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UTAO alerta que o défice está acima do previsto e meta do Governo pode “estar em risco”

O défice orçamental no primeiro semestre do ano, em contabilidade nacional (a que interessa para Bruxelas), terá ficado acima do previsto, quer pelo Governo, quer face às metas que ficaram acordadas com a Comissão Europeia, dizem os técnicos da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO), que alertam ainda para um conjunto de medidas no orçamento que tornarão ainda mais difícil ao Governo atingir o objetivo do défice de 2016.

 

 

Numa nota de análise aos números do défice do primeiro semestre dados a conhecer na semana passada pelo INE, datada de sexta-feira e enviada esta tarde aos deputados, os técnicos independentes alertam que o défice orçamental do primeiro semestre terminou acima do previsto no Orçamento deste ano e também do limite acordado com Bruxelas.

 

 

Nas contas dos técnicos, o desvio face às contas do orçamento é de 0,5% do PIB. A meta inscrita no orçamento é de 2,2%, mas o défice nos primeiros seis meses foi de 2,8%. O valor revisto da Comissão Europeia, mais favorável que o inscrito no Orçamento, é de 2,5%.

 

 

Este desvio, dizem os técnicos da UTAO, vai colocar dificuldades na segunda metade do ano ao Governo para atingir a meta a que se propôs, mas não é o único problema que o Executivo enfrenta. A UTAO alerta para a existência de um conjunto de pressões orçamentais que estão previstas para o segundo semestre que vem complicar as contas.

 

 

Entre estas pressões estão as medidas já previstas na lei, como é o caso da devolução do resto dos cortes salariais (efetivo a partir de outubro), a descida já operada do IVA na restauração a partir de julho e os custos da reposição da semana de trabalho de 35 horas, face às 40 horas praticadas.

 

 

Acresce, ainda, a estas medidas a “baixa execução da receita fiscal”, confirmada pela execução orçamental até agosto dada a conhecer esta tarde, e do crescimento mais fraco que o previsto pelo Governo antecipado por algumas organizações. Estas projeções menos otimistas são também elas lembradas pela UTAO, depois de FMI e Comissão Europeia terem atualizado as suas projeções, ambas as organizações mais pessimistas que o Governo.

 

 

CDS preocupado com dados orçamentais que “não são boas notícias”

 

 

O dirigente do CDS-PP Mota Soares revelou-se esta segunda-feira preocupado com os dados da execução orçamental conhecidos até agosto, considerando que “não são boas notícias” e provam o falhanço do modelo defendido pelo Governo do PS apoiado pela esquerda.

 

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Infelizmente, estes dados não são boas notícias para o país, são a prova de que o modelo de crescimento económico que as esquerdas prometeram a Portugal está a falhar”, afirmou Mota Soares no parlamento.

 

 

Antes, o Ministério das Finanças tinha anunciado que o défice das administrações públicas atingiu 3.990 milhões de euros até agosto deste ano em contas públicas, menos 81 milhões de euros do que o registado no mesmo período de 2015 e que a redução face aos primeiros oito meses do ano passado foi “conseguida através de um aumento da receita de 1,3%, superior ao crescimento de apenas 1% da despesa”.

 

 

“Mesmo com mais 645 milhões de euros cobrados a mais aos portugueses no imposto sobre produtos petrolíferos (gasolina e gasóleo), a verdade é que a receita fiscal está a baixo daquela que o Governo prometeu arrecadar. É um sinal de que a economia não está a crescer”, lamentou Mota Soares.

 

 

O deputado centrista declarou que “quando devíamos estar preocupados com as pequenas e médias empresas, percebemos que o Estado aumentou em 300 milhões de euros as dívidas da administração central” e, quando devíamos estar preocupados com a falta de investimento, percebemos que o investimento público está 300 milhões de euros abaixo do ano passado e 600 milhões de euros abaixo do estimado para este ano no Orçamento do Estado”.

 

 

“Quando temos um Governo que ainda está a pedir tantos sacrifícios aos portugueses preocupa-nos o facto de estarmos a pagar mais 350 milhões de euros de juros da nossa dívida o que é um sinal de que há falta de confiança externa nesta solução governativa”, vincou.

 

 

Entretanto, a Direção-Geral do Orçamento, na sua síntese da execução refere que o Estado arrecadou mais de 25 mil milhões de euros em impostos até agosto, um valor praticamente inalterado face ao período homólogo de 2015, resultado do aumento da receita dos impostos indiretos e da queda da dos diretos.

 

 

Números confirmam “tranquilidade” do Governo com execução orçamental, diz Costa

 

 

O primeiro-ministro, António Costa, manifestou esta segunda-feira “tranquilidade” com os dados da execução orçamental divulgados pela Direção-Geral de Orçamento (DGO), sublinhando a “forma confortável” como Portugal está a atingir o seu “objetivo orçamental”.

 

 

“Portugal está a conseguir alcançar de uma forma confortável o seu objetivo orçamental”, disse António Costa, sustentando que os dados hoje conhecidos “confirmam a tranquilidade com que o Governo tem encarado a execução orçamental deste ano”.

 

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O chefe do Governo falava aos jornalistas no dia em que se soube que o défice das Administrações Públicas atingiu 3.990 milhões de euros até agosto deste ano em contas públicas, menos 81 milhões de euros do que o registado no mesmo período de 2015, segundo dados divulgados pelo Ministério das Finanças.

 

 

“A melhoria do défice mantém a trajetória favorável observada desde o início do ano. A execução até agosto registou um défice de 3.990 milhões de euros, o que representa 72,6% do previsto para o ano”, afirma o ministério tutelado por Mário Centeno, num comunicado que antecede a publicação da síntese de execução orçamental até agosto pela Direção-Geral de Orçamento (DGO).

 

 

Costa comentou os números em Lisboa, à margem de uma cerimónia de assinatura de contratos entre o Banco Europeu de Investimento (BEI) e instituições financeiras portuguesas, e assinalou que o executivo atingirá as suas metas de défice “virando a página da austeridade”.

 

 

Sobre o ano de 2017, o primeiro-ministro remeteu perspetivas sobre a meta do défice para o Orçamento do Estado, que será entregue a 14 de outubro, mas vincou uma vez mais que Portugal concluirá 2016 com um défice abaixo dos 2,5% fixados pela Comissão Europeia.

 

 

“Vamos cumprir”, asseverou.

 

 

As Finanças afirmam que o défice até agosto deste ano melhorou 81 milhões de euros face ao mesmo período de 2015, quando registou 4.071 milhões de euros – um montante que “representava 85,7% do défice anual” previsto pelo anterior governo PSD/CDS-PP.

 

 

A tutela indica ainda que esta redução face aos primeiros oito meses do ano passado foi “conseguida através de um aumento da receita de 1,3%, superior ao crescimento de apenas 1% da despesa”.

 

 

Face ao valor acumulado até julho, o défice das Administrações Públicas melhorou 991,1 milhões de euros, acrescenta o ministério.

 

 

Já o saldo primário (que exclui os encargos com os juros da dívida) das Administrações Públicas registou um excedente de 1.628 milhões de euros até agosto, melhorando 409 milhões de euros face ao mesmo período de 2015.

 

 

Segundo o ministério, na Administração Central e Segurança Social as despesas com a aquisição de bens e serviços apresentaram uma redução de 2% e as despesas com remunerações certas e permanentes cresceram 2,3%, “ambas abaixo do orçamentado”.

 

 

TPT com: AFP//Lusa//Público//Nuno André Martins//Hugo Amaral//Observador// 26 de Setembro de 2016

 

 

 

 

 

Baldomiro Soares lança livro que relata memórias, “contos e pontos” da nossa descolonização africana

O Sport Clube Português de Newark, no estado de New Jersey, foi o local escolhido para o lançamento do livro “O Drama de Uma Descolonização”, da autoria de Baldomiro Soares. Na verdade, uma tragédia desnecessária que provocou o maior movimento de repatriação de sempre na nossa História.

 

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O livro, com 232 páginas, versa sobre o drama da descolonização portuguesa em África, e relata “factos, memórias e representações” sobre alguns dos cerca de um milhão de portugueses que regressaram e se integraram a Portugal provenientes, na sua maioria, de Angola e Moçambique.

 

 

A independência das colónias portuguesas em África iniciou-se em 1973 com a declaração unilateral da República da Guiné Bissau, que foi reconhecida pela comunidade internacional, mas não pela potência colonizadora. As restantes colónias portuguesas ascenderam à independência em 1975, na sequência da Revolução dos Cravos.

 

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No prefácio do livro “O Drama de Uma Descolonização”, M.J. Torres Dantas, escreve que “enquanto em Portugal pseudos políticos pujantes de euforia vorazmente delapidavam o património nacional gritando o povo é quem mais ordena, nos bastidores preparava-se rapidamente o caminho mais curto a seguir para entregar Angola ao partido que escolheram sem acautelar a segurança das pessoas e bens dos portugueses lá residentes que acabaram por ficar à mercê dos grupos armados dos três partidos angolanos, sofrendo incríveis atrocidades nos meses que antecederam a independência daquele país perante a indiferença, quase total, das autoridades portuguesas alí ainda estacionadas”.

 

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Baldomiro Soares, aqui acompanhado pelo presidente do Sport Clube Português de Newark, Jack Costa, faz questão de referir que, nesta obra, “relatamos por episódios histórias verdadeiras, vividas pelos protagonistas, na sua grande maioria, naturais de Olhão, Culatra e Santa Luzia (Algarve), e que como é óbvio, em alguns casos têm os seus nomes verdadeiros trocados para preservar as suas identidades”.

