Também foi detido.

 

  • Um terceiro suspeito que, durante várias horas, esteve em fuga, foi capturado pelas autoridades.

 

  • Um quarto suspeito terá sido morto durante a ação policial.

 

Foi detido em Bruxelas o principal suspeito dos atentados de Paris 2

Ao final desta tarde foi conhecido que Salah Abdeslam já terá um advogado para o representar. A informação foi noticiada pela RTL, que ouviu Sven Mary, o jurista belga que, em janeiro, se mostrara disponível para defender o suspeito francês de origem belga. “Pessoas muito próximas de Salah Abdeslam contactaram-me e perguntaram-me se aceitava representá-lo. Confirmei-lhes que aceitaria se ele quiser que eu intervenha”, explicou o advogado à estação de rádio belga.

 

 

A operação da polícia belga já terminou. A ação terá começado por volta das 17 horas de Portugal Continental (mais uma hora em Bruxelas). Perto das 18h10, ouviram-se várias explosões no local onde o terrorista foi detido.

 

 

A ação policial terá envolvido quase uma dezena de disparos na Rue des Quatre Vents, no bairro de Molenbeek. Algumas granadas também terão sido utilizadas. Três suspeitos foram detidos.

 

 

A ação policial decorreu muito perto do edifício onde as autoridades acreditavam que Salah Abdeslam estava escondido desde perto de 13 de novembro, dia em que decorreram os atentados em Paris, que causaram a morte a 130 pessoas.

 

 

Esta operação decorreu quase à mesma altura em que o Ministério Público belga revelou que tinham sido encontradas impressões digitais de Salah Abdeslam, na terça-feira. Nesse dia, em Forest, outra operação policial deixou quatro agentes feridos, quando as autoridades entraram num apartamento que julgavam estar vazio. Essa ação realizou-se com o objetivo de procurar impressões digitais ou traços de ADN que ajudassem a investigação aos atentados de Paris a obter mais informações sobre o paradeiro de Salah Abdeslam.

 

 

Tal como acontecera na terça-feira, uma escola em Molenbeek, perto do prédio onde decorreu a operação, foi encerrada com cerca de 20 crianças no interior, por se encontrar abrangido pelo perímetro de segurança definido pelas autoridades.

 

 

O último fugitivo foi apanhado

 

 

Salah Abdeslam tem 26 anos e, apesar de ter nascido na Bélgica, tem nacionalidade francesa. O terrorista terá fugido de Paris para território belga de carro, horas depois dos atentados na capital francesa, suspeitam as autoridades. A investigação acredita que Abdeslam terá intervindo diretamente no ataque que levou três homens, munidos com explosivos a detonarem-se perto do Stade de France, no bairro de Saint-Denis, em Paris.

 

Foi detido em Bruxelas o principal suspeito dos atentados de Paris 3

Antes da detenção do homem a quem a investigação reconheceu um papel fulcral na logística dos atentados, as autoridades já tinham matado quatro suspeitos que participaram nos ataques a Paris, segundo o L’Écho — Abdelhamid Abaaoud, Brahim Abdeslam (irmão de Salah), Chakib Akrouh e Bilal Hadfi.

 

 

França vai pedir extradição de Salah Abdeslam

 

 

Charles Michel confirmou a detenção de Salah Abdeslam, um dos principais responsáveis pelos atentados de Paris. Outros dois suspeitos foram detidos. Hollande confiante com extradição do suspeito.

 

Foi detido em Bruxelas o principal suspeito dos atentados de Paris 4

O primeiro-ministro belga, Charles Michel, confirmou esta sexta-feira, numa conferência de imprensa conjunta com Fraçois Hollande, presidente francês, a detenção de Salah Abdeslam, um dos principais responsáveis pelos atentados de Paris, que continuava em fuga. Quanto a François Hollande, o Presidente francês anunciou que vai mesmo pedir a extradição do suspeito.

 

 

“Detivemos Salah Abdeslam”, assegurou o belga, antes de´revelar que foram ainda detidos outros dois suspeitos na operação policial que teve lugar ao início da tarde no bairro belga de Molenbeek, há muito considerado um ninho de terroristas.

