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Medronho tem propriedades que previnem o cancro e controlam o colesterol

04/01/2015

 

 

O medronho é principalmente conhecido entre os portugueses por ser altamente utilizado na produção de licores e aguardentes, mas cientistas do Departamento de Química, da Universidade de Aveiro (UA) querem que este pequeno fruto comece a ser mais consumido no estado fresco ou incluído noutros produtos alimentares.

 

 

Os cientistas justificam a necessidade de introdução do medronho numa dieta regular, porque este fruto possui capacidades de combater os radicais livres que são responsáveis por doenças como o cancro, mas também de controlar os níveis de colesterol e a saúde da pele e dos ossos.

 

 

Os químicos da UA chegaram a estas conclusões após procederem à caracterização química do medronho, onde identificaram a presença de ácidos gordos insaturados, como o ómega 3 e o ómega 6, fitoesteróis e triterpenóides.

 

 

 

medronho2

 

 

 

 

 

 

Sílvia Rocha, Armando Silvestre e Daniela Fonseca, investigadores na UA.

 

 

Silvia Rocha, investigadora da UA, citada em comunicado da instituição, explica que «os ómegas 3 e 6 são ácidos gordos essenciais que têm de ser obtidos a partir da dieta uma vez que o nosso organismo não os sintetiza» e «têm demonstrado um papel importante no controlo dos níveis de colesterol, na saúde da pele e dos ossos e uma relação inversa entre o consumo de ómega 3 e a perda de funções cognitivas».

 

 

Já os esteróis «têm um importante papel na saúde uma vez que contribuem regular o nível de colesterol» e os triterpenóides têm por sua vez uma ação anti-inflamatória, antimicrobiana e antifúngica.

 

 

Os cientistas da UA têm trabalhado especificamente com uma variedade de medronho oriunda da Serra da Beira e dizem que em comparação com outras variedades de Portugal e do resto da Europa, esta apresenta uma atividade antioxidante superior.

 

 

«A atividade antioxidante reflete a capacidade de evitar a formação de radicais livres, substâncias que, quando produzidas em excesso no organismo são responsáveis pelo stress oxidativo, conhecido por provocar danos no organismo humano, os quais estão associado ao envelhecimento e aumento da suscetibilidade a diversas doenças, nomeadamente as doenças civilizacionais emergentes», afirma a investigadora.

 

 

Neste sentido, acrescenta Sílvia Rocha, «o consumo regular de medronho em fresco ou a sua inclusão noutros alimentos pode ser visto como aspeto valorizador da dieta e, por conseguinte, diminuir a suscetibilidade ao desenvolvimento de doenças».

 

 

Com base nos dados do estudo sobre as propriedades e potencialidades nutricionais do medronho, os cientistas com o apoio da Cooperativa Portuguesa de Medronho, querem introduzir o medronho na alimentação regular dos portugueses.

 

 

Nesse sentido, os químicos da UA juntamente com cientistas do Centro de Investigação em Materiais Cerâmicos e Compósitos da mesma Universidade já desenvolveram alguns produtos alimentares onde incorporaram polpa de medronho, nomeadamente, biscoitos, iogurtes, barras energéticas e bombons. Os cientistas querem ainda isolar os compostos do fruto para que estes sejam adicionados a alimentos funcionais.

 

 

Apesar disso, os cientistas têm ainda pela frente uma barreira para ultrapassar, já que normalmente este fruto não se encontra fresco no mercado porque quando é colhido já está demasiado maduro, altura em que possui um alto teor alcoólico.

 

 

Para fazer face a esta questão, os cientistas estão a definir condições de recolha e armazenamento do fruto para que este possa ser comercializado e consumido fresco.

 

 

 

Mas para isso, diz Sílvia Rocha «é preciso arranjar parceiros e financiamento», dado que «esses são os dois elementos chave que estamos a procurar neste momento para se avançar com a introdução do medronho na indústria alimentar».

 

 

 
Lúcia Vinheiras Alves

 

 

TV Ciencia

 

 

 

Obama reitera que Ocidente não está em guerra com o Islão

19/02/2015

 
O presidente norte-americano, Barack Obama, reiterou, esta quinta-feira, em Washington, o apelo ao mundo para que enfrente o extremismo violento, afirmando que os jiadistas andam a espalhar a “mentira horrível” sobre a existência de um choque de civilizações.

 
Obama diz que Estado Islâmico tem construído a sua ideologia sob uma mentira.

 
“As comunidades muçulmanas, incluindo os intelectuais e os responsáveis religiosos, têm a responsabilidade de lutar não só contra as interpretações erróneas do Islão, mas também contra as mentiras que segundo as quais estaríamos envolvidos num choque de civilizações”, declarou Obama, no último dia de uma cimeira dedicada à luta contra o terrorismo e ao extremismo a decorrer na capital federal norte-americana.

 
“A ideia de que o Ocidente está em guerra com o Islão é uma mentira horrível. Seja qual for a nossa religião, temos a responsabilidade de rejeitar [esta mentira]”, prosseguiu o chefe de Estado norte-americano, diante de uma plateia composta por representantes de cerca de 60 países.

 

 

Obama frisou ainda que esta ideia tem sido a base sobre a qual os terroristas têm construído a sua ideologia e “com a qual tentam justificar a violência”.

 
Recordando o apelo que lançou, em setembro de 2014, durante a Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, para a erradicação do extremismo violento, o Presidente norte-americano pediu a todos os países para avançarem com “propostas concretas” na próxima sessão, agendada para o outono.

 
“Os Estados Unidos vão fazer mais para lutar contra as ideologias de ódio. Hoje, convido os vossos países a juntarem-se aos Estados Unidos” nesta luta, acrescentou o governante.

 

 

 

FOTO: JIM LO SCALZO/Reuters

 

JN

 

 

Onda de frio mata 23 pessoas nos Estados Unidos

21/02/2015

 
Sensação térmica em algumas localidades foi de -40ºC.

 
Na Casa Branca, jardins ficaram completamente tomados pela neve.

 

Jardins da Casa Branca é tomado pela neve (Foto: Yuri Gripas/Reuters)

 
A onda de frio e neve que atinge os Estados Unidos matou na última semana, pelo menos, 23 pessoas, de acordo com a rede americana CNN. Já o jornal “The New York Times” afirma que ao menos 31 pessoas morreram em decorrência do frio.

 
Destas mortes, 18 foram no estado do Tennessee, sendo 9 por hipotermia. A CNN afirma que em algumas localidades a sensação térmica foi de -40ºC.

 

Onda de frio mata 23 pessoas nos Estados Unidos2
Em Nova York, os termômetros marcaram -34ºC. A previsão, de acordo com meteorologistas, é de que a frente fria se espalhe para a Costa Leste do país, o que deixa 125 milhões de americanos sob alerta de baixas temperaturas. Cidades como Louisville e Cincinnati devem receber nevascas, enquanto no Kentucky, a neve pode ultrapassar os 38 cm de altura.