 

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Este livro é uma “chamada de atenção” para a memória do abandono das províncias ultramarinas que continua dolorosamente presente. Para Baldomiro Soares, “o drama dos “retornados” é uma ferida que a República não conseguiu sarar e falta ainda que se faça justiça para as centenas de milhar de inocentes cujas vidas foram arruinadas e também, para os responsáveis pela tragédia africana de 1975”.

 

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Quarenta e dois anos volvidos sobre os processos e acontecimentos que tiveram um impacto estruturante, quer no Portugal democrático, quer nas nações que dele emergiram, e que pelo caminho cruzaram muitas esperanças com não poucos traumas, Baldomiro Soares quiz com esta sua obra lembrar que é tempo de se fazer não apenas um balanço crítico, mas, sobretudo, de contribuir para aumentar a compreensão do fenómeno complexo que foi a descolonização portuguesa.

 

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Com este propósito, o livro de Baldomiro Soares descreve em detalhe vários episódios desse drama pungente que ele mesmo viveu ou dele ouviu testemunhos.

 

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O livro que tem poesia e ilustrações de Maria Cristina Estrela Soares (na foto), apresenta relatos “onde claramente se patenteia o desespero, a desgraça e o infortúnio sofrido por esse martirizado povo português sem que em circunstância alguma houvesse merecido”, refere M.J. Torres Dantas, no prefácio.

 

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E o mote estava dado para uma boa conversa entre os convidados presentes, entre eles alguns jovens, que aprenderam um pouco mais sobre a história da descolonização portuguesa em África.

 

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Neste encontro estiveram pessoas ligadas à cultura, ao associativismo e ao empresariado (na foto, esq/dir/, Fernando da Silva, Luís Lourenço e João Martins), que mostraram interesse no livro que visa “despertar consciências” sobre a apressada outorga de independência aos territórios do Ultramar, um dos grandes pecados da actual República, decorria o ano de 1975. Nessa data, chegavam a Lisboa mais de 500 mil refugiados de África, brancos, negros e mestiços inocentes que viram as suas vidas arruinadas por uma descolonização então chamada “exemplar” mas hoje prudentemente rotulada de “possível”.

 

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Entre os convidados presentes estava também Jorge Leitão (na foto), proprietário e descendente dos fundadores da “Leitão & Irmão”, que se encontrava de passagem pelos Estados Unidos, a convite do BPI. De referir que em quase dois séculos de história, as jóias que sairam das oficinas desta empresa foram usadas por D. Amelia d’Orleans, D. Maria Pia, pela princesa alemã Augusta Vitória, consorte do último Rei de Portugal, e também foram oferecidas a papas e imperadores e desenhadas pelos grandes artistas de cada época. Jorge Leitão que se inteirou do conteúdo do livro, disse ao The Portugal Times que gostou de estar presente no lançamento desta obra de Baldomiro Soares, que é constituída por duas partes. A primeira parte, descreve, em grande detalhe, vários episódios desse drama pungente que ele mesmo viveu ou dele ouviu testemunhos.

 

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“No meio de tanta tragédia, o amor é planta de todos os tempos que floresce, tanto ao amanhecer como no ocaso da vida”, diz o poeta.

 

O livro, “O Drama de Uma Descolonização”, de Baldomiro Soares, é constituído por duas partes. A primeira parte é constituída por relatos impressionantes de desespero, desgraça e infortúnio de quem tinha de fugir da terra que também era sua. A segunda parte do livro é, segundo M.J. Torres Dantas, “um hino de louvor à terra de naturalidade do autor, aos pescadores e à gente com quem conviveu desde a infância”.

 

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Baldomiro Soares, nasceu em 1941 na Ilha da Culatra. Foi registado e baptizado em Olhão, Sotavento Algarvio. Concluiu a instrução primária em Olhão e o exame de admissão à Escola Técnica em Faro. Em Angola, Moçâmedes, termina o Curso Geral de Comércio na Escola Comercial e Industrial, e em Luanda forma-se em Contabilidade pelo Instituto Comercial Vicente Ferreira. Nos Estados Unidos, onde reside, especializou-se em Marketing e Relações Públicas pela “New York Life Insurance”, em Filadélfia e “Banking and Financing”, em Summit, New Jersey.

 

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Ao serviço da Nação Portuguesa foi sargento miliciano do Exército Português em Angola, desde 1962 a 1965, e nos Estados Unidos foi Cônsul Honorário de Portugal em Filadélfia, desde 1983 a 1999. Com a sua actividade profissional ligada à banca Baldomiro Soares desempenhou funções de chefia no Banco Totta & Açores, em New York, onde foi Director Comercial, desde 1981 a 1995. De 1995 a 2006, desempenhou a função de Presidente e Director-Geral no mesmo banco em Newark, New Jersey.

 

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No campo associativo e cultural, Baldomiro Soares que é casado com Maria Cristina Estrela Soares, esteve ligado a várias associações culturais, desportivas e recreativas onde deixou trabalho feito não só em Angola mas que continua a “fazer história” neste campo também nos Estados Unidos da América, onde após interessante trabalho realizado no Clube Português de Filadélfia, no estado de Pennesylvania, desempenha actualmente a função de Presidente do Conselho Fiscal do Sport Clube Português de Newark, do qual é também Sócio Benemérito.

 

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Em realação à sua experiência na actividade jornalística, Baldomiro Soares foi correspondente do jornal “O Retornado”, em Lisboa, durante os anos de 1975/1976; Correspondente dos jornais comunitários Portuguese News e Portuguese Post, e ainda nas revistas Oportunidades e Cartaz, desde 1976 a 1985. Em 1982, Baldomiro Soares fundou o primeiro jornal comunitário na cidade de Filadélfia, o “Portuguese Bolletin”.

 

 

Para além do seu envolvimento no jornalismo, Baldomiro Soares é também o autor de várias obras literárias com destaque para os livros “50 Anos de História do Philadelphia Portuguese Club”; “Uma História, Várias Gerações do Sport Club Português”, de Newark; “Luanda-Olhão: 35 dias no Regresso em Traineira”; “Maresia em Poesia”; “Ondulações Poéticas”; “Freixiosa: A Minha Terra e o Museu”; “Tertúlia Club, 50 Anos de Fraternidade” e ainda “Eu e a Catedral”.  Segundo Baldomiro Soares, e em relação ao futuro, está já a trabalhar em mais duas obras literárias que têm por título “Os portugueses de Pennsylvania”, que abrange a época de 1682 a 2000, e ainda “Estórias da História da Ilha da Culatra no Séc. XX”.

 

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Baldomiro Soares que se encontrava em Angola à data da Revolução do 25 de Abril, narrou no seu livro o seguinte depoimento: “O 25 de Abril de 1974, nasceu como um dia qualquer na Samba Grande, cidade de Luanda, Continente Ocidental Africano, onde eu vivi mais de vinte anos. Preparado para mais um dia de trabalho, oiço a rádio noticiando com grande pompa que na noite anterior tinha ocorrido uma revolução em Portugal. Uma lágrima cai-me pela face, não pela tristeza do regime vigente que não deixa saudades, mas por um mau presságio que se avizinha. Afinal, não foi um dia qualquer, mas sim um dia, que iria virar a página da História dos Portugueses em África”.

 

 

Deixar África foi para muitos uma experiência traumática

 

 

Através dos relatos apresentados e dos interessantes contos descritos, no livro “O Drama de Uma Descolonização”, Baldomiro Soares dá a entender que a saída de África durante o processo de descolonização (1974-1975) constituiu uma experiência traumática para os portugueses residentes nestes territórios. Por ter sido entendida como um êxodo forçado, ter implicado a perda da condição económica e social que detinham e a não identificação com o país de origem ou nacionalidade, como aconteceu com os pieds-noirs da Argélia. A experiência partilhada do repatriamento e massa e as condições de insegurança e de desconstrução da vida quotidiana nos territórios até à independência produziu emoções que influíram sobre a noção identidade individual e colectiva devido ao sentimento de pertença a um lugar que consideravam uma pátria afectiva ou de adopção.

 

 

Breve resumo dos motivos que levaram à  descolonização portuguesa

 

 

Nem com a perda do Estado Português da Índia o Estado Novo vê, ou quer ver, que o tempo dos grandes impérios chegou ao fim.

Em Angola, o dia 15 de março de 1961 marca o início da guerra colonial. Depressa se estenderá a outros países: Guiné, em 1963, e Moçambique, em 1964.

Com o 25 de Abril surge grande expectativa, tanto nacional como internacionalmente, quanto ao futuro das colónias: o n.º 8 do Programa do MFA não era conclusivo a esse respeito e as declarações de membros da Junta de Salvação Nacional permanecem ambíguas. As pressões internacionais fazem-se sentir, principalmente por parte da ONU e da OUA. Os movimentos de libertação apelam à intensificação dos conflitos enquanto não obtivessem as concessões que pretendiam. O caso mais urgente parecia ser o da Guiné, onde a guerra era mais acesa. Após o fracasso das negociações de Londres, a 25 de maio, e de Argel, a 13 de junho, é assinado um acordo, também em Argel, entre a delegação portuguesa e os representantes do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e de Cabo Verde), no qual se reconhece de jure a independência da Guiné-Bissau e se reafirma o direito de Cabo Verde à autodeterminação e à independência. A transmissão de poderes na Guiné far-se-á no dia 10 de setembro de 1974 e o acordo para a independência de Cabo Verde é assinado a 19 de dezembro de 1974.

