Macau sobe ao quarto lugar do ranking mundial da riqueza ‘per capita’

Com um Produto Interno Bruto (PIB) ‘per capita’ de 66 928 euros em 2013, Macau bateu a Suíça, num “ranking” liderado pelo Luxemburgo, Noruega e Qatar.

 
Apesar de os dados do Banco Mundial, citados hoje pelo Financial Times, diferirem dos publicados pelos Serviços de Estatística Censos de Macau – que fixa o PIB ‘per capita’ em 63 947 euros -, Macau ultrapassaria ainda assim a Suíça, cuja riqueza ‘per capita’ foi estimada em 58 982 euros.

 
Em 2012, Macau figurava no sexto posto da lista do Banco Mundial, a seguir às Bermudas e à Suíça. O crescimento da economia de Macau, com subidas a dois dígitos, tem sido impulsionado pelo cada vez maior fluxo de turistas oriundos do interior da China, também principal ‘fonte’ de jogadores dos atuais 35 casinos do território, cujo PIB ‘per capita’ registou um aumento de 7,4% face a 2012.

 

Macau sobe ao quarto lugar do ranking mundial da riqueza ‘per capita’1

 
O setor do jogo em Macau encerrou 2013 com receitas brutas totais de 32 897 milhões de euros, ou seja, sete vezes mais do que Las Vegas, ano em que o pequeno território, com uma população estimada em 614 500 habitantes, recebeu aproximadamente 30 milhões de turistas.

 
Macau é uma Região Administrativa Especial da República Popular da China e o único local do país onde o jogo em casino é legal.

 
Embora com uma taxa de desemprego de 1,7% – um dos níveis mais baixo de sempre -, Macau tem manifestado a sua intenção de partilhar a riqueza, por via de mais diversos subsídios e de outras comparticipações pecuniárias, como da fatura da eletricidade, distribuindo, além disso, dinheiro pela população, independentemente dos rendimentos, numa medida lançada a título provisório, em 2008, mas que tem vindo a ser implementada numa base anual, havendo apenas uma diferença no valor atribuído relativamente aos residentes permanentes e aos não permanentes (que vivem há menos de sete anos no território).

 
Contudo, e não obstante os mais diversos apoios, seja para a criação do primeiro negócio ou de incentivo à formação contínua, nem toda a população tem a perceção de que realmente está a colher os frutos da riqueza. A falta de habitação pública, por exemplo, é tema recorrente nomeadamente na Assembleia Legislativa.

 
Segundo as previsões de analistas, a economia de Macau – que continua fortemente dependente do jogo não obstante o desejo de a diversificar – continuará a registar um firme crescimento, uma vez que no Cotai – zona de casinos entre as ilhas da Taipa e de Coloane – estão a ser construídos mais complexos com espaços de jogo.

 
Com as novas ou alargadas redes ferroviárias nas províncias vizinhas e a abertura, prevista para 2017, da ponte Macau-Zhuhai-Hong Kong, que será a mais extensa do mundo, a encurtar distâncias, as perspetivas são ainda mais animadoras, de acordo com analistas que também estão de olhos postos no desenvolvimento da vizinha Ilha da Montanha, com o triplo da área de Macau, considerada como a terceira área estratégica da China no âmbito da sua política de reforma e abertura, depois de Pudong, em Xangai, e Binhai, em Tianjin.

 
Mas, em paralelo, pairam no ar sinais apontando para um abrandamento, após as receitas dos casinos terem caído em junho, pela primeira vez em cinco anos, em termos anuais homólogos.

 
A descida (de 3,7%) foi atribuída à polémica em torno do controlo do uso dos cartões da Union Pay – o maior operador chinês – após a descoberta de transações ilegais, por via de um esquema que permite ultrapassar o limite de 20.000 yuan por dia (2.350 euros) que os visitantes da China continental podem transportar para a Região Administrativa Especial Macau, uma quantia considerada pequena para as apostas que se fazem nos casinos locais.

 
As informações de um maior controlo ao uso dos terminais da Union Pay levou, inclusive, a quedas nas acções das operadoras de jogo de Macau cotadas na Bolsa de Hong Kong, mas, de acordo com analistas, é difícil prever a evolução nos próximos meses.

 
Isto porque os analistas incluem no conjunto de fatores que poderão ter potenciado o recuo das receitas o Mundial 2014, considerando que as apostas em jogos de futebol desviaram as atenções dos jogadores, bem como ao abrandamento da economia na China e até à campanha anti-corrupção do Presidente chinês, Xi Jinping.

 

 

Lusa – 02/03/2015

 

 

 

Uma Roma À Parte

O Hotel Indigo Rome – St. George está rodeado de atrações que não vêm nos guias.

Uma Roma À Parte1
Assume-se como a rua mais bela de Roma e como um expoente máximo do período do Renascimento Italiano. Nalguns painéis promocionais, é mesmo descrita como a grande estrada da arte antiga e da arte moderna. Lado a lado com galerias de arte, cabeleireiros trendy e antiquários, convivem tranquilamente momentos e símbolos de outros tempos, como é o caso da Fonte del Mascherone, da Igreja de Santa Catarina de Siena, do Arco Farnese, da Piazza della Moretta, da Prisão Nova e da deslumbrante Igreja de San Giovanni dei Fiorentini.

 

Uma Roma À Parte3
Na Via Giulia, uma das mais antigas ruas da capital italiana, onde foi deselvolvido um dos mais importantes projetos urbanísticos da chamada Roma Renascentista, no meio de edifícios e de muros altos cobertos com era, localiza-se o Hotel Indigo Rome – St. George, um boutique hotel de cinco estrelas de decoração urbana e contemporânea, repleto de colorias fotografias que homenageiam a cidade e uma das mais emblemáticas marcas de automóveis do país, a Fiat. Os seus 64 quartos estão decorados com painéis e com quadros com fotografias de carros junto a alguns dos seus mais icónicos monumentos.

 

Uma Roma À Parte2
Afastada das artérias mais mediáticas da cidade e situada numa zona tranquila e pouco devassada por excursões de turistas de telemóveis e máquinas fotográficas em punho, esta unidade hoteleira, localizada nos arredores da cidade do Vaticano, do Castelo de Santo Ângelo e de algumas das mais emblemáticas praças italianas, como a deslumbrante Piazza Navona e o animado Campo de’Fiori, está no local perfeito para usufruir da cidade com toda uma outra tranquilidade, como se fosse um mundo à parte num centro estratégico de uma metrópole que, também, nunca para.

 
Modernidade e pormenores renascentistas convivem em simbiose. O Hotel Indigo Rome – St. George aposta num design atual que, contudo, não menospreza o passado para criar um ambiente acolhedor, intimista e sofisticado, onde o soalho do chão não choca com o piso e as paredes em mármore de travertino nem com os candeeiros e muito menos com os sofás mais atuais que contrastam com a efigie em madeira da Madonna delle Grazie que decora a fachada exterior do edifício do século XVIII.

 
Pormenores estéticos que fazem a diferença

 
Os painéis de grandes dimensões com imagens de figuras, monumentos e modelos da Fiat antigos que surgem por cima das cabeceiras das confortáveis camas king size não se limitam aos quartos. Também decoram as casas de banho do Hotel Indigo Rome – St. George. Mas é na divisão principal que se concentram os pormenores estéticos, como os coloridos tampos das mesas de cabeceira, da cor da moldura de madeira colocada à volta do ecrã de plasma, que se conjugam com uma secretária de vidro de linhas direitas e candeeiros urbanos.

 
Alguns dos quartos dos pisos mais altos têm uma pequena varanda para as traseiras do hotel, equipada com uma mesa com cadeiras e uma convidável espreguiçadeira. Um espaço que garante uma verdadeira experiência sensorial na época em que as flores do terraço superior do hotel florescem e exalam um cheiro capaz de nos transportar ao céu. Nos dias de maior vento, algumas delas chegam mesmo a cair, criando um manto branco na entrada exterior do quarto. Mas a verdadeira beleza italiana não se fica por aqui.
Ao lado da receção e do grande relógio que esta exibe, decorada com candelabros contemporâneos e com um moderno móvel branco com apontamentos azuis e efeitos geométricos, a sala da biblioteca, onde além de livros também encontra muitas revistas, é uma das mais belas do hotel. Com lareira, grandes sofás e cadeirões, é o cenário perfeito para um momento de descontração depois do regresso de um extenuante dia de visita aos principais monumentos da cidade.