 

 

O líder do Executivo belga sublinhou a importância desta operação conjunta de forças de segurança, polícia, investigadores e serviços secretos. Uma investigação que, reiterou Charles Michel, traz “resultados extremamente significativos na luta contra o terrorismo, na luta pela democracia e na luta contra esta forma abominável de obscurantismo”.

 

 

“Foram feitas mais de 100 buscas” e detidas 58 pessoas nas operações antiterroristas conduzidas nos últimos meses, revelou o belga.

 

 

Ao lado François Hollande, Presidente francês, agradeceu o empenho de todos as forças de investigação envolvidas, lembrou as vítimas e os familiares dos atentados de Paris, mas lembrou: “Estamos conscientes de que esta detenção não é o último passo. Vão acontecer mais detenções porque nós sabemos que a rede [de terrorismo] é muito mais alargada.”

 

 

O líder francês aproveitou a conferência de imprensa para anunciar que vai convocar o Conselho de Defesa no sábado de manhã. “Temos de continuar”, reiterou. Hollande disse ainda estar “confiante” de que a Bélgica vai aceitar a extradição de Salah Abdeslam. “As autoridades belgas responderão da forma mais favorável e rápida possível.”

 

 

Entretanto, tanto Charles Michel como a Presidência francesa revelaram nas respetivas redes sociais que Barack Obama ligou aos chefes de Governo e de Estado da Bélgica e da França para os felicitar pela operação conduzida esta sexta-feira e pelo êxito na sua “luta conjunta contra o terrorismo”.

 

 


Este é o advogado que vai defender o terrorista Salah Abdeslam

 

 

É oficial: o advogado belga Sven Mary vai defender em tribunal o único autor do atentado de Paris que escapou à polícia e que foi capturado esta tarde em Molenbeek.

 

Foi detido em Bruxelas o principal suspeito dos atentados de Paris 5

Sven Mary foi contactado por conhecidos de Salah Abdeslam para defender em tribunal o terrorista envolvido nos ataques de Paris. A informação foi confirmada pelo próprio a vários meios de comunicação social, nomeadamente à agência de notícias Belga. “Depois da operação policial desta sexta-feira, perguntaram-me se estava disposto a defender Salah Abdeslam”, disse o advogado aos media belgas, avançando que iria responder ao convite em breve. E respondeu que sim.

 

 

Sven Mary sublinhou que nunca esteve em contacto com o terrorista, o único fugitivo dos atentados de Paris onde morreram 130 pessoas. “Tenho estado em contacto com pessoas próximas a Salah Abdeslam, mas nunca falei com ele”, esclarece o advogado. Sven Mary acrescenta que tem interesse em conhecer Abdeslam: “Quero falar pessoalmente com ele porque deve sempre ter-se algum tipo de contacto com aqueles que defendemos. Deve haver uma confiança mútua. Veremos nos próximos dias”.

 

 

Em meados de 2012, Sven Mary – conhecido dos belgas pelas entrevistas controversas – defendeu em tribunal o porta-voz do grupo “Sharia4Belgium”, uma organização salafista radical sediada na Bélgica que defendia a conversão do país numa nação islamita. Fouad Belkacem, cliente de Sven Mary há três anos, é um homem belga de origem marroquina e era suspeito de “incitar ao ódio e à violência contra um grupo de pessoas por causa das suas crenças”, isto é, contra os não-muçulmanos. Em 2015, os “Sharia4Belgium” foram considerados uma organização terrorista pelo tribunal e o cliente de Sven Mary foi condenado a 12 anos de prisão.

 

 

Reuters/AFP/TPT/OBS/ 19 de Março de 2016

 

 

 

 

O vereador geral Manny Grova quer continuar a governar para gerações

Não é novidade que o advogado luso-americano Manny Grova Jr., está a fazer uma brilhante carreira política no estado de New Jersey.

 

O vereador geral Manny Grova quer continuar a governar para gerações 2

O Dr. Manny Grova, filho de pais portugueses, nasceu na cidade de Elizabeth em 1966. Enveredou pela politica em 1994 onde tem mostrado enorme capacidade de trabalho em várias áreas, com destaque para as questões sociais.

