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Thanksgiving Day no Irounbound reuniu à mesa 600 pessoas que vivem sós, ou longe das suas famílias

 Pelos sentimentos e atitudes que desperta, pelo ambiente que cria, pela forma de viver e de se relacionar que propõe, o Thanksgiving constitui um património de valores de grande riqueza humana.

 

 

Este ano e pela 5ª vez consecutiva, o vereador luso americano Augusto Amador em colaboração com o empresário António Seabra, reuniu no Restaurante Mediterranean Manor, em Newark, seiscentas pessoas que foram referidas pelas igrejas locais, bairros de assistência social e clubes de 3ª Idade, para celebrar o “Thanksgiving Day” no Ironbound.

 

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Esta vivência do espírito do Thanksgiving (Dia de Ação de Graças) nos Estados Unidos é uma amostra saudável e feliz do que os seres humanos poderiam viver em cada dia do resto do ano, se também nesses outros dias, continuassem a dar esses estímulos importantes para a felicidade das pessoas.

 

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E enquanto na sala as pessoas se acomodavam, na cozinha, os cozinheiros atarefados ajudavam a preparar um Thanksgiving mais farto, aconchegado e solidário para todos os convidados e em especial para os idosos que vivem sós, ou longe das suas famílias.

 

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O poder político também se associou a este evento, através da presença de várias figuras políticas da cidade de Newark e do estado de New Jersey. Entre elas estavam (foto dir./esq.), Eliana Pintor Marin, legisladora do estado de New Jersey, Joseph C. Parlavecchio, membro directivo do Partido Democrata, de New Jersey, Augusto Amador, vereador da cidade de Newark, Luis Quintana, vereador geral de Newark, (…?), Anibal Ramos, vereador de Newark, e George Torres, presidente da Hispanic Law Enforcement Society.

 

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Antes de ser servido o repasto, foi cantado o Hino Nacional dos Estados Unidos, seguindo-se depois o tradicional protocolo de apresenções e discursos de boas vindas, com Augusto Amador a agradecer o apoio dado pelo empresário António Seabra a esta iniciativa que tem por objectivo transformar-se numa resposta social que visa o bem estar e a qualidade de vida da comunidade em geral e sobretudo da Terceira Idade.

 

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E como os serviços médico-hospitalares são importantes em qualquer comunidade, Augusto Amador fez questão de lembrar durante a sua alocução, a luta travada ao mais alto nível no estado de New Jersey, pela manutenção do Hospital Saint Michaels na cidade de Newark, que oferece serviços de saúde completos e de qualidade, assim como cuidados médicos acessíveis a quem tem de se deslocar de autocarro das suas casas para uma consulta médica. Para além disto, foram ainda mantidos 1.400 postos de trabalho que estavam em risco.

 

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Sendo a qualidade do atendimento e a segurança do paciente, uma das principais prioridades de investimento do Hospital Saint Michaels, Augusto Amador, acompanhado pelo vereador geral de Newark, Luís Quintana (na foto à direita), fez a entrega de um donativo ao administrador do Centro Médico de Saint Michaels (ao centro na foto), David Ricci, no valor de mais de nove mil dólares, cujo montante foi angariado durante a campanha “Walk for the Cure 2015”, também uma iniciativa do vereador Amador.

 

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Por sua vez, David Ricci agradeceu o donativo, elogiou a iniciativa da organização, evidenciou a contribuição da comunidade na defesa do hospital, e anunciou que a administração do Centro Médico Saint Michaels continua a investir em pessoas, bem como, em novas tecnologias, com o objectivo de oferecer excelência de qualidade no âmbito da saúde.

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Após as alocuções seguiu-se a tradicional benção desta refeição fraterna, presidida pelo pastor Moacir Weirich, da Igreja de Saint Stephan’s, em Newark. Antes da oração, o pastor Moacir elogiou os mentores e colaboradores desta iniciativa, e lembrou que “a felicidade é a essência das nossas vidas e que seriamos muito mais felizes se a compartilhassemos com as outras pessoas, cada dia, todo dia”, concluiu o pastor .

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Após a benção da refeição foi a vez do empresário António Seabra, proferir algumas palavras de estímulo a todos os presentes, e lembrou que o objectivo desta iniciativa “é ver as pessoas felizes e mostrar que a tradição do Thanksgiving deve ser comemorada com espírito de alegria e união”.

 

Porém, e segundo algumas pessoas presentes, esta celebração é também, por outras palavras, “um exemplar exercício de cidadania, bem como uma manifestação visível de boa vontade”.

 

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E boa vontade, foi o que não faltou no momento de servir a refeição. Numa altura em que todos estamos preocupados com o futuro e com as nossas vidas, ainda há pessoas que passam parte do seu tempo a preocupar-se com o bem-estar dos outros.

 

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Vários voluntários tiveram a seu cargo a responsabilidade de participar desta forma em mais uma acção de apoio humano.

El Emigrante, um dos voluntários que também esteve de serviço na sala, falou ao nosso jornal da importância que existe em sensibilizar a sociedade para a necessidade “de proteger e cuidar mais da população idosa”.

 

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A tradição do Thanksgiving que já tem cerca de quatrocentos anos, continua a manter-se bem viva, graças a pessoas de boa vontade que encontram dentro delas a motivação que ajuda o próximo a prosseguir.

 

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Este projecto de solidariedade que começou há cinco anos, busca promover o desejo de fazer a diferença, contribuindo para um mundo melhor.

E não é por acaso que graças a este exemplo de cidadania e hospitalidade o número de pessoas que querem participar neste evento cresce de ano para ano.

 

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Na edição deste ano estiveram presentes seiscentas pessoas de várias idades e etnias que usufruiram de uma excelente refeição e uma boa tarde de convívio.

 

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Um convívio que foi muito participado pelos mais idosos já que tiveram a possibilidade de conhecerem outras pessoas e desfrutarem com os amigos, este dia tão especial na vida e na cultura dos norte americanos.

 

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Esta multiplicidade de atividades, que muitas vezes não têm a visibilidade e o reconhecimento que merecem, faz parte das obras de solidariedade que o vereador Augusto Amador e os seus colaboradores têm sido capazes de construir e que a prática do dia-a-dia vai reforçando e tornando cada vez mais evidente.

 

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Augusto Amador lembrou ainda que esta é a altura do ano em que o índice de satisfação pelo que faz se torna mais evidente.

 

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“Por isso, vale a pena promover eventos como este, nem que seja somente para ver o sorriso de satisfação entre pessoas necessitadas, ou que devido às vicissitudes da vida vivem sozinhas”, disse o vereador luso americano.

 

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No final de mais esta iniciativa, Augusto Amador fez questão de agradcer a todos os que contribuíram para o sucesso deste jantar. “Ao Tony Seabra, do Grupo Seabra, Luis Nunes – DJ, e ao seu staff, aos voluntários do Club España e a todos os voluntários que deram um pouco do seu tempo e esforço para fazerem estas pessoas felizes, ainda que, somente por umas horas.

 

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E como o voluntariado também se caracteriza pela competência no que se dá, Augusto Amador fez ainda a oferta de cerca de quatrocentos perús e cestos de comida enlatada que foram doados por empresas e particulares, para serem entregues às pessoas mais necessitadas do Bairro Leste da cidade de Newark. Também aqui, missão cumprida!.

 

No final desta edição do “Thanksgiving Day” no Ironbound, Augusto Amador não deixou de referir palavras elogiosas aos membros do seu “staff”, mostrando-se agradecido pelo trabalho excelente que fizeram.