 

 
Com o frio e a neve, o visual dos cartões postais do país mudou. A Casa Branca, sede e residência do governo americano, teve seus famosos jardins cobertos de neve. De acordo com o departamento nacional do clima dos Estados Unidos, as temperaturas na capital devem subir e oscilar entre -6ºC e -1ºC.

 

 

Onda de frio mata 23 pessoas nos Estados Unidos3

Neve cobre a Casa Branca

(Foto: Reprodução GloboNews)

 
Outro ponto turístico tradicional do país, as Cataratas do Niágara, também sofrem com as baixas temperaturas. Perto da fronteira com o Canadá, parte das quedas d’água ficaram congeladas.

 
Nova tempestade

 
A nova tempestade que atingiu neste sábado a costa leste dos Estados Unidos ameça criar mais transtornos em grandes cidades, como Nova York e Boston. Foram registradas tempestades de neve em localidades de estados como a Geórgia. Em Kentucky e Tennessee há previsão de inundações causadas pela chuva caída em solo gelado.

 
Os maiores problemas, no entanto, devem ocorrer mais ao norte, em áreas como Massachusetts e Maine, onde mais uma vez cairão grandes quantidades de neve.

 
Em Boston, a principal cidade do estado, acumularam-se nas últimas semanas mais de dois metros e meio de neve durante vários temporais consecutivos. Em Nova York, onde nesta sexta (20) foram registradas algumas das temperaturas mais baixas em décadas, a neve começou a cair por volta do meio-dia (hora local). Também há previsão de chuva de granizo.

 
As previsões não são animadoras. Segundo os meteorologistas, quando passar o temporal, uma nova frente fria atingirá a região, deixando as temperaturas abaixo de zero.

 

 

Onda de frio mata 23 pessoas nos Estados Unidos4

Casa Branca é tomada pela neve

(Foto: Yuri Gripas/Reuters)

 

 

 

 

Onda de frio mata 23 pessoas nos Estados Unidos5

Casa Branca é tomada pela neve

(Foto: Yuri Gripas/Reuters)

 

 

 

 

Onda de frio mata 23 pessoas nos Estados Unidos6

Neve nas Cataratas do Niágara

(Foto: Carolyn Thompson/AP)

 

 

 

 

Onda de frio mata 23 pessoas nos Estados Unidos7

Neve nas Cataratas do Niágara

(Foto: Carolyn Thompson/AP)

 

 

 

 

EFE

 

 

 

Trompetista de jazz Clark Terry morreu aos 94 anos

22/02/2015

 
Trompetista de jazz Clark Terry, com uma carreira prolífica que abrangeu sete décadas, morreu aos 94 anos, anunciou hoje a sua mulher no ‘site’ do músico na internet.

 

Clark Terry nasceu em Saint-Louis, Missouri, em 1920.

 
O trompetista de jazz Clark Terry, com uma carreira prolífica que abrangeu sete décadas, morreu aos 94 anos, anunciou hoje a sua mulher no ‘site’ do músico na Internet. “O nosso querido Clark Terry juntou-se à banda do paraíso, onde cantará e tocará com os anjos. Deixou-nos em paz, rodeado da sua família, dos seus alunos e dos seus amigos”, escreveu Gwen Terry. O trompetista, que sofria de diabetes, tinha sido internado no passado dia 13 num estabelecimento de cuidados de saúde, informou a revista especializada no mundo do espetáculo Variety.

 
Nascido em Saint-Louis (Missouri) em 1920, o músico começou a tocar trompete na adolescência. Tocou em bandas da Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial e tornou-se depois um dos mais respeitados trompetistas no mundo do jazz. Clark Terry destacou-se quer como solista quer como acompanhante, tendo integrado duas das mais prestigiadas orquestras de jazz da história, a de Count Basie e a de Duke Ellington.

 
Tocou ao lado de nomes grandes da música como Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Thelonious Monk, Dizzy Gillespie, Sonny Rollings, Ray Charles ou Quincy Jones. Também colaborou com o ‘rei do trompete’, Louis Armstrong, e foi um mentor para outra lenda deste instrumento, Miles Davis. Terry participou em mais de 900 sessões de gravação e ganhou mais de 250 prémios, incluindo um Grammy pela sua carreira. Mais tarde deu lições de música em liceus e universidades.

 

FOTO: Getty Images

 

Agência LUSA

 

 

 

Porque razão os israelitas aprovam a atual ofensiva contra Gaza

25/07/2014

 
O Hamas “unificou” uma “fragmentada” sociedade israelense em torno de uma ofensiva terrestre contra Gaza ao lançar foguetes de maneira deliberada contra Israel. Essa é a opinião do articulista Gil Hoffman, do influente jornal Jerusalem Post.

 

Para Hoffman, o grupo militante palestino atacou o “consenso” israelense e “construiu” uma resistência da população vizinha que havia se dividido nos últimos impasses com Gaza.

 
Leia abaixo a análise do jornalista:

 
“Antes de a escalada do conflito entre o Hamas e Israel que, segundo as estimativas mais recentes, teria matado pelo menos 850 pessoas, a maior parte palestinos, o Estado judeu estava se tornando cada vez mais fragmentado.

 
Negociações de paz fracassaram. Debates sobre questões polêmicas se intensificaram. E políticos de direita, como o chanceler Avigdor Liberman e o ministro de Comércio Naftali Bennett, se preparavam abertamente para a possibilidade da convocação de eleições antecipadas se a coalizão de governo do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, desmoronasse.

 
Netanyahu, por sua vez, foi alvo de duras críticas por não impedir que a comunidade internacional reconhecesse um Estado palestino envolvendo o Hamas e a Jihad islâmica – um endosso que até hoje não foi “digerido” pelos judeus.

 
Mas tudo mudou quando o Hamas passou a atacar o “consenso israelense”. Ao lançar foguetes contra o vizinho de maneira deliberada, o grupo palestino produziu um efeito insólito: a unificação do povo israelense.

 
O Hamas não atacou a Cisjordânia, cujo destino divide os israelenses. A ofensiva foi direcionada à capital Tel Aviv e ao aeroporto internacional de Ben-Gurion. Os ataques miraram os chamados kibutz, fazendas de inspiração comunista, na fronteira com Gaza, por meio do que Israel chama de “túneis de terror”, os subterrâneos usados pelos militantes do Hamas para cruzar a fronteira sem ser notados.

 
Para piorar, o grupo teria supostamente sequestrado e matado três adolescentes que voltavam da escola. Isso em uma sociedade obcecada com suas crianças.

 
Ao agir dessa forma, o Hamas construiu uma resistência da população israelense que havia se dividido nos últimos impasses com Gaza. É sabido que em tempos de guerra os israelenses se unem contra um inimigo comum, localizado do outro lado da fronteira. Porém, sempre houve manifestações antiguerra, inclusive em períodos de relativa calmaria.