 

O vereador geral Manny Grova quer continuar a governar para gerações 3

Depois de cinco mandatos consecutivos como vereador, Manny Grova Jr., que também já excerceu o cargo de Presidente do Conselho Municipal da cidade de Elizabeth, nos anos de 2000 e 2008, deixou o cargo de vereador do 1º Bairro, no final do ano de 2012, para tomar posse, como vereador geral, no dia 1 de Janeiro de 2013, passando a ser o primeiro luso-americano a ocupar tais cargos, na história da cidade de Elizabeth, que foi fundada em 1665, e tem uma população de 126 mil habitantes. Destes, cerca de 20 mil, são portugueses.

 

O vereador geral Manny Grova quer continuar a governar para gerações 4O vereador geral Manny Grova quer continuar a governar para gerações 5

Disposto a assumir um novo mandato político, nas eleições que vão ter lugar este ano, o vereador Manny Grova levou a efeito um jantar de confraternização que teve lugar, dia 12 de Março, no salão de festas do Clube Português de Elizabeth (PISC), onde reuniu cerca de quinhentas pessoas, portuguesas e americanas, que lhe manifestaram lealdade e lhe cantaram os parabéns pela passagem de mais um aniversário(50º).

 

 

O trabalho e a dedicação que o vereador Manny Grova tem colocado ao serviço da cidade, conquistaram a admiração e o respeito dos residentes.

 

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Apoiado por várias forças vivas da cidade de Elizabeth, do condado de Union e do estado de New Jersey, o vereador Manny Grova conta também com o apoio do mayor de Elizabeth, Christian Bollwage, bem como com o apoio dos legisladores Jamel Holley e Annette Quijano, dos vereadores de Elizabeth, William Gallman, Frank Mazza, Patricia Perkins-Auguste, Nelson Gonzalez , Frank J. Cuesta e Carlos Torres, dos vereadores do Município de Union, Joseph Florio e Clifton People, e ainda com o apoio dos membros do Conselho de Educação da cidade de Elizabeth, as também luso-americanas Maria Carvalho e Stephanie Gonçalves, e o Prosecutor do Tribunal de Plainfield, N.J., Júbilo Afonso.

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Para além destas personalidades, o vereador Manny Grova conta também com o apoio do partido democrata, bem como com o apoio pessoal e político do senadorRaymond J. Lesniak, do estado de New Jersey( 4º na foto à direita).

 

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Durante a sua alocução, o senador Raymond J. Lesniakelogiou o trabalho realizado pelo vereador Manny Grova e aconselhou o voto dos eleitores no candidato luso americano.

 

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O mayor da cidade de Elizabeth, Christian Bollwage, também foi outro dos oradores que teceu elogios ao trabalho e ao dinamismo imprimido pelo vereador luso-americano à actividade autárquica de Elizabeth e lembrou que, “é graças à apresentação de projectos responsáveis, que o vereador luso americano continua a grangear o respeito dos residentes e das forças vivas da cidade”.

 

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Para a vereadora de Elizabeth, Patricia Perkins-Auguste, o vereador e recandidato Manny Grova, “representa o exemplo da reabilitação social e urbana da cidade, bem como noutras áreas relevantes”, e disse estar confiante que a continuidade deste trabalho será um desafio aliciante que vai merecer do vereador Manny Grova, uma atenção especial”.

 

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Pela sua capacidade de dar respostas positivas aos problemas e ânsias dos seus eleitores, o vereador geral Manny Grova está consciente de que a sua experiência política, é uma mais valia, para vencer as próximas eleições. Em declarações ao The Portugal Times, Manny Grova Jr. lembrou que “o trabalho que desenvolvi nos últimos 22 anos na cidade, designadamente na intervenção no espaço público, é um factor de desenvolvimento e modernização da base económica de Elizabeth, considerada já como uma cidade virada para o futuro”.

 

 

O Dr. Manny Grova que acredita ver num futuro próximo um mayor português a dirigir os destinos da cidade de Elizabeth, disse ainda ao “Portugal Times” que quer continuar a ajudar para “colocar esta cidade, com os seus 126 mil habitantes, como um centro de decisão importante, e respeitada junto das autoridades estatais e nacionais, aos níveis político, económico, social, cultural e desportivo”.