 

 

No caso de Moçambique começa por haver um encontro exploratório em Lusaca, no início de junho, entre Mário Soares e Samora Machel, presidente da FRELIMO (movimento eleito como interlocutor), que se salda num impasse. A 7 de setembro é assinado, em Lusaca, um acordo entre o governo português e a FRELIMO que, no essencial, estipula a proclamação da independência a 25 de junho de 1975.

 

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Primeira página de “A Capital”, de 11 de novembro de 1975

 

 

Em Angola não há apenas um, mas três interlocutores: o MPLA, a UNITA e a FNLA, com grandes rivalidades entre si. No início de maio verificou-se os primeiros encontros exploratórios, mas só no início de 1975 estarão reunidas as condições necessários para um acordo entre o estado português e os dirigentes dos três movimentos de libertação, acordo esse que foi assinado em Alvor, a 15 de janeiro de 1975, e no qual se estabelece como data para a independência de Angola o dia 11 de novembro de 1975.

 

 

O acordo para a independência de S. Tomé e Príncipe é assinado em Argel, a 26 de novembro de 1974. Após várias negociações em Macau, que se revelam infrutíferas, o processo de descolonização de Timor é interrompido pela brutal invasão deste território por parte da Indonésia, em 7 de dezembro de 1975.

 

 

Em relação a Macau, as conversações entre Portugal e a China, de 30 de junho de 1986 a 26 de março de 1997, determinaram que o território passaria para a soberania chinesa em 20 de dezembro de 1999.

 

 

O território de Timor Leste viu reconhecida a independência a 28 de novembro, tendo sido dominado pela Indonésia até 2002.

 

 

Mas sobre estes assuntos ainda há muitos que não estão definitivamente encerrados.

 

 

Com que direito os militares portugueses do MFA entregaram Angola e Moçambique a partidos aliados da (hoje extinta) União Soviética?

 

 

Os manuais de História tratam o tema como encerrado, mas as perguntas incómodas mantêm a sua pertinência. Por que razão os povos das províncias ultramarinas nunca tiveram o direito de se pronunciar sobre o seu destino? A crise dos refugiados, vulgo “retornados”, era inevitável?

 

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O império de D. João II foi abandonado à pressa, e o pouco que restava dele jazia perto do Padrão dos Descobrimentos, em contentores desconjuntados contendo as parcas posses que os portugueses ainda conseguiram salvar da guerra civil que se aproximava velozmente de Angola. Só para evacuar todos os portugueses de África foram necessários 905 voos, e a recém-nacionalizada TAP teve de dar uso até aos imponentes Boeing 747 recentemente adquiridos. Os EUA e a URSS também contribuíram, tanto para a desgraça que estava a acontecer, como com aviões para retirar do Ultramar, sobretudo de Angola, cidadãos cujo único “crime” era terem nascido portugueses. Também foram usados 27 navios, que transportaram 100 mil pessoas. Quinhentos anos depois, barcos modernos faziam a rota das caravelas, mas em sentido contrário.

 

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Os custos económicos do abandono de 98% dos territórios portugueses foram gigantescos para os povos afectados. Em 1973, o Produto Nacional Bruto de Angola era de 2,7 mil milhões de dólares, e o de Moçambique de 3.1 mil milhões, segundo dados do Banco Mundial. Poucas anos mais tarde, eram apenas uma ínfima fracção desse valor. Por sua parte, Portugal passou de ter taxas de crescimento de 10% ao ano, para ter de receber o FMI pela primeira vez em 1977.

 

 

JM// The Portugal Times//23 de Setembro de 2016

 

 

 

 

Rebelo de Sousa afirma que possível levantamento da suspensão de fundos europeus “é, sem dúdiva, uma boa notícia”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, congratulou-se hoje (quarta-feira) com o possível levantamento da suspensão dos fundos europeus a Portugal, afirmando que “é uma boa notícia”.

 

 

“Tudo o que for bom da ótica internacional, europeia ou outra, para o desenvolvimento económico do país é uma boa notícia”, declarou o chefe de Estado aos jornalistas, a meio de um passeio a pé em Nova Iorque, onde na terça-feira discursou perante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa, que nesta visita tem evitado comentar o que se passa em Portugal, nada mais acrescentou sobre este assunto.

 

 

O comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, afirmou esta quarta-feira que a Comissão Europeia pode levantar a suspensão dos fundos estruturais se o Governo português cumprir as metas orçamentais e apresentar “finanças saudáveis”.

 

 

Numa entrevista hoje aos jornalistas portugueses em Bruxelas, Pierre Moscovici defendeu que a Europa não é punitiva, mas sim a favor dos “incentivos” e salientou que a Comissão Europeia pode levantar a suspensão parcial dos fundos estruturais se houver “um respeito total pelos compromissos” europeus.

 

 

Moscovici salientou ainda que, ao contrário da multa, que a Comissão Europeia tinha algum espaço de manobra para cancelar, a suspensão de fundos estruturais é automática e Bruxelas é obrigada a apresentar uma proposta.

 

 

Mas, acrescentou, a suspensão pode ser levantada se Bruxelas concluir que Portugal tomou “ações efetivas” para garantir o cumprimento dos seus compromissos.

 

 

Existe uma questão legal, o facto de Portugal não ter tomado ações efetivas em 2014 e 2015 levou à possibilidade de uma multa. A Comissão tinha a possibilidade de cancelar a multa – e fê-lo – porque não queria penalizar o povo e a economia portuguesa e queria uma economia forte e um futuro para os jovens portugueses”, destacou o responsável europeu.

 

 

Quanto à suspensão de parte dos fundos estruturais e de investimento, Moscovici disse não haver outra hipótese a não ser propor a suspensão.

 

 

Estamos a ter um diálogo com o Parlamento Europeu, mas vamos ter de propor uma suspensão. Mas – existe um “mas”, que é importante – podemos levantar a suspensão e é isso que esperamos fazer, de forma a que não haja nenhuma suspensão efetiva de fundos, se os compromissos relativos às finanças publicas forem cumpridos. É nesse espírito que estamos a trabalhar com as autoridades portuguesas”, sublinhou.

 

 

Questionado sobre as medidas necessárias para cumprir os compromissos europeus, assinalou que a Comissão não diz às autoridades portuguesas quais as escolhas que têm de fazer em termos de políticas: “É da sua responsabilidade, é a sua soberania, seria errado se a Comissão dissesse que ‘têm de fazer isto ou aquilo’. O que existe são regras comuns e metas quanto ao défice que têm de ser cumpridas”.

 

 

Garantiu ainda que tem “confiança” no trabalho das autoridades portuguesas, considerando que estão no caminho certo, mas avisou que “os próximos meses serão decisivos”.

 

 

“Estou razoavelmente confiante de que os compromissos para 2016 vão ser respeitados e espero que o Governo esteja a preparar um orçamento sólido e robusto para 2017 com a necessidade de ter 0,6% de esforço estrutural e foi essa a mensagem que deixei para António Costa [primeiro-ministro] e Mário Centeno [ministro das Finanças]”, afirmou, destacando “a boa cooperação” que tem mantido com o Governo português.

 

 

 

TPT com: AFP//Lusa//Observador//21 de Setembro de 2016

 

 

 

 

“Donald Trump é uma desgraça nacional e um pária internacional”, acusa Colin Powell

O ex-secretário de Estado norte-americano Colin Powell classificou o candidato presidencial republicano Donald Trump como uma “desgraça nacional” e um “pária internacional”, em mensagens pessoais de correio eletrónico que foram pirateadas e divulgadas. A correspondência pirateada revela uma acusação vigorosa ao impertinente multimilionário por um membro de um governo republicano, se bem que tenha apoiado das duas vezes a candidatura presidencial do democrata Barack Obama.

 

 

“Ele apela ao pior da natureza republicana e das pessoas brancas pobres”, escreveu Powell sobre o nomeado pelos republicanos para disputar a eleição presidencial, numa das mensagens obtidas pela DC Leaks, um sítio na internet envolvido em outras ações de pirataria a contas de personalidades norte-americanas e que foi publicada pela primeira vez pelo Buzzfeed.

 

 

Numa mensagem, trocada no mês passado com um antigo colaborador, Powell atacou o movimento que questiona a nacionalidade de Obama, o que foi incentivado por Trump, considerando-o racista. “Todo esse movimento era racista”, escreveu o general reformado, vincando: “Era o que 99% acreditavam (que Obama não era cidadão dos EUA). Quando Trump não conseguiu manter isso, passou a querer saber se o certificado [de nascimento] dizia que ele era muçulmano”.

 

 

Powell, que foi secretário de Estado de 2001 a 2005, confirmou à estação televisiva NBC que as mensagens reveladas eram autênticas e adiantou que os piratas possuíam “muitas mais”. Segundo o The Daily Caller, estima-se que os piratas tenham transmitido cerca de 30 mil mensagens de correio eletrónico de Powell ao DC Leaks.

 

 

Trump surpreendeu tudo e todos com saúde de ferro em “Dr. Oz Show”

 

 

Donald Trump foi o convidado no programa de saúde “Dr. Oz Show” e surpreendeu a audiência ao entregar um resumo de um exame médico feito há duas semanas. O exame foi feito pelo Harold N. Bornstein, o mesmo médico que, anteriormente, afirmara que se Trump fosse eleito seria o presidente mais saudável da história.