 
Mas, até agora, os únicos protestos registrados foram um fracasso. Apenas árabes israelenses e judeus de extrema-esquerda participaram desses atos.

 
Pesquisas mostraram que houve forte apoio popular à ofensiva por terra de Israel. Por outro lado, os israelenses reagiram mal à notícia de que Netanyahu teria expressado intenção de aceitar um cessar-fogo proposto pelo Egito.

 
Uma pesquisa do instituto Panels para a TV do parlamento israelense (Knesset) revelou que 63% dos entrevistados aprovavam uma ofensiva terrestre a Gaza e apenas 27% rejeitavam a operação. O restante, 10%, não respondeu ou não tinha opinião formada sobre o assunto. O levantamento baseou-se em uma amostra representativa de Israel, incluindo a população árabe.

 
Os israelenses reagem com sensibilidade ao trágico saldo de mortos do lado palestino. Mas eles culpam o Hamas pela morte dos civis e não os ataques aéreos promovidos por Israel.

 
Já o saldo de mortos do lado de Israel está aumentando depois de permanecer relativamente baixo. Cerca de 2 mil foguetes já foram lançados nas últimas três semanas contra o território israelense e mataram um civil, identificado como um beduíno.

 
Um voluntário israelense que tentou fazer uma entrega de comida em um local de alto risco próximo à fronteira com Gaza foi morto por um morteiro. E uma árabe israelense de Haifa morreu de parada cardíaca ao correr para dentro de um abrigo logo após as sirenes soarem.

 
Mas, desde que a ofensiva terrestre teve início na noite de terça-feira passada, 29 soldados morreram e outros 100 ficaram feridos. Para os israelenses, esses números são difíceis de aceitar.

 
Em Israel, as mortes de soldados são encaradas como mais trágicas do que a dos civis. As Forças de Defesa de Israel (IDF) são um símbolo da resistência judaica, e os soldados são considerados “os filhos de todo mundo”.

 
Por outro lado, civis mortos por foguetes foram ridicularizados por ignorarem as sirenes de alerta e terem saído de suas casas para filmar com celulares o sistema de defesa antimísseis, conhecido como “Cúpula de Ferro” (Iron Dome, em inglês), interceptar os ataques do Hamas.

 

Senso de urgência

 
Se soldados israelenses continuarem a morrer, mais dúvidas sobre a ofensiva terrestre serão levantadas. O sequestro de um civil ou de um militar terá, certamente, um efeito desmoralizante para a operação.

 
As tentativas repetidas do Hamas de sequestrar os soldados – e o júbilo registrado por militantes quando nas últimas semanas foi noticiado que um episódio como esse aconteceu – mostra que os líderes palestinos entendem o impacto de um sequestro bem-sucedido.

 
O Hamas sabe que tudo o que precisa para mudar a opinião pública israelense é um foguete atravessar o sistema antimísseis e atingir um arranha-céu de Tel Aviv ou um grupo de homens armados invadir um kibutz por meio de um túnel e abrir fogo.

 
Mas enquanto tais incidentes desmoralizariam os israelenses e prejudicariam a popularidade de seus líderes, não haveria oposição à ofensiva por terra.

 
Os israelenses sabem que, se não fosse pela ofensiva terrestre, os túneis permaneceriam desconhecidos e a população estaria em grande perigo.

 
Isso explica por que não houve maior senso de urgência da parte dos israelenses para interromper a operação antes de que os objetivos sejam alcançados: restaurar a paz no sul de Israel, destruir os túneis, enfraquecer significativamente o Hamas e, mais importante, evitar uma guerra futura.”

 

Gil Hoffman
Jerusalem Post

 

 

Análise: Em busca da estratégia de Obama no Iraque

10/08/2014

 

Obama usa perspectiva de ação militar maior no Iraque para encorajar união política no país.

 
O presidente americano Barack Obama disse que os Estados Unidos têm um interesse estratégico em não permitir que os militantes islâmicos do grupo autodenominado Estado Islâmico (EI) – grupo anteriormente conhecido como Isis – estabeleçam um califado no Iraque e na Síria.

 
No entanto, até agora, ele só definiu a intervenção americana no norte do Iraque – tanto militar quanto humanitária – em termos limitados.

 
A relutância de Obama em relançar uma ação militar no Iraque é compreensível por uma série de razões, mas, para alguns de seus críticos, é uma mensagem confusa que ressalta a falta de uma estratégia.

 
O presidente, por sua vez, afirma que tem um plano de longo prazo.

 
A Casa Branca calculou suas ações estritamente para proteger as vidas de cidadãos americanos e as de milhares de yazidis e outras minorias iraquianas que fugiram após os avanços recentes dos militantes do EI.

 
E, apesar do aumento no número de ataques aéreos americanos, isso ainda não parece um esforço total de destruir as capacidades militares do grupo.

 

Yazidis presos

 

Análise - Em busca da estratégia de Obama no Iraque1
No curto prazo, os ataques aéreos podem interromper o avanço do EI na cidade de Irbil e a ameaça do grupo aos que se encontram expostos e desesperados no Monte Sinjar.

 

Situação de Yazidis, que fugiram após o avanço do EI, impulsionou ação militar dos EUA

 
Aviões também estão entregando mantimentos às pessoas presas nas montanhas, fornecendo alívio momentâneo à sua situação.
No entanto, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e outras potências também tem discutido como retirar essas pessoas das montanhas e levá-las a um lugar relativamente seguro.

 
Alguns comentaristas sugerem que criar um “corredor de segurança” ou até mesmo uma espécie de “abrigo seguro” requer a presença de soldados estrangeiros em solo iraquiano.

 
Obama, porém, descartou o reenvio de soldados americanos ao país. Outros países também ficarão receosos de enviar forças de proteção dessa maneira.

 
Relatos dizem que milhares conseguiram escapar das montanhas, talvez com a ajuda das forças curdas. Isso pode aliviar os estrategistas ocidentais.

 
Mas se isso é uma solução de longo prazo para proteger os que fugiram, é outra questão.

 

A questão curda

 
Últimos acontecimentos

 
Na noite deste dominho, forças de segurança e milícias xiitas leais ao primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, foram deslocadas para locais estratégicos em Bagdá.

 
A movimentação aconteceu depois que o primeiro-ministro anunciou na televisão que processará o presidente, Fuad Masum, por violar a constituição.

 
Al-Maliki disse ainda que quer seu terceiro mandato como primeiro-ministro, mas após eleições inconclusivas em abril, o parlamento não chegou a um consenso sobre sua indicação e o presidente se recusou a intervir.

 
Em Washington, um porta-voz do Departamento de Estado americano disse que os EUA apoiam o presidente Masim.

 
Horas antes, forças curdas no norte do Iraque disseram ter reconquistado as cidades de Gwer e Makhmur, que estavam em poder de militantes do EI, com o apoio militar aéreo dos EUA.