 

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Manny Grova Jr., que foi vivamente aplaudido pelas pessoas presentes, reconhece o muito trabalho que ainda falta realizar para melhorar a qualidade de vida da cidade de Elizabeth, e agradeceu aos residentes de Elizabeth “o carinho e a força que me dão para continuar rumo a mais uma missão”, concluiu.

 

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Após os tradicionais discursos e apresentações, seguiu-se uma interessante noite de convívio para o qual contribuíram muitas caras conhecidas da comunidade portuguesa de New Jersey e não só.

 

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JM/The Portugal Times 19 de Março de 2016

 

 

 

 

O juiz que quer apanhar Dilma e Lula da Silva foi inspirado pelo Watergate

O escândalo Watergate, que derrubou Richard Nixon, serve de exemplo ao homem que fez e faz tremer a classe política brasileira. Sergio Moro, o juiz candidato a “mocinho” ou a vilão anti-PT?

 

 

“Eu, sinceramente, tô assustado com a ‘República de Curitiba’. Porque a partir de um juiz de primeira instância, tudo pode acontecer nesse país“.

 

 

Lula da Silva disse-o, letra por letra, numa das muitas conversas escutadas (e entretanto divulgadas) entre o ex-Presidente do Brasil e Dilma Rousseff. O histórico líder petista referia-se, assim, a Sergio Moro, juiz federal da 13.ª Vara Criminal Federal de Curitiba e o principal responsável pela Operação Lava Jato.

 

 

As palavras de Lula da Silva mostram bem a influência (e o poder) de que goza Sergio Moro. Mas, afinal, quem é o homem que está a abalar o regime brasileiro? O quadro vai sendo pincelado com a ajuda de alguns testemunhos de quem mais de perto convive ou conviveu com Sergio Moro. Regra geral, as fontes preferem o anonimato – o superjuiz brasileiro que quer tramar Dilma e Lula da Silva pediu aos amigos e colegas que não falassem sobre ele. É uma regra de segurança que prefere não quebrar.

 

O juiz brasileiro que quer apanhar Dilma e Lula da Silva inspirado pelo Watergate 2

A edição brasileira do El País, no entanto, chegou a traçar-lhe um perfil. “Teimoso, reservado, técnico, frio (embora educado), extremamente competente, razoavelmente distante dos olhares da imprensa e sem medo de enfrentar figurões.”

 

 

O Gazeta do Povo, o principal jornal do estado do Paraná, onde está concentrada grande parte da investigação, acrescentava outros traços: “Um sujeito pacato que até há pouco tempo ia de bicicleta trabalhar”; o “professor que não se atrasa”; um “osso duro de roer”; “o são-paulino que gosta de vinho e charutos“; o “filho que saiu de casa cedo.”

 

 

Os brasileiros dividem-se. Para uns quantos milhões, Sergio Moro é a única esperança para pôr termo à corrupção. Um candidato a herói, o “mocinho” da telenovela que acaba sempre por salvar a donzela, sendo que a donzela, neste caso, é a corrupta e corruptível política brasileira. Para outros tantos milhões, Moro é um lobo em pele de cordeiro, um vilão ao serviço do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que quer destruir o Partido dos Trabalhadores (PT) de Dilma e de Lula.

 

 

É nesta complexa dicotomia que Sergio Moro mergulhou. O mesmo Lula, na mesmíssima escuta em que foi apanhado a denunciar a “República de Curitiba”, acusa o juiz de querer fazer um “espetáculo de pirotecnia” à custa da Operação Lava Jato. Ainda esta quinta-feira, na tomada de posse do seu novo chefe da Casa Civil, a Presidente Dilma Rousseff não só condenou as escutas – autorizadas e divulgadas por Moro -, como falou em “agressão à Constituição”. “Os golpes começam assim”, mas “a gritaria dos golpistas não me vai tirar do rumo”, prometeu Dilma.

