Tecido do Cordão Umbilical ajuda a Tratar Doentes após Ataques Cardíacos

23/02/2015

 

 

Investigação lusa garante que transplante com células mesenquimais tem risco de rejeição reduzido.

 

 

As conclusões de uma nova investigação portuguesa, que assegura que a terapia celular pode ajuda a tratar doentes após ataques cardíacos, abre novas perspetivas para um problema que mata anualmente 1.300 portugueses.

 
A maioria dos ataques cardíacos são provocados por um coágulo que bloqueia uma das artérias coronárias.

 
Essa situação impede o sangue e o oxigénio de chegar ao coração. Um grupo de especialistas da ECBio, empresa dedicada à investigação e desenvolvimento em biotecnologia, publicou nos primeiros meses de 2014 um artigo na revista científica internacional Stem Cell Research and Therapy, que sublinha o potencial terapêutico das células mesenquimais do tecido do cordão umbilical (UCX) no tratamento de doentes com enfarte agudo do miocárdio, vulgarmente conhecido por ataque cardíaco.

 

O artigo descreve os resultados de estudos em animais, realizados em colaboração com o Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), que demonstram como a terapia com estas células estaminais adultas pode melhorar a função cardíaca, atenuar a remodelação do ventrículo esquerdo e reduzir o tamanho do enfarte, que surge na sequência da chamada doença coronária, que se desenvolve devido à obstrução das artérias do coração.

 

A precocidade de deteção dos sintomas pode ser fundamental para evitar a morte. Em entrevista à Prevenir, Hélder Cruz, investigador especializado em biotecnologia e director-geral da ECBio explica o que são este tipo de células, como atuam e que tipo de patologias ajudam a prevenir. «No futuro, a aplicação de células estaminais pode revolucionar ainda a terapêutica de várias patologias neuro degenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer», assegura o especialista.

 

 

O que são células mesenquimais?

 

 

As células estaminais mesenquimais são células que apresentam um elevado potencial de multiplicação e capacidade de diferenciação em vários tipos celulares, como pele, osso, músculo, cartilagem, tecido nervoso e gordura, o que as torna uma ferramenta muito útil na medicina regenerativa. Por serem muito imaturas imunologicamente, o risco de rejeição do transplante em familiares é muito reduzido.

 
A investigação científica tem demonstrado um número crescente de potenciais aplicações terapêuticas destas células. Mais recentemente, o interesse pelas células estaminais mesenquimais tem-se centrado nas suas propriedades anti-inflamatórias, imunossupressoras e indutoras de regeneração endógena.

 

 

Por que é que células mesenquimais são retiradas do tecido do cordão umbilical?

 

 

As células mesenquimais são retiradas do tecido do cordão umbilical porque este é uma das fontes mais ricas deste tipo de células estaminais. Para além disso, a sua recolha é completamente indolor e não invasiva.

 

 
O cordão umbilical é uma fonte de células que seria descartada aquando o parto e da qual é possível o isolamento de um número de células relativamente elevado de células estaminais mesenquimais.

 

 
Isto, comparando, relativamente às outras fontes alternativas.

 
No que é que consiste a criopreservação?

 

 

A criopreservação é o processo de congelamento das células estaminais do sangue e do tecido do cordão umbilical. O recurso às células estaminais do cordão umbilical criopreservadas já é considerado, com sucesso, no tratamento de mais de 80 patologias diferentes. O potencial único das células estaminais do sangue do cordão umbilical permite a sua utilização no tratamento de doenças graves, como deficiências medulares, doenças metabólicas, leucemia, imunodeficiências, linfomas e anemias potencialmente fatais.

 

 
As aplicações de células estaminais do tecido do cordão umbilical têm tido o seu foco na diminuição da rejeição de transplantes e em doenças autoimunes como a artrite reumatoide,
esclerose múltipla e algumas patologias cardiovasculares. No futuro, a aplicação de células estaminais pode revolucionar ainda a terapêutica de várias patologias neuro degenerativas, como as doenças de Parkinson e Alzheimer. A investigação científica tem demonstrado um número crescente de potenciais aplicações terapêuticas destas células.

 

 

Pode descrever a ação destas células no organismo, após um doente ter sofrido um enfarte agudo do miocárdio?

 

 
Os principais resultados do mais recente estudo que realizámos demonstram que a terapia com células estaminais adultas, isoladas e multiplicadas através do método de isolamento desenvolvido pela ECBio, podem melhorar a função cardíaca, atenuar a remodelação do ventrículo esquerdo e reduzir o tamanho do enfarte.

 

 
As conclusões indicam ainda que estas células têm a capacidade de agir de forma dinâmica e transmitir os efeitos terapêuticos através de múltiplos modos de ação, como proteção das células do miocárdio da morte celular, promoção da formação de novos vasos e recrutamento de células progenitoras cardíacas.

 

 
Estas células têm apenas um efeito curativo ou também podem prevenir problemas cardíacos?

 

 

Até agora, só existem resultados comprovados no que respeita ao tratamento.

 

 
No entanto, a ação das células envolve vários mecanismos de reparação.

 

 
Este é um paradigma central que distingue a terapia celular dos medicamentos tradicionais e representa um avanço potencialmente importante no tratamento do ataque cardíaco.

 

 

Estes resultados abrem novas potencialidades para o tratamento de uma situação de saúde responsável pela morte de 1.300 portugueses todos os anos. Mas ainda é muito cedo para especular sobre os seus efeitos preventivos em futuros ataques cardíacos.

 

 

Em que medida é que o método desenvolvido pela ECBio é melhor para recolha e conservação das células?

 

 

Para ser possível isolar e criopreservar as células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical que nos permitem obter estes resultados, desenvolvemos na ECBio uma metodologia que consiste no isolamento destas e na sua multiplicação, atingindo-se uma pureza superior a 95%. O processo é iniciado com a separação das células estaminais mesenquimais das restantes células existentes no tecido do cordão umbilical como, por exemplo, as células epiteliais.

 
Numa primeira fase, as células estaminais isoladas encontram-se em minoria e numa quantidade muito reduzida, tendo de ser purificadas mediante um processo de multiplicação. No final da etapa, são criopreservadas células estaminais mesenquimais com elevado grau de pureza e numa quantidade muito superior à existente inicialmente. Após o isolamento, procede-se à criopreservação das células estaminais a temperaturas abaixo dos 150º C negativos.

 

 

Em Portugal, nem todas as empresas fazem o isolamento das células estaminais mesenquimais a partir do tecido do cordão umbilical, sendo a Cytothera a única empresa, em Portugal, a utilizar o método de isolamento de células estaminais mesenquimais do tecido do cordão umbilical da ECBio, garantindo que os seus clientes possam ter acesso a qualquer futura terapia resultante desta investigação.

 

 
Texto: Filipa Basílio da Silva com Luis Batista Gonçalves (edição)

 
PREVENIR

 
SAPO – SAÚDE E MEDICINA

 

 

 

 

Ataque Cardíaco

23/02/2015

 

 

Grave ameaça à vida.