 
Se preferir, pode também fazê-lo do terraço localizado no último andar do hotel, o sexto, onde também funciona um bar (e um restaurante nos meses de verão) e onde tem uma surpreendente vista para o topo de alguns dos mais antigos edifícios da cidade. Além da cúpula da Basílica de São Pedro, consegue avistar-se facilmente o Castelo de Santo Ângelo, alguns palácios e até a parte mais superior do monumento nacional dedicado ao rei Vítor Emanuel II de Itália, uma imponente construção a que muitos chamam Altar da Pátria, embora também haja quem a apelide de bolo de noiva por causa da sua cor e do seu formato.

 
Refeições com vista para a cidade

 

Os pequenos-almoços são servidos no restaurante do hotel, que dá para um pátio interior com um pequeno jardim, com uma cascata e um pequeno lago, onde funciona uma esplanada, que é aquecida nos dias mais frios. As cadeiras estão decoradas com coloridas almofadas. A variedade não é das maiores mas os croissants são absolutamente deliciosos e estaladiços e tem ainda à disposição frutose pura para adoçar as bebidas quentes, um dos pormenores distintivos que fazem a diferença.

 

Tal como nas restantes áreas da unidade hoteleira, a decoração do restaurante, que faz ligação com o bar, é cuidada, misturando sofás e cadeiras de várias cores com tecidos com um padrão quadriculado em tons de branco e lilás. A lista de especialidade que lá pode degustar privilegiam os ingredientes da região, como é o caso do salmão fumado servido com salada de rúcula e pão de Genzano ou o queijo mozarela da Lázio apresentado com tomate e basílico fresco do mercado de Campo de’Fiori. Fettuccine com ameijoas perfumadas com limão das colinas romanas é outra das propostas do chef.

 
Para alimentar a alma, uma atividade tão imprescindível como a de dar de comer ao estômago, o Spa St. George é o espaço perfeito. Neste templo de bem-estar, que vai beber à tradição antiga da cidade, pode experimentar o verdadeiro banho romano, que inclui hidromassagem, sauna e banho turco a qualquer hora. Existem, inclusivamente, programas nocturnos que pode reservar para grupos de duas a 15 pessoas. Mas também tem à sua disposição massagens relaxantes, tratamentos energizantes e programas completos de embelezamento e de descontração.

 

Uma Roma À Parte5

 
As atrações imperdíveis

 

Além das galerias de arte e dos monumentos menos mediáticos que encontra nas ruas que circundam o centro histórico de Roma nas imediações da Via Giulia, a localização do Hotel Indigo Rome – St. George possibilita que aceda rapidamente não só às principais atrações turísticas da chamada Cidade Eterna como também aos principais focos de interesse do Vaticano, como é o caso da Basílica de São Pedro e da famosa e deslumbrante Capela Sistina. Para ver o Papa, não perca a cerimónia da oração do Angelus, que decorre na Praça de São Pedro todos os domingos ao meio dia.

 

 

Uma Roma À Parte4

 

Como Roma é uma cidade que se percorre facilmente a pé, depois do Vaticano pode seguir em direção ao Castelo de Santo Ângelo, um castelo em forma de bolo de aniversário, também conhecido como Mausoléu de Adriano, localizado numa das margens do Rio Tibre. Construída sobre um antigo estádio romano, a animada e sempre agitada Piazza Navona é outro dos pontos de passagem obrigatórios e não fica muito longe do Panteão. Também conhecido como Panteão de Agripa, é o único edifício construído na época greco-romana que atualmente ainda se encontra em perfeito estado de conservação.

 

Apesar de estar menos bem preservado, o Coliseu de Roma continua a ser um dos momentos mais visitados da cidade, tal como a emblemática Fontana di Trevi, imortalizada pela atriz Anita Ekberg no filme «La Dolce Vita» de Federico Fellini. A Piazza di Spagna, a Piazza del Popolo e as igrejas de Santa Maria Maggiore e San Giovanni in Laterano são, a par da luxuosa Via Veneto e da concorrida Via del Corso, outros dos pontos a incluir no seu roteiro turístico. Os jardins da Villa Borghese também merecem uma visita.

 

 

SABER VIVER – SAPO VIAGENS E TURISMO
Texto: Luis Batista Gonçalves

 

Volta Ao Mundo Em Locais Sagrados

Espaços que proporcionam experiências únicas para turistas ousados e aventureiros (fotos)

 

Existem locais e experiências que atraem multidões. Apesar de ter registado sempre uma grande procura, nas últimas décadas o turismo de cariz religioso e espiritual conseguiu mobilizar um crescente número de turistas. Pessoas que estão dispostas a percorrer grandes distâncias para observar sítios e construções com significados e simbologias muito próprias. Muitos não hesitam mesmo em ir a pé para chegar aos de mais difícil acesso. Estes são alguns dos locais mais procurados por este tipo de viajantes:

 

 

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– Mosteiro de Jokhang em Lassa e Monte Kailash no Tibete

 
Construído no ano 647, o mosteiro de Jokhang, na capital tibetana, é o coração espiritual da cidade e tido como o mais sagrado dos mosteiros budistas. Diariamente, centenas de peregrinos confluem para aqui, prostrando-se no chão. Jokhang, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO, acolhe o Festival da Oração Monlam, que junta centenas de monges de outros mosteiros budistas. O monte Kailash, a 6638 metros de altura na cordilheira dos Himalaias, é outro local de culto no Tibete.

 

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Para os budistas é o centro do universo, para os hindus a morada de Shiva, mas jainistas e bönpos também o veneram. Todos os anos é visitado por milhares de peregrinos que fazem a pé os 52 km que circunscrevem o monte. Budistas e hindus percorrem o caminho no sentido dos ponteiros do relógio, jainistas e bönpos no sentido inverso. Alguns peregrinos defendem que o caminho deve ser feito num só dia mas, por norma, dura três.

 

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A época do Festival de Oração Monlam, que decorre entre o quarto e o décimo-primeiro dia do calendário tibetano é uma das alturas para visitar o Mosteiro de Jokhang. Quanto ao Monte Kailash, a melhor altura para ir é entre maio e setembro. A escalada ao cume da montanha é, no entanto, interdita nas quatro religiões que o veneram, pelo que terá de o observar a partir da sua base.

 

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– Lalibela na Etiópia

 
A 640 quilómetros de Addis-Abbeba, a 1500 metros de altitude, fica Lalibela, também chamada Jerusalém do Deserto. São 11 igrejas e um mosteiro escavados na rocha, construídos nos séculos XII e XIII a mando do rei Lalibela, com o objetivo de ali erguer uma nova Jerusalém. Como os edifícios foram escavados na rocha, a construção começou, literalmente, pelo telhado. O mais famoso dos edifícios é o templo dedicado a São Jorge, em forma de cruz grega, mas todo o local foi considerado património da Humanidade pela UNESCO.

 
É a fé, mais do que a importância histórico-cultural que, todos os anos, leva milhares de peregrinos cristãos ortodoxos a Lalibella. Fazem quilómetros a pé, muitas vezes descalços ou às costas de um burro, envergando um longo xaile branco (o gabi) e um turbante. Nas proximidades, mulheres que querem ter filhos e não conseguem engravidar e doentes mentais são mergulhados numa espécie de poço, na esperança de encontrar uma cura para os seus males.

 
O alojamento é feito pelos locais que garantem guarida e alimentação. O período do Natal ortodoxo, a 7 de janeiro, é a melhor altura para visitar este local. Na sua bagagem não se esqueça de incluir um bastão, pensos para as bolhas e algo para espantar as moscas, que chegam a ser muito incómodas e irritantes.

 

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– Festas do Monte Carmel em Saut d’Eau no Haiti

 
Reza a lenda que, no século XIX, no Haiti, Nossa Senhora do Carmo apareceu a um camponês sobre uma palmeira, junto a uma cascata, a cerca de 60 quilómetros de Port-au-Prince. Mais tarde, temendo que à volta do local se multiplicassem as superstições, um padre francês mandou cortar a árvore, mas isso não impediu que, em pouco tempo, esta se tornasse no principal local de romagem para os haitianos.

 
Desde então, todos os anos, entre 14 e 16 de julho, milhares de haitianos dirigem-se a pé, de mota, de transportes públicos ou em viatura própria para as festas da Nossa Senhora do Carmo e também para venerar Erzulie, uma divindade feminina haitiana, numa cerimónia que mistura o sincretismo católico e o vudu. Os peregrinos, que friccionam o corpo com perfumes e ervas e mergulham em roupa interior sob a queda de água, vêm pedir fertilidade e a cura para doenças.