 
E quais são as chances de que o poder áereo dos Estados Unidos seja eficiente da maneira como está sendo usado agora? Os estrategistas da defesa americana certamente esperam que seu reforço dê vantagem às forças curdas e iraquianas no solo.

 
Mas outro cálculo importante na frágil estrutura da política iraquiana – e nas aspirações curdas por maior autonomia – é até onde deve-se atender aos pedidos curdos por mais armas e ajuda militar para vigilância e inteligência.

 
Não há dúvida de que os curdos são atores importantes nessa situação, talvez especialmente para Washington.

 
Obama também deu a entender que os ataques aéreos podem continuar por algum tempo. Existe até a possibilidade de que eles aumentem, mas ele condiciona isso a que os políticos divididos do Iraque deixem de lado suas diferenças sectárias e se unam diante da ameaça do EI.

 
Este é claramente o elemento crítico da estratégia e das esperanças de longo prazo da administração Obama. O presidente enfatizou a ideia de que não há solução militar no Iraque, mas a perspectiva de uma assistência militar maior dos Estados Unidos está claramente sendo usada como uma maneira de encorajar movimentos políticos, a reconciliação e a mudança.

 
A força do EI

 

Análise - Em busca da estratégia de Obama no Iraque2

 

EUA diz que não enviará soldados por terra ao Iraque – deixando os soldados curdos combaterem o EI

 

Mas isso será suficiente? Mesmo com mais unidade e mais ajuda americana, será que as forças do governo iraquiano conseguirão impedir os avanços do EI – coisa que até agora não conseguiram fazer?

 
Os combatentes do Estado Islâmico sem dúvida confundiram os adversários com seu sucesso militar, como o próprio Obama admitiu.

 
Depois dos avanços iniciais, muitos disseram que eles se desgastariam. Mas isso não aconteceu. E há um debate sobre que tipo de ameaça o EI representa agora.

 
O grupo estaria se comportando mais como um exército convencional, à medida que consegue mais armas? Ou ele ainda pode ser considerado uma insurgência incomum? Ele seria uma ameaça “híbrida”? E como isto afeta a maneira de lidar com a situação?

 
Obama afirmou que, para enfrentar o autodeclarado “califado” do EI, Washington precisa ter parceiros em solo, que possam preencher as lacunas. Mas a pergunta mais importante é se parcerias eficientes de fato poderão ser criadas no Iraque ou, da mesma forma, na Síria.

 

Nick Childs

 
Analista de assuntos internacionais da BBC News

 

 

 

Avião desaparecido estava a ser procurado no sítio errado

29/05/2014

 
Buscas vão entrar numa nova fase, que começa em agosto e que pode demorar um ano até ficar concluída.

 

As buscas subaquáticas no Índico não foram detetaram sinais de destroços do avião.

 

Quase três meses após o seu desaparecimento, não só o mistério em torno do Boeing 777 da Malaysia Airlines continua por resolver, como a própria investigação parece dar passos atrás. Afinal, o avião não se despenhou na zona do sul do Oceano Índico onde foram detetados sinais acústicos, anunciou o centro que coordena as buscas.

 

“Esta área pode agora ser descartada como tendo sido o local onde terminou o MH370”, refere um comunicado do Centro de Coordenação Internacional das Buscas (JACC), liderado pela Austrália.

 
O novo dado foi tornado público após ter sido dada por concluída, sem resultados, a missão de busca subaquática iniciada em abril na área do Oceano Índico onde foram detetados sinais acústicos semelhantes aos emitidos pelas caixas negras dos aviões.

 

A agência de coordenação informa que não foram detetados sinais de destroços do avião pelo mini-submarino Bluefin-21, que tem capacidade para mergulhar até 4.500 metros de profundidade e que utiliza um sonar para criar uma imagem do fundo do mar.

 

Segundo a CNN, ganhou força a explicação de que os sons detetados terão origem numa fonte humana, sem que nada tenham que ver com o Boeing desaparecido.

 

Perante esta conclusão, as operações de busca vão entrar numa nova fase, explica a JACC. Serão agora utilizados sofisticados equipamentos para mapear a área do oceano que não foi examinada, com base em todas as informações disponíveis e em análises revistas, com vista a definir uma zona de busca de até 60 quilómetros quadrados. Esta próxima missão arrancará em agosto e deverá levar até um ano a ser concluída.

 

O avião da Malaysia Airlines, com 239 pessoas a bordo, desapareceu a 8 de março depois de descolar de Kuala Lumpur rumo a Pequim, onde deveria ter chegado cerca de seis horas depois.
Ainda na terça-feira, dados recolhidos pela operadora de satélites britânica Inmarsat, e divulgados pelo Governo malaio, davam força à tese do avião se ter despenhado no oceano Índico, devido a uma falha de combustível enquanto voava para sul.

 

 

FOTO: Reuters

 
Mafalda Ganhão

 

Há novos dados sobre a tragédia do avião desaparecido

27/05/2014

 

Governo malaio divulgou hoje os primeiro dados obtidos por satélite sobre o Boeing 777 da Malaysia Airlines, desaparecido com 239 passageiros a bordo.

 

As buscas pelo avião desaparecido da Malaysia Airlines continuam numa uma área estimada em 60 mil quilómetros quadrados (cerca de dois terços da área do território continental português), no sul do oceano Índico.

 
As 47 páginas de dados em bruto recolhidos pela operadora de satélites britânica Inmarsat vêm dar algum alento aos familiares das vítimas do voo MH370, na sua maioria chineses, que há semanas reclamavam por mais informação.

 
O documento do Departamento Malaio da Aviação Civil foi divulgado no próprio dia em que o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, inicia uma visita oficial de seis dias à China. Mas ainda não houve qualquer comentário das autoridades malaias sobre o conjunto de informações divulgadas, que incluem os sinais eletrónicos emitidos hora a hora pelo avião depois de a sua imagem ter desaparecido dos radares civis .

 
Os dados revelados esta terça-feira dão mais força à tese do avião se ter despenhado no oceano Índico, devido a uma falha de combustível enquanto voava para sul. Uma hipótese que tinha sido avançada na véspera pela Autoridade de Transportes da Austrália, responsável pelas buscas no sul do oceano Índico.

 
Sobre o relatório australiano, o “The Wall Street Journal” adiantou que a última comunicação do avião com o satélite não coincide com as transmissões regulares. Um desfasamento que poderá ser explicado pela possibilidade de o sistema elétrico estar a reiniciar devido à falta de combustível nos motores.

 
Buscas continuam no Sul do Oceano Índico

 
Com base na análise dos último sinais eletrónicos emitidos pelo avião, os peritos australianos continuam a acreditar que o avião se terá despenhado numa zona remota do sul do Índico, a cerca de 25 milhas náuticas do último sinal rádio emitido.