Um ataque cardíaco ocorre quando uma das artérias coronárias entope subitamente, bloqueando o acesso de sangue e oxigénio a uma zona do músculo cardíaco.

 

O entupimento deve-se na sua esmagadora maioria à aterosclerose, uma doença em que se acumulam depósitos de colesterol na parede das artérias, que levam à diminuição do seu calibre.

 

A causa final do bloqueio da artéria deve-se à formação de um coágulo de sangue que se forma na zona da placa de aterosclerose, acabando por obstruir completamente a artéria coronária.

 
Se o fornecimento de sangue for interrompido completa e prolongadamente, as células do músculo cardíaco da zona afectada sofrem gravemente e acabam por morrer, provocando a dor própria do ataque cardíaco. O termo médico para descrever esta ocorrência é a de enfarte do miocárdio.

 
Todos os anos morrem cerca de 10.000 portugueses devido a ataques cardíacos, enquanto outros vinte mil sobrevivem a este evento extremamente perigoso. Até à meia-idade morrem mais homens que mulheres, mas a partir da menopausa o risco aumenta muito na mulher, o que está relacionado com a descida dos estrogéneos, a hormona feminina, que tem uma acção protectora na mulher.

 
Embora a esmagadora maioria dos ataques cardíacos se deva à aterosclerose, alguns enfartes, embora extremamente raros, são devido a doenças, como a anomalias congénitas das artérias coronárias, a perturbações da coagulação, etc. Nos últimos anos tem-se observado alguns casos devidos ao uso da cocaína, devido a um mecanismo de espasmo (contracção) prolongado das coronárias.

 
Sintomas

 
O sintoma mais comum de ataque cardíaco é a dor no peito, que os doentes descrevem como um aperto, uma sensação de peso, uma queimadura, geralmente localizada na parte central do peito.

 

Esta dor pode espalhar-se para o braço esquerdo, pescoço, maxilar inferior.

 

Outros sintomas podem ser fraqueza súbita, sudação abundante, náuseas, vómitos, eructações, falta de ar, perda de conhecimento, tonturas e palpitações.

 
Por vezes, os sintomas confundem-se com os de indigestão ou dor esofágica, levando o doente a ignorar os sintomas de ataque cardíaco, que colocam a sua vida em risco.

 
Embora o enfarte do miocárdio possa ocorrer a qualquer momento, um maior número de ataques cardíacos ocorre no período inicial da manhã.

 

Diagnóstico

 
O médico fará inicialmente algumas perguntas relativas às características da dor e a outros sintomas. O exame físico será essencialmente dirigido à região cardiovascular, com medição da tensão arterial e auscultação cardíaca e pulmonar.

 
Para confirmação do diagnóstico (ou sua exclusão) será efectuado um electrocardiograma, que permitirá verificar se há alguma zona do miocárdio em risco ou já gravemente lesada.

 
Serão também realizadas análises de sangue para determinar as enzimas cardíacas que, em caso de enfarte do miocárdio, estão elevadas. Exames adicionais, como o ecocardiograma, permitem avaliar a função cardíaca que pode estar afectada.

 
Factores de risco

 
A probabilidade de um indivíduo sofrer um enfarte do miocárdio depende em grande parte do nível dos seus factores de risco. Um factor de risco é uma variável biológica que aumenta a probabilidade de se sofrer de uma doença. Como os ataques cardíacos são na sua esmagadora maioria causados pela aterosclerose, os factores de risco envolvidos nas duas situações são basicamente os mesmos.

 
Alguns factores de risco não podem ser controlados, como a idade e a história cardiovascular da nossa família.

 

No entanto, a maior parte dos factores de risco pode ser controlada, de forma a reduzirmos o risco de sofrer um ataque cardíaco, como o colesterol elevado, a hipertensão arterial, o tabagismo e a diabetes. É também prudente praticar exercício físico regularmente e manter um peso corporal normal.

 
Tratamento

 
Habitualmente os objectivos do tratamento são aliviar a dor, preservar o músculo cardíaco e evitar a morte. Geralmente o médico dá uma aspirina para o doente mastigar, com o objectivo de prevenir fenómenos de coagulação.

 
O doente na urgência fará oxigenioterapia para melhorar a oxigenação da zona do coração em sofrimento e também terapêutica para aliviar a dor, bloqueadores beta para reduzir o consumo de oxigénio pelo miocárdio, e se a tensão arterial não for demasiado baixa, nitroglicerina para aumentar o fluxo sanguíneo ao coração.

 
Durante o internamento os doentes recebem habitualmente doses diárias de bloqueadores beta e de inibidores da ECA, que ajudam o coração a trabalhar melhor, em parte devido à redução da tensão arterial e aspirina, para prevenção de novos episódios de trombose.

 
A maior parte dos doentes também toma uma estatina, um fármaco que reduz o colesterol, para diminuir o risco de novo enfarte.

 
Se o diagnóstico de ataque cardíaco estiver confirmado, o doente deve fazer terapêutica de reperfusão o mais rapidamente possível. Quanto mais cedo for realizada maior é a quantidade de músculo que se pode salvar. O objectivo é o de restaurar o fluxo sanguíneo à zona do coração comprometida o mais depressa possível de modo a reduzir mais deterioração do músculo cardíaco.

 
A medida ideal é fazer reperfusão mecânica. O doente é levado para a sala de cateterismo onde um cateter é introduzido por uma artéria, geralmente da perna, ao nível da virilha e as artérias coronárias são visualizadas através de uma injecção de contraste nas coronárias para localizar a obstrução que está a causar o ataque cardíaco.

 
O passo seguinte é o de introduzir outro cateter, com um pequeno balão, que, depois de colocado na zona de estreitamento da artéria, é insuflado para esmagar o coágulo e a placa de aterosclerose, restaurando deste modo o fluxo de sangue à área afectada do coração. A este procedimento chama-se angioplastia.

 
Em muitos doentes, é de seguida colocado um pequeno anel de rede metálica, chamado stent, na zona previamente dilatada, para manter a artéria aberta. Vários novos fármacos são utilizados nestes doentes que vão ser submetidos a angioplastia, como o abciximab e o tirofiban, que reduzem os fenómenos de coagulação, associados ao ataque cardíaco e às próprias manobras da angioplastia, ainda mais poderosamente que a aspirina.

 
A reperfusão pode também ser conseguida com a chamada terapêutica fibrinolitica, através da infusão numa veia de medicamentos que dissolvem o coágulo, que precipitou o ataque cardíaco, para deste modo restabelecer o fluxo à zona enfartada. Esta terapêutica é feita em hospitais que não tenham meios disponíveis para fazer angioplastia de urgência.

 
A terapêutica de reperfusão, quanto mais cedo for realizada, maior é a quantidade de músculo que pode salvar. Não devemos esquecer que as células do músculo cardíaco começam a morrer quase imediatamente após o ataque cardíaco e que os grandes enfartes, além de serem mais letais na fase aguda, têm maior tendência para evoluir, com o tempo, para insuficiência cardíaca.