 

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– Hajj em Meca na Arábia Saudita

 
O hajj, a peregrinação a Meca, é um dos cinco pilares do Islão e é a maior concentração de carácter religioso no mundo. É suposto que todos os muçulmanos, com condições físicas e financeiras para viajar até Meca, cumpram o hajj pelo menos uma vez na vida. A sua decisão não pode prejudicar ninguém, pelo que os peregrinos devem acautelar a situação de familiares que dependam de si. Se a viagem for prejudicial para alguém o hajj é invalidado.Por norma, a primeira parte da viagem é feita de avião, seguindo-se depois um percurso a pé.

 
Ao aproximarem-se de Meca os peregrinos entram no estado ihram. Usam roupas brancas não cosidas, não podem cortar o cabelo ou as unhas, manter relações sexuais, contrair matrimónio ou envolver-se em lutas. À chegada à grande mesquita de Meca, os peregrinos dão sete voltas à Kaaba (o grande cubo coberto por um pano negro), no sentido inverso ao dos ponteiros do relógio e seguem depois para Mina, onde acampam e passam a noite. O dia seguinte é passado no chamado Monte Arafat (que é, de facto, uma planície), a rezar e a ler o Corão.

 
Muitos peregrinos aproveitam a viagem para visitar Medina, onde está o túmulo de Maomé. A melhor altura para ir é nos primeiros dias do décimo-segundo mês do calendário islâmico. Tenha, todavia, em conta que só os muçulmanos podem participar no hajj. O acesso de não muçulmanos a Meca é muito condicionado.

 

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– Caminho huichol em Wirikuta no México

 
A comunidade huichol, no estado de San Luis Potosí, no México, procede à apanha ritual do cacto peyote de dois em dois anos, entre outubro e março. É aos jicareros, os guardiões da tradição, que cabe fixar a data certa em que milhares de pessoas seguirão em jejum, primeiro, de autocarro, e, depois, por mais 100 quilómetros a pé, até ao território sagrado de Wirikuta, nos arredores de Real Catorce. Ali, os peregrinos, seguidores do rito wixarica, aguardam que o grupo de caçadores detete uma camurça (sinal da presença do espírito hikuri) e lancem as suas flechas.

 
É este o sinal para o início da colheita do cacto alucinogénio. Depois do jejum prolongado, o consumo do peyote (que só o povo huichol tem autorização para colher em Wirikuta) provoca sonhos e alucinações. Esta é uma tradição cada vez mais ameaçada, que um número de inteletuais mexicanos tem vindo a defender e apoiar. O período entre outubro a março é o melhor para o visitar. Tenha também presente que só os huichol podem colher o peyote em Wirikuta. A mochila deve incluir velas, cabaças, plumas e flechas.

 

 

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– Khumba Mela em Haridwar, Allahabad, Nashik e Ujjain, na Índia

 
Aquela que é a maior peregrinação de massas hindu é também considerada a maior reunião pacífica à escala mundial. De quatro em quatro anos, alternadamente nas cidades indianas de Haridwar, Allahabad, Nashik e Ujjain tem lugar uma peregrinação que dura cerca de mês e meio e durante a qual milhões de peregrinos tomam parte num banho ritual. Haridwar é banhada pelo Ganges, Allahabad fica na confluência do Ganges com os rios Yamuna e Saraswati, Nashik está nas margens do Godawari e Ujjain nas do Shipra.

 
É para estas águas que confluem os fiéis que, durante a peregrinação, também alimentam os pobres e os homens santos. Entre janeiro e março de 2013, 100 milhões de pessoas dirigiram-se a Haridwar. A próxima Khumba Mela começa a 14 de julho de 2015 e desta vez terá lugar em Nashik.

 

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– Ilha de Shikoku no Japão

 
A rota dos 88 templos, na ilha de Shikoku, no Japão, é hoje uma das mais importantes peregrinações para budistas e xintoístas. O caminho desenrola-se ao longo de 1400 quilómetros de relevo acidentado e vegetação frondosa e, se for feito a pé, pode levar entre dois a três meses a cumprir. Tem mais de 100 mil visitantes por ano, que procuram seguir os passos do monge Kukai, nascido na ilha no século VIII, um poeta e mestre de caligrafia, criador da primeira escola livre no Japão.

 

 

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Aos 88 templos oficiais, juntam-se outros 20 secundários, num total de 108. O percurso segue o sentido dos ponteiros do relógio e começa em Tokushima, no leste da ilha. Os peregrinos usam camisas brancas e chapéus de palha cónicos, a que juntam um bastão com um pequeno sino, no qual está inscrito dois companheiros de caminho (sinal de que o peregrino é acompanhado por Kukai) e um saquinho de pano com orações.

 
À chegada a cada templo toca-se o sino, recitam-se textos sagrados, cantam-se mantras, medita-se e termina-se com uma oferenda. A pé, de bicicleta, de mota ou de autocarro são os melhores meios para lá chegar. Os mais corajosos, após o fim o percurso, voltam para trás, no sentido inverso. É costume local oferecer comida, água e sal aos peregrinos, como oferenda a Kukai, por isso é ofensivo recusar as ofertas.

 

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– Santiago de Compostela em Espanha

 
A visita ao túmulo do apóstolo Santiago Maior marca o fim da peregrinação a Santiago de Compostela. Para lá chegar, os peregrinos percorrem centenas de quilómetros a pé, a cavalo ou de bicicleta. Mas há quem chegue em autocarros de turismo. Aquela que é a principal peregrinação europeia teve início no século IX, mas há quem defenda que os seus caminhos retomaram o itinerário seguido pelos ritos pagãos cujo término era mais a norte, no cabo Finisterra.

 
Depois de alguns anos de esquecimento, a partir dos anos 80 o Caminho de Santiago ganhou nova popularidade e, hoje, o número anual de visitantes ronda os 300 mil. Para aqueles que percorrem os últimos 100 quilómetros a pé, a Oficina do Peregrino da Catedral de Santiago emite uma Compostela. No final de 2011 o número total de Compostelas emitido foi de 183 mil, em 1989 não ultrapassavam as 5760.

 
No Ano Santo Jacobeo (sempre que 25 de julho calha a um domingo, o próximo é em 2021) são outorgadas indulgências a todos os fiéis que visitem a catedral, rezem uma oração pelo Papa e se confessem e comunguem nos 15 dias anteriores ou posteriores à visita à catedral de Santiago de Compostela. 25 de julho é uma das melhores datas para visitar o local. Pensos e creme para as bolhas, para quem vai a pé, são fundamentais na bagagem.

 

 

 

 

SABER VIVER – SAPO VIAGENS E TURISMO
Texto: Susana Torrão com Francisco Mora (diretor do departamento de turismo religioso da Geotur)

 

 

 

Muitas Razões para visitar o Panamá

É um dos destinos que estão longe de figurar no topo de prioridades dos portugueses mas quem visita este país regressa completamente rendido. Saiba porquê!

 

 

A CNN elegeu o Panamá como um dos países a visitar em 2014 e motivos não faltam. A natureza exuberante, os séculos de história, as praias magníficas e um dos canais mais famosos do mundo que comemora este ano o seu centenário. Mas há mais… O Panamá tem areais fantásticos, florestas densas e luxuriantes, tribos indígenas que preservam as tradições, uma capital cosmopolita que não esconde o seu passado colonial e um património com o selo da UNESCO.

 

 

Localizado entre dois oceanos, o Atlântico e o Pacífico, deu nome ao canal que os une e cuja construção, há 100 anos, foi um marco no incremento do comércio internacional. Mas, se precisa de mais razões para o escolher como destino de férias, damos-lhe mais uma. A TAP tem, desde meados deste ano, um novo voo que liga Lisboa à Cidade do Panamá, o que facilita o acesso a este destino de descoberta.

 

 
A Cidade do Panamá divide-se em duas, a moderna e a colonial. A primeira é o centro financeiro do país e é dominada pelos hotéis de luxo, lojas de grandes marcas, empresas que habitam os vários arranha-céus que a caracterizam, entre os quais os famosos Ocean Two, Trump Ocean Club e La Torre Vitri. Percorrendo a Cinta Costera, uma zona conquistada ao mar junto à Baía do Panamá, onde é possível praticar todos os tipos de desportos, chega-se à segunda face da cidade a que nos traz à memória o passado colonial.

 

 
O Casco Antiguo, também conhecido como Panamá La Vieja, é o que sobra da primeira cidade espanhola da América Latina edificada no século XVI pelos espanhois. Apesar de ter sido saqueada e incendiada várias vezes, o conjunto arqueológico deixa ver as ruínas da catedral, sete conventos, hospital e a Torre do Panamá. A restante zona histórica data do século XVII e preserva a arquitetura dessa altura, da qual se destaca a Catedral Metropolitana de Santa Maria La Antigua.

