Caixa Geral de Depósitos foi avaliada três vezes por pedidos da esquerda e da direita

Se tudo correr como ficou definido esta tarde, a Caixa Geral de Depósitos vai ser alvo de várias ‘investigações’ nos próximos meses. Além da avaliação que Bruxelas está a levar a cabo durante o processo de negociação, para decidir se concorda com os planos de recapitalização do banco público, o PSD e o CDS decidiram avançar com a comissão de inquérito. E o BE acaba de apresentar uma proposta para que o banco público seja sujeito a uma auditoria forense, à qual o PS e o Governo não se opõem.

 

 

Depois de dias de pára-arranca, os partidos decidiram avançar cada um para seu lado no que à Caixa diz respeito. O Bloco de Esquerda recuou na intenção de apoiar uma comissão de inquérito do PSD, justificando com o teor do texto que os sociais-democratas apresentaram, e decidiu entregar a proposta de auditoria forense que remonte a 1996. Para isso, o partido conta com a não oposição do PS, mas o assunto ainda tem de ir ao Ministério das Finanças e ao Banco de Portugal.

 

 

Ao mesmo tempo, uma vez que uma iniciativa não impede a outra, o PSD juntou-se ao CDS para impor a realização do inquérito parlamentar, que tem agora oito dias para arrancar. Desta feita, os dois partidos querem uma avaliação que comece em 2000 e que termine, em termos temporais, no processo de recapitalização que ainda não aconteceu.

 

 

Aliás, o processo de recapitalização será o objecto primeiro da comissão de inquérito da direita, a qual pede que se avaliem as “reais necessidades”, a “origem” e as “práticas” que levaram a que a Caixa precise de alguns milhares de milhões de euros para ficar saudável, disse aos jornalistas o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro.

 

 

No texto entretanto entregue no Parlamento, os dois partidos que saíram do Governo dizem que querem avaliar não só o processo, mas também “as efectivas necessidades de injecção de fundos públicos e as medidas de reestruturação do banco, os factos e opções que a justificam e a dimensão que assume, bem como as opções e as alternativas possíveis”. Os sociais-democratas querem saber tudo sobre o processo enquanto ele decorre – se entretanto não chegar ao fim – porque, disse Montenegro, recusam que o Parlamento e o país sejam considerados “como uma verdadeira conservatória de registo: o Governo negoceia, formaliza e depois vem ao Parlamento registar”.

 

 

O facto de a análise ao processo de recapitalização ser a prioridade no texto do PSD levou o BE a recusar dar-lhe o seu apoio. Os bloquistas leram nas intenções do PSD uma tentativa de “instrumentalizar a comissão de inquérito” com o objectivo de “denegrir” a Caixa Geral de Depósitos, disse o líder parlamentar do BE Pedro Filipe Soares, e por isso puseram-se fora do consenso. “Recusamos este puro jogo político”, disse.

 

 

Agora vão, no entanto, decorrer vários timings, um dos quais tem a ver com a avaliação que a Comissão Europeia está a fazer ao processo de recapitalização proposto pelo Governo (cujas consequências não estão ao nível das outras duas investigações). O primeiro-ministro disse, na semana passada, que estava quase no fim, mas de Bruxelas saíram sinais contraditórios, dando a entender que o processo ainda não estaria fechado.

 

 

Além disso, uma auditoria forense seria mais rápida que uma comissão de inquérito e poderia até ser conhecida antes de os trabalhos da comissão de inquérito começarem a valer. Foram estes cenários que o Governo esteve esta tarde a debater com PS, PCP e BE numa reunião no Parlamento, noticiada pelo Negócios.

 

 

Desse encontro não saiu outra alternativa à comissão de inquérito – como é potestativa não pode ser travada – que não a auditoria forense pedida pelo BE. António Costa admitiu ao Expresso no sábado a possibilidade de alternativas, mas até agora não houve concretização. Da esquerda, só mesmo a iniciativa do BE de requerer a avaliação profunda às contas. Os partidos têm tentado mostrar distanciamento neste assunto, mas depois do encontro, e já após todos terem falado, o PS veio dizer que não se opunha à auditoria forense. “Pode ser um bom elemento para a comissão de inquérito”, disse já à noite o porta-voz do PS João Galamba.

 

 

O PCP preferiu não falar sobre o assunto, mas é certo que com a recusa de ontem do BE, a esquerda voltou a estar unida anti-inquérito e contra a direita. Contudo, os partidos são obrigados a participar na comissão, uma vez que esta foi criada de forma potestativa. Apesar de o Parlamento ter agora oito dias para constituir a comissão, é quase certo que o grosso do trabalho fica para depois do verão.

 

 

De olhos postos no Banco de Portugal

 

 

Além destas avaliações a que a Caixa vai ser sujeita nos próximos meses (ver texto da página 14), há dados que poderão ser já reencaminhados para o Parlamento, se assim o Governo e o Banco de Portugal o entenderem. O BE pediu acesso às conclusões das auditorias que o regulador tem feito nos últimos anos, incluindo a que fez antes da recapitalização de 2012. E aí a esquerda está de novo unida. É que António Costa tem referido por mais do que uma vez as autoridades competentes têm feito avaliações constantes à CGD, como argumento para descartar a comissão de inquérito.

 

 

João Galamba aproveitou essa avaliação e a posição do PSD e do CDS para tentar virar o jogo e dizer que dali pode sair uma admissão de culpas do anterior Governo, uma vez que a última auditoria foi levada a cabo há quatro anos, para a aprovação da recapitalização do banco público, quando PSD e CDS estavam no Governo: “Ou esse levantamento foi mal feito ou foi bem feito e os problemas são posteriores. Ou algo se passou nos últimos quatro anos – a responsabilidade será de quem governou nos últimos quatro anos”, disse.

 

 

TPT com: AFP///DD//Liliana Valente//Público// 20 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

Cônsul Geral de Portugal em Newark trouxe Júlio Pereira para um concerto no NJPAC

O músico português Júlio Pereira, conhecido por tocar cavaquinho, braguesa, viola e bandolim, apresentou-se no dia 4 de Junho no palco do New Jersey Performing Arts Center (NJPAC), na cidade de Newark, para um concerto integrado nas festividades do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas 2016, no estado de New Jersey. O músico canadiano James Hill abriu o espectáculo com o instrumento americano “ukulele”. O descendente mais directo do cavaquinho.

 

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Antes do concerto, e numa iniciativa do Consulado Geral de Portugal em Newark, teve lugar uma recepção no NJPAC, que contou com a presença de mais de uma centena de convidados, entre eles, várias personalidades políticas, empresariais, associativas e culturais, do estado de New Jersey.

 

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Nesta recepção, estava também o Dr. Mário Centeno, ministro das Finanças de Portugal (ao centro na foto, com o Dr. Pedro Soares de Oliveira, Cônsul Geral de Portugal em Newark, à esquerda e José Carlos Brito, Presidente do Clube Português de Elizabeth, à direita).

 

 

Antes dos discursos protocolares, o Cônsul Geral de Portugal, agradeceu a presença de todos os convidados que ouviram com o devido respeito os hinos nacionais dos Estados Unidos e de Portugal e cantou-se em unísono “A Portuguesa”.