 
Depois do enfarte

 
A melhor maneira de assegurar uma recuperação completa por um longo período de sobrevivência é participar num programa de reabilitação cardíaca. Este programa pode ter várias modalidades, mas habitualmente consiste num programa de actividade física supervisionada, preferivelmente incluindo monitorização electrocardiografica. Em adição o programa, oferece educação alimentar, apoio emocional, ensina técnicas de controlo do stress e de cessação tabágica.

 
Por outro lado, os doentes são submetidos a um programa rigoroso de controlo dos factores de risco, como a hipertensão arterial, o colesterol elevado, a diabetes e a redução do peso. Em suma, a participação no programa tem como objectivo que o doente adopte um estilo de vida saudável e reaprenda a viver.

 
Quando e como procurar assistência médica

 
Quando se suspeita que se está a sofrer um ataque cardíaco é vital procurar-se auxílio médico imediato através de um telefonema para o 112, solicitando um transporte rápido e seguro para o hospital.

 

É importante evitar cair no erro de ir no seu carro a conduzir ou pedir auxílio a um familiar ou amigo para o levar ao hospital, o que pode ser fatal, como já aconteceu nomeadamente a figuras públicas em Portugal.

 

 

Prof. Doutor Manuel Oliveira Carrageta
Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia

 
PREVENIR

 

SAPO – SAÚDE E MEDICINA

 

 

 

Guia do Enfarte Cardíaco

25/02/2015

 

As melhores estratégias para impedir que o seu coração pare.

 

O enfarte cardíaco afecta homens e mulheres de forma idêntica e resulta, na maior parte dos casos, da adopção de estilos de vida pouco saudáveis.

 
A prática de um regime alimentar saudável e de exercício físico podem fazer toda a diferença, num contexto nacional marcado pelo aumento crescente das taxas de obesidade, adulta e infantil.

 
Resultado? Níveis elevados de mau colesterol (LDL), tensão arterial, diabetes e triglicéridos que podem provocar um enfarte cardíaco.

 
Como se dá o enfarte cardíaco?

 
A contracção do músculo cardíaco (miocárdio) faz trabalhar o coração e, para que esta missão seja cumprida, é necessária a obtenção de energia.Essa energia é conseguida pela «combustão» dos açúcares. Os hidratos de carbono são os fornecedores de açúcar no organismo. Quando a combustão dos açúcares é feita na presença do oxigénio, produz-se a energia necessária ao funcionamento do coração.

 
«Se não existir oxigénio, não é realizada parte da combustão do açúcar e produz-se o ácido láctico que “fere” o músculo cardíaco, provocando dor e desconforto e ficando comprometida a contracção cardíaca», explica Luís Negrão, médico de Saúde Pública e assessor da Fundação Portuguesa de Cardiologia.

 
Se a falta de oxigenação (isquémia) superar os cinco minutos e a pessoa não recuperar, a célula cardíaca morre e dá-se o enfarte. Conforme explica o especialista, «o enfarte do miocárdio é a morte da célula cardíaca por falta de oxigénio».

 

Quais os sintomas de um enfarte?

 
Sensações de morte iminente, de dor, de peso no peito, ansiedade, suor. Para fazer face ao evento, deve descontrair, tentar não se emocionar e chamar um familiar para o auxiliar.

 
Chame o 112 explique muito bem o que está a sentir e como a dor apareceu, mantenha-se calmo, respire fundo e fale pausadamente.

 
Porque nem todas as isquémias culminam em enfarte?

 
A isquémia pode evoluir de forma irreversível, culminando num quadro clínico de enfarte de miocárdio, ou reversível, gerando «apenas» uma angina de peito, uma situação menos grave, porém de risco para a ocorrência de enfarte, mais tarde.

 
«Frequentemente, muitos doentes que tiveram um enfarte, têm uma história de angina que se manifesta a partir de uma dor, após a realização de um esforço por menor que seja, ou de um estado de nervos», sublinha Luís Negrão.

 
Este cansaço ocorre porque o coração tem que trabalhar mais e as artérias não têm o oxigénio necessário. As pessoas com angina de peito podem descansar após o esforço, mas o seu coração trabalhará mais devagar do que antes e a oxigenação será inferior. A dor pode abrandar só pelo facto de se descontrair e de estar menos ansioso.

 

Quais as consequências de um enfarte?

 
Um enfarte do miocárdio origina sempre uma zona do coração que funciona mal (o músculo deixa de se contrair eficazmente), situação que pode ser mais ou menos grave consoante a zona atingida.

 
Se a obstrução da artéria afectar uma zona bastante extensa, deixando-a sem aporte sanguíneo, então as consequências funcionais para o coração serão muito maiores e a disfunção deste órgão passa a ser grande. Pelo contrário, se a zona afectada for muito pequena, o prejuízo funcional é também reduzido.

 
Há zonas no coração que são vitais para o seu funcionamento e se o enfarte abranger zonas relacionadas com a estimulação eléctrica do coração, deixa de haver corrente e ele pára (morte súbita).

 
A principal consequência do mau funcionamento do coração é a insuficiência cardíaca, situação caracterizada por um cansaço fácil para gestos muito simples como são a higiene pessoal ou o vestir-se.

 

Quais as causas de um enfarte cardíaco?

 
Por definição, o enfarte cardíaco é uma situação clínica provocada pela oclusão súbita de uma artéria coronária, conduzindo à total falta de irrigação e oxigenação de uma determinada área de músculo cardíaco.

 
Luís Negrão explica que o sangue não circula nas artérias coronárias (que formam uma espécie de coroa em torno do coração) e, portanto, todas as doenças que lesionem estas artérias são perigosas.

 
«Falamos de uma doença aterosclerótica responsável pelo surgimento de gordura nas artérias, que se manifesta, na maioria das vezes, no coração, embora possa afectar os rins, os membros inferiores, entre outros orgãos», ressalva. Explica que todas as doenças do aparelho circulatório começam habitualmente por ocasionar isquémia (falta provisória da irrigação sanguínea) e acabam por evoluir para um enfarte.

 
A hipertensão arterial, a hipercolesterolémia (colesterol elevado no sangue), a diabetes e a hipertrigliceridémia (os triglicéridos aumentados no sangue) são factores que estragam as nossas artérias.

 
Quando estes factores de risco aparecem precocemente estão quase sempre associados a hábitos e estilos de vida poucos saudáveis. Assim, se quer diminuir o seu risco cardiovascular, designadamente de enfarte, deve ter atenção ao seu estilo de vida. Isto porque um estilo saudável anda de mãos dadas com a saúde do coração, sendo importante resistir, em particular, ao sedentarismo, ao seguimento de uma dieta pouco saudável, à obesidade e ao tabagismo.

 
«O estilo de vida pouco saudável faz com que as doenças do aparelho circulatório surjam com mais frequência e mais cedo, daí a importância da prevenção », alerta Luís Negrão.

 

Quais os factores de risco de enfarte?

 

Diabetes

 
A diabetes é uma doença do metabolismo dos açúcares e provoca uma desregulação das gorduras. Se não estiver bem controlada contribui grandemente para a formação de placas de gordura no interior das artérias, especialmente as da microcirculação. Manter a diabetes muito bem controlada é decisivo para uma maior esperança e qualidade de vida.