 

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O episódio de “Dr. Oz”, gravado nesta quarta-feira de manhã, irá para o ar nesta quinta-feira, mas os responsáveis da campanha de Trump tinham afirmado que os resultados dos exames médicos não seriam revelados durante o programa. Mas, no início desta semana, Oz terá dito ao pivô da Fox News, Brian Kilmeade, que iria revelar os resultados de um exame médico a que Trump tinha sido submetido semanas antes.

 

 

Segundo o que foi divulgado, Oz fez “uma revisão completa de sistemas” ao candidato republicano, o que terá incluído o sistema nervoso, cabeça e pescoço, níveis hormonais, saúde cardiovascular e respiratória, bexiga e próstata e o histórico médico familiar de Trump. Oz disse que a sua interpretação da carta de Bornstein é a de que Trump não tem quaisquer problemas de saúde. O colesterol, elevado, baixou após lhe ter sido prescrito um medicamento.

 

 

O candidato republicano nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, que se realizam em novembro próximo, gosta de fast-food e diz não ter tempo para fazer exercício físico durante a campanha. Nem mesmo para jogar golfe, como gostaria, mas disse que gostava de perder entre 15 a 20 quilos.

 

 

A saúde dos candidatos à Casa Branca está a transformar-se num tema central da campanha, sobretudo depois de Hillary Clinton ter sido diagnosticada com uma pneumonia, na sexta-feira passada, depois de ter abandonado a cerimónia de homenagem às vítimas do 11 de setembro de 2001. A doença apenas foi revelado publicamente no domingo seguinte.

 

 

Numa sondagem, realizada pela The Morning Consult, divulgada nesta quarta-feira, mais de metade dos 1.501 entrevistados considera que Clinton está a mentir sobre o seu estado de saúde. Apenas 29% dos entrevistados acredita que a candidata democrata fornece informações precisas sobre o seu estado clínico, ao passo de que 37% afirma que Donald Trump mente sobre a sua “saúde de ferro”.

 

 

Quatro em cada 10 americanos, 41% dos entrevistados, descreve a saúde de Hillary Clinton como abaixo da média ou muito fraca. No entanto, metade dos eleitores afirmam que a saúde débil de Clinton não irá afectar o seu voto. Se Trump ganhar as eleições presidenciais em novembro, torna-se no candidato mais velho a assumir a presidência dos Estados Unidos. No caso de Clinton, será a segunda mais velha, depois de Ronald Reagan.

 

 

Obama defende Hillary Clinton de críticas “injustas”

 

 

O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fez esta terça-feira a sua estreia a solo na campanha democrata para as eleições presidenciais de novembro, classificando como “injustas” as críticas feitas a Hillary Clinton.

 

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“É bom estar de volta à campanha” disse Obama perante uma multidão em Filadélfia, enquanto defendia a candidatura de Hillary Clinton e a importância de mais quatro anos de Governo democrata no país.

 

 

“Embora já tenha feito a minha última campanha, vou trabalhar o máximo que puder este outono para eleger Hillary Clinton”, declarou, acrescentando: “E não estou aqui a cumprir um papel, eu quero mesmo, mesmo, mesmo eleger Hillary Clinton”.

 

 

Obama falava numa cidade que será fundamental para decidir a corrida presidencial na Pensilvânia – um estado em que a vitória é determinante para o candidato republicano, Donald Trump.

 

 

A corrida ali poderá ser decidida pelo facto de a coligação Obama – eleitores jovens, negros e hispânicos – ir votar ou não.

 

 

Obama surge na campanha quando Hillary Clinton, de 68 anos, se viu obrigada a abandonar as viagens pelo país devido a uma pneumonia que levantou outras questões acerca da sua saúde.

 

 

O chefe de Estado frisou que Clinton tem “sido sujeita a maiorescrutínio público e a mais críticas injustas que qualquer outra pessoa”, e acusou a imprensa de facilitar a vida ao seu adversário, o multimilionário Donald Trump.

 

 

Os nossos padrões para o que é normal mudaram: Donald Trump todos os dias diz coisas que costumavam ser encaradas como desqualificando-o para ser Presidente. E, contudo, porque ele as repete uma e outra e outra vez, a imprensa simplesmente desiste”, comentou Obama.

 

 

O atual ocupante da Casa Branca percorreu uma lista de feitos – do resgate da economia ao assassínio de Usama bin Laden – e defendeu que os republicanos da atualidade são indignos de liderar o partido de Abraham Lincoln e Ronald Reagan.

 

 

E ainda troçou da aprovação de Trump da política do líder russo, Vladimir Putin.

 

 

Conseguem imaginar Ronald Reagan a idolatrar alguém assim? Ele via a América como uma cidade resplandecente no cimo de um monte, Donald Trump chama-lhe um cenário de crime antagónico”, rematou.

 

 

TPT com: MICHAEL REYNOLDS/EPA//Observador//Lusa//Washington Post// TRACIE VAN AUKEN/EPA// 15 de Setembro de 2016

 

 

 

 

Navio de Vasco da Gama pode ter sido encontrado em Omã. Revelados novos dados

Partes do navio que Vasco da Gama utilizou durante os Descobrimentos portugueses do século XVI podem ter sido descobertos ao largo da costa de Omã. Novos dados sobre as buscas estão a ser avançadas esta sexta-feira num estudo publicado esta sexta-feira no “Journal of Nautical Archaeology“. Essas porções do navio foram encontrados em 1998 junto à ilha de Al Hallaniyah, no mar Arábico, mas as escavações arqueológicas feitas no local permitiram obter mais pormenores sobre a infraestrutura.

 

 

Tudo indica que este pode ser o navio Esmeralda, que o explorador português utilizou na sua segunda viagem marítima para a Índia. Esse navio pode ter sido destruído durante uma tempestade no século XVI. De acordo com as informações dispostas no estudo, “a baía onde o navio foi encontrado tem uma concordância geográfica quase perfeita para onde se supõe que os navio Esmeralda e São Pedro afundaram”.

 

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Depois da descoberta do caminho marítimo para a Índia em 1498, os portugueses começaram a aventurar-se anualmente até àquele país asíatico. Era uma das viagens mais perigosas e mortíferas para os marinheiros: estima-se que, entre 1498 e 1650, morreram 219 portugueses naquela que era chamada a Carreira da Índia. No entanto, pouco se sabia sobre os navios: nunca foram encontradas muitas carcaças dos navios afundados nesta época, provavelmente por terem sido saqueados. Além disso, há um grande espaço em branco nos relatórios dos arqueólogos: sabe-se muito pouco sobre o que aconteceu entre a data da primeira viagem à Índia até 1552, ano em que o navio São João se destruiu no mar.

 

 

Pôr a História em pratos limpos

 

 

 Manuel I tinha muito respeito por Vasco da Gama. As missões de Pedro Álvares Cabral, que tinha ao seu comando treze navios, não tinham satisfeito o rei: é que só seis dessas embarcações conseguiram chegar à costa de Malabar entre 1500 e 1501. Mas Vasco da Gama tinha encontrado uma fonte de riqueza na Índia que viria a ser útil a Portugal, por isso o rei podia garantir assim que ficaria na História como um líder de prestígio e ambição. Era algo que parecia longe de acontecer e a religião era parte do problema: quando Álvares Cabral chegou à costa de Malabar, depois de um grande investimento real no oceano Índico, os caminhos das especiarias eram controlados pelos soldados egípcios, com quem o explorador português não manteve amizades.

 

 

Aos olhos do rei, Vasco da Gama era um homem mais ponderado. Por isso, apostou na criação de uma frota de vinte navios, cinco deles postos na mão de homens da confiança do navegador. Foi a maior frota do Caminho das Índias alguma vez constituída. Além de Vicente Sodré e de Brás Sodré, seus tios, foram chamados Estêvão da Gama (primo), Álvaro de Ataíde (cunhado) e Lopo Mendes de Vasconcelos (futuro cunhado).

 

 

De todos eles, Vicente Sodré era o protagonista: era ele quem deveria substituir Vasco da Gama caso este morresse na viagem, uma ordem dada pelo rei quando este decidiu reagir à agressividade asiática com uma resposta militar. D. Manuel I chamou Vicente (um cavaleiro da Ordem de Cristo) e deu-lhe o comando do esquadrão de cinco navios da família Gama, que funcionava quase independentemente das outras quinze embarcações. O objetivo: iniciar uma guerra contra os navios de Meca na costa de Malabar e à entrada do rio Vermelho para conseguir o controlo forçado dos caminhos das especiarias. Os cinco navios iam carregados de armas.

 

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Vasco da Gama voltou a Lisboa, mas Vicente Sodré continuou a patrulhar o sudoeste da costa indiana para manter as fábricas portuguesas em segurança. Mas o navegador ignorou as ordens de D. Manuel I e decidiu levar o esquadrão, a bordo do Esmeralda, para o Golfo de Áden para assaltar os navios da Arábia. Conseguiu-o com a ajuda do irmão, a bordo do São Pedro, que incendiou os navios inimigos matando todos a bordo. Mas só depois de os saquear e ficar com tudo: roupa, açúcar, pimenta, arroz, entre outros bens.