 
As buscas pelo avião continuam numa uma área estimada em 60 mil quilómetros quadrados (cerca de dois terços da área do território continental português). Nos próximos dias, o navio australiano “Ocean Shield” deverá abandonar as buscas. O rastreio do fundo do oceano à procura dos destroços do Boeing 777 da Malaysia Arlines vais ser continuado pelo navio chinês “Zhu Kezhen”.

 
FOTO: Getty Images
Helder C. Martins

 

 

 

Acordo com Irão baralha as cartas da geopolítica

Possíveis consequências do pacto assinado com potências movimentam o xadrez diplomático da região.

 

A partir da esquerda) O chanceler iraniano, Mohamed Zarif; a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton; o secretário de Estado americano, John Kerry; e o chanceler francês, Laurent Fabius, comemoram em Genebra.

 

O acordo sobre o programa nuclear iraniano anunciado no último fim de semana ainda é preliminar, mas já permite algumas previsões sobre como ficará o xadrez político na problemática região. O pacto de seis meses foi negociado entre o grupo 5+1, formado pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, França, China, Grã-Bretanha e Rússia) mais a Alemanha, e a república islâmica. Neste período, a proposta é chegar a um documento mais abrangente, que envolva de fato o desmantelamento de instalações que podem ser usadas para a fabricação da bomba atômica – e não apenas uma desaceleração do programa nuclear, prevista no acordo atual, em troca do alívio de parte das sanções econômicas impostas ao Irão.

 

 

De imediato, o pacto desagradou Israel e Arábia Saudita, inimigos do Irão que ficaram desapontados com o aliado Estados Unidos. Descrentes de que o regime dos aiatolás vá cumprir as exigências do documento atual ou negociar algo mais abrangente, os dois países também veem reduzida sua influência sobre o governo americano e temem um fortalecimento da república islâmica na região.

 
O analista Elbridge Colby, consultor membro da empresa de consultoria CNA e ex-conselheiro da Secretaria de Defesa dos EUA, afirma que as preocupações de Israel e dos países do Golfo Pérsico, como a Arábia Saudita, vão além do programa nuclear iraniano. “Eles temem que o Irão esteja buscando alcançar a hegemonia regional. Estas nações do Oriente Médio estão muito preocupadas com o apoio do Irão a Assad e com as ligações de Teerão com o Hezbollah. Assim, entre os protagonistas da região, há uma pergunta: ‘O acordo vai permitir ou prejudicar a capacidade do Irão de dar sequência a seus objetivos?’ Eu não tenho resposta para essa questão”, disse ao site de VEJA.

 
Possíveis consequências do acordo

 
O professor de política do Oriente Médio, F. Gregory Gause III, citado em reportagem da revista Time (leia a íntegra, em inglês), vai na mesma linha ao dizer que o temor dos sauditas não é apenas com a arma atômica, mas com uma espécie de reabilitação internacional do Irão que provoque uma mudança no equilíbrio geopolítico que enfraqueça a posição da Arábia Saudita como o país mais influente na região. “Eles temem que o acordo seja um prelúdio de um arranjo entre iranianos e americanos que vai deixar o Irão como poder dominante no Líbano, na Síria e no Iraque”.

 
Síria – Atualmente, sauditas e iranianos travam uma corrida para fornecer armas para os atores da guerra civil na Síria, com os primeiros ao lado dos rebeldes e o Irão apoiando o ditador Bashar Assad. O aumento da influência do Irão no explosivo cenário da região se fez sentir na semana passada, quando terroristas realizaram um atentado contra a embaixada do país no Líbano, em represália ao apoio dado ao ditador e ao grupo terrorista Hezbollah, rival da facção responsável pelo ataque – que, por sua vez, é ligada à Al Qaeda.

 
Questões sobre o acordo nuclear com o Irão

 

 

Como é o acordo a que as nações assinaram?

 
É um acordo preliminar antes da assinatura de um acordo definitivo, descrito como “limitado, temporário e reversível”. Ele tem duração de seis meses e a Casa Branca afirma que inclui “limitações substanciais que ajudarão a prevenir que o Irão crie uma arma nuclear”. Em resumo, o Teerão se comprometeu a não enriquecer urânio acima da concentração de 5% durante seis meses e neutralizar todo seu estoque do material enriquecido a quase 20%, patamar próximo do limite para o uso bélico. Em troca, as nações concordaram em liberar algo entre 6 e 7 bilhões de dólares iranianos retidos no exterior. O acordo não inclui o setor petrolífero e o Irão segue proibido de exportar petróleo para a maioria dos grandes compradores mundiais. O acordo preliminar visa desacelerar o programa nuclear iraniano enquanto as nações negociam um pacto mais amplo.

 

 
Como é o acordo a que as nações assinaram?

 
É um acordo preliminar antes da assinatura de um acordo definitivo, descrito como “limitado, temporário e reversível”. Ele tem duração de seis meses e a Casa Branca afirma que inclui “limitações substanciais que ajudarão a prevenir que o Irão crie uma arma nuclear”. Em resumo, o Teerão se comprometeu a não enriquecer urânio acima da concentração de 5% durante seis meses e neutralizar todo seu estoque do material enriquecido a quase 20%, patamar próximo do limite para o uso bélico. Em troca, as nações concordaram em liberar algo entre 6 e 7 bilhões de dólares iranianos retidos no exterior. O acordo não inclui o setor petrolífero e o Irão segue proibido de exportar petróleo para a maioria dos grandes compradores mundiais. O acordo preliminar visa desacelerar o programa nuclear iraniano enquanto as nações negociam um pacto mais amplo.

 
Quais são as outras obrigações do Irão?

 
O Irão também não deverá parar a construção de novas centrífugas atômicas e centros de enriquecimento de urânio. Os iranianos ainda terão de congelar os trabalhos em seu reator de água pesada em Arak, ao sudeste de Teerão. Esse reator pode ser usado como fonte de fabricação de plutônio – outro material que poder ser usado para fabricação de armas nucleares.

 
Por que o enriquecimento de urânio deve ser reduzido à concentração de até 5%?

 
Teerão afirma que enriquece urânio para fins pacífico e para suprir necessidades energéticas. O combustível usado para gerar eletricidade em plantas nucleares é o urânio enriquecido a 5%.

 
Quais são as sanções que o Irão enfrenta?

 
O Irão sofre sanções comerciais e financeiras da ONU, dos EUA e da União Europeia (EU) e de outros países, como Canadá, China e Israel. Esse acordo refere-se exclusivamente às sanções dos EUA, da ONU e da UE. Saiba mais sobre as sanções.

 
Por que outros países não enfrentam tantas sanções?

 
Índia e Paquistão não são signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e isso explica, em parte, o fato deles não sofrerem sanções. O Irão assinou o tratado e por isso seu programa deveria ser unicamente para fins pacíficos e constantemente vistoriado pela comunidade internacional e pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). Mas, desde a revolução de 1979, aumentou a preocupação de que o Irão possa enriquecer urânio e fabricar armas nucleares.