Para o ano há mais!…

 

 

Resumo da história do ‘Thanksgiving Day’

 

 

A celebração tornou-se célebre, nos tempos modernos, quando em 1620, mais de 100 puritanos conseguiram fugir, no navio Mayflowers, da perseguição religiosa que sofriam na Inglaterra para chegar ao Novo Mundo. Porém, após 65 dias de viagem, somente cerca de cinqüenta pessoas conseguiram sobreviver à fome e às doenças na luta contra o tempo para construirem as suas casas antes da chegada do inverno. Eles estabeleceram-se na antiga cidade de Plymouth, no estado de Massachusetts.

 

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No dia 16 de março de 1620, receberam ajuda de dois índios americanos: Samoset e Squanto que também falavam inglês e lhes ensinaram como extrair a seiva das árvores, como evitar plantas venenosas, a lavrar, a plantar milho e outros alimentos e a caçar. Assim, os peregrinos que restaram conseguiram sobreviver no Novo Mundo.

 

E, no ano seguinte, 1621, quando chegou a época da colheita, eles se deslumbraram com a fartura. Havia comida suficiente para suportar o inverno.

 

O governador dos peregrinos, William Bradford, decidiu realizar um banquete que se prolongou por três dias, para celebrar a grande colheita de outubro e convidou os vizinhos nativos norte-americanos, para agradecer os ensinamentos que os salvaram da fome e do frio. Os convidados também contribuíram com alimentos. Historiadores consideram aquele dia como o primeiro Dia de Ação de Graças, por representar o símbolo de solidariedade, e de fraternidade entre povos de culturas diferentes.

 

Em 1789, o presidente George Washington requereu um Dia de Ação de Graças em homenagem à homologação da Constituição dos Estados Unidos da América.

 

Nova York e alguns estados americanos também outorgaram um dia de Ação de graças, no mês de novembro e outros em dezembro.

 

Em 1863, o presidente Abraham Lincoln declarou que o Dia de Ação de Graças passaria a ser celebrado sempre no último dia de novembro. Depois da Guerra Civil, atendendo a campanha liderada pela editora de revistas Sarah Josepha Hale, o Congresso dos EUA tornou o Dia de Ação de Graças um feriado nacional. Em 1941, o presidente Franklin Roosevelt criou um projeto de lei para que o Dia de Ação de Graças fosse oficialmente comemorado na última quinta-feira de novembro.

 

 

J.M./The Portugal Times/30/11/2015

 

 

 

 

 

 

Sociedade Portuguesa de Matemática contra fim dos exames de 4.º ano

A Sociedade Portuguesa de Matemática está contra o fim dos exames do quarto ano de escolaridade, proposto pelos partidos de esquerda, e enviou uma carta aos grupos parlamentares a pedir que ponderem sobre a matéria.

 

 

Os partidos de esquerda levam na sexta-feira ao Parlamento um projeto de lei que propõe a eliminação dos exames nacionais do 1.º ciclo do ensino básico, algo com que pais e professores concordam, embora divergindo na forma de acabar com as provas, instituídas pela tutela de Nuno Crato.

 

 

Para a Sociedade, segundo a carta enviada aos parlamentares, a prova é “um instrumento importante para aferição dos conhecimentos dos alunos” e a análise dos resultados permite identificar fragilidades.

 

 

“É indispensável que continuem a existir instrumentos que permitam a aferição externa dos conhecimentos e capacidades, bem como a obtenção de dados fidedignos e uniformes a nível nacional que possam suportar a adoção de medidas informadas de apoio a alunos e professores neste nível de ensino e nos seguintes”, defende a Sociedade Portuguesa de Matemática na carta.

 

 

Nela fala-se da “preocupação” que é o projeto de lei nem sequer contemplar a substituição da prova, porque a eliminação pura e simples “em nada contribuirá para a diminuição dos níveis de insucesso e abandono, nem para o aumento das qualificações”.

 

 

Na carta a Sociedade insiste que as provas são um elemento fundamental e que se por elas ocorrer alguma distorção no trabalho letivo é essa distorção que deve ser corrigida.

 

 

Até quarta-feira tinham dado entrada nos serviços da Assembleia dois projetos de lei, do PCP e do Bloco de Esquerda, com vista a eliminar as provas finais do 4.º ano, na sequência das posições sempre defendidas por estes partidos.

 

 

Os exames do 4.º e do 6.º ano foram criados por Nuno Crato, que entendeu ser benéfica a existência de provas no final de cada ciclo de ensino. À semelhança dos exames que já existiam para o 3.º Ciclo e para o ensino secundário, estas provas têm uma ponderação de 30 por cento na nota final do aluno.

 

 

 

FP/AH//GC/Lusa/F: PUB/27 de Novembro de 2015

 

 

 

 

 

Tomada de posse do XXI Governo Constitucional foi um round quente entre Cavaco e Costa

 Foi uma tarde em que houve de tudo: expectativa e confiança de um lado, rostos fechados do outro. Carros elétricos, selfies, vespas e adversários que chegaram juntos para a passagem de testemunho.

 

 

“Que corra tudo bem e que seja feliz. E nós também“. As palavras de Maria Antónia Palla, jornalista e mãe do homem que se tornou, esta quinta-feira, primeiro-ministro de Portugal, podiam muito bem resumir a tarde: expectativa, confiança, vários sorrisos aqui e ali, mas também algumas caras fechadas. Vinte e oito dias depois de Pedro Passos Coelho ter tomado posse como primeiro-ministro, o Palácio da Ajuda voltou vestir-se de gala para receber as mais altas figuras do Estado na tomada de posse do XXI Governo Constitucional.

 

 

À chegada, Maria Antónia Palla admitia que o caminho até aquele momento não tinha sido fácil. “Estávamos todos expectantes, [até porque] nunca tinha acontecido esta solução. Mas é uma solução possível” e um “momento histórico”, dizia, sem esconder o facto de estar orgulhosa pelo filho, mesmo quando o acusam de ter sido ambicioso e de não ter olhado a meios para chegar a São Bento. “Ele não é nada ambicioso. Tinha o direito de pensar [nesta solução] e penso que foi bom ter pensado. Demos um passo adiante na nossa democracia”. Conseguirá ser melhor do que Passos Coelho? “Não tenho a menor dúvida. Qualquer pessoa era melhor“.

 

 

Nem todos concordam, por certo. Ainda antes de Maria Antónia Palla, Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, um dos poucos que acedeu falar aos jornalistas à chegada ao Palácio da Ajuda, reconhecia que este era “um dia singular”, mas pelos piores motivos. “É um dia em que cessa funções um Governo e um primeiro-ministro que foram escolhidos pelo povo, mas alvo de uma rejeição por parte dos partidos que perderam as eleições, e em que inicia funções um Governo e um primeiro-ministro que foram rejeitados pelo povo mas que foram viabilizados para o exercício dessas funções por um entendimento pluripartidário dos partidos que perderam as eleições”.

 

 

Palavras mais duras que fizeram aquecer a tarde fria que se instalou no exterior do Palácio da Ajuda – o tratamento de silêncio dos que foram chegando também não ajudava a mais. Primeiro – a primeiríssima – Francisca Van Dunem, nova ministra da Justiça de António Costa, que chegou ainda faltavam largos minutos para as 15 horas. Depois, ministros e secretários de Estado, cessantes e futuros, foram desfilando a conta-gotas, sem se alongarem em declarações aos jornalistas. Pedro Lomba, secretário de Estado Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, ainda soltou um “não me matem” quando o carro onde seguia avançou, ainda Pedro Lomba tinha meia perna de fora.