 

 

Os ataques são cerrados. Nascido em 1972, na cidade paranaense de Maringá, onde estudou Direito, ainda antes de se mudar para Cambridge, onde completou a formação na prestigiada Universidade de Harvard, Sergio Moro é casado e pai de dois filhos. Filho de uma professora de português e de um professor de geografia, começou a carreira de juiz em 1996, mantendo em paralelo o cargo de professor universitário.

 

O juiz brasileiro que quer apanhar Dilma e Lula da Silva inspirado pelo Watergate 3

Já em março deste ano, em entrevista à Folha de São Paulo, Odete Starke Moro, a mãe de Sergio Moro, reagia assim depois de ter sido vaiada por manifestantes pró-Lula, num evento público: “As pessoas querem ligar o Sergio ao PSDB. Só que isso não existe. Eles não se conformam e procuram todas as formas ligar ele ao PSDB.”

 

 

Especializado em crimes de colarinho branco, inspirado pela operação italiana Mãos Limpas, Moro começou a dar nas vistas no caso Banestado – um processo judicial que levou à condenação de 97 pessoas por branqueamento de capitais públicos. Começava aí o caminho do juiz “justiceiro”, como escrevia a edição brasileira do El País.

 

 

O escândalo Banestado foi, de resto, o começo de tudo o que aconteceu a seguir – o “Mensalão”, o início do “Petrolão” e, agora, a “Operação Lava Jato”. Uma rede híper complexa, mas com três denominadores comuns: dinheiro, política e corrupção. Um cocktail explosivo.

 

 

Chegados aqui, há um nome a reter: Alberto Youssef, o “doleiro” – ou intermediador de contratos – e a peça central de todo o processo. Quando o caso rebentou, Youssef disse uma frase que se viria a revelar um prenúncio. “Caras, se eu falar, a República vai desmoronar”. E o “doleiro” falou.

 

 

Albert Yousseff acabaria por ser condenado no âmbito do caso “Mensalão”, depois de ter ajudado vários deputados, muitos do Partido dos Trabalhadores (PT), a lavar os subornos (pagos com dinheiro público) que recebiam a troco de votos favoráveis às intenções do Governo.

 

 

Lula da Silva escapou incólume ao processo – pelo menos politicamente. E defendeu-se, contra-atacando. “O tempo vai-se encarregar de provar que, no Mensalão, houve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica. Acho que não houve Mensalão. Essa história vai ser recontada, é uma questão de tempo, para se saber o que, na verdade, aconteceu. Esse processo foi um massacre para destruir o PT. E não conseguiram”, disse.

 

 

Albert Youssef acabaria condenado por lavagem de dinheiro, não apenas no “Mensalão”, mas também no âmbito da “Operação Lava Jato”. Youssef não se limitou a assumir a culpa: ajudou a Justiça brasileira e denunciou vários prevaricadores. E como ele, outras peixes pequenosapanhados na malha da justiça foram fazendo o mesmo para escapar a penas mais pesadas. Esta é a impressão digital de Sergio Moro: o juiz incentiva a delação premiada, a infiltração de agentes nos esquemas de corrupção e as quebras de sigilos. Tudo bem à maneira americana.

 

 

De resto, o super juiz fez uma referência ao caso que derrubou Richard Nixon – o Watergate – para justificar o recurso às escutas que apanharam Lula e Dilma em conversas, alegadamente, comprometedoras: “Nem mesmo o supremo mandatário da República tem um privilégio absoluto no resguardo de suas comunicações”, lembrou Sergio Moro.

 

 

A verdade é que a Operação Lava Jato – a maior investigação de corrupção da história do país e que envolve o poder político, troca de favores, luvas, lavagem de dinheiro, vários empresários e algumas das maiores construtoras do país – tem várias gargantas fundas.

 

O juiz brasileiro que quer apanhar Dilma e Lula da Silva inspirado pelo Watergate 4

Uma das personagens centrais da investigação, no entanto, é o senador petista Delcídio do Amaral, que depois de se ver envolvido no esquema de corrupção da Petrobras, decidiu colaborar com a Justiça e implicou Lula da Silva, Dilma Rousseff e José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça brasileira, entre outros. Tudo em troca de uma possível redução de pena.