 

 
Novas e velhas atrações turísticas

 

 
São também imperdíveis as igrejas de San Felipe Neru, San Francisco de Asís e San José, o Museu do Canal e o Teatro Nacional. É nesta zona que se encontram inúmeras lojas de artesanato, de joalharia, galerias de arte, restaurantes e bares e se pode sentir o vibrar da cidade. A grande novidade da Cidade do Panamá em 2014 é, no entanto, o Biomuseo.

 

 
Este espaço museológico mostra como surgiu o istmo do Panamá, que uniu dois continentes e separou o oceano em dois, Atlântico e Pacífico, mudando a biodiversidade do planeta. O edifício é da autoria do conceituado arquiteto norte-americano Frank Ghery e tem oito galerias para a exposição permanente, que combina arte e ciência, mas também espaços para mostras temporárias. É um museu interactivo e dele tem-se vista para a cidade.

 

 

O Canal do Panamá e as fortificações históricas

 
A apenas 10 quilómetros da capital, encontra-se uma das maravilhas mundiais da engenharia, o Canal do Panamá, que vê passar anualmente 14 mil barcos. O canal, que liga o oceano Atlântico ao Pacífico, está a sofrer obras de melhoramento que só terminam no próximo ano, o que revela a importância que ainda hoje tem para o mundo. Nas eclusas de Miraflores e no Museu do Canal percebe-se o funcionamento desta via e a sua relevância para o comércio mundial.

 
A presença espanhola no país deixou muitas raízes e as fortificações da costa caribenha são um exemplo disso. O castelo de San Lorenzo, que ainda preserva as muralhas e os canhões do século XVII, é uma delas. Para lá chegar, tem de se passar pela selva tropical, uma experiência incrível.

 
O conjunto Monumental de Portobelo, do século XVIII, é outra dessas heranças. Dominada pelo Castelo de Ferro de San Felipe de Sotomayor, é uma zona onde outrora se comercializava ouro e prata. Ambos são Património da Humanidade pela UNESCO.

 
Vegetação densa

 
Mais de 35% do território do Panamá está integrado em parques nacionais ou reservas naturais. No país, coabitam mais de 800 espécies de aves, 220 mamíferos, 240 répteis e mais de 10 mil espécies de plantas. O parque La Amistad, partilhado pelo Panamá e pela Costa Rica, tem uma biodiversidade enorme e é palco de inúmeras actividades para quem gosta de aventura, desde canoagem a caminhadas pelos trilhos ou, simplesmente, a pesca.

 
Possui uma área de 207 mil hectares de selva tropical e de bosques densos. Já na fronteira com a Colômbia, as atenções viram-se para o Darién, o maior parque do país com 579 mil hectares de selva, pântanos e bosques tropicais. O parque Nacional de Coiba e a Reserva Marinha são também imperdíveis. É composto pela ilha de Coiba e mais 38 ilhas, além da área marítima. Aqui co-habitam golfinhos, baleias, macacos, aves e existe um dos mais raros corais do Oceano Pacífico.

 
Praias maravilhosas

 
Com uma costa de 2850 quilómetros e 1800 ilhas, praias é algo que não falta no Panamá. Na costa de Colón, no Caribe, o nome a fixar é Bocas del Toro, zona de inúmeras praias, recifes e peixes coloridos. Na costa do Pacífico, destaca-se um cordão de 19 praias, que competem pelo título da mais bonita do país, que mudará consoante a opinião de cada visitante. Para desfrutar de um autêntico dolce fare niente, as melhores são as do Coronado, Farallón, Blanca, Islas Secas, Isla Taboga e Playas de Chiquiri.

 
Já para a prática de desportos aquáticos, a escolha deve recair em Punta Charme, Malibu, Santa Clara, Isla Iguana e Venao. O Parque Nacional de Coiba e o Arquipélago de Las Perlas, com 200 ilhas (as mais conhecidas são a Isla del Rey, San José e Contadora) são outros dos locais paradisíacos para os amantes do mar e de areais com muito espaço para estender a toalha e desfrutar da natureza.

 
Gastronomia

 
A cozinha do Panamá é crioula e, à semelhança do que acontece com vários países do Caribe, nota-se a influência espanhola, indígena, africana e até asiática. Os pratos mais conhecidos são o sanchocho (ensopado de galinha), ropa vieja com carne de frango e molho de tomate, corvina à la guillo, camarões à crioula, arroz com coco e peixe. Quanto aos doces, o mais panamiano é o suripico, feito com leite azedo e nance, um fruto típico. Do outro lado do mundo, o Panamá é um país que vive tranquilo, apesar de oprimido entre dois oceanos.

 
Um país mestiço

 
A população do Panamá é maioritariamente mestiça e caucasiana, mas entre cinco a oito por cento é indígena. Ao todo há sete tribos que ainda hoje têm um governo próprio e mantêm viva a sua cultura. Os guna (que vivem no arquipélago de San Blas), os emberá (que habitam as margens do rio Chagres) e os wounaan (da selva Darién) permitem que os turistas visitem as suas comunidades. É mesmo possível ficar alojado com eles e partilhar os seus costumes. Uma experiência inesquecível.

 
Guia de Viagem

 
A TAP voa de Lisboa para o Panamá, via Bogotá, às segundas, terças, quintas e sábados, desde 1.000 €. Para chegar ao centro da Cidade do Panamá vindo do aeroporto de Tocumen, pode apanhar um táxi turístico que custa 18 € (para duas pessoas) ou um autocarro público que custa 0,18 €. A moeda corrente é o balboa panamiano, que equivale a 0,73 €.

 
A língua oficial deste país é o espanhol. Aos turistas que cheguem ao país pelo Aeroporto Internacional de Tocumen, próximo da Cidade do Panamá, o país oferece um seguro de saúde gratuito durante os primeiros 30 dias de estadia no país.

 
Onde ficar

 
No centro da cidade, num parque natural ou por cima do mar. Há três opções à sua escolha:

 
– O American Trade Hotel está localizado no Casco Viejo, na parte histórica da capital e é ideal para visitar toda aquela zona a pé. O edifício foi construído em 1917 para ser um banco e a sua transformação em hotel foi irrepreensível. Preços a partir de 140 € por noite.

 
– O Canopy Camp é um ecolodge situado no Parque Nacional de Darién, ideal para quem vai ao Panamá para estar em contacto com a natureza. Tem apenas oito tendas estilo safari, todas com casa de banho privada e um deck com espreguiçadeiras. A sala de estar e a de refeições é comum. O pack de sete noites com refeições e visitas guiadas tem um valor a partir de 1.600 €.

 
– No Punta Caracolaqua Lodge pode mergulhar diretamente da sua cabana para um mar cristalino, por sinal o Mar das Caraíbas. Uma das vantagens deste lodge que tem princípios ecológicos de forma preservar o fantástico ambiente onde está inserido e onde tudo foi, por exemplo, construído com matérias-primas locais. Cada noite pode custar a partir de 243 €.

 

 

SABER VIVER – SAPO VIAGENS E TURISMO
Texto: Rita Caetano
Foto: Autoridade do Turismo do Panamá

 

A Maior Coleção de Plantas Vivas do Mundo está em Londres

Somam já mais de 250 anos e são considerados um dos mais mais jardins do mundo. Na capital britânica, os Kew Gardens surpreendem pelos tons de verde que contrastam com o tom acinzentado da maioria dos dias.

 

O interior da sua estufa, quente e húmido como nos trópicos, é um festival de perfeição, de imaginação e de cor, um regalo para os olhos que não deixa nenhum apreciador de espécies botânicas e de jardins indiferente. Londres, sobretudo nos meses mais frios, é invariavelmente cinzento, frio e chuvoso. Quando acordei naquela sexta-feira e espreitei pela janela, o dia anunciava-se exactamente como previsto, um drizzle tipicamente britânico, céu plúmbeo, gente atafulhada em cachecois, luvas e guardas chuvas.

 

Nada de novo, portanto. Como já não tinha afazeres profissionais, não havia grandes exposições para ver, nem tinha vontade de ir às compras, resolvi explorar o The Times e ver se alguma atividade diferente me despertava a vontade de sair. Encontrei, claro! Nos Kew Gardens, havia uma exposição de orquídeas chamada «Tropical Extravaganza». Não há como os ingleses para fazerem fintas ao inverno e este programa parecia-me deveras atrativo.

 

Embrulhei-me em lãs e lá fui a caminho do metro em direcção a Kew, a melhor maneira de lá chegar, já que, embora longe do centro, não se demora mais de 45 minutos, mesmo com uma mudança de linha. Já não ia a Kew Gardens há uns anos e devo confessar que nunca lá fui em pleno inverno. É um dos jardins e parques mais famosos do mundo, com 121 hectares de área e que não se visita todo num só dia. Tem a maior coleção de plantas vivas do mundo. Ao todo, são mais de 30 mil, todas diferentes. O seu herbário conta ainta com sete milhões de espécies.