 

 

Pedro Nuno Santos, novo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, estava visivelmente bem mais animado. Sobre o desafio que agora se coloca disse apenas “vai ser muito interessante, estimulante e vai tudo correr bem”. Tiago Brandão Rodrigues, que chegou ao Palácio da Ajuda com uma mochila às costas, competia em entusiasmo. Ele que é o ministro da Educação e o mais novo do Governo de António Costa. A boa disposição dos dois contrastava com o rosto fechado de Teresa Morais, ex-ministra da Cultura de Passos, que esteve apenas 28 dias no cargo.

 

 

Quando passavam sete minutos das 15h30, e já todos esperavam ver aparecer Pedro Passos Coelho e António Costa – a chegada estava prevista para as 15h40 -, um dos momentos curiosos da tarde: ao mesmo tempo que chegavam Catarina Martins, Pedro Filipe Soares e Luís Fazenda do Bloco de Esquerda, a pé, eis que surgiram, no mesmo carro, Rui Machete e Augusto Santos Silva, anterior e atual titulares da pasta dos Negócios Estrangeiros.

 

 

Às 15h42, foi a vez de António Costa chegar, acompanhado pela mulher, Fernanda Tadeu. Sorridente, o socialista soltou um “até já”. Estava a minutos de se tornar primeiro-ministro. Segundos depois, chegava Pedro Passos Coelho. Sozinho. Com a passagem de testemunho consumada, o ciclo inverter-se-ia à saída: o primeiro dos dois a abandonar o Palácio da Ajuda foi Passos e, só no fim, António Costa. Mas também à saída nenhum dos dois falou.

 

 

E, tal como na anterior tomada de posse, o protocolo repetiu-se: os familiares e convidados dos governantes foram encaminhados para uma sala própria, de onde ficariam a assistir à cerimónia, e os governantes e ex-governantes a ficarem com a sala principal só para si. Quanto aos jornalistas, ficavam à porta, numa sala reservada, podendo circular apenas até meia hora antes do início da sessão. De resto, todo o quarteirão em redor do Palácio da Ajuda estava, como é hábito, cercado pela PSP e no exterior e interior do Palácio da Ajuda eram muitos os seguranças que asseguravam o perímetro de segurança.

 

 

 

O discurso de Cavaco aqueceu a esquerda

 

 

A tomada de posse do XXI Governo Constitucional foi um primeiro round muito quente entre Cavaco Silva e António Costa. Mas já lá vamos.

 

 

Durante a tomada de posse dos ministros e secretários de Estado do novo Governo socialista, foi curioso reparar que vários governantes assinaram com uma uni-ball roller. Mas foi Maria Manuel Marques, ministra da Presidência, quem mais deu nas vistas ao ter assinado com uma caneta rosa choque. Por outro lado, houve quem surpreendesse não pela caneta em si, mas precisamente por não ter tomado posse: Jorge Oliveira, futuro secretário de Estado da Internacionalização, estava fora do país e, como tal, não conseguiu marcar presença na cerimónia. Ficou acertado com a Presidência da República que tomaria posse depois.

 

 

Para o momento em que Ana Sofia Antunes, secretária de Estado para a Inclusão de Pessoas com Deficiência, que é cega, tomou posse, a Presidência da República pediu aos serviços da Biblioteca Nacional que fazem as impressões em braille para imprimir a frase que os governantes leem. E assim foi. Leu em baile e assinou.

 

 

Voltando ao confronto entre Cavaco Silva e António Costa, à volta doringue, os vários espectadores foram assistindo ao desempenho ora de um, ora de outro. Enquanto Cavaco Silva fazia uma série de avisos ao próximo Governo, lembrando que não abdicava de “nenhum dos poderes” que tem, incluindo a demissão do Governo, na plateia, as câmaras de televisão captavam um Mário Centeno de rosto cerrado. Catarina Martins não estava muito diferente e João Oliveira, do PCP, assistia de braços cruzados ao discurso do Presidente da República.

 

 

Quando António Costa tomou a palavra, as câmaras centraram-se então em Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Durante o discurso, o primeiro-ministro empossado fez questão de lembrar que responde apenas perante a Assembleia da República (em resposta a Cavaco Silva) e foi fazendo várias críticas ao caminho escolhido pelo anterior Executivo. Passos, inexpressivo, e Portas, várias vezes com mão a tapar o queixo, iam ouvindo as palavras do socialista. Mesmo a terminar, o agora primeiro-ministro ainda saudou o antecessor: Passos esboçou um sorriso indecifrável, Portas acenou com a cabeça. Estava passado o testemunho.

 

 

Mas nem toda a gente assistiu ao primeiro confronto entre Cavaco Silva e António Costa e à tomada de posse do novo Governo. Houve quem se atrasasse ou aparecesse só no final, mesmo entre familiares dos novos governantes. Rui Costa, cunhado de Ana Paula Vitorino, nova ministra do Mar, e de Eduardo Cabrita, ministro-Adjunto de Costa, chegou já no fim da cerimónia e não conseguiu ouvir as palavras do Presidente da República e do novo primeiro-ministro português. Mas ainda a tempo de falar com o Observador. Se há 28 dias, todos se perguntavam “estaremos de volta daqui a duas semanas?”, a convicção é de que este Governo é mesmo para durar. “Estou muito confiante no trabalho deles. Espero que ninguém tenha saudades” de Passos Coelho.

 

 

Entre os convidados que assistiram à cerimónia estava também Vítor Pereira, presidente da Câmara Municipal da Covilhã. O autarca socialista gostou imenso das palavras de António Costa: um discurso digno “de um grande estadista”. Como autarca e dirigente socialista, Vítor Pereira fez questão de marcar presença na tomada de posse do novo Governo, consciente que o próximo Executivo terá “grandes desafios”, mas “esperançado” de que o próximo Governo seja melhor do que o anterior. Até onde pode chegar? “Depende sempre e apenas da vontade dos deputados”, lembrou. Para Cavaco Silva, só críticas: foi um “discurso que não fica bem a um Presidente da República” e que não é “mais do que um fator de instabilidade“, desnecessário.

 

 

Um primeiro-ministro num carro elétrico

 

 

Ao mesmo tempo que saíam os convidados, começavam também a sair os primeiros ex-governantes. Fernando Montenegro, Aguiar-Branco, Costa Neves e Leal da Costa saíram juntos, a pé, em direção oposta ao círculo de jornalistas.

 

 

Depois saíram os representantes do Bloco de Esquerda e do PCP, parceiros do PS no Parlamento. À esquerda, quem ouviu Cavaco Silva a dizer que este Governo nascia de uma crise política não gostou. Primeiro, Catarina Martins. À saída da cerimónia a bloquista deixou clara a sua posição: “O Presidente da República continua a ter um equívoco sobre a formação deste Governo. [Cavaco Silva] optou por fazer o país ter esse compasso de espera, mas o Governo que é agora indigitado é o Governo que vem não de uma crise política mas sim de uma legitimidade das eleições de dia 4 de outubro. Este Governo é fruto do que os portugueses decidiram no dia 4 de outubro quando foram votar.Há uma nova maioria na Assembleia da República, há um novo governo para travar o empobrecimento em Portugal“.

 

 

Também o comunista João Oliveira criticou as palavras de Cavaco Silva. “Depois da crise política que o senhor Presidente da República criou com a nomeação de um Governo do PSD e do CDS-PP que não tinha condições para entrar em função, agora finalmente põe-se fim a essa crise política com a nomeação de um Governo que possa entrar em plenitude de funções“.