 

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Após as apresentações da praxe, pelo jornalista Luís Pires, foi a vez do Dr. Pedro Soares de Oliveira dar as boas vindas a todos os convidados e distinguir algumas figuras públicas pelo seu empenhamento junto da comunidade portuguesa de Newark.

 

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Lígia de Freitas, assessora do mayor de Newark, recebeu a distinção em representação do mayor Ras Baraka.

 

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Para além de Lígia Freitas (na foto à direita), representaram também  o mayor de Newark, Glenn Motten, directora de arte e cultura desta cidade (na foto ao centro) e ainda Elizabeth Silva, directora do Departamento Económico do East Ward.

 

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Augusto Amador, vereador da cidade de Newark, foi e é o primeiro luso-americano a ocupar tal cargo nesta cidade.

 

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Margarita Muniz, esposa, e representante no momento, do vereador de Newark, Carlos Gonzalez.

 

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Depois foi a vez do Ministro das Finanças de Portugal Mário Centeno, que se encontrava de passagem por New York, dar as boas-vindas a todos os presentes e  enderessar palavras de elogio e incentivo aos portugueses e luso-americanos, pela sua importância no enriquecimento social, económico e cultural do estado de New Jersey. Palavras de estímulo que receberam calorosos aplausos dos convidados presentes.

 

 

Neste encontro, Mário Centeno falou também sobre portugalidade e empreendimento, desafiando os empresários luso-americanos a investirem em Portugal.

 

 

Centeno que defende que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem de ser colocada ao serviço da economia portuguesa, das pequenas e media empresas, e terá de trabalhar, essencialmente, para a economia doméstica em Portugal, acredita que os números que são conhecidos “permitem-nos confiança nas metas orçamentais a que nos propomos”.

 

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Mário Centeno (na foto com Eliana Pintor, legisladora do estados de New Jersey), é um economista português que se formou entre Lisboa e Harvard. Nasceu em Olhão, em 1966, e foi nomeado Ministro das Finanças de Portugal a 26 de novembro de 2015.

É doutorado em Economia pela Harvard University, EUA, 1995-2000  e Mestre em Economia na Harvard University, E.U.A., em 1998.

 

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Conhecedor da realidade americana, Mário Centeno destacou ainda que a estabilização do sistema financeiro português “é um projeto nacional, não é partidário, não é apenas do Governo” e que só se consegue com “tempo, paciência e ação”. (na foto, estão alguns dos representantes da Heavy and General Construction Labores Union “Local 472”, que estiveram presentes na recepção).

 

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Entre representantes de muitas outras empresas, estiveram também representadas as instituições bancárias “ConnectOne Bank”,  “Investors Bank”, “BPI”, em Newark, New Jersey, dirigia por Ricardo Brochado,  bem como, alguns membros da administração do “Lusitânia Savings Bank” (na foto), uma instituição bancária portuguesa de grande reputação em New Jersey, e que é dirigida por Jorge Gomes (o 3º na foto, esq/dir.).

 

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Depois da recepção, onde não faltaram os aperitivos e o bom vinho português, seguiu-se o esperado espectáculo com Júlio Pereira e James Hill, na Sala Victória do NJPAC.

 

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Com uma plateia cheia de espectadores colaborantes James Hill deu início ao espectáculo. Resumindo, as mãos e arte deste músico canadiano no Ukelele , mostraram devolver a este instrumento a sua plena dignidade, sem nunca se tomar demasiado sério.

 

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James Hill, durante o seu concerto, mostrou ser um músico talentoso e carismático, que utiliza a música como uma forma de comunicação e dá o seu melhor para produzir o que as pessoas ouvem ou sentem.

 

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Quando em 1879 o navio Ravesnscrag chegou a Honolulu (Hawai) na tarde do dia 23 de Agosto transportando 419 madeirenses, João Fernandes pediu a um amigo o cavaquinho e saltou para a praia começando a tocar e cantar músicas típicas da sua terra. Este instrumento, que causou alguma admiração entre os nativos, rapidamente se tornou um símbolo da sua identidade em termos internacionais através de uma divulgação que ultrapassou tudo o que se pode imaginar.
Rapidamente o ukelele passou a ser conhecido e associado às ilhas do Pacífico. É, no fim de contas, o símbolo da identidade de um povo que soube preservar e adoptar um instrumento sem, diga-se, nunca renunciar as suas origens: o “Portuguese Ukelele”.

 

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Após o concerto de James Hill, foi a vez do consagrado músico Júlio Pereira entrar no palco do Salão Victória, do NJPAC, acompanhado por Sandra Martins (violoncelo), Miguel Veras (guitarras) e Fernando Barroso (bouzouki).

 

 

Neste concerto, Júlio Pereira apresentou algumas das músicas do seu  disco Cavaquinho.pt, que foi lançado num momento em que o compositor iniciava o desenvolvimento de esforços para que a UNESCO reconheça o cavaquinho como património imaterial da Humanidade.

 

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“Foi um bom espectáculo”, diziam as pessoas que assistiram ao concerto. Na sua actuação, o compositor e multi-instrumentista português revisitou o universo acústico de um instrumento que há já mais de 30 anos provocou o seu reconhecimento nacional e internacional e lhe está colado à pele – o cavaquinho.

 

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Actualmente, o compositor, multi-instrumentista e produtor Júlio Pereira, é um nome fundamental da música portuguesa. Tem 20 discos gravados em nome próprio e participou em cerca de 80 discos de outros artistas. O público conhece-o sobretudo como o mestre do cavaquinho. O disco que lançou em 1981, intitulado “Cavaquinho”, foi um marco na música instrumental portuguesa e na modernização deste precioso cordofone que Portugal espalhou pelo mundo.

 

 

Júlio Pereira, produz, orquestra e participa como Multi-Instrumentista em vários discos de outros autores e colaborou paralelamente com vários nomes da música entre os quais, Kepa Junkera, Pete Seeger, Mestisay e The Chieftains – com os quais grava o CD Santiago que ganha o Grammy Award, 1995.

 

 

Em 2006 colabora no Filme Fados de Carlos Saura com Chico Buarque e Carlos do Carmo produzindo o tema “Fado Tropical”.

 

 

Em 2015 recebeu a medalha de honra da SPA – Sociedade Portuguesa de Autores e foi condecorado pelo Estado com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

 

 

Neste concerto de Júlio Pereira em Newark, soou o virtuosismo do músico que, ao longo de mais de 30 anos de carreira, marcou a música portuguesa e a consideração étnica das suas raízes, cruzando os sons tradicionais com as correntes estéticas que marcam as sucessivas contemporaneidades e que num passado ainda recente, revolucionou o panorama da música instrumental portuguesa, entre outros com “Cavaquinho”, “Braguesa” e “O Meu Bandolim”.

 

 

Este também foi, sem dúvida, um espectáculo especial onde Júlio Pereira percorreu sonoridades de mundos com muitas latitudes e padrões acústicos, mas, se houve contextos locais e regionais de referência, neste espectáculo os sons cruzaram-se na universalidade sem lugar, da própria música, honrando desta forma Portugal, Camões e a Comunidade Portuguesa nos Estados Unidos.