 
Hipertensão arterial

 

Caracteriza-se pela perda de elasticidade das artérias, que dificulta o transporte do sangue, e pela ausência de permeabilidade do seu interior. As artérias «ficam entupidas devido aos depósitos de gordura e rígidas por causa da hipertensão», explica Luís Negrão.

 
A tensão arterial ideal é 12/8 em centímetros de mercúrio (cmHg) ou 120/80 em milímetros de mercúrio (mmHg).

 

Colesterol elevado

 

O colesterol é uma gordura que vai depositar-se no interior das artérias prejudicando a circulação sanguínea e comprometendo o funcionamento do coração.

 
A prática de uma alimentação muito rica em carne (vermelha especialmente) e pobre em legumes e hortícolas contribui para a deposição do excesso de colesterol no interior das artérias.

 
O valor do colesterol não deverá ser superior a 190 mg/dl.

 

A hereditariedade é um factor de risco?

 
Se vivêssemos numa sociedade sem hábitos prejudiciais à nossa saúde, a hereditariedade teria uma importância grande e determinante na saúde das pessoas. Mas vivendo numa sociedade em que os factores, hábitos e comportamentos de risco abundam, o peso da hereditariedade dilui-se. A existência de uma história familiar marcada pelo aparecimento precoce de doença cardíaca (hereditariedade).

 
PREVENIR

 

SAPO – SAÚDE E MEDICINA

 

 

 

Doença Arterial Periférica

25/02/2015

 

 

Um problema que pode levar à amputação dos membros inferiores ou mesmo à morte por enfarte do miocárdio ou AVC

 

A doença arterial periférica (DAP) caracteriza-se por uma diminuição do fluxo sanguíneo nos membros superiores e inferiores (especialmente nestes últimos) devido a obstruções existentes nas artérias.

 

 

Estas obstruções e consequente diminuição do fluxo sanguíneo devem-se ao acumular de placas de colesterol e gordura, causando um estreitamento gradual das artérias e dificultando a passagem do sangue leve e a chegada de oxigénio necessário aos músculos.

 

 

As alterações resultantes da falta de oxigenação dos tecidos constitui o conjunto de sintomas que se designam por isquemia. É necessário ter em conta que a doença arterial periférica é reconhecida como um importante marcador de risco cardiovascular global, não constituindo apenas risco para os membros inferiores (a maior parte dos doentes com DAP não morre com uma complicação vascular nos membros inferiores, mas sim com um enfarte agudo do miocárdio ou um AVC).

 

 

Fatores de risco

 

 

Os principais fatores de risco da DAP são a tensão arterial elevada, alimentação imprópria (nomeadamente o excesso de sal, gorduras e açúcar), sedentarismo, excesso de peso, hábitos tabagistas e a diabetes, tendo um maior destaque no aparecimento desta doença os dois últimos fatores.

 

 
Grande parte dos indivíduos que sofre de doença arterial periférica tem aterosclerose, uma doença degenerativa arterial crónica, que se caracteriza pela formação de placas (ateromas) nas paredes dos vasos sanguíneos, compostas principalmente por lipídos e tecido fibroso.

 
A DAP atinge 3 a 10% da população com mais de 50 anos, sendo que, na presença dos fatores de risco como a diabetes e o tabagismo e nos maiores de 70 anos, esta pode ser muito superior.

 

 

Sintomas

 

 

Devido à obstrução das artérias, um dos principais sintomas que pode ocorrer nos indivíduos com doença arterial periférica é uma sensação dolorosa nas pernas aquando da prática de atividade física ou ao caminhar. Esta dor (claudicação intermitente) é aliviada com o repouso, mas, à medida que a doença evolui, pode manifestar-se mesmo nestes períodos de repouso.

 
Outros sinais típicos da DAP são a falta de pulso detetável abaixo de um certo ponto na perna, pele seca e descamativa nos membros inferiores, temperatura fria dos pés e a falta de sensibilidade nos mesmos e o crescimento defeituoso das unhas e a rarefação dos pêlos.

 

 
Diagnóstico

 

 

A forma mais simples de diagnóstico da doença arterial periférica é a análise do fluxo sanguíneo através da comparação entre a pressão arterial do braço e a do tornozelo (índice tornozelo-braço), que em indivíduos sem doença arterial deverá ser de 1.0.

 

 

A diminuição de 0,1 no valor deste índice representa um aumento de 10% do risco. Este diagnóstico é também possível através de um ecodoppler vascular, onde são utilizados ultra-sons de forma a examinar o fluxo sanguíneo nos vasos e localizar os seus níveis de obstrução.

 

 

Pode ainda ser realizada uma angiografia, que consiste na injecção de uma solução opaca aos raios X, na artéria, e que permite verificar (através da radiografia) a velocidade do fluxo sanguíneo e o diâmetro da artéria obstruída.

 

Note-se que o diagnóstico tardio da doença pode conduzir a algumas consequências graves como o enfarte agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral e amputação dos membros inferiores.

 

 

Tratamento

 
O exercício físico é fundamental para melhorar a função muscular e, desta forma, aumentar o calibre dos vasos sanguíneos. Assim, aquando do diagnóstico da DAP, devem fazer-se caminhadas diárias por um período de cerca de 30 a 60 minutos em terreno plano.

 

É fundamental a correção dos fatores de risco nomeadamente deixar de fumar. A supressão do consumo de tabaco é fundamental para o sucesso prolongado do tratamento.

 
A administração de fármacos que provoquem um aumento da distribuição de oxigénio aos músculos é também um fator importante no tratamento desta doença. Em alguns casos, poderá ser necessário proceder a uma angioplastia para desobstrução da artéria.

 

Trata-se de uma pequena intervenção cirúrgica onde se coloca um cateter com um diminuto balão insuflável na extremidade que, ao ser expandido, força a abertura da artéria obstruída restaurando assim o fluxo sanguíneo.

 

Quando a angioplastia não pode ser realizada (se forem vários os segmentos afetados pelo estreitamento e de uma dimensão considerável ao longo de toda a artéria), é forçosa a realização de uma cirurgia mais complexa.

 

Através desta cirurgia pode remover-se o trombo que obstruí a artéria (endarterectomia) ou optar por duas outras soluções como o bypass que consite na colocação de um excerto artificial ou de uma veia de outra parte do corpo que estabeleça a ligação entre segmentos arteriais normais derivando a circulação arterial ao lado do segmento de artéria que está ocluído. Ou a remoção da parte obstruída e a subsequente substituição por um enxerto sintético ou biológico.

 

PREVENIR

 

SAÚDE E MEDICINA

 

 

Ecodoppler Salva Vidas

Prevenção de Acidente Vascular Cerebral.

 

 

Viver após um Acidente Vascular Cerebral é quase um milagre. Manuela Reis, médica radiologista do Life Beat, garante que a qualidade de vida pode ficar profundamente comprometida. Por isso, sem tratamento possível, resta depositar esperanças na prevenção e apostar no rastreio.