 

 

Claro que os navios portugueses não ficaram intactos. Em busca de um local onde os pudessem arranjar, os irmãos Sodré levaram o esquadrão para a ilha Al Hallaniyah, a única ilha habitada na costa de Omã. Ficaram várias semanas por lá, acabando por manter amizade com os locais. Um dia, os habitantes da ilha avisaram os irmãos Sodré de que uma tempestade estava prestes a chegar àquela costa e que os navios não sobreviveram à violência do fenómeno, a não ser que fossem levados para o sotavento da ilha. Vicente e Brás Sodré mantiveram os dois navios principais, Esmeralda e São Pedro, na mesma costa, confiantes de que as âncoras eram fortes o suficiente para os proteger.

 

 

Não foi o que aconteceu. Os dois navios foram completamente destruídos pelo vento, pelas correntes marítimas e pelas rochas. Julga-se que nenhum homem a bordo do navio Esmeralda sobreviveu e que Vicente Sodré morreu durante a tempestade. Quando o tempo acalmou, os sobreviventes enterraram os seus corpos. Ao fim de seis dias, Pêro de Ataíde, um dos navegadores, tomou comando dos navios e viajou até à Índia para se encontrar com Francisco D’Albuquerque. Antes de morrer, já de regresso a Portugal e a passar ao lado de Moçambique, Pêro de Ataíde escreveu uma carta a D. Manuel I contando toda esta odisseia, que pode ser vista no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.

 

 

As caravelas Esmeralda e São Pedro afundaram numa tempestade em 1503

 

 

Os objetos encontrados no local do naufrágio, incluindo moedas raras, também ajudaram a determinar a nacionalidade e a data dos destroços.

 

 

É a primeira vez na história que se resgata um naufrágio do primeiro período das Grandes Navegações portuguesas.

 

 

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Em 1499, Vasco da Gama virou um heroi nacional português, com título de nobreza e tudo, ao voltar para casa após encontrar o caminho por mar de Portugal até a Índia, de onde era possível trazer temperos valiosíssimos, pelos quais os europeus, cansados de comida sem gosto, estavam dispostos a pagar uma fortuna. Mas aí, em 1500, quase que tudo foi por água abaixo para os lusitanos. O rei de Portugal, Manuel I, resolveu enviar para a Índia uma frota de 13 navios liderada por um outro navegador, um certo Pedro Álvares Cabral (que no caminho aproveitou para dar um pulinho do outro lado do Atlântico e descobrir uma certa Ilha de Vera Cruz, depois rebatizada Brasil). A expedicão de Cabral foi um fracasso: atacada por tempestades e por rivais indianos e árabes, que não queriam abrir mão do monopólio do comércio com o Oriente, voltou para casa com apenas seis navios, um deles sem carga nenhuma. Centenas de portugueses morreram nas batalhas e nos naufrágios.

 

 

Foi aí que Manuel I resolveu engrossar. Montou uma nova expedição, armada até os dentes, novamente sob o comando do heroi Vasco da Gama, com navios capitaneados por seus parentes próximos, gente de confiança. O segundo-em-comando de Vasco era seu tio Vicente Sodré, irmão de sua mãe, um cavaleiro da ordem de Cristo que comandava o leme da caravela Esmeralda. E que se deu mal. Pois bem: depois de quase duas décadas tentando, um grupo de arqueólogos liderado pelo cientista marinho americano David Mearns afirma que encontrou no fundo do Mar da Arábia os destroços do Esmeralda, carregado de tesouros e de velhos segredos do mar.

 

 

Vicente e seu irmão Brás Sodré receberam do rei Manuel I a missão de vigiar a entrada do Mar Vermelho, para proteger os comerciantes portugueses dos inimigos árabes e indianos, enquanto Vasco ia buscar as valiosas especiarias. Mas, segundo ficou registrado na história, eles resolveram desrespeitar as ordens reais. Perceberam que era mais lucrativo sair pelos mares saqueando os comerciantes do Oriente e guardando para si seus valiosos produtos. Só que acabaram quebrando a cara.

 

 

Em abril de 1503, Vicente e Brás estavam parados para reparos com cinco caravelas na ilha Al Hallaniyah, na costa do atual Oman, quando foram avisados por nativos que uma tempestade iria chegar e que seus barcos corriam perigo. Os irmãos Sodré correram para proteger as três caravelas menores, mas estavam confiantes de que os dois barcos maiores, o Esmeralda e o São Pedro, dotados de âncora de ferro, não corriam perigo. Deviam ter ouvido os locais. Os dois barcos foram triturados pelos ventos violentos das monções. Os tripulantes do São Pedro, que estavam mais perto da praia, conseguiram se salvar e resgatar parte da carga, mas o Esmeralda afundou com todo mundo dentro, inclusive o capitão Vicente Sodré. Seu irmão Brás também morreu em seguida, não se sabe se por consequência do naufrágio ou por outras causas. Sabemos dessa história toda porque um sobrevivente chamado Pero de Ataíde resgatou o que sobrou das armas reais e viajou com os navios restantes de volta a Portugal, onde denunciou a desobediência dos irmãos ao rei.

 

 

Foi o relato de Ataíde que deu a David Mearns e à sua equipe na empresa Blue Water Recoveries a dica de onde o naufrágio poderia estar. Mearns já era famoso por desenterrar diversos navios afundados durante a Segunda Guerra Mundial. Ele visitou Oman em 1998 e encontrou indícios de que havia algo lá. Mas a burocracia de autorizar uma escavação marinha num sultanato árabe atrasou as escavações em vários anos. Só em 2014 a expedição pode ser feita. Os resultados acabam de ser publicados – e são impressionantes.

 

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Não havia nem sinal do casco do Esmeralda. “Isso não é surpreendente, dada a ferocidade da tempestade, que certamente esmigalhou o casco, e à reação dos sobreviventes, que incendiaram o que restou da caravela”, diz o relatório. Mas muitos dos objetos à bordo foram retirados do mar.

 

 

Havia, como sempre em naufrágios antigos, uma imensa quantidade de cacos de cerâmica – pratos, tijelas, jarros. O interessante é que nenhuma delas continha estanho, um material que foi usado intensamente nas cerâmicas portuguesas a partir de 1550. A ausência do estanho é portanto reveladora de que o navio é mais antigo que isso, como seria de se esperar caso aquele seja mesmo o Esmeralda, afundado em 1503. Outro indício importante tirado do mar por Mearns foi o sino do navio, com a inscrição “498” – provavelmente o que restou da data na qual o sino foi fabricado (1498). Até hoje, nenhuma caravela portuguesa naufragada no início do século 16 havia sido encontrada.

 

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Mas o maior tesouro achado na escavação foi uma moeda de prata raríssima chamada “índio”. Essa moeda foi cunhada por Manuel I para celebrar o feito de Vasco da Gama e fazia parte de uma série de duas: o “índio” e o “português”, que deveriam ser usadas justamente no comércio recém inaugurado com a Índia. Até hoje só se havia encontrado um “índio”, que está no Museu Histórico Nacional do Rio de Janeiro. Como a moeda foi cunhada em 1499 e circulou apenas até 1504, ela, além de ser uma raridade valiosíssima, é um indício quase incontestável de que o navio fazia mesmo parte da frota de Vasco da Gama.

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E, se é que restava alguma dúvida, os mergulhadores desenterraram também quase 100 balas de canhão, o que faz sentido a se julgar pela missão bélica que o Esmeralda e o São Pedro receberam de Manuel I. 35 dessas balas eram adornadas pela inscrição “VS”. Não há como saber com toda certeza o que as duas letras significam. Mas, se fosse para apostar, parece bem provável que tenha alguma coisa a ver com o nome do capitão do Esmeralda: Vicente Sodré.

 

 

TPT com: Journal of Nautical Archaeology//AFP//Reuters//Marta Leite Ferreira//Observador//David Mearns//National Geographic Creative// 12 de Setembro de 2016

 

 

 

 

Teorias da conspiração: Quem planeou a morte de três mil pessoas?

Passaram-se 15 anos mas há quem não esteja convencido do que se passou. Como em qualquer manual de teorias da conspiração, aqui há espaço para a ciência, para a suspeição política e até para o racismo.

 

 

Sintetizar uma tragédia de grande magnitude ou importância histórica é, na maioria dos casos, uma tarefa intricada. Os ataques terroristas aos EUA ocorridos a 11 de setembro de 2001, pelas características únicas com que se desenrolaram – com múltiplas frentes de ataque, em diferentes zonas no país, com desfechos também eles distintos – tornam a tarefa de quem conta como foi, ainda mais delicada. Basta relembrar as intermináveis teorias e explicações sobre o assassinato do 35º presidente norte-americano, John F. Kennedy, a 22 de novembro de 1963, há mais de 50 anos. Mas neste registo, é justo dizê-lo, não existe, no mundo, país mais original que os EUA, onde conseguimos encontrar tão facilmente quem arranje uma boa teoria da conspiração.

 

 

Neste exercício explicativo, existem as teorias mais sensatas e as mais mirabolantes. E a maioria delas faz-se acompanhar de um conjunto vasto de provas, vídeos, escritos e testemunhos, que podem levar a percorrer caminhos labirínticos, por vezes excêntricos, em busca da verdade absoluta.