 

 

Com a passagem de testemunho, fecha-se também um ciclo: é altura de largar o fato de ministro e voltar aos bons velhos hábitos. Quando há quatro anos tomou posse, Pedro Mota Soares, agora ex-ministro da Solidariedade e Segurança Social, causou espanto ao aparecer de moto no Palácio da Ajuda. Depois, as apertadas regras de segurança obrigaram-no a seguir mais vezes de carro do que o contrário. Hoje, já sem o “Sr. ministro” atrás do nome, voltou à sua pequena Piaggio Vespa e entregou a pasta.

 

 

E se uns fecham um ciclo, outros começam um novo. Por isso mesmo, no final, houve quem não resistisse a eternizar o momento. Com o Palácio da Ajuda a servir de fundo, Pedro Nuno Santos e a namoradaaproveitaram para tirar uma selfie e documentar o dia em que um dos homens fortes de António Costa tomou posse como secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.

 

 

António Costa uma foi das últimas pessoas a deixar o Palácio da Justiça. Sem prestar declarações aos jornalistas, o agora primeiro-ministro seguiu viagem num curioso carro elétrico: um Nissan Leaf, azulado, que contrastava com todas as máquinas que foram desfilando no Palácio da Justiça. Momentos antes, Fernanda Tadeu, a mulher do agora primeiro-ministro, atirava aos jornalistas: “Estou muito orgulhosa e muito confiante“.

 

 

 

HUGO AMARAL/Miguel Santos/OBSERVADOR/27/11/2015

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No 25 de Novembro de 1975 os extremos sairam derrotados

Golpe de Estado ou contrarrevolução? Ainda hoje as opiniões entre protagonistas e historiadores dividem-se quanto ao que aconteceu a 25 de novembro de 1975. No entanto, uma consequência direta da desmobilização dos militares que tinham como objetivo prosseguir com a revolução foi o fim de várias forças políticas que se colocavam à esquerda do PCP e que desapareceram do panorama político português. Mas se a esquerda revolucionária saiu derrotada, isso não significou o fim da revolução.

 

 

Esta é a visão de Carlos Brito, histórico do PCP que abandonou o partido em 2003 e é presidente do conselho nacional da Associação Renovação Comunista, pois considera que a aprovação da Constituição da República a 2 de abril do ano seguinte marcou efetivamente a continuação da revolução já que nela estão espelhados – pelo menos no texto original – muitos dos ideais defendidos pelas forças de esquerda antes e depois da queda do regime. “A Constituição também é revolução, foi aprovada num ambiente de revolução”, assegura Carlos Brito ao Observador, que era então deputado à Assembleia Constituinte.

 

 

Poucos dias antes de centenas de paraquedistas saírem de Tancos e tomarem vários pontos estratégicos em Lisboa e a sul do país e assim assinalarem para sempre o 25 de novembro no calendário da democracia portuguesa, o VI Governo provisório, então chefiado por Pinheiro de Azevedo, veio anunciar que o seu executivo entrava em greve – o Diário de Lisboa chama-lhe lock out – de modo a pressionar Costa Gomes, Presidente da República, a criar as condições ao normal funcionamento político do país. No dia 12 de novembro, o Governo e a Assembleia Constituinte tinham sido feitos reféns durante uma noite com várias manifestações nas ruas que impediram os deputados de irem para casa.

 

 

Desde as eleições para a Constituinte, a 25 de abril de 1975, com a adesão da esmagadora maioria do eleitorado ao modelo político de democracia pluralista, que se vai desenvolver uma luta entre a legitimidade eleitoral (proposta pelos partidos democráticos) e a legitimidade revolucionária (defendida pela esquerda revolucionária). Um conflito que iria caracterizar todo o Verão Quente e estar na origem de alguns episódios como o conflito gerado entre o PS e o PCP no 1º de Maio, o comício promovido pelos socialistas na Fonte Luminosa (em que Soares pede a demissão de Vasco Gonçalves) ou o ataque à Embaixada de Espanha no final de Setembro. O conflito na sociedade foi-se agudizando até ao desfecho militar do 25 de novembro.

 

 

Esta divisão popular estava também presente nas Forças Armadas, com um grupo de militares moderados dentro do MFA, que virá a ser conhecido como grupo dos nove, a distanciar-se da forma como este órgão se deixou partidarizar por um determinado setor político, ou seja, os apoiantes de Vasco Gonçalves e o PCP. Isabel do Carmo, então uma das líderes do Partido Revolucionário do Proletariado que tinha como braço armado as Brigadas Revolucionárias, vê no chamado “Documento dos Nove” – que sintetiza as intenções destes moderados e que foi conhecido em agosto de 1975 – um “golpe contra o processo revolucionário em curso”, disse ao Observador.

 

 

Esse era o entendimento geral da extrema-esquerda que no final desse mês cria a FUR (Frente de Unidade Revolucionária) que agrega forças como FSP, LCI, LUAR, MDP/CDE, MES, PCP e PRP/BR. “Há uma unidade à esquerda do PS e que foi muito breve. O PCP chegou a estar presente nessas reuniões”, afirmou a médica em declarações ao Observador. Mas a participação do PCP seria sol de pouca dura. “Desde agosto que o PCP apelava ao diálogo entre os vários setores do MFA, nomeadamente entre o grupo dos Nove, a esquerda militar e o COPCON”, assegurou Carlos Brito, admitindo que “nem todas as fações do PCP seguiram essa orientação”.

 

 

Isabel do Carmo, por seu lado, considera ainda hoje que Álvaro Cunhal manteve conversações com Melo Antunes, uma das principais figuras do grupo dos nove, de modo a acalmar alguns setores mais extremistas dentro do partido e também conter as manifestações de trabalhadores. Este é ainda um ponto discutido entre vários historiadores, assim como a possibilidade do PCP ter instigado as forças à sua esquerda para que estas fossem identificadas com os acontecimentos de 25 de novembro. Algo refutado de forma veemente por Carlos Brito. “Isso é totalmente falso, o PCP não só desencorajou essas forças a participarem nessas ações, como desencorajou também os proletários a juntarem-se a qualquer manobra militar, o que evitou uma guerra civil. As forças à esquerda é que quiseram empurrar o PCP para a fogueira”, sublinhou.

 

 

Assim, a 25 de novembro, com o país lançado no caos político já que o Governo tinha suspendido funções, os militares afetos à extrema-esquerda ocupam o Comando da Região Aérea de Monsanto, Escola Militar da Força Aérea e outras cinco bases aéreas, assim como os estúdios de Lisboa da RTP. A emissão é mesmo tomada por militares e Duran Clemente, então 2.º comandante da Escola Prática de Administração Militar, interrompeu a “Telescola” para falar aos portugueses sobre os objetivos dos militares, no entanto, a emissão foi desviada para o Porto por ordens militares e começou a dar “O Homem do Diner’s Club”, uma comédia com Danny Kaye.

 

 

Costa Gomes declara o estado de sítio e durante dois dias os militares da área moderada retomam o controlo das várias bases ocupadas, havendo três mortos a registar na Amadora. Durante estes episódios, Isabel do Carmo estava escondida numa casa em Lisboa com alguns elementos do MES e também alguns militares. O refúgio tinha sido preparado com antecipação e a médica diz que não era seguro andar na rua. O Partido Revolucionário do Proletariado prosseguiu a sua atividade na clandestinidade até 1979 e tal como outras forças políticas na extrema-esquerda a sua atividade foi desvanecendo já que nunca conseguiu assumir qualquer expressão eleitoral e sem o poder da agitação nas ruas, a sua força dissipou-se.