 
Obama terá condições políticas internas de levar adiante o acordo?

 
Esse acordo, especificamente, não precisa ser submetido ao Congresso americano, pois é um tratado internacional, assinado sob o âmbito das Nações Unidas. Mas Obama já enfrenta críticas de democratas e republicanos contrárias ao acordo. Parlamentares americanos inclusive já manifestaram desejo de ampliar as sanções americanas contra o Irão.

 
Os setores iranianos ultraconservadores vão apoiar o acordo?

 
A Guarda Revolucionária, setor conservador das Forças Armadas, e clérigos muçulmanos já manifestaram críticas contra o acordo. O líder supremo aiatolá Khamenei, no entanto, considerou o acordo um “sucesso”. O Irão precisa urgentemente de dinheiro para reativar sua economia estrangulada.

 
Quando o Irão iniciou seu programa nuclear?

 
O Irão lançou seu programa nuclear em 1957, com o apoio dos Estados Unidos. À época, o xá Reza Pahlavi era aliado dos EUA. Na década de 1970, o programa nuclear iraniano ganhou força. Em 1979, houve a Revolução Islâmica e a deposição de Pahlavi, com isso os EUA retiraram o apoio ao Irão.

 
O Irão é o único país que mantém um programa nuclear?

 
Não. Sete nações têm armas nucleares declaradas: EUA, França, Rússia, Grã-Bretanha, China, Índia e Paquistão. Israel nunca confirmou oficialmente ter armas nucleares, embora a Federação de Cientistas Americanos estime que tenha cerca de 80 ogivas. A Coreia do Norte já conduziu testes nucleares e com mísseis balísticos. A comunidade internacional receia que os norte-coreanos estejam próximos de fabricar um míssil nuclear, mas não há confirmação oficial da real capacidade bélica de Pyongyang. Quanto à energia nuclear, mais de 30 países a utilizam, ente eles, o Brasil.

 
O programa nuclear iraniano é uma grande ameaça?

 
Sim, pois o Irão já manifestou aspirações de dominar o Oriente Médio por meio da força e da intimidação. Há mais ou menos dez anos, inspetores da AIEA anunciaram ter achado traços de urânio altamente enriquecido em uma planta em Natanz, possivelmente fruto de pesquisas para fazer uma bomba atômica. O Irão parou temporariamente com o enriquecimento, mas começou novamente em 2006.

 

 

Teerão é hoje, ao lado da Moscou, o principal apoiador do regime Assad, fornecendo armas e apoio logístico. Mas a ajuda ao ditador, que superaria centenas de milhões de dólares por mês, segundo analistas, teria se tornado um peso excessivo para o combalido tesouro iraniano. “Os combates na Síria são dispendiosos e cansativos para o Irão e para a Rússia. Eles adorariam se livrar desse fardo”, afirmou ao site de VEJA John Tirman, diretor executivo do Centro de Estudos Internacionais do MIT. Para ele, se o Irão se tornar uma presença construtiva nas reuniões em Genebra sobre a Síria, aumentam as possibilidades de remoção de Assad e construção de um novo governo. Ainda que a queda do regime não seja garantia de fim dos problemas na Síria, uma vez que as forças anti-Assad estão infiltradas por jihadistas, e um cenário de guerra civil entre as facções rebeldes não possa ser desconsiderado.

 
Tirman avalia que o acordo preliminar fechado com a república islâmica tem potencial limitado, mas é positivo. Para ele, a rejeição ao documento pode aumentar a tensão na região. “Se o governo de Israel e as monarquias do Golfo Pérsico continuarem se opondo ao atual acordo provisório e tentando inclusive anulá-lo, essas ações podem provocar um dramático realinhamento de forças. Turquia, Iraque e Irão poderiam se aproximar novamente – especialmente se os conflitos na Síria chegarem ao fim. As monarquias do Golfo e Israel ficariam ainda mais isoladas no mundo árabe, provocando uma situação de maior tensão”.

 
Reequilíbrio de poder – Em artigo publicado no site da companhia americana de análise estratégica Stratfor, George Friedman afirma que os EUA não estão abandonando seus aliados Israel e Arábia Saudita ao fechar o acordo com o Irão. Considera, no entanto, que os termos do relacionamento podem estar mudando: “A mudança é que o apoio dos EUA se dará em um contexto de balanço de poder, particularmente entre Irão e Arábia Saudita. (…) O balanço de poder mais natural é sunitas versus xiitas, árabes versus iranianos. O objetivo não é a guerra, mas cada lado ter força suficiente para paralisar o outro” (leia a íntegra, em inglês).

 

 

Friedman lembra que um dos temores dos sauditas está relacionado à substancial minoria xiita concentrada no leste do país e sua potencial afinidade com o Irão. Outra preocupação é o Iraque, pois os sauditas não querem um estado xiita pró-iraniano em sua fronteira norte. Mas o Irão pediu a colaboração americana exatamente para evitar o surgimento de um governo contrário à república islâmica no Iraque.

 
O cenário é intrincado e há muitos interesses envolvidos, de forma que, nos próximos seis meses, os negociadores do que pode vir a ser um acordo definitivo serão observados de perto. Se fechar o pacto preliminar já foi tarefa árdua – foram dez anos de impasse até se chegar ao texto anunciado no último domingo – as dificuldades devem se multiplicar de agora em diante.

 
O caminho do programa nuclear iraniano

 
O Irão deu muitos passos rumo à bomba atômica nas últimas décadas – e nenhum sinal de que pretende recuar em seu programa nuclear, como exige o Ocidente. Confira os principais fatos:

 
Década de 1950

 

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Liderado pelo xá Reza Pahlevi, o Irão dá início ao programa nuclear do país. Em um acordo com os EUA, fechado no contexto do programa de Dwight Eisenhower denominado ‘Átomos para a Paz’, o governo americano se comprometeu a fornecer um reator de pesquisa nuclear para Teerão e usinas de energia.

 
Década de 1950

 
1 de julho de 1968

 

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Após o reator de pesquisa fornecido pelos americanos entrar em atividade em 1967, o Irão se torna a 51ª nação a assinar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear. Com a assinatura, Teerão concorda em nunca utilizar a energia nuclear para a fabricação de bombas.

 

 
Início da década de 1970

 

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Em 1973, o xá Pahlevi cria a Organização de Energia Atômica do Irão, cuja finalidade era treinar mão de obra para trabalhar nas usinas e manter acordos nucleares com países como Estados Unidos, França, Alemanha Ocidental e África do Sul. Com o treinamento de engenheiros no Irão e no exterior, o país ganha um sólido conhecimento sobre tecnologias nucleares.