 

 

JM//The Portugal Times// 19 de Junho de 2016

 

 

 

 

Uma separação em que, quando se fala e discute de dinheiro, todos ficam em risco de perder

São várias as ameaças económicas de um “Brexit”. No curto prazo, o simples facto de não se saber o que irá acontecer poderá agravar as quedas que já se vêm a registar nos mercados.

 

 

Citi, Deutsche Bank, JP Morgan, Goldman Sachs, HSBC, Barclays, Royal Bank of Scotland e Lloyd: nos maiores bancos do Globo, ninguém quer deixar ao acaso a resposta ao resultado do referendo que se realiza no Reino Unido. De acordo com a Reuters, todas estas instituições financeiras têm já em prevenção equipas formadas pelos seus corretores, analistas e gestores mais qualificados, para estarem nos seus locais de trabalho a partir das 22h do próximo dia 23 de Junho, quando começarem a ser divulgados os primeiros dados da votação, até ao início da manhã do dia seguinte, quando os mercados voltarem a reabrir.

 

 

Estes planos de contingência, que provavelmente se estendem a outros sectores de actividade, são mais uma prova de que, para a economia e para os mercados – não só do Reino Unido mas de todo o Mundo – aquilo que os eleitores britânicos decidirem sobre o futuro do seu país na UE conta. E muito.

 

 

Em geral, a maior parte das análises oficiais aponta para a existência de consequências económicas e financeiras negativas no caso de a opção ser pela saída do Reino Unido da UE. Governo britânico, Casa Branca, Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional, grandes bancos internacionais, agências de rating e bancos centrais têm apresentado nos últimos meses sucessivos relatórios traçando cenários bastante assustadores para um futuro pós “Brexit”.

 

 

E, nos mercados, as descidas das bolsas que se verificaram nas últimas semanas, à medida que nas sondagens o “Brexit” foi mostrando de forma consistente estar em vantagem, revelam que a ideia predominante entre os investidores é a de que uma saída do Reino Unido da UE seria um acontecimento bastante negativo a nível económico e financeiro.

 

 

Estas projecções negativas – que naturalmente não são partilhadas pelos defensores do voto pela saída – dependem ainda de muitos factores ainda por clarificar num cenário de saída do Reino Unido da UE e estão por isso, como é habitual em todas as projecções económicas, envoltos numa grande dose de incerteza.

 

 

Alguns dos efeitos poderão ser sentidos logo no curto prazo, mas outros – talvez os mais importantes – podem levar muito tempo para se confirmar, já que o próprio processo de saída, com muitas questões burocráticas e diplomáticas por resolver, seria certamente bastante longo.

 

 

De acordo com a generalidade das análises feitas, são seis os principais canais através dos quais se poderão fazer sentir, tanto no Reino Unido como no resto da União Europeia, os impactos económicos de uma eventual opção pelo “Brexit”.

 

 

Incerteza com efeito rápido

 

 

Sejam as previsões para o impacto económico do “Brexit” mais positivas ou negativas, uma coisa parece certa: o simples facto de não se saber exactamente o que irá acontecer num Reino Unido fora da UE e numa UE sem o Reino Unido será só por si suficiente para que se assista, de forma imediata, a dias de turbulência nos mercados internacionais.

 

 

Nas bolsas, quando existe incerteza, geralmente vende-se. E, com declarações como as do presidente do Conselho Europeu, que disse esta semana que um voto pela saída poderia significar “o início da destruição não apenas da UE mas de toda a civilização política ocidental”, não admira que nas últimas semanas, com o “Brexit” a subir nas sondagens, as bolsas europeias tenham registado descidas fortes e a libra tenha caído de forma acentuada face ao dólar e ao euro.

 

 

As expectativas entre a maior parte dos analistas é a de que, embora já muitos dos efeitos negativos estejam incorporados nas actuais cotações, se possa a assistir a um agravamento dessas tendências caso a opção pela saída vença no referendo.

 

 

Outro efeito rápido da incerteza, embora ainda mais difícil de antecipar, pode sentir-se ao nível do investimento e do consumo. Empresas e consumidores podem retrair-se na hora de tomar as suas decisões e isso pode ter consequências negativas na evolução da actividade económica, tanto no Reino Unido, como no resto do Mundo, em particular na União Europeia.

 

 

Comércio ameaçado

 

 

Uma das consequências mais óbvias de uma eventual saída do Reino Unido do espaço económico comum que contitui a UE é a criação de maiores obstáculos no comércio entre o país e os seus parceiros europeus, com potenciais consequências negativas para a generalidade dos intervenientes. No entanto, esta é uma das áreas em que ainda faltam muitos dados para se perceber o que é que irá exactamente acontecer. E mais informação poderá demorar bastante tempo a chegar.

 

 

Depois do voto no referendo passar pelo parlamento britânico, o Reino Unido fica com dois anos para negociar com as autoridades europeias os termos da sua saída. E só depois é que devem ser realizadas as negociações para a definição de uma nova relação comercial entre as partes.

 

 

O Reino Unido poderá, por um lado, ficar com um acordo comercial com a UE ao estilo da Noruega,  em que mantém o acesso ao mercado único mas em que é obrigado a seguir a maior parte das regras que estão por trás de uma opção pelo “Brexit”. Outra hipótese, considerada mais provável, é um acordo ao estilo daquele que a Suíça tem, em que são feitos acordos bilaterais em sectores específicos.

 

 

Aquilo que se prevê, contudo, é que do lado dos outros países da União Europeia não haja muita vontade de facilitar a vida ao Reino Unido, depois deste se ter decidido pela saída, até para evitar que outros Estados membros vejam essa opção como viável.

 

 

O mais provável, por isso, é que, a prazo, um “Brexit” tivesse impacto negativo no volume e nas condições das trocas comerciais entre o Reino Unido e o resto da União Europeia. Cerca de um décimo das exportações da UE vão para o Reino Unido, ao passo que quase metade das exportações do Reino Unido vão para UE, o que torna evidente que são os britânicos que têm mais a perder com mais obstáculos no comércio.

 

 

Mas mesmo assim, não se deve minimizar o efeito negativo para os outros países da UE, até porque o Reino Unido é um país que regista um défice comercial significativo com a UE (compra mais do que vende), e que é especialmente acentuado (cerca de 30 mil milhões de euros) com a Alemanha.

 

 

Recuos no Investimento

 

 

Para além do impacto imediato negativo trazido pela incerteza, são várias as outras consequências possíveis de um “Brexit” nos fluxos de investimento no Reino Unido e na UE. Ficando fora do mercado único, é possível que muitas empresas a operar a nível europeu e residentes actualmente no Reino Unido, sintam necessidade de se deslocalizar para a Europa continental.

 

 

Isso constituiria certamente um problema para a economia britânica. Mas também para essas empresas, em vários casos provenientes de outros países europeus, isso constituiria um custo adicional.

 

 

A mais longo prazo, há também quem argumente que o Reino Unido, liberto das regulações europeias, pode tornar-se mais agressivo (em termos fiscais por exemplo) na tentativa de atracção de investimento proveniente de outros continentes, concorrendo deste modo com os outros países da União Europeia. Por isso, é ainda difícil avaliar quem poderia neste caso sair vencedor.