 
O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um grave problema de saúde pública em Portugal e em todo o mundo, sendo a primeira causa de morte e de incapacidade permanente. Não fossem estas razões por si só suficientes para ser tão temível, o AVC é, também, a segunda causa mais importante de demência.

 
Os neurónios são células muito sensíveis que, ao contrário das outras células, não são capazes de armazenar o seu alimento, o qual apenas pode chegar-lhes dissolvido no sangue. Isto faz com que após poucos minutos sem receber os nutrientes de que necessita, sucumbam por inanição. Se estas células fossem “normais”, multiplicar-se-iam. Mas tal não acontece. Os neurónios não se reproduzem – os que se formam na infância são para toda a vida -, o que implica a perda irreversível da sua função. Assim sendo, a falta de irrigação sanguínea já dramática noutros órgãos, para os neurónios tem consequências catastróficas.

 
Esta irrigação sanguínea provém de duas fontes principais: as artérias carótidas, que sobem pelos lados do pescoço e penetram no crânio pela sua parte anterior; e as vertebrais, que atravessam as vértebras do pescoço, penetrando no crânio pela parte inferior.

 
Causas do AVC

 
Existem três causas para a ocorrência de um AVC: pode ser isquémico, originado pelo crescimento de placa ateroesclerótica (estrangulamento da artéria); por libertação de um trombo (entupimento da artéria); ou hemorrágico, quando um vaso rompe e causa uma hemorragia cerebral (exaustão das paredes das artérias).

 
Assim sendo, por ser uma doença que não produz sintomas e é repentina (quando dá sinais de alerta significa que a doença está presente – boca de lado, dificuldade em falar e falta de força num braço), não tem tratamento preventivo, a não ser a cultura de uma vida saudável. É que esta doença é pouco frequente em pessoas saudáveis: geralmente, só afeta aqueles que reúnem uma série fatores de risco. São eles: fumar, hipertensão, diabetes, colesterol mau elevado e a idade avançada. Porém, ninguém lhe está imune.

 
Ecodoppler alerta para o perigo

 
Muitos dos AVC dão-se sem qualquer sintomatologia prévia associada. Evitar a adopção de comportamentos de risco é, indubitavelmente, o primeiro passo. Mas como nem só dos organismos “doentes” o AVC se “alimenta”, o melhor será apostar em métodos de diagnóstico médico, que ajudam a perceber o que o destino lhes poderá reservar.

 
Para fomentar o espírito de rastreio, o Centro Avançado de Diagnóstico Life Beat propõe uma das formas mais simples e eficazes de identificação do risco. Além da medição do Índice de Massa Corporal (IMC) e tensão arterial, aposta na avaliação da aterosclerose nas artérias carótidas através de um exame de ecodoppler.

 
De acordo com a Dra. Manuela Reis, o ecodoppler da carótida é uma ecografia efetuada na zona do pescoço que «avalia o volume do fluxo sanguíneo presente na artéria, mas também a presença de hemorragia ou úlcera da placa, que está habitualmente associada a sintomatologia», quando esta exista.

 
Este exame de diagnóstico, para além da sua «fiabilidade, não requer qualquer preparação prévia, não acarreta quaisquer riscos e é efetuado com o doente deitado, com alguma extensão do pescoço, sendo posteriormente colocado gel, para adequada condução dos ultrassons», explica a médica.

 
Mais informações em:
Dra. Manuela Reis
www.lifebeat.pt
SAPO LIFESTYLE

 

SAÚDE E MEDICINA

 

O Que é um Acidente Vascular Cerebral (AVC)

23/02/2015

 

Hipertensão Arterial, Diabetes, Tabaco, Dislipidemias, Obesidade e Sedentarismo são só alguns dos fatores de risco.

 
AVC é a sigla de Acidente Vascular Cerebral e significa:

 

Acidente: Acontecimento que ocorre sem se prever ou quando menos se espera.

 

Vascular: Diz respeito aos vasos sanguíneos.

 

 

Cerebral: Atinge o cérebro ou, mais genericamente, o sistema nervoso central.

 

O AVC ocorre por lesão de um vaso sanguíneo da circulação do sistema nervoso central mais frequentemente no cérebro mas também noutras estruturas como o cerebelo, o tronco cerebral ou, raramente, na medula espinhal.

 

O que se passa nos vasos sanguíneos quando ocorre um AVC?

 

 

Tal como nas canalizações das nossas casas, duas coisas podem ocorrer nos vasos sanguíneos: ou entopem ou rompem.

 

Entupimento: Dá-se um bloqueio na circulação com paragem da corrente sanguínea.

 

Rotura: Dá-se um derrame de sangue para o tecido do sistema nervoso envolvente. (Daí a designação antiga de “derrame cerebral”)

 

Quais as consequências?

 

As consequências derivam da localização e da extensão do tecido do sistema nervoso afetado.

 

No caso do entupimento designa-se por AVC isquémico (falta de sangue) porque o vaso sanguíneo quando entope bloqueia a circulação e, consequentemente vai faltar sangue com o oxigénio e nutrientes que transporta, nas células (neurónios) o que implica a morte desses neurónios.

 

No caso de rotura dá-se um derrame ou hemorragia cerebral indo o sangue que sai do vaso roto, acumular-se no interior do tecido cerebral desenvolvendo uma tumefacção (hematoma) que destrói o tecido à sua volta.

 

Por outro lado, o sangue que saiu pela rotura não vai levar o oxigénio, glucose e outras substâncias indispensáveis ao normal funcionamento dos neurónios agravando a situação.

 

O que fazer?

 

O mais eficaz é evitar o AVC. Para tal devemos combater as situações que facilitam a ocorrência do AVC, são os chamados fatores de risco.

 

Quais os principais fatores de risco?

 

– Hipertensão Arterial: A chamada “tensão alta” é a principal responsável pelos AVC e de destes, sobretudo as hemorragias cerebrais. (lembremo-nos das roturas na canalização: se a pressão nos canos for exagerada é de esperar, mais dia, menos dia, uma inundação em casa).

 

– Diabetes: Esta situação altera os vasos sanguíneos propiciando o AVC.

 

– Tabaco: É hoje indiscutível, que o fumo do tabaco (quer fumadores ativos quer passivos) promove a aterosclerose e consequentemente entupimentos nos vasos sanguíneos e não só os cerebrais.

 

– Dislipidemias: O conhecido “colesterol elevado” entre outros tipos de alteração do metabolismo dos lípidos agrava a possibilidade de entupimentos na circulação em geral.

 

– Obesidade, sedentarismo: São fatores que agravam outros fatores de risco.

 

O melhor conselho:

 

Consulte regularmente o seu médico de família e siga as suas indicações.

 

Como reconhecer um AVC?

 

Existem sinais de alerta que devem ser conhecidos por todos, pois podem permitir um tratamento rápido e eficaz.

 

Os sinais de alerta para AVC adotados em Portugal e que devem ser conhecidos por todos são o aparecimento súbito de boca ao lado, dificuldade em falar e falta de força num braço.

 

Se presenciar alguma pessoa com um só destes sinais, não perca tempo, marque 911!