 

 

Bombas

 

 

Uma das principais teorias que surgiram no pós-11 de setembro defende que as torres gémeas do World Trade Center não colapsaram em consequência do impacto causado pelo despenhamento dos aviões, mas antes devido à detonação de engenhos explosivos, que estavam colocados em vários andares de cada uma das torres. Para além das explicações mais ou menos científicas que nos tentam mostrar como seria impossível os prédios desmoronarem-se de forma tão rápida em tão pouco espaço de tempo, ‘apenas’ com o impacto dos aviões, muitos testemunhos houve de pessoas que descrevem “explosões” e “terramotos” anormais, minutos antes do colapso total das torres. “O prédio tremeu e eu pensei que fosse um terramoto”, contou uma testemunha à CNN. “Pouco depois houve uma explosão enorme e o teto cedeu”, acrescentou. Também houve quem tenha contado que se realizaram “exercícios de segurança estranhos” nos dias que antecederam os ataques.

 

 

Encenação

 

 

No mesmo dia em que as torres gémeas ruíram em Manhattan, um avião que partira de S. Francisco, com destino a Newark, era sequestrado por terroristas e tinha como destino o capitólio, em Washington D.C. Segundo as investigações do FBI, um grupo de quatro passageiros rebelou-se contra os sequestradores e dos desacatos provocados a bordo, resultou o despenhamento do aparelho em Shanksville, Pensilvânia. Mas há quem diga que tudo não passou de uma encenação, incluindo as chamadas telefónicas recebidas por alguns dos passageiros – cujo conteúdo foi revelado posteriormente. O site Newsone.com diz que os defensores desta teoria acreditam que o voo 93 “aterrou em segurança, enquanto um avião de substituição foi atingido no céu”. Nesta lógica, os telefonemas também foram “forjados”. É que, àquela altitude, “os telemóveis não conseguiriam apanhar rede”, defende este grupo.

 

 

Conspiração política

 

 

Uma boa teoria da conspiração necessita de um bode expiatório como de ‘pão para boca’. E quem melhor do que a classe política para sustentar uma tese destas? Há quem defenda que o então presidente, George W. Bush, sabia que os ataques iriam acontecer. Primeiro porque a sua reação, quanto confrontado com a realidade, numa escola primária, “não foi normal”, dizem os adeptos desta teoria. E segundo porque Bush revelou, mais tarde, que as forças de defesa norte-americanas nunca tinham previsto um ataque através do sequestro e utilização de aviões comerciais, algo que o jornal “USA Today” desmentiu, categoricamente, mostrando provas de que este tipo de ameaça fazia parte dos manuais do exército.

 

 

Para apimentar mais a conspiração política, há quem relacione a falta de resposta da NORAD – o comando de defesa do espaço aéreo norte-americano – a 11 de setembro, com o facto de, precisamente nesse dia, o responsável máximo não ser um general, mas Dick Cheney , o vice-presidente dos EUA.

 

 

Peça fora do puzzle

 

 

O ataque ao Pentágono também tem muito que se lhe diga. Segundo os amantes desta teoria, que colocaram um vídeo elucidativo no YouTube, o buraco deixado pelo avião 757, que se despenhou contra este edifício governamental, é demasiado pequeno, tendo em conta a envergadura do aparelho. Para além disso, as imagens dos destroços mostram alguns objetos intactos – como monitores de computador – e “poucos sinais de danos causados pelo fumo ou sobreaquecimento”, nas palavras do narrador desse vídeo. Tendo em conta o sucedido nas torres gémeas e o impacto causado pelos aviões nas estruturas dos edifícios, o despenhamento contra o Pentágono é “completamente inconsistente”, defendem os autores do referido vídeo.

 

 

Judeus, Bin Laden e sobreviventes

 

 

Outras teorias há que, à primeira vista, parecem roçar o delírio. É o caso da tese que culpa os judeus pelos atentados de 2001. Segundo uma reportagem emitida pela CCN, um grupo significativo de americanos acredita que os ataques foram pensados e executados pela Mossad, os serviços secretos israelitas. Que provas têm? Perto de quatro mil judeus que trabalhavam no WTC tiraram férias nesse dia e os primeiros vídeos que surgiram depois do ataque às torres gémeas foram gravados também por judeus.

 

 

Por outro lado, o famoso documentário “Loose Change – 9/11”, sugere que alguns dos sequestradores ainda estão vivos, nos seus países natais, pelo que seria impossível que tivessem estado ao comando dos aviões que se despenharam nos EUA.

 

 

Por último, há quem acredite que as gravações de baixa qualidade de Osama Bin Laden são falsas, já que o líder da Al-Qaeda negou inicialmente qualquer envolvimento na tragédia. Mas a sua personagem dava à administração Bush a justificação perfeita para intervir militarmente no Médio Oriente, como acabou por acontecer, em 2003, com a invasão do Iraque.

 

 

TPT com: AFP//Reuters// USA Today// 12 de Setembro de 2016

 

 

 

 

Silêncio de todas as partes no reatamento das novas negociações de paz em Moçambique

As delegações do Governo moçambicano, da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, e mediadores internacionais saíram hoje em silêncio no primeiro dia da retoma de negociações de paz após um interregno de quase três semanas.

 

 

“Não temos nada para falar, foi apenas um primeiro encontro”, limitou-se a dizer à imprensa Mario Raffaelli, coordenador da equipa de mediadores internacionais do atual processo negocial, no final da reunião.

 

 

No primeiro dia da nova ronda negocial, os mediadores internacionais mantiveram encontros separados com as delegações da duas partes em conflito, que também se escusaram a prestar declarações.

 

 

Além da exigência da Renamo de governar em seis províncias moçambicanas, a agenda de negociações integra a cessação imediata dos confrontos, a despartidarização das Forças de Defesa e Segurança, incluindo polícia e nos serviços de informações e o desarmamento do braço armado da Renamo e sua reintegração na vida civil.

 

 

No último encontro, os mediadores propuseram ao Governo moçambicano e à Renamo a presença de observadores internacionais em todos os pontos de conflito para ser alcançada uma suspensão das hostilidades, mas as partes não chegaram a acordo.

 

 

A Renamo aceita uma trégua temporária para facilitar a deslocação dos mediadores internacionais à Gorongosa, onde presumivelmente se encontra o líder do partido, Afonso Dhlakama, mas coloca como condição o afastamento das Forças de Defesa e Segurança da região.

 

 

A delegação do Governo considera, por seu lado, que as Forças de Defesa e Segurança “cumprem em todo território uma missão de Estado constitucionalmente consagrada” e argumenta que “é a suspensão imediata das hostilidades militares que vai garantir a segurança do corredor” a estabelecer para a viagem dos mediadores à Gorongosa, centro de Moçambique.

 

 

A proposta dos mediadores sugere que as partes aceitem “um corredor desmilitarizado ou outra forma mais segura e eficaz” para que possam avistar-se pessoalmente com Afonso Dhlakama, “a partir do momento em que a suspensão das hostilidades for acordada”.

 

 

A organização deste corredor, segundo os termos do documento que data de 24 agosto, caberia a um grupo de trabalho específico, com a presença dos mediadores, que poderia ainda posteriormente estabelecer as condições para um cessar-fogo permanente.

 

 

Apesar de as negociações terem registado uma pausa, os trabalhos da subcomissão constituída para preparação de um novo um pacote legislativo sobre descentralização continuaram.

 

 

Entre os pontos que deviam ser avaliados pela subcomissão, destacam-se a revisão pontual da Constituição da República, das leis das assembleias provinciais e de bases da organização e funcionamento da administração pública, bem como uma nova lei das finanças provinciais.

 

 

A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado da Renamo e as Forças de Defesa e Segurança e denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.

 

 

As autoridades moçambicanas acusam a Renamo de uma série de emboscadas nas estradas e ataques nas últimas semanas em localidades do centro e norte de Moçambique, atingindo postos policiais e também assaltos a instalações civis, como centros de saúde ou alvos económicos, como comboios da empresa mineira brasileira Vale.

 

 

Alguns dos ataques foram assumidos pelo líder da oposição, Afonso Dhlakama, que os justificou com o argumento de dispersar as Forças de Defesa e Segurança, acusadas de bombardear a serra da Gorongosa.

 

 

A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder há mais de 40 anos) de ter cometido fraude no escrutínio.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//António Silva //Lusa//Observador// 12 de Setembro de 2016

 

 

 

 

Funcionários da ONU preferem ter António Guterres como Secretário Geral

António Guterres, Helen Clark e Christiana Figueres são os candidatos a secretário-geral da ONU preferidos pelos funcionários da organização, segundo uma sondagem interna. A sondagem foi realizada pela Avaaz, uma organização não governamental que tenta aproximar o cidadão comum das grandes decisões mundiais, e envolveu cerca de 1000 funcionários da organização.

 

 

Quando lhes foi pedido que indicassem três nomes de pessoas que gostavam de ver como secretário-geral, a nova-zelandesa Helen Clark surgiu em primeiro lugar, com 439 referências, António Guterres em segundo, com 381, e em terceiro Christiana Figueres, da Costa Rica, com 340.

 

 

Irina Bokova, a búlgara que atualmente lidera a UNESCO, foi referida 269 vezes, o nome de Susanna Malcorra foi dito 201 e apenas um outro candidato, Danilo Turk, com 130 votos, ultrapassou os três dígitos.

 

 

A nível de entusiasmo pelas candidaturas, Figueres ultrapassou Guterres no segundo lugar, sendo Helen Clark a candidata que mais entusiasma os funcionários da ONU.

 

 

A Avaaz também pediu a pessoas de 50 países que lessem as biografias dos candidatos, assistissem a vídeos com depoimentos e depois indicassem os seus favoritos.