 

 

É muito provável que as denúncias de Delcídio do Amaral tenham estado na origem da decisão do juiz Sergio Moro: a 4 de março, ao abrigo de um mandado assinado pelo superjuiz, a Polícia Federal brasileira realizou buscas na casa do ex-Presidente e levou Lula para depor.

 

 

Os acontecimentos precipitar-se-iam. Os brasileiros saiam à rua e as manifestações sucediam-se. A 13 de março, com o “povo brasileiro” na rua, Sergio Moro reagia assim: “Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte de nossas instituições e do mercado, fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lava-jato. Não há futuro com a corrupção sistémica que destrói nossa democracia, nosso bem-estar económico e a nossa dignidade como país”.

 

 

Um homem com uma missão, que faz tremer a classe política do Brasil. Os outros jogadores no xadrez político-judiciário brasileiro parecem em choque e desorientados. Lula da Silva, na tal conversa que manteve com Dilma Rousseff, resumiria assim:

“Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado (…) um Presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados, e fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e que vai todo mundo se salvar“.

 

 

Os próximos tempos dirão se o superjuiz vai ou não tramar os dois líderes políticos brasileiros mais amados dos últimos tempos.

 

 

Aprovada comissão para analisar destituição de Dilma Rousseff

 

 

A Câmara dos Deputados aprovou hoje a constituição da comissão especial responsável pelo andamento do processo de destituição (impeachment) da Presidente do Brasil, Dilma Rousseff. Antes da votação, líderes dos 24 partidos com representantes na Câmara indicaram os nomes dos 65 deputados que vão participar nos trabalhos. A comissão foi eleita por 433 votos a favor e apenas 1 contra.

 

O juiz brasileiro que quer apanhar Dilma e Lula da Silva inspirado pelo Watergate 5

Os parlamentares devem reunir-se novamente hoje para tratar de detalhes dos procedimentos da comissão especial. Após essa reunião, a comissão estará oficialmente instalada. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, disse que a comissão especial também fará uma reunião hoje às 19h locais (22h, em Lisboa), quando acontecerá a eleição de presidente e relator da comissão.

 

A comissão especial funcionará por até quinze sessões do plenário da Câmara. Destas, dez sessões serão destinadas à apresentação da defesa de Dilma Rousseff e mais cinco para a votação do relatório. No processo de destituição, os parlamentares vão analisar se a Presidente Dilma Rousseff cometeu crimes de responsabilidade previstos na Constituição e na Lei de Responsabilidade Fiscal.

 

 

A Presidente é acusada principalmente de realizar “pedaladas fiscais” ao autorizar adiantamentos de dinheiro realizados por instituições financeiras, a Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, como manobras para maquiar, momentaneamente, as contas públicas.

 

 

Na última quarta-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o processo só poderia ser iniciado após a eleição de uma comissão única formada por nomes indicados pelos líderes dos partidos, eleita em voto aberto na Câmara. O órgão também reafirmou que o Senado pode arquivar o processo de destituição da Presidente depois de o receber, mesmo que ele tenha sido aprovado na Câmara. Dilma Rousseff só será afastada do cargo, pelo prazo de até 180 dias, se os senadores aceitarem a denúncia que chegar da Câmara.

 

 

 

Miguel Santos/Observador/ FERNANDO BIZERRA JR/EPA/TPT/ 19 de Março de 2016

 

 

 

 

 

Só falta a palavra do presidente para o fim da pena de morte na Guiné Equatorial

As autoridades da Guiné Equatorial transmitiram esta quinta-feira que a pena de morte foi abolida e falta “apenas o decreto presidencial” para a implementação desta decisão, um dos pontos do roteiro de adesão à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

 

 

A informação foi adiantada aos jornalistas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e de Cooperação de Timor-Leste, Hernâni Coelho, no final do Conselho de Ministros extraordinário da CPLP, que também decorre esta quinta-feira, em Lisboa.

 

 

Questionado sobre se, durante a reunião dos chefes da diplomacia, foi discutida a evolução da Guiné Equatorial no cumprimento do roteiro definido para a adesão à organização, que ocorreu em 2014, o governante timorense afirmou que o ministro das Relações Exteriores da Guiné Equatorial, Agapito Mba Mokuy, apresentou um relatório sobre esta questão.