 
Um ano depois, a Kraftwerk Union, companhia da Alemanha Ocidental, se dispõe a construir dois reatores para produção de energia nuclear no complexo de Bushehr, ao sul de Teerão. As obras têm início em 1974, mas o contrato só é assinado em 1976. No fim da década de 1970, os EUA passam a demonstrar preocupações com a possibilidade de o Irão nutrir a ambição de construir armas nucleares.

 
1979

 

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Manifestantes seguram cartazes do Aiatolá Khomeini após a partida do xá Reza Pahlevi do Irão, em 1979
Ano da revolução que acabou com a ditadura do xá Pahlevi, aliado dos Estados Unidos. O primeiro-ministro Shahpur Bakhtiar assume o poder e cancela um contrato de 6,2 bilhões de dólares para a construção de duas usinas nucleares no complexo de Bushehr. Os Estados Unidos também cancelam o contrato para fornecimento de urânio enriquecido a Teerão, que havia sido firmado no ano anterior.
Em fevereiro, o premiê é deposto por seguidores do aiatolá Ruhollah Khomeini, um clérigo exilado, após conflitos sangrentos em Teerão. Khomeini instalou uma teocracia no país e muitos especialistas em energia nuclear fugiram do Irão. A crise dos reféns na embaixada americana, entre novembro de 1979 e janeiro de 1981, acaba com qualquer cooperação bilateral.

 

 
Década de 1980

 

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O aiatolá Ali Khamenei

 
A guerra entre Irão e Iraque, que ocorreu entre 1980 e 1988, leva o aiatolá a retomar secretamente o programa nuclear iraniano. Ele solicita apoio de aliados alemães para completar a construção no complexo de Bushehr, danificado por bombardeios durante guerra.

 
No fim da década de 1980, o engenheiro Abdul Qadeer Khan, que chefiou o programa nuclear do Paquistão, vende a tecnologia para Irão, Coreia do Norte e Líbia.

 
Em 4 de junho de 1989, o aiatolá Ali Khamenei, presidente do país durante oito anos, se torna o líder supremo do Irão após a morte de Khomeini.

 
Década de 1990

 

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Em 1995, o Irão anuncia a assinatura de um contrato de 800 milhões de dólares com a Rússia para o término da construção dos dois reatores de água leve no complexo de Bushehr. O projeto só foi concluído em 2010. Enquanto isso, os Estados Unidos tentam convencer países como a Argentina, Índia, Espanha, Alemanha e França a proibirem a venda de tecnologia nuclear para Teerão.

 
Com os crescentes indícios coletados pela inteligência americana de que Teerão tentava desenvolver uma bomba atômica, o presidente Bill Clinton assinou em 1995 as primeiras sanções contra companhias estrangeiras que estivessem investindo no Irão. Tais regras já eram aplicadas a empresas americanas.

 
Em maio de 1999, o presidente Mohammed Khatami visita a Arábia Saudita, tornando-se a primeira autoridade iraniana a fazer uma viagem ao mundo árabe desde 1979. Ele apoia uma proposta para tornar o Oriente Médio livre de armas nucleares. Em 2003, o Irão apoiaria uma iniciativa semelhante iniciada pela Síria.

 
Primeira metade dos anos 2000

 

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Usina nuclear de Natanz

 
Em 2002, um grupo dissidente iraniano conhecido como M.E.K obtém e divulga documentos revelando um programa nuclear clandestino que inclui uma vasta usina em Natanz e outra em Arak. No mesmo ano, o Irão concorda com inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica. Entre 2003 e 2005, período em que o atual presidente Hassan Rohani conduziu as negociações nucleares do Irão com o Ocidente, o Irão prometeu à Inglaterra, França e Alemanha uma pausa no enriquecimento de urânio. A suspensão temporária foi usada para instalar sorrateiramente equipamentos na usina de Isfahan e aumentar o número de centrífugas na planta de Natanz, como o próprio Rohani admitiu em entrevista a um jornal iraniano, em 2011.

 
3 de agosto de 2005

 

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O engenheiro Mahmoud Ahmadinejad é eleito para suceder Mohammed Khatami na Presidência. Entre 1997 e 2005, Khatami tentou implementar reformas no país, mas foi tolhido pelos aiatolás. Ahmadinejad, por sua vez, recolocou o país nos trilhos do fanatismo mais intransigente.

 

 

2006

 

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A AIEA aprova em janeiro uma resolução para denunciar o programa nuclear iraniano ao Conselho de Segurança da ONU, citando “falta de confiança” entre os membros da agência de que “o programa nuclear iraniano é destinado exclusivamente para fins pacíficos”. Desafiando a perspectiva de sanções serem aplicadas contra o país, Ahmadinejad inaugurou formalmente a usina de Arak, a 250 quilômetros de Teerão, onde atualmente um reator de água pesada está sendo construído. A usina deve entrar em plena atividade em meados de 2014, quando será capaz de produzir plutônio para armas nucleares. Em dezembro de 2006, o Conselho de Segurança aprova por unanimidade um pacote de sanções contra o Irão, proibindo a importação e exportação de materiais e tecnologia usados no enriquecimento e reprocessamento de urânio e na produção de mísseis balísticos.

 
2009

 

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A então secretária de Estado Hillary Clinton anuncia que os Estados Unidos vão participar das negociações com o Irão, que já envolvem outros cinco países: Alemanha, China, França, Grã-Bretanha e Rússia. No ano anterior, os EUA tinham enviado um representante para uma reunião que terminou sem avanços, com o Irão negando-se a ceder em um ponto fundamental: a exigência de interromper o enriquecimento de urânio. Qualquer semelhança com o estágio atual das negociações entre o Irão e o grupo que ficou conhecido como 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU mais a Alemanha) não é mera coincidência.

 
2010

 

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Inspetores da ONU admitem pela primeira terem coletado indícios de que o Exército do Irão trabalhou para produzir bombas nucleares. O Conselho de Segurança da ONU também eleva as sanções contra o Irão, limitando compras, trocas e transações financeiras das autoridades responsáveis por controlar o programa nuclear. Os países membros dão o aval para que a comunidade internacional inspecione navios e aviões suspeitos de infringir o embargo. O Irão também é impedido de investir em usinas nucleares de outros países, minas de urânio e tecnologias relacionadas. Um comitê é criado para monitorar as sanções.

 

 

Também em 2010, um vírus de computador, o Stuxnet, verdadeira arma de guerra digital, infectou as máquinas da usina de Natanz e aumentou a velocidade das centrífugas, destruindo o motor de 1 000 delas. Os ataques cibernéticos ocorreram depois que Estados Unidos e Israel perceberam que o programa de sabotagem iniciado dois anos antes e introduzido na planta de Natanz estava disponível na Internet e sendo replicado rapidamente.

 
2011

 

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Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA
Novas sanções contra o banco central do Irão e bancos comerciais praticamente excluem o país do sistema financeiro internacional. Os EUA também impõem sanções contra companhias envolvidas no programa nuclear iraniano, além de limitar o comércio de indústrias petroquímicas e de combustível.