 

 

Nesse estudo, Figueres foi a candidata preferida, com 34 por cento dos votos, seguida de Clark, com 31 por cento, e, finalmente, António Guterres.

 

 

O resultado para o pior desempenho de Guterres deve-se a uma preferência anunciada dos inquiridos por uma candidata, uma vez que a ONU nunca teve uma mulher na sua liderança.

 

 

A Avaaz terminou o seu estudo com uma série de entrevistas a especialistas de relações internacionais, que apontaram Guterres como a sua primeira escolha, seguido de Figueres e Clark.

 

 

António Guterres venceu as primeiras quatro votações secretas para o cargo, que aconteceram a que aconteceram a 21 de julho, 05 de agosto, 29 de agosto e 09 de setembro.

 

 

Duas outras votações estão agendadas: uma semelhante às primeiras quatro, que acontece a 26 de setembro, e uma na primeira semana de outubro, em que os votos dos membros permanentes do conselho, que têm poder de veto sobre os candidatos, serão destacados.

 

 

A organização espera ter encontrado o sucessor de Ban Ki-moon, que termina o seu segundo mandato no final do ano, durante o outono.

 

 

António Guterres vai novamente a votos a 26 de setembro para secretário-geral da ONU

 

 

Depois de ter vencido as três primeiras votações secretas do Conselho de Segurança para chegar ao cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres e os restantes candidatos voltarão a votos no dia 26 de setembro. Se não houver desistências até lá, continuarão a ser 10 os candidatos ao cargo mais cimeiro das Nações Unidas.

 

 

De acordo com a Xinhua, agência de notícias estatal chinesa, a votação continuará a ser feita de forma totalmente secreta, seguindo o atual modelo em que todos os países têm boletins de voto iguais.

 

 

Depois desta votação a 26 de setembro, haverá outra, na primeira semana de outubro. Será nesta votação, a sexta desde que o processo foi iniciado, que os cinco países que são membros permanentes do Conselho de Segurança (Rússia, China, EUA, França e Reino Unido) vão passar a ter boletins de voto coloridos.

 

 

Este sistema permitirá saber quem são os candidatos que recebem votos de desencorajamento por parte dos membros permanentes — uma informação importante, uma vez que aqueles cinco países têm poder de veto sobre todas as decisões do Conselho de Segurança, inclusive sobre qual candidato é que aquele órgão aconselha para nomeação para o cargo de Secretário-Geral. Desta forma, essa informação poderá ser vital para acelerar o processo, levando à desistência de pelo menos alguns dos candidatos que contem com a oposição de um país com poder de veto.

 

 

Votos de desencorajamento de membros permanentes podem travar Guterres

 

 

Esse poderá vir a ser um problema para António Guterres, mesmo que se tenha distinguido até agora, e de forma clara, como o candidato com melhor resultado. Isto porque, de votação em votação, foram aumentando os votos de desencorajamento contra a sua candidatura. Em 21 de julho não teve nenhum; em 5 de agosto recebeu dois votos de desencorajamento; em 29 de agosto o número subiu para três, aumentando a probabilidade de, entre estes, estar pelo menos um dos países com poder de veto.

 

 

Além dos cinco membros permanentes, o Conselho de Segurança conta com 10 membros rotativos: Angola, Egito, Japão, Malásia, Nova Zelândia, Senegal, Espanha, Ucrânia, Uruguai e Venezuela.

 

 

A votação do Conselho de Segurança é secreta e não tem caráter vinculativo, tratando-se apenas de uma recomendação daquele órgão sobre quem acredita que deve ocupar o cargo de Secretário-Geral das Nações Unidas. A votação final cabe à Assembleia Geral das Nações Unidas, que terá de tomar a decisão final até 31 de dezembro deste ano, o dia em que Ban Ki-moon termina as suas funções como Secretário-Geral das Nações Unidas.

 

 

SECRETÁRIO-GERAL DA ONU

 

Candidatos para 2016

 

1.   Irina Bokova

Bulgária

 

2.   Helen Clark

Nova Zelândia

 

3.   Christiana Figueres

Costa Rica

 

4.   Natalia Gherman

Moldávia

 

5.   António Guterres

Portugal

 

6.   Vuk Jeremić

Sérvia

 

7.   Srgjan Kerim

Macedónia

 

8.   Miroslav Lajčák

Eslováquia

 

9.   Susana Malcorra

Argentina

 

10.  Danilo Türk

Eslovénia

 

 

 

TPT com: Peter Foley//EPA//AFP// Manuel Elias/LUSA//João de Almeida Dias//Observador// 12 de Setembro de 2016

 

 

 

 

 

PSD diz que decisão sobre Barroso é “espetáculo que não abona” em favor da União Europeia

O líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, classificou esta segunda-feira a decisão da Comissão Europeia de deixar de receber Durão Barroso como antigo presidente desta instituição como um “espetáculo que não abona nada em favor” das instituições europeias.

 

 

À margem de uma visita ao agrupamento de Escolas Infante D. Pedro, em Penela (Coimbra), que marca o arranque das jornadas parlamentares do PSD, Luís Montenegro foi questionado se se arrepende do apoio dado pelo seu partido ao atual presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker: “Não se trata de estarmos ou não arrependidos, não quer dizer que estejamos sempre de acordo com todas as suas intervenções. Infelizmente tem havido algumas que não têm sido benéficas nem para o país nem para a União”, respondeu.

 

 

De acordo com uma notícia divulgada no domingo à noite pelo Expresso e Financial Times, Durão Barroso deixará de ser recebido em Bruxelas como ex-presidente da Comissão Europeia, e terá de dar explicações ao executivo europeu sobre a sua relação contratual com a Goldman Sachs Internacional, na qual assumirá funções de presidente não-executivo.

 

 

Questionado pelos jornalistas sobre esta polémica, Montenegro escusou-se a fazer um comentário direto.

 

 

“É um espetáculo que não abona nada em favor das instituições europeias, creio que é um assunto que não merece ser mais ampliado do que o que é pela força das intervenções dos principais protagonistas das organizações europeias”, referiu, em declarações aos jornalistas em Penela.

 

 

Sobre o apoio do PSD a Jean-Claude Juncker, o líder da bancada social-democrata lembrou que o seu partido foi dos primeiros a fazê-lo, até dentro do Partido Popular Europeu mas que isso nem sempre tem implicado concordância com as suas intervenções.

 

 

De acordo com o Expresso e o Finantial Times, o atual presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, vai ainda examinar o contrato do seu antecessor com o banco norte-americano de investimento e deu já instruções ao seu gabinete para tratar José Manuel Barroso como qualquer outro lobista com ligações a Bruxelas.

 

 

Na sua qualidade de ex-presidente da Comissão Europeia, assim como ex-primeiro-ministro de um Estado-membro, Durão Barroso, teria o direito a um “tratamento VIP” pelos líderes e instituições europeias em Bruxelas.

 

 

A partir de agora, em quaisquer contactos futuros, será recebido como um “representante de interesses” e qualquer comissário europeu ou funcionário da União Europeia que mantiver contactos com Durão Barroso será obrigado a registar esses contactos e a manter notas sobre os mesmos.

 

 

Esta decisão de Juncker responde à provedora de justiça europeia, Emily O’Reilly, que na semana passada pediu esclarecimentos sobre a posição da Comissão Europeia face à nomeação de Durão Barroso para administrador não-executivo na Goldman Sachs Internacional (GSI).

 

 

Durão Barroso sem direito a passadeira vermelha em Bruxelas

 

 

Durão Barroso continua com vida difícil em Bruxelas. O ex-presidente da Comissão Europeia e antigo primeiro-ministro português vai perder os “privilégios de passadeira vermelha” com que são brindados os restantes ex-presidentes da Comissão. Esta foi uma orientação dada pelo próprio sucessor do português, Jean-Claude Juncker, na sequência da nomeação de Barroso como presidente do conselho de administração da Goldman Sachs International.

 

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A notícia é avançada pelo Financial Times (link para assinantes), que dá conta da decisão tomada por Juncker. De acordo com aquele jornal, Barroso passará a ser recebido em Bruxelas “não como antigo presidente, mas como representante de um interesse e será sujeito às mesmas regras” que os restantes lobistas. Esta notícia surge no mesmo dia em que o Expresso dá conta da decisão de Juncker de pedir novos esclarecimentos a Durão Barroso sobre o seu novo trabalho.

 

 

Numa carta enviada à provedora de justiça europeia e responsável por supervisionar questões de ética na Europa, Emily O’Reilly, o luxemburguês explica que “embora nos meus contactos com o Sr. Barroso ele tenha confirmado o compromisso com um comportamento com integridade e discrição também na sua nova posição no Goldman Sachs, eu pedi que, neste caso específico, porque envolve um antigo presidente da Comissão, o secretário-geral lhe envie uma carta pedindo-lhe esclarecimentos sobre as novas responsabilidades e os termos de referencia do contrato”, escreve o presidente da Comissão Europeia na carta a que o Expresso teve acesso.

 

 

A ida de Durão Barroso para a Goldman Sachs International, um dos maiores bancos de investimento do mundo, motivou duras críticas de vários representantes europeus. Pierre Moscovici, comissário europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, por exemplo, deu a entender que Durão Barroso deveria ter feito uma “reflexão política, ética e pessoal” e “pensar na imagem que projeta”.