 

 

Menos contributo para o orçamento

 

 

O Reino Unido é um contribuinte líquido para o orçamento da União Europeia e por isso não é difícil perceber que a este nível, o Brexit pode significar um ganho financeiro potencial para o Reino Unido e uma perda para os restantes Estados membros da UE.

 

 

Este é um dos argumentos mais usados para a saída durante a campanha do referendo, mas as contas não são tão simples como parecem e dependem, mais uma vez, do tipo de relação que irá ser estabelecida entre o Reino Unido e a UE depois da separação.

 

 

O contributo líquido britânico representa actualmente um valor próximo de 0,5% do PIB do país, mas países como a Noruega e a Suíça, para terem acesso ao mercado único, também acabam por ter de contribuir financeiramente para a UE, o que pode limitar os ganhos britânicos e as perdas da UE.

 

 

Riscos para City

 

 

O mercado financeiro britânico é de longe o mais importante a nível europeu, deixando muito para trás os seus concorrentes alemão e francês.

 

 

Entre os defensores da manutenção, alerta-se para o risco de muito operadores saírem de Londres, como resposta às limitações criadas por estarem fora da UE. Se tal acontecesse, Frankfurt e Paris poderiam ganhar alguma coisa com a saída, reforçando as suas bolsas.

 

 

Ainda assim, tendo em conta a supremacia actual da City londrina, é considerado muito improvável que esta venha a registar uma perda de influência muito acentuada e rápida.

 

 

Migração condicionada

 

 

O tema da imigração está no centro das discussões no Reino Unido e poderá ser um dos que maiores consequências pode trazer a nível económico.

 

 

Do lado britânico, são várias as estimativas que apontam para o prejuízo económico do fim do fluxo de entrada de mão-de-obra jovem, barata e, nalguns casos, qualificada. Nos outros países da União Europeia, sendo Portugal um dos casos relevantes, um cenário em que se registasse um regresso de emigrantes e uma saída de britânicos poderia conduzir a uma perda ao nível das remessas financeiras.

 

 

Portugal está entre os mais sensíveis a um “Brexit”

 

 

O número elevado de residentes portugueses a viver no Reino Unido, o nível significativo de exportações e a debilidade actual da economia face a choques vindos do exterior fazem de Portugal um dos países da União Europeia mais sensíveis a uma vitória do “Brexit” no referendo que se irá realizar na próxima semana.

 

Uma separação em que, quando se fala de dinheiro, todos se arriscam a perder 2

Um estudo publicado pela consultora Global Council que analisa, para todos os países da União Europeia, os diversos factores que podem conduzir a efeitos negativos decorrentes de uma saída do Reino Unido, coloca Portugal como o quarto país com uma maior exposição ao “Brexit”. À frente de Portugal neste ranking surgem apenas a Holanda, a Irlanda e Chipre, três países que têm relações comerciais e de investimento muito fortes com a economia britânica.

 

 

No caso português, não é pelo comércio que Portugal se destaca. O Reino Unido tem sido, ao longo dos anos, o quarto principal destino das exportações portuguesas, tendo sido superado recentemente por Angola (que entretanto voltou a perder o lugar). As exportações portuguesas para o Reino Unido representam 2,6% do PIB nacional, um valor que fica distante dos 11,8% da Irlanda e é muito semelhante ao da Alemanha, no meio da tabela entre os países europeus. Ao nível do investimento, o peso do IDE português no Reino Unido é residual.

 

 

Onde Portugal pode registar maior sensibilidade a uma mudança do estatuto britânico é na emigração, já que é um dos países em que os residentes no Reino Unido, mais pesam na sua população, e na própria situação económica do país.

 

 

As pressões económicas e orçamentais a que continua sujeito, tornam-no vulnerável a um ambiente de crise e perda de confiança nos mercados internacionais, em que os investidores decidam abandonar activos mais arriscados, refugiando-se nos mais seguros.

 

 

TPT com: AFP//DD//Ben Stansall//Niklas Hallen//Sérgio Aníbal//Público// 19 de Junho de 2016

 

 

 

 

Inglaterra pode sair da UE mas portugueses não estão a pensar sair de Inglaterra

Sem poder votar, cidadãos nacionais aguardam com expectativa o referendo à UE e lamentam retórica contra os imigrantes. Com uma excepção, portugueses ouvidos pelo PÚBLICO dizem que vitória do “Brexit” não os levará a ponderar regresso.

 

 

A decisão não está nas mãos deles e é como meros espectadores – uns mais ansiosos do que outros – que assistem a uma campanha que pode afastar o Reino Unido da Europa e bloquear a livre circulação que lhes abriu as portas do país. Há quem tenha se inquiete com o futuro, quem esteja preocupado com a situação dos outros portugueses que chegaram há menos tempo e quem ainda não acredite que a ruptura com a União Europeia pode mesmo acontecer. Mas deixar Londres, a cidade a que já chamam casa, é uma opção que poucos têm em cima da mesa.

 

 

É a sul do Tamisa, encravado entre as grandes construções que estão a mudar a cara e o perfil das zonas de Vauxhall e Stockwell, que os letreiros denunciam o reduto português na metrópole londrina. A Portugal Bakery, a Luso Wines ou o Estrela Bar são alguns dos estabelecimentos que se alinham ao longo da South Lambeth Road e ali o português é a língua franca, mesmo que muitas vezes misturado já com o inglês. Só ali, no Little Portugal, como já chamam à zona, vivem cerca de 40 mil portugueses e lusodescendentes, parte de uma comunidade que se começou a instalar há mais de 30 anos, com a chegada de emigrantes madeirenses.

 

 

Do outro lado da estrada ergue-se a biblioteca local, um porto de abrigo para uma vizinhança, onde Patrícia Marcelino começou a organizar aulas de inglês pouco depois de ter chegado a Londres, há cinco anos. Veio, com a filha de 16 anos, terminar um doutoramento que a vida e o voluntariado ainda não lhe deixaram acabar. “Percebi que havia muitos portugueses aqui que não falavam inglês e começámos a organizar aulas semanais”, explica na ampla sala da biblioteca, onde nas quatro mesas ao centro todos os sábados à tarde entre 12 e 20 pessoas, sobretudo adultos, se juntam para aprender noções básicas da língua. Sem necessidade de inscrição, sem pagamento ou presenças obrigatórias. “Basta vir e sentar-se.”

 

 

Nas estantes ao lado, foi criado um “cantinho português”, que tem mais de mil livros doados, e na outra extremidade um pequeno espaço para crianças onde, uma vez por mês, há sessões de leitura para crianças pequenas. “A adesão da comunidade à biblioteca era baixa”, explica Patrícia, convidada há três anos pelo Grupo de Amigos da biblioteca para fazer a ponte entre os portugueses e a instituição, que há uns meses foi salva do encerramento pela mobilização local, mas que continua na mira da especulação imobiliária.

 

 

O mesmo objectivo de aproximação esteve na origem do primeiro Portuguese Market, que a 11 de Junho juntou dezenas de banquinhas e mais de duas mil pessoas. “Organizámos tudo em duas semanas e meia, tudo com base no voluntariado e na boa vontade”, conta, acrescentando que a intenção é repetir a experiência todos os meses, para “criar um ponto de referência para a comunidade, atrair turistas” à zona e apoiar os portugueses que estão a lançar os seus próprios negócios.