 
Em dezembro, um drone clandestino da CIA, RQ-170 Sentinel, cai perto da cidade iraniana de Kashmar, na fronteira com o Afeganistão. A aeronave tinha a finalidade de flagrar qualquer tentativa iraniana de construir uma nova usina nuclear. O Irão alega que o Exército derrubou a aeronave não tripulada, enquanto os EUA dizem que a queda foi causada por problemas técnicos.

 
2012

 

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Mãe do cientista nuclear Mostafa Ahmadi Roshan lamenta sua morte.

 
Em janeiro, dois sujeitos de capacete preto realizaram um atentado a bomba contra o carro em que estava o Mostafa Ahmadi Roshan, diretor da usina de enriquecimento de urânio de Natanz. Ele foi o quinto especialista do programa nuclear iraniano a ser atacado em circunstâncias misteriosas, em um período de dois anos. Apenas um escapou. Os indícios apontam para a ação de agentes de Israel, país que mais tem a temer uma bomba atômica nas mãos do Irão. Ainda no primeiro semestre, o Irão anuncia a construção de 3 000 centrífugas para enriquecimento de urânio na usina de Natanz.

 
Um embargo ao petróleo iraniano imposto pela União Europeia entra em vigor em julho. Em retaliação, o Irão anuncia que pretende interromper o tráfego no Estreito de Ormuz, na entrada do Golfo Pérsico. Em outubro, o rial, a moeda iraniana, despenca 40%, em decorrência das sanções impostas ao país. A moeda perde quase metade de seu valor no ano. Enquanto isso, a União Europeia reforça as sanções contra o país, proibindo negociações de indústrias nas áreas de finança, metal e gás natural.

 
2013 – Pré-eleições

 

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Saeed Jalili, então negociador nuclear do Irão: sem avanços
Uma nova rodada de negociações com o grupo 5+1 termina sem avanços. Mas as seis potências concordam em permitir que o Irão mantenha um pequeno montante de urânio enriquecido a 20% – que pode ser convertido para o grau de fabricação de bombas com um simples processo adicional – para uso em um reator de produção de isótopos médicos.

 
As vendas de petróleo do país caem pela metade em decorrência da pressão internacional e restrições a transações financeiras.

 
Em março, o presidente Barack Obama afirma que o Irão demoraria mais de um ano para desenvolver uma arma nuclear. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirma que Israel tem “diferentes vulnerabilidades” e precisa fazer seus próprios cálculos em relação à ameaça nuclear do Irão.

 
2013 – Rohani presidente

 

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A eleição do clérigo Hassan Rohani em junho foi apressadamente festejada como a de um político moderado, habilitado a conter o anseio dos aiatolás de construir uma bomba atômica. Ele tomou posse em agosto e adotou um discurso de conciliação, defendendo o diálogo com o Ocidente, mas sem dar qualquer sinal de que vá ceder nas negociações. Em um aguardado discurso na Assembleia Geral da ONU, deixou claro que o país não tem pretensões de abandonar o processo – que, contra todas as evidências, o Irão continua a afirmar que tem objetivos pacíficos. Rohani destacou que a aceitação “do direito inalienável do Irão” em enriquecer urânio é “o melhor e mais fácil” caminho para resolver a questão.

 

 

Dias depois, Obama e Rohani tiveram uma conversa por telefone, a primeira entre os presidentes dos dois países em 34 anos. Apesar da disposição demonstrada pelo presidente iraniano, é bom lembrar que a palavra final sobre as principais questões do país ainda é dada pelo líder supremo, o aiatolá Ali Khomeini.

 
FOTO: Diego Braga Norte e Jean-Philip Struck
Veja – Abril

 

 

 

 

Batalha de Pedroso perdida em 1071

27/08/2014

 
O Condado Portucalense

 

A Batalha de Pedroso ocorreu a 18 de Janeiro de 1071 perto da freguesia de Mire de Tibães.
Nuno Mendes, então conde de Portucale, não conseguiu conter Garcia II da Galiza, perdendo a vida e a batalha, apesar de só terem perecido 25 dos seus 100 guerreiros, e 60 dos 300 que compunham as hostes de Garcia II. Nuno Mendes era o último descendente conhecido (6ª.Geração) de Vímara Peres.

 

Vale a pena fazer um breve resumo sobre este famoso Vímara Perez:
Depois da invasão no ano 711, onde os cristãos foram derrotados pelos muçulmanos na fatídica batalha de Guadalete, será talvez, desde que começou a reconquista cristã, o primeiro nome a entrar nos primórdios da nossa nacionalidade. Não será o pai da Nação, longe disso, essa honra pertence a D.Afonso Henriques, mas antes de haver Portugal de forma jurídica e de papel passado, como se diz na gíria, existia já um Condado que tinha gente, e gente de elevada qualidade como é o caso de Vimara Peres e seus descendentes, onde se incluía a não menos famosa Condessa Mumadona Dias, sua sobrinha neta. Esta, por sua vez, era tia do Rei Ramiro II.

 
Ramiro II reveste-se ainda de particular importância para a história portuguesa – trata-se do primeiro rei a intitular-se (ainda que por breve período – entre 925, ainda em disputas com o irmão Afonso IV, e 931, um ano após a subida ao trono) de rei de terra portucalense – reconhecimento pleno da existência de uma terra portucalense, que já se vinha firmando desde 868 com a conquista de Vímara Peres e a formação da sua casa condal à frente dos destinos da mesma.

 

Batalha de Pedroso perdida em 1071-2

 
O caro leitor vai desculpar-me. Comecei pela Batalha de Pedroso perdida por Nuno Mendes, e a conversa descambou para o seu 6º. avô Vimara Peres, passando, ainda que de forma ligeira, pela Condessa Mumadona Dias e acaba no Rei Ramiro II.

 
Felizes somos nós portugueses por termos uma história tão longa e cheia de factos ilustres e gloriosos! (pena são os tempos actuais…)

 

Voltemos então ao Vímara;

 

Era um senhor da guerra da segunda metade do século IX do noroeste da Península Ibérica. Nascido na Galiza provavelmente no ano 820 e vassalo de Afonso III das Astúrias, foi enviado a reclamar o vale do Douro – em tempos remotos integrado na província romana da Galécia.

 

Vímara Peres foi um dos responsáveis pela repovoação da linha entre o Minho e Douro e, auxiliado por cavaleiros da região, pela acção de presúria do burgo de Portucale (Porto), que foi assim definitivamente conquistado aos muçulmanos no ano de 868 e o governou até 873.

 

Vímara Peres foi também o fundador de um pequeno burgo fortificado nas proximidades de Braga, Vimaranis (derivado do seu próprio nome), que com o correr dos tempos, por evolução fonética, se tornou na actual cidade de Guimarães.

 

POR: HERMÍNIUS LUSITANO

 
Portugal Glorioso – Blog