 

Inicialmente um jardim de plantas exóticas, Kew Gardens foi sendo sucessivamente aumentado e enriquecido com novas estruturas arquitectónicas e colecções de plantas até alcançar, em 1840, o estatuto de jardim botânico. Em 1844, foi construída a Palm House, a primeira estrutura de ferro e vidro em grande escala, e, mais para os finais do século XIX, a Temperate House com o dobro do tamanho, que ainda hoje é a maior estufa victoriana do mundo.

 

 

A estufa que Lady Di apadrinhou
As estufas sempre me fascinaram por criarem um mundo dentro do nosso mundo, onde se pode viver uma experiência de temperaturas, humidades e paisagens com características completamente diferentes das que habitualmente nos rodeiam. Neste aspeto, Kew Gardens são uma festa. Às duas estufas atrás descritas, juntou-se, em 1987, uma terceira, a Princess of Wales Conservatory, inaugurada pela própria Lady Di, com 10 zonas micro-climáticas reguladas por computador. A «Tropical Extravaganza», a exposição que eu procurava, era ali.

 

Saída da estação de Kew Gardens, avancei debaixo de chuva em direção ao objetivo, dizendo com os meus botões que era doida, que ninguém ia visitar um jardim ou mesmo uma exposição num jardim, num dia como aquele. Os Kew Gardens são grandes e ainda se tem que andar um pouco para chegar à Princess of Wales. No entanto, chegada à porta, passou-me logo o mau humor. O interior da estufa, quente e húmido como nos trópicos, era um festival de perfeição, de imaginação e de cor, um regalo para os olhos.

 
Horas e horas a observar plantas

 
Em plena Londres, anthuriums, tillandsias e aechmeas, conviviam lado a lado com dendrobiums, epidendrums, cymbidiums, paphiopedilums, vandas e, claro, as inevitáveis phalaenopsis. De um momento para o outro, senti-me transportada para o Jardim Botânico de Singapura, sobre o qual também já escrevi. Não sei o que mais admirei, se a beleza e a perfeição das plantas expostas, se a forma naturalista como as exibiram… As orquídeas, plantas epífitas, que vivem agarradas às árvores no seu ambiente natural, apresentavam-se assim mesmo.

 

 

Penduradas, julgo que por sistemas sofisticadíssimos, em ramos e estrategicamente colocadas… Do meio de um lago, surgiam estruturas redondas completamente cobertas de flores. À esquerda e, à direita, árvores de floresta tropical carregadas de orquídeas escondiam as paredes de vidro da estufa e o tempo invernoso do exterior. À minha volta, algumas dezenas de britânicos fotografavam extasiados aquele bónus de luz, calor e cor que lhes interrompia o inverno.

 

 

É claro que este tipo de mostras têm sempre o seu lado kitsh e artificial e, aqui e ali, lá aparecia um arquinho forrado de antúrios que destoava do conjunto. Mas perdoa-se, e a verdade é que a «Tropical Extravaganza» mereceu a viagem, o frio, a chuva e o céu de chumbo. Quando saí cá para fora, como por milagre, brilhava um sol tímido, à inglesa, bem diferente do nosso que se apresenta sem nuvens e afirmativo. Foi o suficiente para transformar uma ida à exposição numa deambulação de horas pelo parque, uma visita às outras duas estufas e até um almoço pelo meio.

 

 

Os ingleses, quando fazem estas coisas, fazem-nas bem. E fazem-se pagar £ 13,90, cerca de 16,50 €. E só assim é que se consegue uma mostra de qualidade que, quem vai ver, sente que valeu o preço do bilhete até ao último cêntimo. Por cá, fazemos quase tudo com colaborações, borlas e amizades, com muito boa vontade e improvisação, mas muito pouco profissionalismo e, por isso, exposições de jardins e jardinagem, orquídeas ou camélias, sabem sempre a pobre e a pouco.

 

 

Para quem vá a Londres, vale muito a pena visitar Kew Gardens, para testemunhar um exemplo de boa gestão, boa manutenção e beleza, em condições climatéricas bem mais difíceis que as nossas. Se calhar, é a minha mania do perfecionismo, mas os jardins mal mantidos deixam-me um amargo de boca.

 
JARDINS – SAPO VIAGENS E TURISMO
Texto: Vera Nobre da Costa

 

 

 

Os Surpreendentes Encantos Do Jardim Do Luxemburgo

Mandado construir por uma viúva real italiana em 1612, este parque de inspiração italiana no coração de Paris é um dos jardins mais visitados da capital francesa.

 

 

Os Surpreendentes Encantos Do Jardim Do Luxemburgo2

 

Canteiros floridos, árvores, lagos, espaços lúdicos para as crianças, zona de desportos para adultos e relvados, está lá tudo… O Jardin du Luxembourg, como os franceses lhe chamam, possui também um teatro de marionetes e recantos calmos, com cadeiras para repouso ou leitura, áreas mais animadas para adultos e crianças e alguns quiosques para refeições rápidas. Considerado um dos mais bonitos parques de Paris, o Jardim do Luxemburgo foi criado por iniciativa da rainha Marie de Médicis, mãe do rei Luís XIII, no início do século XVII.

 

 

Os Surpreendentes Encantos Do Jardim Do Luxemburgo3

 

Localizado entre Saint-Germain-des-Près e o Quartier Latin, o bairro latino da cidade, alberga o antigo palácio real, atual sede do Senado desde 1958. Muito apreciado, constitui um dos locais preferidos pelos parisienses para os momentos de lazer, embora seja também muito apreciado pelos turistas que visitam a capital francesa. A história do Jardim do Luxemburgo começa em 1612 quando a rainha adquire a propriedade e manda erguer o Palácio do Luxemburgo, da autoria do arquiteto Salomon de Brosse.

 

 

Os Surpreendentes Encantos Do Jardim Do Luxemburgo4

O edifício foi erguido onde anteriormente existiu um hotel particular pertença de François, duque do Luxemburgo. Aparentemente cansada do Palácio do Louvre, foi este o local eleito pela rainha para matar saudades da sua terra natal, Florença. E, por isso, não é de estranhar que tenha ido beber inspiração aos Jardins Boboli, naquela cidade italiana. Da cidade italiana vieram plantas autóctones e a arquitetura, essa, também tinha que fazer lembrar a dos jardins italianos de Florença.

 

 

Os Surpreendentes Encantos Do Jardim Do Luxemburgo5Os Surpreendentes Encantos Do Jardim Do Luxemburgo10

 

 

 

 

 

 

 
Os muitos atrativos do jardim

 
Ao todo são 25 hectares de parterres empedrados e relvados, onde as estátuas e os enormes tanques de água fazem deste um local único no coração de Paris. O lago frente ao palácio, de grandes proporções, é mesmo um dos locais de eleição dos mais novos que o utilizam sempre que o tempo o permite para exercitarem os seus dotes de pilotos de barcos que com perícia comandam à distância. Estas autênticas regatas em miniatura são um dos numerosos atrativos do parque, todo ele recheado de motivos de visita e de espaços vocacionados para o lazer.

 

 

 

 

 

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Passeios de pónei, ténis e aluguer de barcos são algumas das atividades disponíveis e que prometem tornar a visita num dia inesquecível. Um pomar de macieiras e pereiras, o Teatro de Marionetas, monumentos e estátuas, canteiros com plantas e flores, convivem neste jardim que mais se assemelha a um parque e constituem uma autêntica galeria de arte a céu aberto.

 

 

 

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As esculturas instaladas um pouco por todo o recinto atravessam vários períodos históricos entre os séculos XVI e XIX e sabe-se que os Jardins do Luxemburgo foram local de preferência de alguns escritores que viviam nos arredores, como foi o caso de Baudelaire, Lamartine, Musset, Verlaine, Victor Hugo, George Sand, Balzac, Hemingway e Sartre, apenas para citar os mais conhecidos.

 

 

 

 

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JARDINS – SAPO VIAGENS E TURISMO
Texto: Luís Melo

 

As Belezas Tropicais Do Jardim Botânico Do Rio De Janeiro

Com 138 hectares e cerca de oito mil espécies catalogadas, é um dos 10 mais importantes do mundo. Um verdadeiro regalo para os sentidos descrito por quem nunca se cansa de o visitar.