 

A maneira mais rápida e eficaz de fazer os exames e o tratamentos adequados é chamar o INEM que desencadeará todo um sistema urgente de tratamento do AVC a chamada Via Verde do AVC, para levar a vítima para a unidade de tratamento de AVC mais adequada e onde já estará uma equipa à espera preparada para o tratamento urgente do AVC.

 

Por Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral

 

NUNO NORONHA

 

SAÚDE E MEDICINA

 

MÉDICOS

 

 

Guia de Prevenção do AVC

23/02/2015

 

 

Identifique os fatores de risco e aprenda a defender-se da principal causa de morte em Portugal.

 

 

Quanto mais rapidamente a vítima chegar ao hospital mais áreas do cérebro poderão ser poupadas. O AVC é a principal causa de morte em Portugal e a sua prevenção debate-se com um velho conceito.

 

 

«É preciso lutar contra a ideia de que nada pode ser feito», alerta mesmo Maria Teresa Cardoso, coordenadora do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.

 

 

«Conhecemos os fatores associados a 90 por cento do risco e, para a maioria deles, há prevenção e tratamento eficazes», refere ainda esta especialista. De acordo com dados nacionais, morrem por dia 35 pessoas vítimas de AVC. Segundo as estatísticas, apenas uma em cada cinco vítimas reconhece os sinais e ligar para o 112.

 

 

O que acontece no organismo?

 

 

O AVC afeta as artérias cerebrais e dá-se «quando um vaso sanguíneo que transporta oxigénio e nutrientes para o cérebro rompe ou é bloqueado por um coágulo. Quando tal acontece, uma parte do cérebro não consegue obter o sangue e oxigénio de que necessita e começa a morrer», informa a American Heart Association (AHA). O acidente é súbito e os seus efeitos no organismo são imediatos. Existem essencialmente dois tipos de AVC, os isquémicos e os hemorrágicos. Os primeiros ocorrem quando um coágulo bloqueia uma artéria, impedindo a irrigação sanguínea de uma área do cérebro. Os segundos dão-se quando uma artéria rompe.

 

 

 

Quais são as consequências?

 

 

O cérebro controla as funções corporais em áreas específicas, pelo que as consequências dependem da área e extensão afetada. Se o AVC afetar a área (hemisfério esquerdo) que controla os movimentos do corpo do lado direito, esse lado vai ficar paralisado. O cérebro também controla os processos mentais mais nobres, como comunicar, sentir, pensar, que também podem ficar afetados.

 

 

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aplicar todas as medidas conhecidas e disponíveis permite reduzir em 80 por cento a doença vascular cerebral, estes são os fatores de risco que pode controlar:

 

 

– Hipertensão arterial

 
– Fibrilação auricular

 
– Colesterol elevado

 
– Tabagismo

 
– Obesidade

 
Hipertensão arterial

 

 

«É um dos mais potentes fatores de risco, contribuindo em 54 por cento para o risco de AVC», alerta Maria Teresa Cardoso.

 

 

A hipertensão faz o coração bombear o sangue de forma mais enérgica, uma situação que prejudica o normal funcionamento deste órgão.

 

 

Uma ação que pode «enfraquecer os vasos sanguíneos e danificar órgãos principais, como o cérebro», informa a National Stroke Association (NSA).

 

 

O que fazer:

 

 

– Reduza a ingestão de sal

 

 

«É uma medida crucial que está associada à diminuição da pressão arterial e da mortalidade por AVC», refere Maria Teresa Cardoso. A OMS recomenda um máximo de 5 g por dia. «Os portugueses fazem uma ingestão média de cerca de 12 g de sal por dia», critica.

 

 

– Meça a pressão arterial

 

 

O controle tensional ótimo é da maior importância para uma redução sustentada do risco de AVC», sublinha a especialista. 120/80 é o valor aproximado de uma pressão arterial normal. Faça a medição, no mínimo, uma vez por ano (ou mais, se tem complicações de saúde).

 

 

– Respeite a medicação

 

 

 

Caso esteja a ser medicada para a hipertensão, siga as indicações à risca. «A terapêutica anti-hipertensora reduz em 28 por cento o risco de AVC e em 39 por cento a morte por AVC nos doentes com mais de 80 anos», conta Maria Teresa Cardoso.

 

 
Fibrilhação auricular

 

 

Trata-se de «uma arritmia que aumenta em cerca de cinco vezes o risco de AVC», conta Maria Teresa Cardoso.  Segundo a NSA, graças a este problema, «há tendência para a formação de coágulos que podem alojar-se numa artéria cerebral e provocar um AVC».
Prevenir e controlar este problema é, por isso, fundamental, pelo que deve procurar ajuda especializada para vigiar esta situação.

 

 

O que fazer:

 

 

– Avalie o ritmo cardíaco

 

 

Os aparelhos de medição de tensão arterial também avaliam o batimento cardíaco, mas só o eletrocardiograma permitirá fazer o diagnóstico.

 

 

– Se está a ser medicado, siga a medicação à risca

 

 

«O tratamento hipocoagulante pode diminuir o risco de AVC em 62 por cento», diz Maria Teresa Cardoso, segundo a qual «os novos anticoagulantes orais têm a grande vantagem de não necessitarem de monitorização e de terem poucas interações medicamentosas».

 

 
Tabagismo

 

«Fumar danifica as paredes dos vasos sanguíneos, acelera a obstrução das artérias, aumenta a pressão arterial e o esforço do coração», enumera a NSA. A toma concomitante de
contracetivos orais aumenta ainda mais o risco.

 

 

O que fazer:

 

 

– Deixe de fumar

 

 

«O tabagismo aumenta duas a três vezes o risco de AVC,  que desaparece ao fim de dois a quatro anos após a suspensão» deste
hábito, diz Maria Teresa Cardoso.

 
Colesterol elevado

 

 

«Níveis elevados de colesterol LDL aumentam 1,5 vezes o risco de AVC», refere Maria Teresa Cardoso.

 

 

O mau colesterol contribui para a «acumulação progressiva, nas paredes arteriais, da placa de ateroma, formada por depósitos de gordura e outras células», alerta a NSA.

 
O seu valor total de colesterol deve ser inferior a 190 mg/dl. Faça regularmente análises para se manter a par destes níveis.

 

 

O que fazer:

 

 

– Selecione as gorduras

 

 

Evite alimentos ricos em gorduras saturadas e trans, como bolos, bolachas, carnes gordas e fritos. Prefira gorduras saudáveis como as do azeite e peixes gordos (ómega 3).

 

 

– Aposte nos vegetais

 

 

Coma cinco ou mais doses de fruta e vegetais ao longo do dia.

 

 

– Respeite a medicação caso o seu médico considere que deve ser medicada

 

 

«As estatinas reduzem a incidência de AVC de 3,4 para 2,7 por cento», sublinha Maria Teresa Cardoso.

 

 
Obesidade

 

 

A obesidade «duplica o risco de AVC isquémico», revela a especialista. A obesidade está diretamente ligada a outros fatores de risco do AVC,  como a diabetes (que triplica o seu risco) ou a hipertensão arterial, colocando em tensão todo o sistema circulatório.