 

 

Questionada sobre o que teria acontecido caso o processo revolucionário tivesse avançado como o partido pretendia, Isabel do Carmo hesita. “Olhando hoje para trás, é difícil avaliar. Aquilo para que se evoluiu foi uma democracia que passados 40 anos nos conduziu a um grande aumento das desigualdades. O processo revolucionário poderia ter acabado muito mal, mas também podia ter corrido bem”, afirma a médica que foi candidata pelo Livre às legislativas.

 

 

Para Carlos Brito, a “sublevação” do 25 de novembro foi uma derrota para toda a esquerda, mas também para os setores da extrema-direita que segundo afirma pretendiam restabelecer o regime que existiu até ao dia 24 de abril de 1974. “Isso não aconteceu, o MFA moderado acabou por prevalecer e assim, foi possível que os trabalhos na Assembleia Constituinte prosseguissem e a Constituição aprovada acabou por representar também a continuação da revolução”, afirmou.

 

 

Catarina Falcão/OBS/25/11/2015

 

 

 

 

Ana Sofia Antunes faz história por ser a primeira secretária de Estado cega

Ana Sofia Antunes estava em 19.º lugar nas listas do PS pelo círculo de Lisboa. Foram eleitos só 18. Ficou à porta do Parlamento, mas entra agora para o Governo como secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência. Republicamos, com as devidas adaptações, um artigo publicado em Agosto.

 

 

Não gosta da expressão invisual, considera-a politicamente correcta. Prefere cega ou deficiente visual. Ana Sofia Antunes, 33 anos, é provedora do cliente da EMEL, presidente da ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal e integrou as listas de candidatos a deputados do PS por Lisboa. Estava em 19.º lugar, posição que em Agosto se considerava elegível, pelo que se pensava que poderia ser a primeira deputada cega a sentar-se no hemiciclo depois das legislativas. Dizia ter vontade de mudar o que já devia ter sido mudado e não teve medo das palavras: “Um país que não respeita os seus deficientes não tem respeito por si próprio.”

 

 

Nasceu com deficiência visual, frequentou uma escola especializada nos primeiros anos e depois fez todo o percurso escolar até à faculdade enfrentando e superando as dificuldades que existiam, e existem. Isso fê-la perceber o muito que ainda há por fazer em relação a pessoas com deficiência visual ou outras deficiências. É uma activista, com um longo caminho na ACAPO, de que é presidente desde Janeiro de 2014.

 

 

Quando foi convidada para integrar as listas do PS como independente, ficou surpreendida, mas “feliz”. Se tivesse sido eleita seria a primeira deficiente visual a sentar-se no Parlamento como deputada. Seria simbólico mas mesmo assim já vinha tarde, lamentava.

 

 

“Nós, ao contrário de outros países europeus, nunca tivemos pessoas com deficiência a ocupar cargos como deputados ou no Governo”, nota, considerando que essa lacuna, em termos de representação, “diz muito” sobre a própria sociedade e sobre o país. Por isso, não podia recusar o desafio: “Aceitei com muito orgulho. Mais do que a minha ida para o Parlamento, é uma abertura de portas para as pessoas com deficiência.”

 

 

Sabia que o que esperavam dela era que levasse as questões relacionadas com a inclusão e a igualdade para a Assembleia da República. Ainda assim, não pretendia fechar-se “numa espécie de gueto”, com apenas uma causa, uma bandeira. Não se é eleito apenas por um conjunto de cidadãos, mas “por todos”, ressalvou.

 

 

Apesar de ter essa ideia presente, quando questionada sobre o que pretendia fazer caso viesse a sentar-se no hemiciclo, Ana Sofia Antunes tinha as respostas todas na ponta da língua. Eram muitas as propostas. Dois exemplos apenas: queria bater-se pelas medidas compensatórias dos custos da deficiência e pela criação de uma lei de bases da vida independente. Terá agora mais poder para o fazer.

 

 

Sobre o primeiro ponto, dizia haver “estudos de entidades independentes que demonstram aquilo que é a realidade das pessoas com deficiência e o que significa a mais no orçamento familiar”.

 

 

“Obviamente que existem algumas medidas a nível fiscal que tentam minorar o impacto a nível do IRS, mas não são suficientes. O que temos é uma dedução à colecta um pouco superior às restantes pessoas”, explicou. E o que Ana Sofia Antunes defendia que deve ser estudado é a existência de “um complemento” que permita fazer face a despesas adicionais.

 

 

“Se tenho uma deficiência motora, não tenho culpa de ter nascido com esta característica”, argumentou, acrescentando que apoiar estas pessoas chama-se Estado Social. Se tal não acontece, “é um país que não respeita os seus deficientes”. E um país que não respeita os seus deficientes é “um país que não tem respeito por si próprio”.

 

 

Sobre a criação de uma lei de bases da vida independente, explicou que se pretende analisar “de que forma é que as verbas investidas pelo Estado a institucionalizar pessoas podem ser atribuídas directamente à pessoa para viver de uma forma autónoma, na sua habitação”, ou seja, os montantes podiam servir para pagar a assistentes que auxiliassem as pessoas com deficiência em casa.

 

 

Ana Sofia Antunes trabalhou na Câmara Municipal de Lisboa entre 2007 e 2013, era então presidente o actual secretário-geral socialista e primeiro-ministro indigitado, António Costa. Licenciada em Direito pela Universidade de Lisboa, fazia assessoria jurídica no departamento da mobilidade.

 

 

Foi já depois de ter feito estágio, entrado na Ordem dos Advogados e exercido um ano de advocacia que recebeu o convite para ir para a câmara. Lá, começou a mexer-se, a querer fazer mais, a mostrar preocupação com as barreiras arquitectónicas em Lisboa, por exemplo. Fez parte de um grupo pequeno que começou um plano de acessibilidade pedonal na cidade.

 

 

Ana Sofia Antunes, que cresceu em Corroios, Seixal, frequentou uma escola especializada nos quatro primeiros anos. Além das outras disciplinas, aprendeu Braille, dactilografia “fundamental” no uso que faz do computador actualmente, e estenografia. Depois foi para o ensino regular, no qual já sentiu “lacunas a nível de apoios”.

 

 

Na faculdade, gravou muitas aulas para poder estudar. No 2.º ano os pais deram-lhe um computador, “uma grande revolução”. O computador de Ana Sofia Antunes tem um software próprio, que lhe permite ler.

 

 

Maria João Lopes/Pub/25/11/2015

 

 

 

 

 

Consumir café diminui riscos de morrer de certas doenças

Quem bebe três a cinco chávenas de café por dia, corre menos riscos de morrer de doença cardíaca, suicídio, diabetes ou Doença de Parkinson.

 

Tanto o café comum como o descafeinado surgem num novo estudo como sendo benéficos para a saíde, dizem os investigadores da Escola de Saúde Pública da Universidade de Harvard num estudo publicado na revista especializada Circulation.

 

O estudo comparou as pessoas que não bebem café, ou que bebem menos de duas chávenas por dia, com aquelas que relataram valores “moderados” de consumo de café – até cinco chávenas diárias.

 

O estudo não prova a relação de causa e efeito entre o café e a probabilidade reduzida de certas doenças, mas descobriu uma aparente ligação que se alinha com investigações anteriores.

 

“Componentes bioativos presentes no café reduzem a resistência à insulina e à inflamação sistemática”, disse a principal autora do estudo, Ming Ding do departamento de Nutrição daquela universidade.

 

“Isso pode explicar alguns dos nossos resultados. No entanto, mais estudos são necessários para investigar os mecanismos biológicos que produzem esses efeitos”, disse em entrevista à agência France Presse.

 

Neste estudo, não foi encontrado nenhum efeito protetor do café contra o cancro, embora investigações anteriores tenham apontado para uma ligação entre o consumo de café e um menor risco de doença oncológica.