 

 

As belezas tropicais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro10

 

O Rio de Janeiro continua lindo. Uma deslocação profissional proporcionou-me uma semana de calor no meio do nosso inverno e um mergulho na cidade de encantos mil, agora mais próspera, limpa e arrumada, sem no entanto ter perdido aquele encanto irreverente que a caracteriza. A eterna cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, é uma metrópole que nos convida à preguiça durante o dia e à agitação depois do pôr do sol. De dia, é difícil resistir a beber uma ou mais caipirinhas num dos cafezinhos junto à Vieira Souto e pasmar a ver quem passa, como o faziam Vinicius e Jobim, enquanto comentavam «Olha, que coisa mais linda» à tal garota de Ipanema, num êxito que se tornou global.

 

As belezas tropicais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro3

 

Deambular sem objetivo pela Visconde de Pirajá (nome extraordinário) ou pela Dias Ferreira são outros dos passeios imperdíveis, tal como dar um mergulhinho nas águas do Leblon. O Rio de Janeiro sufoca-nos com o calor e engole-nos para uma espécie de torpor irresponsável, em que o Mundo nos parece mais sensual e divertido. Consegui, porém, resistir à vontade de nada fazer e dediquei um dia inteiro à visita do mítico jardim botânico, de que já tanto tinha ouvido falar. O decreto da sua criação é elaborado em 13 de junho de 1808, a mando de D. João VI, apenas três meses depois de chegar com toda a corte a terras brasileiras.

 

As belezas tropicais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro6

 
Esta pressa de D. João VI em fazer um horto tinha antecedentes. Já desde 1783 que Alexandre Rodrigues Ferreira tinha iniciado, a mando da coroa, as célebres expedições, as famosas viagens filosóficas, para a recolha de novas espécies botânicas, que seguiam depois para estudo nos jardins botânicos de Coimbra e da Ajuda. Buscava-se a aplicação económica das plantas na medicina, alimentação e tecnologia. O local, junto à Lagoa Rodrigo de Freitas, foi escolhido pela sua beleza e abundância de água, fator que levou D. João VI a também mandar construir, mesmo junto ao futuro jardim, uma fábrica de pólvora.

 

 

As belezas tropicais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro9

 
Nessas ruínas, por arte das voltas e contravoltas da história, está atualmente instalado o parque infantil do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Primeiro designado por Real Horto, tendo como o único objetivo a aclimatação das plantas exóticas que poderiam vir a ser úteis, o espaço abre as portas ao público em 1819 e passa a ser também um local de lazer, ostentando a nova designação de Real Jardim Botânico. Desde essa altura, a sua vegetação luxuriante a perder de vista, com uma panóplia surpreendente de verdes e de lagos, já foi admirada por milhões de visitantes.

 

As belezas tropicais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro5

 

Vegetação luxuriante a perder de vista

 

 

Passear pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro é um verdadeiro regalo. O jardim ocupa atualmente uma área de 137 hectares e conta com cerca de 8 mil espécies catalogadas, o que faz dele um dos 10 jardins botânicos mais importantes do mundo. Muito bem mantido, tem o duplo aliciante de oferecer extraordinárias espécies botânicas e de ser um percurso muito bonito, atravessado pelo Rio dos Macacos, com lagos e pequenas cascatas, fontes e estufas. À entrada do jardim, reina, inequivocamente, o busto de D. João VI, esse génio ou louco que deixou Junot no Cais do Sodré literalmente a ver navios quando transferiu toda a corte através do oceano Atlântico até ao Rio de Janeiro, para aí estabelecer a nova capital do império.

 

As belezas tropicais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro1

 

Da impressionante Alameda das Palmeiras Imperiais, a recantos com vistas para o Corcovado, o jardim é muito rico e variado, oferecendo ao visitante um cactário, um canteiro de leguminosas, um orquidário, um bromeliário e um roseiral. A vegetação é luxuriante e agradecida pelo calor e humidade que o clima que o Rio de Janeiro lhe oferece. O nosso olhar europeu, mais habituado a uma vegetação atlântica, não pode deixar de pasmar perante a riqueza, variedade, e, sobretudo, estranheza das espécies, como o Artocarpus heterophylos LAM., que apenas consegui identificar quando consultei o excelente livro «Guia de Árvores notáveis – 200 anos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro», que está à venda na livraria do centro de visitantes do jardim.

 

As belezas tropicais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro2
Nessa noite, fui ver o musical de grande sucesso «Tim Maia – Vale tudo», onde Tiago Abravanel, para celebrar as 500 representações da peça, convidou o público da sala cheia, a dançar e comer um bolo de aniversário no palco. Lá fui viver o «coração do meu Brasil», como diz o poema, esquecendo o cansaço das minhas pernas depois de um dia inteiro a passear pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Voltarei seguramente. Quanto a isso, não tenho a menor das dúvidas.

 

As belezas tropicais do Jardim Botânico do Rio de Janeiro4

 
JARDINS – SAPO VIAGENS E TURISMO

Texto: Vera Nobre da Costa

 

Onze Motivos Para Ir A Omã

Não tem a fama do Dubai mas ganha-lhe em autenticidade. Nos últimos anos, ganhou importância como destino turístico no Médio Oriente.

 

 

Montanhas, praias e desertos. Um trio de peso que faz do Sultanato de Omã uma das tendências do turismo dos últimos anos. O país é constituído por três territórios descontínuos, dois deles encravados nos Emirados Árabes Unidos. Não tem a fama do seu vizinho Dubai nem o número de turistas daquele país. No entanto, ganha-lhe em autenticidade. Prepare-se para ser surpreendido pelo fascínio do Médio Oriente numa nação que tem menos de quatro milhões de habitantes. Estas são as atrações turísticas que quem visita a cidade não pode, de todo, perder:

 

 
1. Oásis e wadis

 

Não há desertos sem oásis e os de Omã são especiais e alimentam as zonas agrícolas do país através das falaj, um sistema de irrigação usado há séculos pelos omanenses e que continua a funcionar hoje em dia. Nos wadi, palavra árabe que significa vale ou leito de rio seco, formam-se piscinas naturais, onde é possível tomar banho e desfrutar da natureza. O mais conhecido é o Wadi Bani Khalid.

 
2. Capital harmoniosa

 
A capital do país é o exemplo máximo de que o passado e o presente convivem saudavelmente neste sultanato. Na cidade, nenhum edifício pode ultrapassar a altura do minarete da mesquita principal e todos eles têm de ter um pormenor da arquitetura tradicional para que nada retire o equilíbrio a Mascate, cujas ruas são limpas, imagine, três vezes por dia e os jardins são cuidados ao pormenor. Um dos edifícios mais emblemáticos da cidade é a Grande Mesquita Sultão Qaboos (na foto), a terceira maior do mundo. Visite também o National Museum , que conta a história do país desde a pré-história aos nossos dias, bem como o Bait Al Zubair, que recria uma aldeia de montanha.

 
3. Fiordes das Arábias

 
Também conhecida como o fiorde das Arábias, Musandam está situada no Estreito de Hormuz, no norte do país. Para lá chegar apanhe um dhow (barco tradicional), para uma viagem inesquecível durante a qual poderá observar a natureza no seu estado mais puro. Grandes escarpas, ilhas em forma de animais, corais, grutas, peixes desconhecidos e aves marinhas são alguns dos elementos que vão passar pelos seus olhos. As praias parecem ser secretas e os rochedos são autênticas varandas para as baías. É um bom local para mergulhadores e amante do snorkeling.

 
4. Bairro vibrante

 
Apesar de em tempos ter sido uma vila à beira-mar, hoje, Mutrah é um dos bairros de Mascate e o mais efervescente, por sinal. O porto de pescadores é pitoresco e o souk, com mais de 200 anos, é um dos mais bonitos do país e o local ideal para comprar as vestes tradicionais, joias, punhais e perfumes, que o inundam de um aroma inesquecível. Ao fim do dia, todos os caminhos vão dar à corniche, a marginal onde a população local vê o sol a pôr-se nas montanhas.

 
5. As origens

 
Nizwa já foi a capital de Omã e, hoje, é a principal cidade da região de A’Dakhiliyah. Está localizada num grande oásis e, como tal, as palmeiras fazem parte da sua paisagem. É conhecida pela fortaleza mas também pelos usos e costumes das suas gentes e, à quarta-feira, há um mercado de animais que é imperdível. Nas redondezas, visite o Castelo de Jabrin e a aldeia de Al Hamra, muito semelhante em termos de arquitetura às povoações do vizinho Yemen. A fortaleza de Bahal foi declarada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO e também merece uma visita.

 
6. Praias virgens

 
Omã tem 1.700 quilómetros de costa com praias e lagoas fantásticas de água quente, quase sempre desertas e muito diversas entre si. Além disso, as temperaturas oscilam entre os 20º C e os 30º C no inverno, enquanto no verão os termómetros atingem os 45º C. É, assim, possível fazer praia todo o ano. Al-Sawadi, Khor Al Sham, Kumzar (ótima para fazer mergulho), Yiti, Raz Al Jinz (uma praia em área protegida, escolhida pelas tartarugas para desovar, atividade à qual pode assistir com um guia) e a Fins Beach são algumas das praias a experimentar demoradamente.