 

 

“Eles têm mais a perder do que nós”

 

 

A emigração portuguesa para o Reino Unido não dá sinais de abrandar – Patrícia cita os 31 mil que se inscreveram na Segurança Social britânica entre Setembro de 2014 e Setembro de 2015, mas também a sua própria experiência. Vendo a situação de muitos emigrantes que chegam a Londres sem trabalho e mesmo sem saber inglês, lançou o projecto Ó Mãe Vou Emigrar! que a levou a escrever um guia para quem pensa ir trabalhar para o Reino Unido e a fazer acções de formação em Portugal, para chegar às pessoas “antes que elas façam asneiras”. Há pouco tempo, em Braga, “tive 60 jovens e quando perguntei quantos deles é que estavam a pensar emigrar, levantaram todos os braço”, conta.

 

 

É com estes, os recém-chegados ou os que apesar de estarem há vários anos no país não têm rendimento certo, que Patrícia se preocupa quando pensa na hipótese de o Reino Unido sair da UE. “Os mais qualificados chegam com boas hipóteses de conseguir bons empregos” e mesmo que desapareça a liberdade de circulação “as empresas vão garantir vistos de trabalho”. “O problema são os que não tem qualificações, os que não falam inglês ou dependem de apoio sociais.” Admite que a saída do Reino Unido da UE pode levar alguns deles a ter de deixar o país, mas sublinha o irrealismo de quem defende que a imigração precisa de ser drasticamente reduzida. “É certo que somos 12 milhões de pessoas em Londres e que há muitos que não são ingleses. Mas são os imigrantes que fazem a capital borbulhar. Se decidissem que tínhamos de sair, eles perdiam mais do que nós”.

 

 

Palavras que Isabel Marques, professora de 50 anos, há dez em Londres, repete numa outra conversa bem longe de Little Portugal. “Os britânicos precisam mais de nós do que nós deles”, atira, chocada com o discurso anti-imigração e que ganhou força depois de divulgadas as estatísticas que confirmam que o número de cidadãos europeus a viver no país disparou nos últimos três anos – de 1,4 milhões, em 2013, para os actuais 2,1 milhões.  “Sempre que há uma viragem à direita [na política] culpa-se o estrangeiro, agora a atenção está dirigida para os europeus de Leste”, que representam o grosso dos que entraram no país na última década.

 

 

Depois de ter trabalhado para o Instituto Camões, a ensinar português às crianças em horário pós-escolar, Isabel decidiu que era altura de mudar e, desde Setembro, dá aulas de substituição. “Ligo logo de manhã para várias agências e pouco depois recebo uma chamada a dizer em que escola me devo apresentar”, explica, sublinhando que a procura por professores com as suas qualificações é muita e o salário compensa.

 

 

Regressar a Portugal é uma hipótese que nem sequer põe em cima da mesa, mesmo que viver em Londres com o que ganha só seja possível partilhando casa. Em Finchley, bem no norte da capital, paga quase 1400 libras por um T2, a que se somam 140 de imposto autárquico, e o passe de metro ronda as 200 libras. O aumento das rendas, de que todos os londrinos se queixam, “não é por causa da imigração, é da especulação imobiliária”, assegura, da mesma forma que a sobrelotação dos serviços públicos é resultado “das políticas de austeridade promovidas por um Governo que foi reeleito”. “Num único Verão fecharam quatro hospitais em Londres, quatro.”

 

 

Geração esquecida

 

 

O diagnóstico de Isabel é secundado por vários estudos. Mas no discurso político e nas ruas repete-se o argumento de que a chegada de milhares de europeus, dos países mais pobres do Sul e Leste da Europa, é o grande responsável por as rendas estarem a subir, por não haver lugar nas escolas e nos hospitais, pela competição no acesso ao mercado de trabalho.

 

 

José Cardoso, designer portuense de 38 anos ouviu-o muitas vezes e é com “desilusão” que olha para o tom que a campanha assumiu. “Este referendo veio sublinhar posições e atitudes que estavam à espera de ser tomadas”, diz, explicando que o que mais o espanta é ver tantos dos jovens que conhece a defender a saída da UE.

 

 

Uma geração com pouco mais de 20 anos e que se vê ultrapassada por emigrantes que, apesar de virem de países mais pobres, como é Portugal, “tiveram a oportunidade de se formarem nas universidades” onde as propinas não custam o que custam no Reino Unido. José, actualmente chefe de secção numa empresa de tecnologia em Londres, dá o seu exemplo: “As pessoas que tenho recrutado não são inglesas”, diz. “Numa análise mais fria, percebo perfeitamente este sentimento”, afirma, mas diz que os protestos não se deveriam virar contra a UE, mas “contra o Governo britânico”, o mesmo que foi reeleito no ano passado pelas mesmas pessoas que agora querem sair.

 

 

José Cardoso está há seis anos no Reino Unido – foi com a mulher, Rita Maia, que escolheu a capital britânica para fazer uma pós-graduação. “Estávamos à procura de qualquer coisa diferente e gostávamos de Londres, uma cidade com a qual nos identificamos”, conta. Arranjaram trabalho, foram ficando e em 2013 lançaram-se com um grupo de amigos numa aventura chamadaPortuguese Conspiracy, que junta a paixão pela gastronomia e os vinhos portugueses com a vontade de divulgar a cultura contemporânea portuguesa. Organizam periodicamente jantares, sessões de degustação de vinhos, concertos e sessões de cinema em parceria com o IndieLisboa.

 

 

“A cultura portuguesa em Londres até 2005 e 2006 foi construída com base na comunidade madeirense no Sul de Londres. Aquilo que quisemos foi completar esse quadro”, explica. Durante 18 meses tiveram uma loja com produtos gourmet portugueses “mas o senhorio triplicou a renda” no ano passado e fazem agora as vendas online.

 

 

Cidadãos europeus

 

 

Com o mesmo à vontade com que partiu para Londres, José assegura que deixará a cidade se o “Brexit” vencer. “Sairemos no mínimo tempo possível para organizar as coisas”, diz, explicando que a saída da UE e um Governo liderado pelos eurocépticos contrariam aquilo que os leva a estar na cidade. “Pode ser uma perspectiva idealista, mas fomos para Londres enquanto cidadãos europeus e é acima de tudo assim que nos sentimos”.

 

 

Planear o futuro é coisa que Pedro Antas, doutorando em Biologia do Instituto Francis Crick, e Martina Fonseca, no terceiro ano do doutoramento em Imagiologia na University College de Londres, fazem com cautela. Dirigentes da PARSUK (Associação Portuguesa de Investigadores e Estudantes no Reino Unido) assumem que gostariam de ficar mais alguns anos no país. Martina, 25 anos, pensa deixar a investigação quando terminar o doutoramento e diz “que essa transição seria mais fácil no Reino Unido, onde há uma indústria em torno da Ciência”.

 

 

A eventual saída da UE pode baralhar estes planos, ainda que saibam que os mais qualificados, como é o caso deles, serão os menos afectados por um possível fim da liberdade de circulação. “Muito dependerá do que for negociado”, diz Pedro, adiantando que um inquérito que fizeram junto dos 1200 associados da PARSUK mostra que a maioria não tem ideia de deixar o país a médio prazo.