 

O estudo é baseado em dados recolhidos a partir de três grandes questionários junto de 300.000 enfermeiros e outros profissionais de saúde que responderam a questões sobre as suas condições médicas e hábitos ao longo de 30 anos.

 

“Em toda a população do estudo, o consumo moderado de café foi associado à redução do risco de morte por doença cardiovascular, diabetes, doenças neurológicas como a doença de Parkinson, e suicídio”, afirma o estudo.

 

Os investigadores também apontam, como potenciais fatores de confusão, o tabagismo, índice de massa corporal, atividade física, consumo de álcool e dieta.

 

“Consumo regular de café pode ser incluído como parte de uma dieta saudável e balanceada”, afirmou Frank Hu, professor de nutrição e epidemiologia em Harvard.

 

“Algumas populações como grávidas e crianças devem ter cuidado com o consumo elevado de cafeína proveniente do café e outras bebidas”, acrescentou.

 

 

Nuno Noronha/Notícias/AFP/24/11/2015

 

 

 

 

 

Exibição de arte e tradições étnicas reuniram mais de 100 artistas no Ironbound

Tendo em conta a sua política de apoio a iniciativas culturais, designadamente no campo do artesanato, literatura, música, folclore e pintura, o gabinete do vereador Augusto Amador, em parceria a Bellas Arts NetWork, levou a efeito a “3ª Exibição de Arte e Tradições Multiculturais do Ironbound”, que teve lugar na “Galeria Temporária” do 113 da Monroe Street, em Newark.

Esta iniciativa cultural, sob o lema “Open Doors”, contou com o apoio de várias organizações estatais, entre elas a Ironbound Community Corporation, Newark City, IBID e Newark Arts Council.

 

Exibição de arte e tradições étnicas reuniram mais de 100 artistas no Ironbound 2

Participaram nesta exposição colectiva de Arte, que durou dez dias, cerca de centena e meia de artistas, pertencentes a várias comunidades que compõem o “mapa étnico-cultural” do estado de New Jersey.

 

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Augusto Amador, vereador da cidade de Newark (o mentor desta iniciativa), deu as boas vindas a todos os presentes e agradeceu a participação dos artistas nesta exposição que, “ para além de ajudar a realçar o significativo papel desenvolvido pela comunidade portuguesa que reside nesta região dos Estados Unidos, transmite ao público americano, de forma cultural, um pouco da história e das origens das comunidades multi-étnicas que aqui residem”,referiu.

 

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“Para além disso, esta exposição colectiva de arte, visa também apostar na promoção e divulgação de novos artistas, dando-lhes visibilidade para mostrar ao público, os seus talentos”, concluiu.

 

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Entre os convidados presentes estava também Ras Baraka, mayor da cidade de Newark, que se mostrou satisfeito com a qualidade dos trabalhos expostos, tendo elogiado o empenhamento dos mentores desta iniciativa, bem como o trabalho dos artistas.

 

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Para os membros da organização, esta exposição é também uma oportunidade valiosa, para todos os artistas, que participam neste desafio, devido à possibilidade que existe na divulgação dos seus trabalhos, bem como nas possíveis oportunidades de negócio ou contratos para futuros projectos.

 

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A escolha dos materiais e técnica adequadas nas obras que compõem esta exposição, está directamente ligada ao resultado desejado pelos seus autores, como para o trabalho que se pretende, seja entendido.

 

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Esta colectânea de arte, tem também reconhecido valor para a cultura da cidade de Newark, uma vez que se encontram aqui obras interessantes de autores, das diferentes comunidades étnicas, que residem na cidade mais portuguesa de New Jersey.

 

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Para além disso, a edição deste ano do festival multicultural pretendeu também, estimular a juventude a apresentar os seus trabalhos, não só nas áreas do artesanato e da pintura, mas também na área da literatura.

 

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E foi neste contexto que estiveram expostas várias obras de escritores portugueses, brasileiros e luso americanos, que defendem a criação de mais pontes de diálogo e cooperação, entre povos e culturas, já que, segundo alguns dos artistas presentes, “é nesta méscala de usos, costumes e tradições, que se encontra a magia e o encanto da fraternal e sã convivência”, disseram.

 

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Segundo o autor literário brasileiro Jonas Filho, “importante é também continuar a construir sonhos, quer sejam feitos através da música, da literatura, do desporto ou da arte”.

 

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Construir sonhos, é o objectivo principal desta organização, que quer através da regularidade destes encontros culturais tornar-se responsável pela expansão do entusiasmo das pessoas a este e a outros eventos do género.

 

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Iniciativas como esta são sempre bem vindas, até porque, segundo o arquitecto, escritor e pintor António Rendeiro, “ao contrário do que diz o poeta Eugénio de Andrade, “as palavras não se gastam e ser poeta parece mesmo “ser mais alto”!”.

 

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António Rendeiro (na foto à direita), continua a vivificar as fontes de imaginação e criação artística, não só na sua profissão como arquitecto, mas também na área da literatura e pintura, constituindo assim, com o seu exemplo, incentivos para outros que queiram com o seu olhar poético projectar a arte.

 

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Em conversa com o The Portugal Times, António Rendeiro começou por elogiar a realização desta iniciativa, pelo facto de contribuir para o conhecimento e desenvolvimento cultural das comunidades multi-étnicas que residem nesta cidade, com mais de 280 mil habitantes. Rendeiro disse ainda que esta exposição não é uma mera transmissão de habilidades técnicas dos seus autores, “mas o resultado de um conjunto de actos, que abrem horizontes e despertam a criatividade”, disse.

 

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Durante esta exposição multicultural que decorreu de 15 a 25 de outubro no Ironbound, para além da presença do mayor Ras Baraka, estiveram também o empresário António Seabra e a legisladora do estado de New Jersey, Eliana Pintor Marin, que elogiaram a iniciativa, indicando-a como exemplo para outras cidades do estado de New Jersey. O vereador Augusto Amador agradeceu as considerações feitas pelo mayor e pela legisladora Marin, e reconhece o quanto é gratificante ver aqui artistas comunitários que representam países que vão desde Portugal, Brasil, Angola, India, Sri Lanka, Ucrânia, Cuba, Colombia, Costa Rica, República Dominicana, Honduras, entre outros países das Américas, interagindo com as autoridades locais o seu interesse pela arte.

 

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As pessoas que visitaram a exposição gostaram da animação e das obras expostas, bem como do aproveitamento do espaço da “nova galeria de arte do Ironbound” que ofereceu aos residentes da cidade de Newark mais um local direcionado para a realização de diversas expressões de arte.

 

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Do programa deste evento fizeram parte também algumas palestras de âmbito cultural, que contou com a presença de um público apreciador, e consciente de que as culturas tradicionais não são apenas uma herança do passado, mas são também uma dinâmica do nosso presente.

 

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E porque o mundo em que nós nos queremos reconhecer é feito de diversidade, “esta exposição dá-nos a perceber que a arte só faz sentido quando é feita de várias cores, de vários géneros e de várias orientações”, comentaram.

 

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Fernando Silva, pintor e ceramista, foi o artista residente desta mostra de arte. Reside em New Jersey e os seus trabalhos têm levado o autor a participar em inúmeras exposições individuais e colectivas, em países como Portugal, Espanha, França e Estados Unidos, país que escolheu para viver.

Nasceu na freguesia da Torreira, distrito de Aveiro, e cursou artes plásticas na Calouste Gulbenkian. Trabalhou em cerâmica com o mestre António Pascoal, e com o mestre José Maria, em escultura.