 

 

Ora, apesar das críticas quase generalizadas, a comissão de ética da Comissão Europeia considerou que não estava em causa um conflito de interesses, uma vez que já tinham passado 18 meses desde a saída de Durão Barroso da presidência da Comissão Europeia. No entanto, e de acordo com o mesmo Financial Times, Jean-Claude Juncker quer pedir novo parecer à Comissão.

 

 

 

TPT com: AFP//Reuters// Financial Times//Lusa//Miguel Santos//Observador// 12 de Setembro de 2016

 

 

 

 

 

Morreu António Barbosa de Melo, ex-presidente da Assembleia da República Portuguesa

O antigo presidente da Assembleia da República António Barbosa de Melo morreu esta quarta-feira, aos 83 anos, no Centro Hospital e Universitário de Coimbra, disse esta quarta-feira à Lusa fonte do PSD local.

 

 

Barbosa de Melo nasceu em 1932 e foi presidente da Assembleia da República entre novembro de 1991 a novembro de 1995. Investigador e professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, António Moreira Barbosa de Melo foi um dos fundadores do PSD, no qual exerceu diversos cargos nos órgãos nacionais.

 

 

Integrou a Comissão para a elaboração da lei eleitoral para a Assembleia Constituinte em 1974, da qual foi também Deputado. Exerceu novamente o mandato de Deputado na Assembleia da República nos anos de 1976-1977 e 1991-1999.

 

 

Foi Presidente da Assembleia da República durante a VI Legislatura (1991-1995) e foi membro do Conselho de Estado.

 

 

O funeral do antigo presidente da Assembleia da República realiza-se na sexta-feira no cemitério de Lagares, em Penafiel, de onde era natural.

 

 

O corpo de Barbosa de Melo está em câmara ardente desde as 10h00 desta quinta-feira na capela mortuária de Nossa Senhora de Lurdes, em Coimbra. Às 19h30 realiza-se na Igreja de Nossa Senhora de Lurdes, também em Coimbra, uma missa de corpo presente.

 

 

Na sexta-feira, o corpo do cofundador do PSD é trasladado para a Igreja Matriz de Lagares, Penafiel, onde será realizada, às 12h00, uma missa de corpo presente, antes do funeral.

 

 

Quando Barbosa de Melo e o “grupo de Coimbra” reescreveram o programa do PPD

 

 

Em 1974, pouco depois da revolução, Barbosa de Melo recebeu das mãos de Francisco Sá Carneiro aquilo que seria o projeto das bases programáticas do PPD. Mas discordou do futuro líder do partido por considerar que o documento era demasiado liberal.

 

 

Em fevereiro de 2016, o próprio confirmava ao Observador, contando que terá mesmo feito um ultimato a Francisco Sá Carneiro: ou o documento era reescrito ou não contassem com ele para o novo partido. A figura inspiradora do PPD/PSD terá então dito: “Ó homem, isto foi uma coisa que me deram, faça você as linhas programáticas”. Barbosa de Melo, acompanhado por Figueiredo Dias e Costa Pinto, assim o fariam.

 

 

A mesma história seria confirmada por Miguel Veiga, outro dos fundadores do partido, em entrevista à jornalista Anabela Mota Ribeiro:

 

O núcleo de Coimbra era formado pelo Mota Pinto, o Barbosa de Melo e o Figueiredo Dias. O Sá Carneiro, que não era um teórico político, mandou as suas linhas programáticas. O Barbosa de Melo disse-lhe: ‘Não conte com o grupo de Coimbra, porque aquilo que você mandou é para um partido liberal. Não alinhamos nisso’. O Sá Carneiro pediu-lhe para ser ele a fazer um esquisso. A matriz sobre a qual trabalhámos na Curia foi já social-democrata. Fiquei com o texto, não sei onde o pus, queria deixá-lo ao partido”, contou então Miguel Veiga, que fazia parte do núcleo do Porto.

 

 

O ex-deputado Paulo Mota Pinto, filho de Carlos Mota Pinto — ex-líder do PSD e ex-primeiro-ministro –, lembra a influência de Barbosa de Melo e do grupo de Coimbra na construção da identidade social-democrata do partido. “Teve um caráter decisivo”, afirma ao Observador.

 

 

Mota Pinto recorda Barbosa de Melo como um homem de “grande bom senso”, um “verdadeiro social-democrata”, com uma “grande liberdade de pensamento. É um dos construtores do nosso regime democrático. O PSD perdeu hoje uma das suas figuras maiores”, lamentou Paulo Mota Pinto.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa: país perde uma figura “singular e excecional”

 

 

“O país acaba de perder uma personalidade singular, excecional enquanto personalidade intelectual, excecional enquanto personalidade política e sobretudo excecional enquanto personalidade moral”. Foi desta forma que Marcelo Rebelo de Sousa lamentou a perda do “grande amigo”, num vídeo disponibilizado na página da Presidência da República.

 

 

Para Marcelo, Barbosa de Melo foi uma “personalidade intelectual na universidade, na cultura, no ensino” e uma “personalidade política na constituinte, no parlamento, na presidência da Assembleia da República, na intervenção política ao longo de décadas”.

 

 

“Era uma personalidade moral pela forma como aliava a inteligência à emoção, o caráter à cultura, com uma profunda bondade”, destacou o Presidente da República.

 

 

Passos Coelho: PSD “nunca esquecerá” Barbosa de Melo

 

 

Pedro Passos Coelho reagiu à morte de Barbosa de Melo numa nota enviada às redações. O presidente social-democrata expressa “profunda consternação” e recorda o “cidadão exemplar, jurista de eleição e professor reputado”. Alguém que pertence, por direito próprio, ao “grupo restrito daqueles que marcaram, de forma indelével, a construção do novo regime democrático”.

 

 

“Barbosa de Melo ficou indelevelmente ligado à história do PSD, partido de que foi um dos fundadores e no qual exerceu uma multiplicidade de cargos e funções, com destaque para o de Presidente do Grupo Parlamentar. O PSD não esquece hoje, nem nunca esquecerá, o muito que ficou a dever ao empenho, à dedicação e à competência do Professor Barbosa de Melo”, pode ler-se na nota oficial.

 

 

Também Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD, se juntou aos votos de pesar. “É com grande consternação que recebemos uma daquelas notícias que não gostaríamos nunca de receber, o desaparecimento de uma figura grande, uma figura maior da nossa democracia, parlamento e academia”, afirmou à agência Lusa.

 

 

Para o deputado do PSD, António Barbosa de Melo era também um homem com uma “envergadura moral, ética e cívica notável”, que todos admiravam e que era “conhecido pela sua humanidade”.

 

 

António Costa lembra “importante contributo para a vida democrática”

 

 

O primeiro-ministro, António Costa, também lamentou a perda de Barbosa de Melo, destacando o importante contributo que deu para a vida democrática portuguesa.

 

 

“Lamento a morte do Professor Barbosa de Melo. Deu um importante contributo para a vida democrática portuguesa. Os meus sentimentos à sua família”, pode ler-se no Twitter oficial do primeiro-ministro, António Costa, que se encontra no Rio de Janeiro, Brasil, por ocasião dos Jogos Paralímpicos.

 

 

Em nome do Governo socialista, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, classificou Barbosa de Melo como “um ilustre jurista”, que “sempre teve pelas questões do poder local e da formação política para as autarquias”. “É uma faceta talvez menos conhecida, mas não menos relevante para nós todos compreendermos a abrangência com que o doutor Barbosa de Melo entendia a democracia política e as instituições da democracia política”, sublinhou o ‘número dois’ do Governo. É “uma pessoa a quem a democracia portuguesa muito deve”.

 

 

Carlos César, líder parlamentar socialista, juntou-se aos votos de pesar e lamentou a “perda de uma personalidade e deputado constituinte que pautou sempre a nossa democracia e sempre prestigiou as instituições democráticas”.

 

 

Bloco de Esquerda destaca influência de Barbosa de Melo na Constituição

 

 

Em nome do Bloco de Esquerda, José Manuel Pureza, deputado do Bloco de Esquerda e Vice-Presidente da Assembleia da República, destaca o facto Barbosa de Melo ter sido “um dos constituintes mais influentes na elaboração da Constituição da República e um eminente jurista que deu à causa da descentralização um contributo inabalável. Endereçamos o nosso pesar à família e ao PSD”.

 

 

CDS: “A vida de Barbosa de Melo é um exemplo para todos”

 

 

Luís Queiró, dirigente do CDS, que privou de perto com Barbosa de Melo, lamenta a partida de um “político relevante” que, pese embora a “natureza discreta”, deu “um contributo muito importante para a construção da democracia portuguesa”.

 

 

Em declarações ao Observador, o democrata-cristão destacou ainda outro traço muito importante de Barbosa de Melo: o antigo Presidente da Assembleia da República saiu da política tal como entrou, com “uma grande simplicidade” e sentido de dever cumprido.

 

 

“A vida de Barbosa de Melo é um exemplo para todos. Um exemplo de grande dedicação ao serviço público e nunca de se servir do público”.

 

 

PCP recorda “atividade política e cívica de grande relevância”

 

 

Em declarações ao Observador, o deputado comunista António Filipe manifesta o “profundo pesar” do PCP pela morte do ex-presidente da Assembleia da República e recorda o contributo de “grande relevância” do social-democrata na “atividade política e cívica”. Na memória, fica o “respeito mútuo” que sempre pautou a relação entre Barbosa de Melo e o PCP, sublinha o deputado comunista.

 

 

TPT com: AFP//Lusa//JN//DD//DN//Miguel Santos//Observador// 8 de Setembro de 2016