 

 

“Segundo o relatório, a pena de morte foi abolida, aguardando neste momento apenas o decreto presidencial para a implementação dessa evolução positiva que se verificou na Guiné Equatorial”, disse Hernâni Coelho.

 

 

Portugal cede e vai dividir mandato na CPLP

 

 

 

O mandato de quatro anos da CPLP do secretário executivo vai ser dividido em dois mandatos de dois anos e ao contrário do que vem nos estatutos da organização, caberá a São Tomé e Príncipe exercer o mandato nos dois primeiros anos e só depois será a vez de Portugal. “As decisões na CPLP são tomadas por consenso, essa é a regra de consenso. E foi muito fácil chegar a consenso”, disse Augusto Santos Silva ao lado de Georges Chikoti, ministro das Relações Exteriores de Angola – que afirmou no início de março que Portugal se estava a impor no seio da organização.

 

Só falta a palavra do presidente para o fim da pena de morte na Guiné Equatorial 2

A divisão de mandato foi inicialmente avançada pelo ministro Negócios Estrangeiros e Cooperação de Timor, que na conferência de imprensa adiantou aos jornalistas que esta tinha sido a modalidade adotada na reunião ministerial, apesar de não constar nas conclusões distribuídas em comunicado. “A candidatura para os próximos anos será dividida em duas partes distintas. Nos primeiros dois anos será dada a oportunidade a São Tomé e depois será Portugal“, afirmou Hernâni Coelho, ministro timorense, esclarecendo posteriormente que a organização pretende “debruçar-se sobre os estatutos” nos próximos tempos de modo a encontrar um “mecanismo mais adequado” de escolha do secretário executivo.

 

 

Já no Salão Dourado da sede da CPLP, Augusto Santos Silva falou aos jornalistas acompanhado por Georges Chikoti, ministro das Relações Exteriores de Angola, para agradecer em primeiro lugar, o convite que Angola fez a Portugal para participar na próxima segunda-feira numa reunião do Conselho de Segurança nas Nações Unidas – o país é membro não permanente deste órgão -, afirmando que aceitava este convite. Perante a insistência dos jornalistas sobre a “cedência” de Portugal aos termos dos restantes membros da CPLP na escolha do secretário-executivo, Santos Silva disse que se tratou de uma decisão “de consenso”.

 

 

Georges Chikoti afirmou que havia uma “interpretação dos dois lados que era diferente” já que “uns pensavam que era por ordem alfabética, omitindo Portugal que era sede” e outros que pensavam que “a ordem alfabética era direta”. “Concordámos que os dois vão partilhar este período para que depois possamos acertar as regras”, disse o ministro angolano que aproveitou para dizer que António Guterres, candidato português às Nações Unidas, está hoje em Luanda e que já está prevista uma visita de António Costa a Angola. Perante pedidos adicionais de esclarecimento por parte dos jornalistas, Santos Silva afastou-se repetindo apenas “muito obrigado”.

 

 

O que se lê nos estatutos da CPLP é que “o Secretário Executivo é uma alta personalidade de um dos Estados membros da CPLP, eleito para um mandato de dois anos, mediante candidatura apresentada rotativamente pelos Estados membros por ordem alfabética crescente“, no entanto, desde o final de fevereiro, vários países como Angola, Brasil e Moçambique vieram contestar a nomeação de um secretário executivo por parte de Portugal, já que a sede da organização se localiza em Lisboa e aquando a fundação da CPLP, teria ficado acordado que não haveria um secretário executivo luso. No entanto, vários participantes nas negociações da fundação vieram clarificar que esse entendimento nunca existiu, nomeadamente o primeiro secretário executivo da CPLP, o angolano Marcolino Moco e o antigo primeiro-ministro de Cabo Verde, Carlos Veiga.

 

 

Santos Silva explica-se sobre cedência de Portugal na CPLP

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou que Portugal cedeu a São Tomé e Príncipe a vez de ocupar o secretariado-executivo da CPLP para evitar a ausência de África dos cargos da organização.