 

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Fernando Silva é um artista que olha para cada novo trabalho, como um desafio, e pinta com determinação.

 

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O seu estilo é muito próprio e peculiar. Um estilo que nasceu nas areias da praia, nas velas dos moliceiros e no fascínio do mar.

Um trabalho e um estilo que o artista desenvolveu ao longo da sua vida e cujos clientes e adeptos continuam a elogiar.

 

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Outro dos artistas em destaque nesta esposição foi Sid Lopes. Um jovem e dinâmico artesão brasileiro que trabalha as suas obras em materiais de ferro e cobre, e para quem a vanguarda do seu trabalho, contribui para o fortalecimento dos seus processos culturais.

 

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“É importante a conscientização das pessoas se reaproveitarem dos materiais”, diz o escultor. “Por exemplo, se os materiais que eu uso não estivessem empregados nas minhas obras, talvez estivessem atirados em algum lugar, tornando-se lixo”, disse Sid.

Dos trabalhos que o escultor brasileiro apresentou destacamos “Vida de Jesus” (a primeira à esquerda), construída por pequenos quadros do Novo Testamento. Uma obra que também despertou o interesse dos visitantes.

 

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O bairro leste de Newark possui uma rica produção artística e cultural. Agrada aos amantes das artes plásticas, da literatura, do teatro, da dança e da música.

E não foi por acaso que a Tuna Proverbo da Seccção Cultural do Sport Clube Português de Newark, também foi convidada.

Para os membros do grupo Proverbo, que defendem a importância que existe em projectar a língua e a diversidade cultural portuguesas na América do Norte, a música popular também é uma preciosa ajuda na sua divulgação.

 

A Tuna é constituída por elementos que para além do seu interesse em literatura, artesanato e pintura, têm em comum o gosto pela música, poesia e convívio. E foi perante pessoas de várias culturas e países que a Tuna Proverbo apresentou um reportório de música popular, com canções que tendem a desaparecer com o decorrer do tempo. “Por isso é necessário mantê-las vivas, na memória das pessoas”, dizem. O público gostou do que viu e ouviu e aplaudiu.

 

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Para além da vertente de música popular, o programa primou também pela vertente de música mais generalista.

Jose Luís iglesias e Fátima Santos, dois artistas que residem no estado de New Jersey, prendaram a audiência com alguns fados e baladas de autores portugueses, mostrando que sabem expressar o sentimento do poeta embriagado por algo que sobe ao pensamento.

Fátima Santos, já com alguns trabalhos editados, apresentou um repertório escolhido com critérios de qualidade e diversidade, que agradou a todos os presentes.

 

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E como a música é o espelho da alma do poeta, o transmontano João Machado, também participou na iniciativa “falando e cantando”. O João começou por elogiar o trabalho da organização do certame, e enalteceu a vontade dos artistas participantes em quererem trocar entre si, ideias e experiências, “rumo a um mundo mais culto e digno” e cantou nas suas trovas “que culpa tem a vida que a não saibamos viver”.

 

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O folclore português também não podia faltar e fez-se representar neste encontro multicultural pelo Rancho Folclórico Barcuense que foi o grupo convidado. De referir que este grupo tem 38 anos de existência e mais de meia centena de elementos.

 

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O Rancho Barcuense apresentou danças e cantares ancestrais da região do Alto Minho. Os dançarinos, tocadores, cantadores e cantadeiras, deram um colorido bonito à festa, para gáudio de todos os presentes.

Por aquilo que nos foi dado observar, o Rancho Barcuense que tem a sua sede em Newark, continua a ser um caso raro de sucesso, pelas manifestações de alegria que os seus jovens e adultos transmitem e também pelo património que possui e continua a construir.

 

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Para os membros da organização da “3ª Exibição de Arte e Tradições Multiculturais do Ironbound”, foi também uma oportunidade valiosa, para todos os artistas e colaboradores que participaram neste desafio.

 

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Um desafio que pretende dar destaque aos valores que constituem o património nacional de cada país aqui representado, quer sejam nas áreas da literatura, das artes plásticas, arquitectura, jornalismo, música, ou artesanato.

Segundo Claudia Garzesi, um dos membros da organização (segunda na foto à esquerda), “nesta exibição de arte tivemos o cuidado de trazer ao Ironbound artistas que são representativos da cultura das diferentes comunidades que aqui residem. Uma boa oportunidade para fomentar o intercâmbio cultural”.

 

Em representação da comunidade portuguesa estiveram nomes como Ana Rua Miranda; Andreia Matos; Anna Jesus; António Rendeiro; Augusto Amador; Baldomiro Soares;Conceição Ruivo; Cristina Soares; Eduardo Mendes; Fernando Silva; Francisco J. Rito; Glória de Melo; Ilda Pinto Almeida; João Martins; Joaquim Pinto; João Machado; Lino S. Santos; Luciano Felício; Luís Pires; Manuel Figueiredo; Maria H. Mendes; Mateus Costa; Natália M. Ferreira; Souza Varela; Tarcisio Lopes; Carla Antunes Belo; Isabel Leitão; Ivone Martins; Maria Elisa Sá Couto; Tânia Gentil; José Luís Iglesias e Fátima Santos; Tuna Proverbo e o Rancho Folclórico Barcuense.

 

E é neste ambiente vivificador que encerra a “3ª Exibição de Arte e Tradições Multiculturais do Ironbound”, uma iniciativa que teve grande aceitação por parte dos artistas, autoridades políticas de Newark e também pela população.

Para o ano, há mais…

 

 

J.M./The Portugal Times/21/11/2015

 

 

 

 

 

 

Diamantes podem estar a financiar vários grupos terroristas

 A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional revelou que os maiores comerciantes da República Centro-Africana compraram diamantes no valor de vários milhões de dólares “sem se certificarem se financiaram grupos armados”.

 

 

No relatório intitulado “Chains of Abuse: The global diamond supply chain and the case of the Central African Republic” (Correntes de Abuso: A cadeia de fornecimento mundial de diamantes e o caso da República Centro-Africana), a AI documenta vários abusos no setor dos diamantes, defendendo que “as empresas não devem lucrar com diamantes de sangue”.

 

 

Baseado em entrevistas a mineiros e comerciantes, o relatório divulgado hoje descreve como quer as milícias ‘anti-balaka’ (sobretudo cristãs) quer os Séléka (ex-rebeldes maioritariamente da minoria muçulmana) “lucraram com o comércio de diamantes, controlando minas e ‘taxando’ ou extorquindo dinheiro para ‘proteção’ de mineiros e comerciantes”.

 

 

A destituição em março de 2013 do Presidente François Bozizé pela rebelião Séléka, fez mergulhar a República Centro-Africana (RCA), um dos países mais pobres do mundo, na sua mais grave crise desde a independência em 1960.

 

 

A violência sectária envolvendo os Séléka e as milícias ‘anti-balaka’ provocou assassínios em massa entre as comunidades muçulmanas e cristãs em 2013 e 2014.

 

 

Os grupos armados são “responsáveis por execuções sumárias, violações, desaparecimentos forçados e saques generalizados”, assinala a AI, adiantando que mais de 5.000 pessoas já morreram no conflito.

 

 

Segundo o relatório, “há um risco elevado de que o maior comprador de diamantes do país durante o conflito, Sodiam, que acumulou diamantes (…) no valor de sete milhões de dólares (6,2 milhões de euros) tenha comprado e continue a comprar diamantes que financiaram os ‘anti-balaka'”.

 

 

A AI refere que um representante da Sodiam lhe confirmou, em maio deste ano, que a empresa tem comprado diamantes no oeste da RCA, documentando o relatório o importante envolvimento das milícias ‘anti-balaka’ no comércio de diamantes naquela zona.