 

 

O que sabem ambos é que o “Brexit” terá sérias consequências no financiamento das universidades e na investigação científica, em que os grandes projectos vivem da cooperação entre países. “Temos hoje um sistema global, interdependente, com equipas multinacionais e planeamento a longo prazo. Não é só o financiamento que fica em causa”, assegura.

 

 

Lamentam, por isso, que a retórica se tenha sobreposto aos factos e dizem que a imigração “foi a bandeira fácil” que os eurocépticos escolheram. A dias da eleição, esperam que no momento do voto “o medo do desconhecido seja mais forte”. Martina admite, ainda assim, alguma decepção: “Gostava que eles ficassem porque querem ficar, não porque essa é a escolha mais segura”.

 

 

Ana Fonseca Pereira(de Londres)//Público// 19 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

Secretário de Estado das Comunidades diz que “há risco de degradação da vida dos portugueses no Reino Unido”

Os consulados de Londres e Manchester estimam que haja mais de 500 mil portugueses a viver no Reino Unido, mas apenas 234 mil estão inscritos na Segurança Social britânica. Aos mais de 100 pedidos de informação que chegaram nos últimos dias a estes dois consulados sobre o que pode acontecer à comunidade portuguesa caso o Reino Unido saia da UE no próximo dia 23 de junho, a resposta tem sido que se está no campo das hipóteses: haverá um período de negociação caso a saída se verifique, mas recomenda-se aos portugueses que peçam o cartão de residente permanente caso vivam há mais de cinco anos no país.

 

 

José Luís Carneiro, secretário de Estado das Comunidades, disse que estes conselhos estão a ser dados à comunidade portuguesa “de forma cautelosa”, mas com consciência que uma possível saída terá “impacto grave” no projeto europeu e um “impacto negativo muito grave” nos portugueses que escolheram o país como destino de vida e de trabalho. O secretário de Estado reconhece que muitos portugueses não estão inscritos nem nos serviços consulares nem nos serviços do Estado britânico e que, assim, não há número certo de quantos portugueses vivem no Reino Unido, estimando-se que haja quase 500 mil portugueses.

 

 

O secretário de Estado está particularmente preocupado com os portugueses que vivem no Reino Unido e não cumprem as condições mínimas requeridas aos imigrantes fora da União Europeia quando pedem um visto de trabalho. É uma situação em que podem encontrar-se os imigrantes de países da UE caso o Brexit vença o referendo. Estes mínimos são ganhar anualmente 20.800 libras (cerca de 26 mil euros) e ter formação superior. Dos portugueses registados na segurança social britânica, cerca de um terço não cumpre estes mínimos. “Trata-se de uma parte significativa da comunidade portuguesa que tem baixas qualificações e há um risco efetivo de degradação dos portugueses no Reino Unido, caso o país saia da União Europeia”, afirmou José Luís Carneiro. Aos portugueses que já vivem há mais de cinco anos no Reino Unido, os consulados estão a pedir “por precaução” que requisitem o seu cartão de residência permanente.

 

 

“Se houver decisão de saída do país, é importante que tenham estatuto de residente do país que lhes conferirá um conjunto de direitos que de outra forma, caso o Reino Unido saia, podem não ter acesso“, avisou o secretário de Estado, acrescentando que os consulados estão a “desenvolver uma campanha de sensibilização para que todos estejam conscientes das suas responsabilidades”.

 

 

O referendo não levou, para já, a qualquer reforço diplomático no Reino Unido por parte de Portugal, mas está nos planos do Ministério dos Negócios Estrangeiros um reforço dos serviços consulares em Londres. José Luís Carneiro esteve em Londres e Manchester no início do ano e deparou-se com queixas por parte da comunidade portuguesa quanto a atrasos na emissão dos documentos e um atendimento que não responde à procura da comunidade, afirmando agora que haverá “mais meios humanos” para estes consulados.

 

 

Este reforço segue a estratégia do Governo que pretende aumentar o número de funcionários nos principais consulados nos próximos tempos. Uma evolução para a comunidade portuguesa em Paris vai acontecer já este sábado com a abertura do primeiro Ponto do Cidadãoque visa prestar mais de 50 serviços aos emigrantes da região. A inauguração vai contar com a presença do primeiro-ministro e do secretário de Estado das Comunidades.

 

FMI considera firmemente que há riscos negativos associados a uma saída do Reino Unido da União Europeia

 

 

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, insistiu esta sexta-feira em Viena que a economia do Reino Unido beneficiou por pertencer à União Europeia (UE), numa alusão ao referendo britânico de 23 de junho.

 

Secretário de Estado das Comunidades diz que “há risco de degradação da vida dos portugueses no Reino Unido” 2

“A pertença à União Europeia não só fez do Reino Unido uma economia mais rica, como também o tornou num país mais diversificado, mais excitante e mais criativo”, indicou Lagarde durante uma conferência organizada pelo Ministério das Finanças da Áustria.

 

 

A responsável francesa recordou que, mesmo havendo pessoas em apuros neste cenário, “para a maioria dos cidadãos a UE foi uma grande história de êxito”.

 

 

Ainda que tenha reconhecido que são os britânicos que devem decidir, Lagarde afirmou que o FMI considera firmemente que há riscos negativos associados a uma saída do Reino Unido da UE.

 

 

Lagarde disse que o aumento do volume de negócios associado a membros da UE não teria ocorrido, assegurando que com mais comércio vem mais investimento. Um processo que permitiu à indústria britânica integrar-se na cadeia de fornecimento da Europa em setores como o aeroespacial ou o automobilístico.

 

 

Lagarde reconheceu que a chegada de emigrantes e refugiados influencia o referendo britânico sobre a permanência na UE, indicando que o país beneficiou com a chegada de trabalhadores de todo o mundo.

 

 

A diretora do FMI afirmou que sempre admirou o Reino Unido pela sua abertura a outras nacionalidades e culturas e reconheceu que é difícil acreditar “que essas atitudes tenham mudado num período de tempo tão curto”.

 

 

Contudo, Lagarde reconheceu que hoje em dia demasiados europeus estão preocupados com a sua identidade cultural e empregos e muitos estão a creditar que “as coisas seriam melhores se a Europa regressasse às fronteiras fechadas e ao nacionalismo económico”.

 

 

Em relação ao tema da emigração, a ex-ministra das Finanças de França afirmou que os dados e análises objetivos mostram que os refugiados podem acrescentar valor às economias dos países de acolhimento.

 

 

Lagarde também se mostrou convicta de que a UE tem capacidade para superar esta “crise humanitária” se estiver determinada a consegui-lo.

 

 

Bill Gates alerta que Reino Unido ficará “menos atraente” para empresas

 

 

O milionário norte-americano Bill Gates advertiu que o Reino Unido será um lugar “significativamente menos atraente para fazer negócios e investir” se sair da União Europeia (UE), numa carta publicada esta sexta-feira no jornal The Times.