 
7. Fortes seculares

 
A localização estratégica de Omã atraiu os europeus, entre os quais os portugueses, que por ali permaneceram durante um século e meio. Daí que não seja de estranhar que o país tenha vários fortes que mostram a preocupação defensiva dos locais e dos povos que os conquistaram. Em Mascate, os mais conhecidos são Al Jalali, originalmente construído pelos portugueses no século XVI, a par do Al Mirani, que é anterior à presença portuguesa e que ainda hoje guardam o porto e a residência do sultão, o Alam Palace.

 
8. Montanhas de norte a sul

 
São várias as montanhas em Omã. A maior atinge os 3.009 metros e está situada na cordilheira de Al Hajar. Todas elas têm uma paisagem diferente. Há montanhas verdejantes e outras áridas. Em comum têm o facto de serem ótimos locais para a prática de atividades radicais. Em Al Jabal Al Akhdar, também conhecida como Montanha Verde, pode-se, por exemplo, fazer escalada e canyoning. Seiq Al Sheria, Wadi Beni Habib, Al Saqer, Al Manakher, Hil Al Yaman e Al Qasa são algumas das aldeias que pode visitar.

 
9. Dunas do deserto

 
Com dois terços do território ocupado pelo deserto, é natural que este seja uma das metas dos turistas que visitam o país. Vale a pena visitar as aldeias dos nómadas e passar uma noite rodeado pelas areias do deserto no Al Raha Tourism Camp ou no Desert Camp. Em Omã, há dunas que chegam a ter 300 metros de altura e uma das mais conhecidas é a Wahiba, na região de A’Sharqiya, à qual se pode chegar de dromedário ou de jipe. O silêncio e a imensidão da paisagem ficam na memória de quem por lá passa.

 

10. Souk do incenso

 

Dhofar é a região mais a sul de Omã. Em Salalah, a segunda maior cidade do país, há um souk especial, o Al-Hafah, onde a matéria-prima de eleição é o incenso, retirado da resina das árvores que crescem às portas do deserto omanense. Não perca também o Museu Marítimo d’Al Balid e as escavações arqueológicas de Taqa, Al Balid e Khwar Ruri, uma vez que as três ajudam a desvendar a história deste país do sudeste da península Arábica.

 

11. Alila Jabal Akhdar

 

Recentemente inaugurado, o hotel Alila Jabal Akhdar está situado na Montanha Verde, a dois mil metros de altitude. Este resort tem uma vista estonteante e foi construído em perfeita harmonia com o ambiente exterior da região. Preços a partir de 260 € por noite.

 

 

SABER VIVER – SAPO VIAGENS E TURISMO
Texto: Rita Caetano

 

 

 

Jardins Históricos do Palácio Nacional de Queluz vão ser Recuperados

O plano de intervenção para 2015, que representa um investimento de 2,8 milhões de euros, contempla o restauro da cascata e a reconstituição do jardim botânico, além do arranjo do edifício.

 
Os próximos meses vão ser de trabalhos nos jardins e no edifício do Palácio Nacional de Queluz. A Parques de Sintra-Monte da Lua, empresa que gere o espaço, arrancou em janeiro com as intervenções necessárias para a recuperação daquele património. O projeto, que representa um investimento global de cerca de 2,8 milhões de euros, inclui a recuperação das fachadas, das cantarias, dos vãos e das coberturas do palácio, a par da revisão das infraestruturas de energia e comunicações, bem como a proteção contra descargas atmosféricas, o sistema de videovigilância, a ligação dos esgotos à rede pública e ainda a requalificação do piso térreo.

 

 

Inacabado desde a reconstrução após o incêndio de 1934, esse espaço será beneficiado para a disponibilização de uma cafetaria, auditório e espaço de apoio para eventos, naquele que é um dos palácios nacionais mais procurados para este efeito e que já acolheu personalidades como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton e os últimos reis de Espanha.«No que respeita aos jardins, cujas intervenções estão ainda sujeitas a apreciação por parte da Direção-Geral do Património Cultural, os projetos previstos abrangem a recuperação do Jardim de Malta», informa a empresa em comunicado.

 

 

O projeto abrange ainda «a reconstituição do jardim botânico, e ainda a recuperação da cascata, bosquetes e caminhos, a revisão e melhoria do sistema de águas (tanto ao nível das fontes, tanques e lagos, como da rega) e novas plantações para proteger as vistas de quem se encontra no interior do jardim». «O Palácio Nacional de Queluz e os seus jardins históricos constituem um dos exemplos mais extraordinários da ligação harmoniosa entre paisagem e arquitetura palaciana em Portugal, refletindo o gosto da corte nos séculos XVIII e XIX (período marcado pelo barroco, o rococó e o neoclassicismo)».

 

 
O estado de degradação que importa travar

 

Em 1934, o palácio foi alvo de um incêndio que o destruiu parcialmente, tendo sido feitas várias obras de reconstrução nessa altura. «O diagnóstico do estado de conservação do palácio e jardins, efetuado logo após a Parques de Sintra ter recebido a gestão do Palácio Nacional de Queluz (no final de 2012), confirmou o elevado estado geral de degradação do conjunto, devido à carência quase total de investimentos», pode ler-se ainda no documento enviado para as redações.

 

«Foram então analisadas as áreas a necessitar de recuperação, inclusive com o apoio de especialistas (nomeadamente da Direção-Geral do Património Cultural e do Instituto Superior Técnico), desenvolvidos/adaptados os projetos detalhados de intervenção e lançados os concursos para seleção das empresas de recuperação, no que respeita aos trabalhos no palácio. Arrancam agora os trabalhos no palácio, tendo como objetivo a sua conclusão até ao verão de 2015 (o que permitirá apresentar o palácio recuperado ainda durante a época alta) e terão também início este ano as intervenções nos jardins», informa a empresa.

 

As intervenções previstas poderão afetar ocasionalmente e execionalmente algumas das deslocações dos turistas mas nem o palácio nem os jardins serão encerrados. «Os trabalhos em causa não irão implicar em nenhum momento a interrupção dos percursos de visita, pretendendo-se, pelo contrário, de acordo com a política habitual de aberto para obras da Parques de Sintra, que os visitantes acompanhem o progresso das intervenções. Será portanto possível, dentro do respeito pelas regras de segurança, assistir aos trabalhos, bem como aceder a informação sobre os mesmos», assegura a empresa.

 

 

As salas e os espaços que vão ser recuperados

 

As coberturas da Sala de Jantar e do Pavilhão Robillion/Sala dos Embaixadores, que inclui o quarto D. Quixote e o quarto da princesa Carlota Joaquina, as salas das Merendas, do Toucador, das Açafatas e dos Despachos e a Sala dos Embaixadores, espaços que não são intervencionados desde o incêndio. «A estrutura de suporte das telhas, composta por lajes aligeiradas de tijolos armados e argamassados, encontra-se em avançado estado de deterioração e será completamente substituída por madres e varas de madeira», acrescenta.

 

«Rever-se-á o sistema de drenagem de águas (cujos problemas atuais potenciam infiltrações), substituindo as caleiras, introduzindo uma nova janela de acesso às coberturas e melhorias na ventilação natural», informa ainda a empresa. Os tetos, de madeira, serão limpos por aspiração, alvo de tratamento curativo e preventivo (contra fungos e insetos xilófagos) e de verniz ignífugo para aumento da resistência ao fogo. «A intervenção será acompanhada da revisão das infraestruturas de energia e comunicações existentes nos sótãos», explica.

 

A nova cor das paredes exteriores

 

Outra das intervenções passa pela «substituição do sistema de proteção contra descargas atmosféricas, passando este a incluir dois novos para-raios, protegendo todo o palácio, em vez de apenas uma parte», refere o documento. Para a recuperação das fachadas, que ao longo dos tempos foram pintadas com cores e tons diferentes, foi realizado um aprofundado estudo e discussão, acompanhado de análises laboratoriais, investigação documental, desenhos e fotografias antigas, concluindo-se que o Palácio Nacional de Queluz era azul, cor que voltará a recuperar.

 
«Pretende-se, portanto, restituir a harmonia de cores nos alçados virados aos jardins, ensaiando materiais, técnicas e composições decorativas (molduras e fingimentos) numa das fachadas, que será depois avaliada para solução idêntica nas restantes. Relativamente à recuperação das cantarias, esta incluirá a remoção de fungos, o tratamento de juntas, bem como a consolidação e reposição de outros elementos. Também as janelas e portas das fachadas do palácio viradas aos jardins serão alvo de intervenção (tratando-se de elementos essenciais para a segurança e condições no ambiente interior), obedecendo a regras específicas, tendo em conta o edifício histórico em que se inserem», assegura a empresa.