 

 

O que fazer:

 

 

– Seja ativo

 

 

Não use o elevador se pode subir as escadas, não vá de transportes se pode ir a pé. O objetivo são 30 minutos de atividade física todos ou na maior parte dos dias. Vigie as calorias para se manter em forma, não pode ingerir mais calorias do que as que consome.

 

Os sinais de alarme

 

 

Quanto mais depressa atuar menores serão as sequelas de um AVC.
Perante estes sintomas não hesite em chamar o 112:

 

– Boca ao lado

 

– Dificuldade em falar

 

– Perda de força no braço e/ou perna, sobretudo num dos lados do corpo

 

Os fatores de risco

 

 

Idade

 
A partir dos 55 anos, a probabilidade de AVC duplica a cada década de vida.

 

História familiar

 
Os familiares diretos de doentes com AVC correm maior risco de sofrer um AVC. Segundo Maria Teresa Cardoso, «se forem portadores de fatores de risco vascular com incidência familiar, tais como hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes mellitus, a correção de todos os fatores de risco, através da mudança do estilo de vida associada a terapêutica farmacológica, é fundamental na prevenção».

 

 

Acidente isquémico transitório

 
O risco é superior em quem já teve anteriormente um AVC e um ataque cardíaco, mas também em quem já sofreu um Acidente Isquémico Transitório – AIT (a probabilidade é dez vezes superior). Nesta situação, o fluxo sanguíneo numa área cerebral é interrompido de forma passageira. Os sintomas são idênticos aos do AVC, mas desaparecem completamente em alguns minutos ou até 24 horas. É uma situação de emergência. Reconhecê-lo e tratá-lo reduz o risco de AVC.

 

 
Texto: Rita Miguel com Maria Teresa Cardoso (especialista
em Medicina Interna e Coordenadora do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna)

 

 

 

Ter um acidente vascular cerebral (AVC) aos 30 Anos

Quando a doença surge mais cedo do que se espera.

 

Atualmente, é a principal causa de morte em Portugal, atingindo números preocupantes.

 
Apesar da idade habitual de diagnóstico situar-se entre os 65 e os 75 anos, um acidente vascular cerebral pode acontecer logo aos 30 anos.
«Ocorre quando um vaso sanguíneo do sistema nervoso rompe ou é bloqueado por um coágulo e uma parte do cérebro deixa de receber sangue e começa a morrer», explica a neurologista Belina Nunes.
«Pode dever-se a isquemia (falta de aporte de sangue ao cérebro) ou a hemorragia (extravasamento de sangue dos vasos para o tecido cerebral), mais grave mas também menos frequente», esclarece a especialista.

 
Porque pode surgir mais cedo?

 
«Embora o AVC esteja associado a idades mais avançadas, sendo mais comum a partir dos 55 anos (com a incidência a dobrar a cada década depois dessa idade), pode ocorrer em idades mais precoces, nomeadamente em jovens adultos», confirma a neurologista Belina Nunes. «A hipertensão arterial, a diabetes, os valores elevados de colesterol e triglicéridos e as doenças cardíacas são os principais fatores de risco da doença vascular cerebral, em qualquer idade, a par da carga genética», alerta a especialista.

 

 
No entanto, que «um jovem adulto pode ter um AVC em consequência de condições clínicas mais raras (rutura de um aneurisma cerebral, malformação arteriovenosa cerebral ou trombose venosa cerebral) difíceis de controlar», ressalva ainda. Em qualquer dos casos, «o prognóstico depende da rapidez de intervenção diagnóstica e terapêutica e da localização e extensão da hemorragia».

 
Como prevenir

 
Consulte o seu médico de família regularmente para manter sob
controlo a tensão arterial e os valores da glicemia e do colesterol. Se
tiver hipertensão, respeite a medicação e as indicações médicas.
Pratique exercício físico regularmente e evite o excesso de peso. A obesidade está diretamente relacionada com outros fatores de
risco do AVC. Faça uma alimentação cuidada, evitando os alimentos ricos em gorduras saturadas (bolos, carnes gordas e fritos) e prefira as gorduras saudáveis (como o azeite).

 
Reduza a ingestão de sal. Este é um cuidado fundamental na redução da tensão arterial. Coma cinco ou mais doses de fruta e vegetais por dia. Um estudo da Universidade de Wageningen, na Holanda, revelou que «comer alimentos de polpa branca (pera, pepino, maçã e banana) reduz o risco de AVC em cerca de 50%». Evite também o álcool e o tabaco. «A ocorrência familiar prévia de AVC em jovens pode ser um alerta para a existência de causas familiares de AVC que devem ser investigadas», alerta Belina Nunes.

 
Sinais de alarme

 
No seu livro «Consulta de neurologia» (Lidel), a especialista Belina Nunes deixa claro quais os sinais que não pode mesmo ignorar:

 
– Falta de força no braço e perna do mesmo lado

 
– Paralisia dos lábios de um dos lados ou boca ao lado

 
– Perda de sensibilidade de metade do corpo

 
– Fala arrastada, voz entaramelada ou língua presa. dificuldade em encontrar palavras para se expressar

 
– Falar de forma incompreensível, com palavras que não existem e frases fora do sítio

 

 

Texto: Sofia Cardoso com Belina Nunes (neurologista na Clínica da Memória)

 

 

PREVENIR – SAÚDE E MEDICINA

 

 

 

 

Como os Estudos Científicos Manipulados são uma Bomba Relógio para a nossa Saúde

12/02/2015

 

 

Se lê o Green Savers com regularidade é várias vezes confrontado com estudos científicos que apontam para diversas direcções e conclusões, muitas delas contraditórias, sobre todo o tipo de temas e áreas.

 
No entanto, a discussão sobre a veracidade destes estudos reacendeu-se nas últimas semanas, nos Estados Unidos, devido a uma causa externa: um surto de sarampo e papeira – o que mais rápido cresceu desde que a primeira foi declarada eliminada nos Estados Unidos.

 
Segundo o Huffington Post, este surto poderá ter como pano de fundo um pedaço de literatura científica publicado – e desacreditado – em 1998 por Andrew Wakefield, no jornal Lancet. O estudo – falso – revelava uma ligação entre as vacinas para sarampo, papeira e rubéola e o autismo infantil.

 
Depois de ser publicado, o estudo foi declarado falso por uma investigação de um jornalista inglês. Wakefield, um gastroenterologista britânico, caiu em desgraça até lhe ser retirada a licença médica.

 
No entanto, passados quase 20 anos, o estudo ainda consegue gerar medo e dúvida sobre estas três vacinas, levando muitos pais a ignorá-las. E será esta acção que gera novos surtos todos os anos. Hoje, uma rápido pesquisa online encontra todo o tipo de sites – muitos deles pagos – que ligam as vacinas ao autismo, algo que, de acordo com a comunidade médica e científica, é completamente falso.

 
Manipular os estudos para ganhar visibilidade

 
Outro dos estudos falsos relatados por este artigo do Huffington Post (http://www.huffingtonpost.com/2015/02/11/measles-vaccine-bad-science_n_6641396.html) foi desenvolvido na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e sugeria que a alimentação orgânica não providenciava um grande valor nutritivo ou um menor risco de saúde em relação às comidas processadas.