 

Secretário de Estado das Comunidades diz que “há risco de degradação da vida dos portugueses no Reino Unido” 3

Gates, fundador da Microsoft e filantropo que, no passado, investiu mais de mil milhões de dólares em diferentes projetos no Reino Unido, sublinhou a importância para qualquer empresa de estar num país com acesso ao mercado único europeu e influência na tomada de decisões em Bruxelas.

 

 

“Os investimentos no Reino Unido fazem sentido pelos ativos que tem, como as excelentes universidades com um grande legado em ciência e inovação, empresas líderes na área da saúde como a GlaxoSmithKline e acesso ao mercado único”, escreveu.

 

 

“Embora seja uma questão que cabe ao povo britânico decidir, é claro para mim que se o Reino Unido decide ficar fora da Europa será um lugar significativamente menos atraente para fazer negócios e investir”, acrescentou.

 

 

Gates refere concretamente que um ‘Brexit’ tornaria mais difícil recrutar os melhores talentos do continente e “mais difícil angariar o financiamento necessário para bens públicos como novos medicamentos e soluções acessíveis de energias limpas”, para o que são necessários “o nível de cooperação, partilha de conhecimento e apoio financeiro que a força combinada da UE permite”.

 

 

Gates sublinhou também no texto a capacidade negocial do Reino Unido na UE e a sua influência em “debates decisivos”.

 

 

“A Europa é mais forte com o Reino Unido dentro e o Reino Unido é mais forte, mais próspero e mais influente como membro da União Europeia”, concluiu.

 

 

A intervenção de Gates com vista ao referendo de quinta-feira sobre a permanência do Reino Unido na UE coincidiu com a publicação pela consultora Charterhouse Research de uma sondagem segundo a qual 62% das grandes empresas (com uma faturação anual superior a 25 milhões de libras, ou 32 milhões de euros) acreditam que o ‘Brexit’ prejudicaria a economia.

 

 

Uma saída da UE preocupa menos os empreendedores e as pequenas empresas, segundo o mesmo estudo, que concluiu que apenas 34% das empresas com uma faturação anual inferior a 100 mil libras anuais (127 mil euros) considera que o ‘Brexit’ seria contraproducente.

 

 

TPT com: AFP//Shawn Thew//EPA// Florian Wieser//EPA//Tiago Petinga//Lusa//Catarina Falcão//Observador// 20 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

Governo português lança ofensiva diplomática para evitar sanções europeias

O Governo intensifica nas próximas semanas a ofensiva diplomática para convencer Bruxelas que o país não merece sanções por não ter cumprido o défice de 3% em 2015. Até à decisão da Comissão Europeia de início de Julho, há encontros marcados com vários comissários europeus e os embaixadores portugueses estão a agir junto de cada Governo da União Europeia para passar a ideia que seria “injusto” uma penalização ao país.

 

 

Já na próxima semana, vem a Lisboa Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, para reuniões com o primeiro-ministro, António Costa, e com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Mas se este foi um encontro programado por Belém, muitos outros não o são e fazem parte da estratégia do Governo para convencer os comissários europeus mais cépticos em relação a Portugal, um a um. E por isso, há um acentuar dos encontros com essa finalidade, afirma ao PÚBLICO a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques.

 

 

“O Governo está, de facto, a explicar junto das instituições europeias o que é evidente, que temos uma execução orçamental correcta relativamente ao que estava previsto, que assumimos o princípio de cumprir as responsabilidades europeias e que temos dados que mostram que isso está a acontecer”, diz. E acrescenta o argumento económico: “Qualquer perturbação na economia tem um impacto que é injusto”.

 

 

É nesse quadro que encaixam as reuniões que Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, e Mário Centeno, ministro das Finanças, vão ter com o primeiro vice-presidente da Comissão Europeia (CE) Frans Timmermans e com Cecília Malmström, comissária com o pelouro do Comércio. Na sexta-feira, Santos Silva foi recebido a solo por Jyrki Katainen, vice-presidente da CE.

 

 

Na semana passada, Centeno esteve já com outro vice-presidente, Valdis Dombrovskis, e com o poderoso comissário dos assuntos económicos Pierre Moscovici – ainda que o ministro tenha garantido que o tema das sanções não esteve em cima da mesa, o assunto está presente em pano de fundo. E no congresso do PS há quinze dias, esteve em Lisboa Martin Schulz, presidente alemão do Parlamento Europeu que, apesar de não ter voto nesta matéria, é mais uma voz que se junta ao coro contra as sanções.

 

 

Katainen e Dombrovskis são aliás dois dos comissários da linha que defende sanções a Portugal. “Há uma divisão entre aqueles que fazem uma leitura cega das regras [Dombrovskis] e aqueles que acham que deve haver uma leitura flexível pela evolução da situação orçamental do país, por um lado, e, por outro lado, que a ultima coisa que a União Europeia (UE) precisa é criar novos problemas [Juncker]”, disse a secretária de Estado ao PÚBLICO. Para ajudar a esta estratégia, o Governo tem ainda na mão as duas resoluções anti-sanções aprovadas pelo Parlamento.

 

 

A governante tem-se desdobrado em contactos em Bruxelas e preparado caminho para alguns destes encontros. Além disso, há uma preparação junto dos embaixadores nos países da UE, que têm colaborado nesta rede diplomática. Ainda na semana passada, os embaixadores foram chamados para uma reunião com Augusto Santos Silva e Mário Centeno. O trabalho é sobretudo feito entre os ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e das Finanças, mas não dispensa a agenda de contactos de António Costa, que tem uma ligação mais próxima com Moscovici e já recebeu do Presidente francês, François Hollande, a garantia de ter “um amigo no Conselho Europeu”.

 

 

Margarida Marques tem também mantido Carlos Moedas informado para que o comissário português seja uma peça de ajuda dentro das reuniões do colégio de comissários. Ao PÚBLICO, Carlos Moedas contou que há um “alinhamento de interesses” com o Governo nesta situação e que por isso tenta persuadir os colegas daquele órgão a não sancionar o país, mas o poder do comissário termina na persuasão. “Conto a história do país e faço-o em contacto institucional, com o Governo, a vários níveis, também para poder ter a informação do que se está a passar e poder transmitir de uma maneira normal o que se está a fazer. É um alinhamento de interesses”.

 

 

Quem é o “senhor 80 mil milhões” e o que pode ele fazer por Portugal?

 

Há uma expressão que os comissários europeus utilizam para se referirem aos seus países. São “os países que conhecem melhor”. O pronome “meu” antes de “país” não se pode ouvir ou não fosse entendido como um nacionalismo. E é essa a expressão que Carlos Moedas mais usa para convencer os colegas do colégio de comissários que Portugal não merece sanções por não ter cumprido o défice orçamental. Comissário português e Governo estão na mesma linha de argumentação, apesar de as famílias políticas serem diferentes. Mas se a cooperação é boa, o poder de Moedas termina na sua capacidade de persuasão.

 

Governo português lança ofensiva diplomática para evitar sanções europeias 2

Falam por telefone sempre que é preciso – e desde que o Governo tomou posse, António Costa já precisou várias vezes de falar com Carlos Moedas para acertar estratégias. Também se encontram sempre que o primeiro-ministro vai a Bruxelas ou que o comissário vem a Lisboa. O primeiro-ministro já se referiu à relação que tem com Carlos Moedas como “impecável”. E o comissário diz que é uma “relação muito boa”, porque “é uma relação institucional, de defesa da Europa, de Portugal e tudo isso se conjuga”.