 
A abertura de espaços encerrados ao público há quase um século

 
As intervenções no palácio não se ficam, contudo, por aqui. «Foi conduzida uma avaliação geral do estado de conservação, registando-se que as caixilharias apresentam problemas de conservação, por apodrecimento das madeiras, e também as ferragens e os gradeamentos metálicos das varandas estão em situação de degradação. Definiram-se as soluções técnicas a aplicar, tendo em conta critérios como o respeito pela autenticidade dos objetos originais e a compatibilidade com os materiais pré-existentes, substituindo-se apenas os que não seja possível recuperar por não incluírem matéria suficiente ou o estado de degradação ser demasiado elevado», refere a Parques de Sintra-Monte da Lua.

 

A intervenção de adaptação dos pisos térreos do Pavilhão Robillion e da Sala dos Embaixadores, fechados ao público desde a reconstrução após o incêndio de 1934, pretende que estes passem a funcionar como cafetaria, auditório e apoio a eventos. «Envolverá a instalação de uma zona de cafetaria aberta ao público em geral, com esplanada (incluindo elevador para acesso de pessoas com mobilidade reduzida), e outra para acolher eventos e conferências, garantindo desempenho e segurança mas conservando os elementos arquitetónicos e decorativos fundamentais do edifício, com o mínimo de alterações estruturais», revelam.

 

O sistema que vai melhorar a segurança interna do palácio

 

«Uma das salas deste piso dará lugar a um auditório polivalente e outra a um espaço de refeições, habilitando o palácio a receber eventos durante o período de abertura ao público», avança ainda a empresa. «A renovação do sistema de videovigilância, que integrará o sistema geral de CCTV da Parques de Sintra, incluirá neste local cerca de 50 câmaras digitais de alta resolução. Cobrirá todo o perímetro do palácio e dos jardins, integrando deteção de movimento e remoção de objetos no interior», explicam.

 

«Pretende-se assim garantir a segurança dos bens e visitantes, tanto no interior do palácio como nos jardins, bem como monitorizar incidências, garantindo auxílio em situações de emergência. Ainda no palácio, será executada a ligação da rede de águas residuais à rede pública de saneamento, eliminando as diversas situações atuais de escoamento para o Rio Jamor», informa ainda esta entidade.

 

Os trabalhos que vão marcar os jardins

 

Além da iluminação das fachadas e dos jardins com tecnologia LED, o jardim botânico e o Jardim de Malta serão também alvo de intervenção, com vista à recuperação da sua estrutura e composição original enquanto jardins setecentistas. «Para tal, foi analisado o enquadramento histórico e o contexto dos jardins europeus da época (nomeadamente o traçado), bem como toda a evolução que sofreram até à atualidade. Procedeu-se também à recolha e análise de vários elementos dispersos pelos jardins e que ainda restam, tais como troços de balaustrada, lagos, cantarias e lajes», assegura a empresa.

 

«Estes projetos têm sido acompanhados por sondagens arqueológicas, que têm apoiado as tomadas de decisão. Juntamente com a investigação bibliográfica, este trabalho permitiu a produção de plantas de reconstituição dos jardins setecentistas. A Parques de Sintra pretende agora reconstituir os jardins, devolvendo-lhes o caráter lúdico e interpretativo originais, respeitando a sua composição e relação com a envolvente», refere ainda. O Jardim Botânico foi destruído na cheia de 1983, que derrubou a maior parte das estruturas.

 

Nos anos seguintes, o espaço foi adaptado para picadeiro de treino e apresentações da Escola Portuguesa de Arte Equestre. «Prevê-se agora a reconstrução das quatro estufas originais, da estrutura da Casa Chinesa (originalmente para cultivo de plantas orientais), reposição do lago, das balaustradas, dos pavimentos e canteiros. Proceder-se-á a trabalhos de conservação e restauro de azulejos, elementos de pedra, balaustradas, bancos e alegretes. Serão plantados os canteiros ornamentados, os canteiros botânicos e os canteiros centrais das estufas, bem com as floreiras dos alegretes», informa a empresa.

 

«Também a rede de infraestruturas será dimensionada para dar resposta às necessidades ao nível da energia, abastecimento de água e drenagem», refere o documento. O Jardim de Malta, um dos mais importantes no conjunto de jardins do Palácio Nacional de Queluz, será igualmente objeto de recuperação. «Ao longo do tempo foi alterado ao nível das plantações, configuração decorativa, esculturas e lagos. A intervenção neste espaço prevê a remoção e transplante da vegetação existente, integrando-a, sempre que possível, noutras áreas do jardim», pretende a instituição.

 

A reposição das esculturas que decoram os jardins

 

A reposição dos quatro grupos de esculturas que decoram os jardins e as conchas dos lagos também integram o plano de recuperação, que prevê ainda a substituição do pavimento atual e revisão do sistema de drenagem, a consolidação e conservação das esculturas, pedestais, balaustradas e cantarias e a reformulação do sistema de rega, «resolvendo problemas de pressão e entupimento», a par da iluminação das zonas de circulação, elementos decorativos e envolvente.

 

«No que respeita a plantações, pretende-se reconstituir o desenho original plantando novas sebes (as atuais serão transplantadas e reutilizadas no jardim), introduzir novos elementos topiados e eliminar os elementos arbóreos que não pertencem à estrutura original», diz o comunicado. «Além das intervenções nestes dois jardins, a Parques de Sintra pretende também proceder ao restauro da cascata, da recuperação dos bosquetes e dos caminhos do jardim, rever e melhorar o sistema de águas no que diz respeito a fontes, lagos e à rega», revelam.

 

A lista de tarefas a desenvolver inclui ainda novas plantações «com o objetivo de proteger as vistas a partir do jardim», informa o organismo criado em 2000 com capitais exclusivamente públicos. Em 2013 e 2014, a empresa, que também gere o espaço e o património do Parque Nacional da Pena e dos Jardins de Monserrate, além do Palácio Nacional de Sintra, do Chalet da Condessa d’Edla, do Castelo dos Mouros, do Convento dos Capuchos e da Escola Portuguesa de Arte Equestre, ganhou o prémio internacional World Travel Award na categoria de Melhor Empresa em Conservação.

 
JARDINS – SAPO VIAGENS E TURISMO
Texto: Luis Batista Gonçalves com Wilson Pereira (fotografia)

 

 

 

Hotel feito de Gelo

Leu bem. É um hotel feito de gelo onde se pode dormir e desfrutar de cerca de 60 quartos feitos com mais de 9000 toneladas de gelo e neve. Fica na Suécia, na vila de Jukkasjärvi.

 

 

Hotel do Gelo2

 

Na Suécia é possível desfrutar de uma experiência única. Dormir em quartos cuja temperatura é de 5 graus negativos é um dos principais focos de atração turistica de Jukkasjärvi, a pequena aldeia composta por 1.100 habitantes e 1.000 cães.

 

Hotel do Gelo3

 

O Hotel do Gelo (Ice Hotel) é reconstruído todos os anos e este é o 25º ano em que ele se ergue. Na sua construção, entre novembro e dezembro, participaram 100 pessoas que, para além das suites de gelo (projetadas com a ajuda de centenas de artistas de todo o mundo), construíram ainda um bar e um restaurante. A unidade hoteleira estará aberta até meados do mês de abril, altura em que começa a deterreter lentamente.

 

Nos quartos não há ar condicionado, nem aquecimento, apenas sacos polares que garantem aos hóspedes uma noite tranquila e quente. A temperatura nas camas, nas cadeiras e nos sofás ronda os zero graus, por isso, são utilizadas peles de animais para os cobrir.

 

A temperatura dentro do edifício de gelo pode chegar aos -5ºC mas na rua pode atingir os -30ºC. Nos preços já estão incluídos sacos de dormir e roupas especiais para o frio intenso.

 

Hotel do Gelo4

 

De acordo com o jornal DailyMail, este será o último ano do hotel que derrete e se constrói todos os anos.

 
O Hotel do Gelo (Ice Hotel) é reconstruído todos os anos e este é o 25º ano em que ele se ergue. Na sua construção, entre novembro e dezembro, participaram 100 pessoas que, para além das suites de gelo (projetadas com a ajuda de centenas de artistas de todo o mundo), construíram ainda um bar e um restaurante. A unidade hoteleira estará aberta até meados do mês de abril, altura em que começa a deterreter lentamente.