 
Lançada em 2012, a pesquisa foi rapidamente atacada por especialistas nesta área, que a consideraram manipulada: alguns dos nutrientes que, em pesquisas anteriores, se mostraram mais activos nos orgânicos foram simplesmente ignorados, o que alterou as conclusões.

 

 

O estudo também explicou que os produtos orgânicos tinham 30% menos risco de contaminação por pesticidas, quando comparados às frustas e vegetais convencionais. No entanto, esta percentagem chega aos 81%.

 

 
Ainda que a desonestidade académica seja rara, ela existe. Muitos dos investigadores preferem conclusões bombásticas a outras, uma vez que as primeiras chamam a atenção para o seu nome no meio académico e sociedade. Também os meios e jornais preferem os estudos mais polémicos.

 

 

“Para os consumidores, é difícil navegar [nestes estudos]”, explicou Cynthia Curl, cientista de saúde ambiental da Bois State University, Estados Unidos. Um exemplo: uma pesquisa no Google sobre “alimentos orgânicos saúde” leva-nos directamente ao estudo de Stanford, cujo comunicado diz que “existem poucas provas dos benefícios dos alimentos orgânicos para a saúde”. O que é falso.

 

 
Uma análise publicada esta semana no jornal JAMA de Medicina Interna descobriu que a FDA (Food And Drug Administration) norte-americana identificou várias vezes o problema das pesquisas fraudulentas, mas raramente avisa as publicações destes erros. Porquê? Ninguém sabe.

 

 

Se acrescentarmos a esta receita uma grande quantidade de jornalistas sem formação científica na matéria e consumidores que acreditam na comunidade académica e científica, então temos uma bomba relógio para a nossa saúde e bem-estar.

 

 

Foto: Sue Clark / Creative Commons

 

 
Saúde e Bem-Estar

 

 

Estudos científicos

 

 

 

A história polémica da empresa que vende a cura da hepatite C

07/02/2015

 
O laboratório que comercializa o Sofosbuvir, contra a hepatite C, anunciou que vai baixar este ano o preço do fármaco. As ações caíram 10%. E há outras empresas a disputar o mesmo mercado …

 

 

As ações da Gilead Sciences, empresa de biotecnologia que fabrica o medicamento mais eficaz contra a hepatite C (Sofosvubir) caíram mais de 10% na passada quarta-feira, apesar de os resultados financeiros divulgados terem excedido as expectativas dos analistas. A razão do mau comportamento dos títulos foi a divulgação de que a empresa vai fazer uma forte redução no preço de venda do Sovaldi, nome comercial do Sofosbuvir.

 

 
A empresa, baseada na Califórnia, assumiu num comunicado que vai fazer já este ano nos Estados Unidos “um grande ajustamento” no preço dos medicamentos Harvoni e Sovaldi, ambos contra a hepatite C, que vão custar menos 46%. Os analistas esperavam um desconto de no máximo 30%. A previsão de margens de lucro mais estreitas causou o mau comportamento das ações, apesar da expectativa da Gilead ser de, só este ano, tratar mais de 250 mil pacientes com hepatite C.

 

 
Em 2014, as vendas da Gilead duplicaram em relação a 2013 (27 mil milhões de dólares, cerca de 23 mil milhões de euros), mas os lucros mais do que triplicaram, ascendendo a 7,3 mil milhões de dólares (6,4 mil milhões de euros). Conhecido como o comprimido de mil dólares por dia, a Gilead teve de reduzir o preço do Sofosbuvir perante a ameaça das companhias de seguros, distribuidoras e farmácias norte-americanas de não utilizarem o Harvoni e o Sovaldi, optando por alternativas mais baratas. O principal concorrente é um medicamento chamado Vikera Pak, fabricado pelo laboratório AbbVie, lançado no final de 2014.

 

 
O valor de ser o primeiro

 

 
A Gilead tomou a dianteira no mercado da hepatite C e, segundo a agência Bloomberg, poderá ser também pioneira com um novo medicamento contra a hepatite B, ainda não aprovado pela autoridade norte-americana da alimentação e medicamentos (FDA). Neste caso, o mercado potencial em todo o mundo é de 240 milhões de doentes com hepatite B, infeção responsável por mais de 780 mil mortes anuais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde.

 

 
E se nos Estados Unidos a situação é de aumento da concorrência, os especialistas no negócio da biotecnologia garantem que o próximo terreno de batalha entre estes dois fabricantes será a Europa. No Reino Unido, por exemplo, já foi aberta a discussão sobre o sistema de financiamento dos medicamentos contra a hepatite C. Segundo o “Financial Times”, a introdução em larga escala do Sovaldi está adiada até ao fim de julho pela autoridade de saúde pública (NHS). E já há grupos de representantes de doentes a pressionarem para a introdução do medicamente concorrente, da AbbVie, como forma de estimular a redução do preço. Na Europa, os cinco maiores mercados para estes medicamentos contra a hepatite C são a França, a Alemanha, a Itália, a Espanha e o Reino Unido.

 

 
Guerra sem fronteiras

 

 
Mas está é uma guerra sem fronteiras. A Índia, conhecida como “a farmácia dos pobres”, devido à sua maciça produção de medicamentos genéricos a baixo preço, decidiu não autorizar o pedido de patente para o Sofosbuvir, por considerar que o composto não é suficientemente inovador. Com esta decisão fica aberto o caminho para que outras empresas produzam o fármaco, explica esta semana uma notícia do “El País”.

 

 
O Sofosbuvir foi inicialmente desenvolvido por uma empresa de biotecnologia norte-americana, a Pharmasset, que a Gilead adquiriu em 2012 por mais de 11 mil milhões de dólares (8 mil milhões de euros). O medicamento foi autorizado pela Agência do Medicamento nos Estados Unidos em dezembro de 2013. Um mês depois, a equivalente europeia também deu luz verde à sua comercialização.

 

 
Todo este negócio que envolve saúde e elevados investimentos passa pela capacidade de cada um de pressionar governos e opiniões públicas. Um artigo da “Fortune” afirma, por isso, que a administração da Gilead Sciences é “politicamente muito bem relacionada”, tendo entre os seus membros nomes sonantes, como o do ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos Donald Rumsfeld, que foi presidente não executivo da empresa de biotecnologia até integrar a equipa de George W. Bush. Também o ex-secretário de Estado George Shultz trabalhou na Gilead mais de uma década e será atualmente um “diretor emérito” da empresa. E a mulher do ex-governador da Califórnia Pete Wilson integra o comité de governação da Gilead.

 

 
Em Dezembro do ano passado, numa edição virada para a eleição das grandes questões que marcariam 2015, o “New York Times” apontava o desenvolvimento do mercado de biotecnologia e dos medicamentos inovadores como um dos temas fundamentais a ter atenção este ano. Não foi preciso esperar o fim do primeiro mês para a bomba explodir um pouco por todo o lado.

 

 

 

Christiana Martins