 

Só falta a palavra do presidente para o fim da pena de morte na Guiné Equatorial 3

O ministro dos Negócios Estrangeiros português afirmou esta quinta-feira que Portugal cedeu a São Tomé e Príncipe a vez de ocupar o secretariado-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para evitar a ausência de África dos cargos da organização.

 

 

Os chefes da diplomacia da CPLP decidiram esta quinta-feira, numa reunião em Lisboa, que São Tomé e Príncipe indicará agora um nome para secretário-executivo da organização e ocupará esse cargo nos próximos dois anos e depois Portugal sucede-lhe por mais anos, uma decisão com a qual o ministro Augusto Santos Silva disse sentir-se “muito confortável”.

 

 

“Do ponto de vista português, tem esta lógica muito simples. Nós constatámos que como a próxima presidência, que é por dois anos, é brasileira, entre 2016 e 2018, se o próximo secretário-executivo fosse português, pela primeira vez na história da CPLP nenhum país africano de língua portuguesa teria responsabilidades ou ao nível da presidência ou do secretariado-executivo”, disse.

 

 

“E entendemos que essa questão era facilmente ultrapassável trocando a ordem entre Portugal e São Tomé e Príncipe. Portanto, São Tomé e Príncipe, que aliás já apresentou a candidatura, poderia ficar em 2016-2018, quando o Brasil tem a presidência, e Portugal ficará no biénio seguinte, quando a presidência tornar a ser, muito provavelmente, de um país africano”, explicou, adiantando que esta foi uma proposta conjunta de Portugal e Angola, que os dois países foram elaborando ao longo do dia “num plano político e técnico”.

 

 

O Ministério dos Negócios Estrangeiros contactou a Lusa, ao final da tarde de hoje, para prestar esclarecimentos adicionais sobre a posição portuguesa, depois de o ministro não ter explicado a decisão aos jornalistas presentes na sede da CPLP, apesar das sucessivas insistências.

 

 

Questionado pela Lusa, ao telefone, por que não esclareceu a posição nas declarações à imprensa, Santos Silva justificou que estava a fazer “uma declaração conjunta com o ministro de Angola sobre as relações bilaterais” e, por isso, não ia falar “sobre questões que têm apenas a ver com a posição portuguesa”, o que considerou “fácil de compreender”.

 

 

“Clima de confiança” na Guiné-Bissau e “progresso” na Guiné Equatorial

 

 

Os pontos principais de discussão nesta reunião do conselho de ministros de Negócios Estrangeiros e da CPLP eram a nova visão estratégica da organização que será aprovada em julho, no Brasil, e ainda a situação política na Guiné Bissau. Sobre a nova visão estratégica, os ministros aprovaram o relatório que dá luz verde aos principais objetivos da organização nos próximos anos por unanimidade. Foi então aprovada uma posição comum que pretende favorecer “o alargamento das suas atividades, a valorização da suas potencialidades e uma participação mais efetiva da CPLP no processo de desenvolvimento dos Estados-membros, promovendo e defendendo os princípios e valores universais da democracia e dos direitos humanos no espaço da CPLP”.

 

 

Para além disto, os ministros decidiram também estender o mandato do Representante Especial da CPLP em Bissau que analisa e relata a situação política no país, dando conhecimentos aos membros da organização do que se vive no país. A missão foi agora alargada até 31 de julho deste ano.

 

 

Questionado sobre a Guiné Equatorial, Hernâni Coelho, ministro Negócios Estrangeiros e Cooperação de Timor afirmou que o ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné Equatorial apresentou um relatório a dizer que a pena de morte foi abolida, mas “ainda aguarda um decreto presidencial” para isto ser efetivo. “Foi mencionado progresso dos direitos humanos”, afirmou o timorense, acrescentando ainda que, no próximo mês, uma delegação da CPLP vai estar presente nas eleições na Guiné Equatorial, a convite deste país.

 

 

Os jornalistas questionaram ainda o ministro timorense sobre a situação no Brasil, mas o ministro disse apenas que a CPLP está a acompanhar a “evolução no Brasil”. Já Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, saiu da sede da CPLP enquanto a conferência de imprensa decorria, preferindo não fazer quaisquer comentários à comunicação social.

 

 

Lusa/Catarina Falcão/OBS/ /18 de Março de 2016