 

 

A Sodiam diz que não compra diamantes de minas controladas por grupos rebeldes ou a negociantes que se sabe estarem relacionados com eles.

 

 

O segundo maior operador na RCA, Badica, e a sua filial em Antuérpia (Bélgica), Kardiam, foram incluídos na lista negra das Nações Unidas por compra e contrabando de diamantes em áreas controladas pelos Séléka no leste do país, adianta a organização de defesa dos direitos humanos com sede em Londres.

 

 

Os diamantes representavam metade das exportações da RCA antes do início do conflito, mas em maio de 2013 foi decretada uma proibição de exportação. Segundo a AI, “as empresas de diamantes da RCA deverão em breve poder começar a exportar os diamantes armazenados durante o conflito em curso”, devido a um levantamento parcial da proibição.

 

 

“Se as empresas têm comprado diamantes de sangue não lhes deve ser permitido beneficiarem disso”, disse Lucy Graham, consultora jurídica da equipa Negócios e Direitos Humanos da Amnistia, citada num comunicado da AI.

 

 

“O governo devia confiscar quaisquer diamantes de sangue, vendê-los e utilizar o dinheiro para benefício público. O povo da RCA tem o direito de beneficiar dos seus recursos naturais”, adiantou.

 

 

JN/TPT/19/11/2015

 

 

 

 

França e EUA intensificam cooperação militar contra Estado Islâmico

Os ministros da Defesa de França, Jean-Yves Le Drian, e dos Estados Unidos, Ashton Carter, concordaram neste domingo na tomada de “medidas concretas” para “intensificar” a cooperação militar contra o grupo terrorista autodenominado Estado Islâmico (EI), segundo o Pentágono.

 

 

Os dois ministros conversaram hoje ao telefone, pela segunda vez, desde os ataques de sexta-feira, em Paris, precisou o porta-voz do Pentágono, num comunicado. Os dois titulares da Defesa concordaram que os EUA e a França “devem intensificar ainda mais a estreita cooperação, com vista a prosseguir a campanha sustentada contra o EI”, disse o porta-voz do Pentágono Peter Cook.

 

França e EUA intensificam cooperação militar contra Estado Islâmico 2

“O secretário [norte-americano da Defesa] Ashton Carter reiterou o firme compromisso dos Estados Unidos em apoiar a França, e de atuarem juntos para garantir uma derrota final e duradora do EI”, acrescentou. O comunicado não define, contudo, quais as medidas que vão ser tomadas.

 

 

Fontes das autoridades norte-americanas disseram, no entanto, que já está colocado um general francês de duas estrelas no Comando Central dos Estados Unidos, que supervisiona as operações militares no Médio Oriente.

 

 

A França já participa numa campanha de ataques contra redutos do EI, na Síria e Iraque, liderada pelos EUA. O vice-conselheiro da Segurança Nacional norte-americana, Ben Rhodes, disse que os EUA e a França também vão intensificar a partilha de informações de segurança, após os ataques na capital francesa.

 

 

Entretanto, os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, Barack Obama e Vladimir Putin, respetivamente, mantiveram hoje uma reunião na Turquia, centrada na situação síria, à margem da reunião do G20, informaram fontes da Casa Branca.

 

 

O encontro, realizado na estância turística de Antália, durou perto de 35 minutos e os dois líderes concordaram pela necessidade de uma transição política na Síria, liderada e protagonizada pelos próprios sírios. Obama mencionou ainda a importância de a Rússia concentrar os seus esforços militares na Síria no grupo ‘jihadista’ EI, acrescentaram as mesmas fontes.

 

 

Os dois presidentes reconheceram ainda que uma solução para o conflito sírio é ainda mais importante agora, face aos atentados de sexta-feira em Paris, que fizeram 129 mortos. Obama e Putin notaram ainda o progresso diplomático alcançado em Viena, nas passadas semanas, incluindo as áreas de acordo formuladas no sábado pelo grupo internacional de apoio à Síria.

 

 

Uma transição política na Síria, que a Rússia estima numa duração de 18 meses, deve ser precedida de negociações mediadas pela Organização das Nações Unidas, entre a oposição e o regime do presidente sírio, Bachar Al Assad, assim como num cessar-fogo.

 

 

Os principais aliados e detratores internacionais do regime sírio tentam há várias semanas acercar posições para porem em marcha um processo de paz no país.

 

 

Pela primeira vez, nas últimas semanas, reuniram-se os ministros dos Negócios Estrangeiros de todos os países envolvidos em alguma forma no conflito, incluindo a Arábia Saudita, aliada da oposição síria, e o Irão, o principal aliado de Damasco.

 

 

No centro do debate continua a estar o futuro de Al Assad, já que o bloco ocidental — no qual se inclui a Arábia Saudita — exige que abandone o poder, enquanto Rússia e o Irão defendem que deve permanecer.

 

 

CHRISTOPHE TESSON/EPA/TPT/Reuters/19/11/2015

 

 

 

 

A agência Fitch ameaça com corte de rating caso a dívida aumente

A agência de rating Fitch considera que a falta de um acordo mais abrangente entre PS e os partidos mais à esquerda, e as visões muito divergentes entre estes partidos, aumenta o risco de um eventual Governo do PS não chegar ao fim do seu mandato, e avisa que cortará a notação de crédito de Portugal, caso o ritmo de consolidação orçamental abrande ao ponto de aumentar o nível de dívida pública ou se a economia crescer menos.

 

 

Numa nota publicada na tarde desta quarta-feira, a agência de notação financeira considera que um Governo liderado pelo PS, com o apoio parlamentar do Bloco de Esquerda e do PCP, não eliminaria a incerteza e cita as grandes divergências entre os socialistas e os partidos mais à esquerda.

 

 

Na visão da agência, o tipo de cooperação que levou ao acordo entre as quatro forças políticas era improvável, até recentemente, devido às visões e prioridades diferentes destes partidos e isso, na opinião dos analistas,aumenta o risco de um eventual Governo não chegar ao fim.

 

 

A Fitch nota que, até agora, os socialistas têm mostrado pouca ou nenhuma intenção de avançar com as propostas “mais extremas” destes partidos, caso da reestruturação da dívida pública, e que se devem manter comprometidos com as regras orçamentais europeias, apesar de a um ritmo mais baixo. Mas, na sua opinião, existem “incertezas significativas” no caminho orçamental que deverá ser seguido.

 

 

Os analistas consideram que a continuação da incerteza na situação política portuguesa, e a eventual posse de um Governo PS dependente de países que têm tido até agora uma posição anti-austeridade, podem aumentar os riscos de derrapagem orçamental.

 

 

A Fitch considera, também, que a incerteza na situação política está a fazer perder o apetite dos legisladores por reformas económicas que promovam o investimento e que, juntando isto com uma política orçamental que faz depender mais a redução do rácio da dívida de um crescimento económico robusto, pode criar um problema para as contas de Portugal.

 

 

Por isso, a Fitch deixa um aviso: se o alívio da política orçamental levar a um aumento do rácio de dívida pública ou a economia portuguesa crescer menos do que o esperado, e isso tiver impacto nas contas públicas portuguesas, o rating será cortado.

 

 

A dívida portuguesa é atualmente classificada pela Fitch como BB+, ou seja, é considerada como especulativa (ou ‘lixo’), mas tem uma perspetiva positiva, o que indica uma possível revisão em alta numa das próximas avaliações.

 

 

 

ANDREW GOMBERT/EPA/Nuno André Martins/Obs/19/11/2015