 

 

Não é uma amizade, é um encontro de objectivos. “Conto a história do país e faço-o em contacto institucional, com o Governo, a vários níveis, também para poder ter a informação do que se está a passar e poder transmitir de uma maneira normal o que se está a fazer. É um alinhamento de interesses”, diz. E nos tempos que correm, Moedas é o amigo e infiltrado de Portugal que Costa precisa. Ainda que tenha, há bem pouco tempo, sido governante no Governo PSD/CDS e um dos interlocutores de Pedro Passos Coelho junto da troika nas questões relacionadas com o memorando.

 

 

Desde que o Governo PS assumiu funções, já houve três momentos em que António Costa precisou do apoio de Carlos Moedas para fazer valer a posição portuguesa: primeiro foi na negociação do draft do Orçamento do Estado para este ano; depois para a aprovação do Programa de Estabilidade e do Programa Nacional de Reformas e agora, nas últimas semanas, por causa das eventuais sanções a Portugal. Mas até onde pode o comissário ajudar?

 

O poder da palavra

 

 

 

O poder que Moedas tem de ter nestas alturas é o da palavra, defende a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques. “A defesa do interesse nacional é muito importante nestes cenários. Assim como o poder de persuasão”, diz a Secretária de Estado. Na agenda da governante estão vários encontros nas próximas semanas com os comissários europeus, um a um para os convencer, desta vez, que Portugal não merece ser castigado por não ter cumprido o défice de 3% em 2015.

 

 

Se neste trabalho conta com a sua equipa, com uma rede que tem vindo a montar de funcionários que fazem uma espécie de “lóbi”, com a agenda de contactos de António Costa e com os embaixadores – que foram aliás chamados a semana passada para uma reunião com o ministro das Finanças, Mário Centeno, e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva –, quando a discussão passa para dentro do colégio de comissários, conta com Carlos Moedas.

 

 

O português fala com frequência, mas sem regularidade, com Margarida Marques, o elo de ligação em Bruxelas, e está a par das linhas de argumentação do Executivo. A colaboração, apesar de não ser próxima, é coincidente: “Neste caso, Carlos Moedas tem apoiado a estratégia de Portugal”, confirma a secretária de Estado.

 

 

Mas chega o poder da persuasão de um comissário que não tem uma das pastas-chave na Comissão? Um eurodeputado, que apesar da proximidade não se quis identificar, elogia a postura de Moedas na Comissão e o modo como este, mesmo não tendo uma pasta que não está na linha da frente, tem crescido na equipa de Juncker: “Entrou na Comissão como um desconhecido, mas tem-se vindo a afirmar”, sobretudo, acrescenta, pela disponibilidade que tem mostrado e pelo trato com quem se cruza com ele.

 

Um programa de ajustamento no CV

 

 

É o próprio que fala nessa especificidade do seu papel. Assim que passa a porta das reuniões do colégio, os comissários valem todos um voto, mas Moedas acredita fazer a diferença em relação a todos os outros nas matérias que não são da sua directa tutela, como os casos das decisões sobre assuntos financeiros: não há mais nenhum comissário que tenha passado por um programa de ajustamento. É essa experiência que, acredita, é uma mais-valia para Portugal quando se esgrimem argumentos na Comissão.

 

 

A vários orgãos de comunicação, o comissário lembra que tem essa “autoridade pessoal pela experiência em matérias orçamentais, durante o programa de ajustamento” e que falar sobre isso na primeira pessoa tem tido influência dentro de portas: “Tento ajudar o país a conseguir em vários temas, desde o orçamento, o Programa de Estabilidade e explicar onde Portugal estava, onde é que Portugal está e para onde vai. Penso que tem sido importante”. Ou seja, acrescenta: “Tenho tido o papel de alguém que conhece bem a parte técnica, mas que também tem uma visão política e que pode fazer isso no colégio de comissários ao explicar as situações de modo a que elas sejam compreendidas de uma forma que de talvez não o fossem” se não estivesse lá.

 

 

As exposições de Moedas sobre a evolução financeira do país são um trunfo que o Governo usa, sobretudo porque sabe que lá dentro, nem os que poderiam ser mais próximos da situação portuguesa, estão disponíveis. António Costa tem uma relação de longa data com o comissário francês Pierre Moscovici, com quem teve longas conversas durante a negociação do draft do OE, mas o socialista francês, que tem a pasta dos Assuntos Económicos e Financeiros da CE, já se mostrou favorável à aplicação de sanções a Portugal e Espanha.

 

 

Por isso, as tentativas de Moedas juntam-se assim à linha mais favorável a Portugal que conta com o apoio do presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, e do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. E se Schulz não tem voto a dar na CE, Juncker tem e é presidente da CE. “Há uma divisão entre aqueles que fazem uma leitura cega das regras (Valdis Dombrovskis) e aqueles que acham que deve haver uma leitura flexível pela evolução da situação orçamental do país e, por outro lado, que a última coisa que a União Europeia precisa é criar novos problemas (Juncker)”, analisa a secretária de Estado.

 

 

Onde acabam os partidos?

 

 

A Comissão Europeia vai decidir em Julho, depois de as eleições espanholas e do referendo à saída do Reino Unido da União, o que fazer a Portugal e Espanha, uma vez que os dois países não cumpriram com o défice abaixo de 3%. E a separação entre os comissários vai além da esquerda/direita.

 

 

Carlos Moedas foi secretário de Estado adjunto de Passos Coelho e a ideologia financeira em tudo difere do actual Governo. Mesmo assim, nem de um lado nem de outro admitem que os partidos são um problema. “O que nos une é o interesse por um Portugal cada vez melhor numa concorrência que é mundial. E isso sinceramente não tem nada de cor partidária. Aqui não há cor política. O alinhamento de interesses para ajudar o país é total”, garante.

 

 

O tal alinhamento passa também pelos argumentos utilizados. Um deles tem a ver com a venda da ideia que a Europa não precisa de mais um país no lado dos “anti”. Nas palavras do comissário é “um país que continua unido. Não vemos extremismo, não vemos populismo, que se vê em outros países da Europa que não sofreram o que nos sofremos”. Portugal merece assim a “credibilidade” por tudo “aquilo que fez, por aquilo que está a fazer”, lembrando o trabalho do anterior Governo e do actual. Em resumo, “é um país que está a fazer o seu trabalho com qualquer que seja a cor política que esteja à frente”.

 

 

A ideia casa com a que a secretária de Estado defendeu no Conselho dos Assuntos Gerais, onde tem assento, quando defendeu que a Europa “já tem duas crises, não precisa de acrescentar outra”, porque são essas atitudes que “têm levado à criação de uma atitude eurocéptica”. As conversas com o comissário português passam por este alinhamento de argumentos e estratégias numa proximidade q.b.. Até porque, além dos contactos institucionais, Moedas vai defendendo esta posição em conversas informais. Resta saber se são suficientes para em Julho dar uma vitória ao Executivo.

 

 

 

TPT com: AFP//JN//DD//Liliana Valente/Leonete Botelho/João Silva//Público// 19 de Junho de 2016

 

 

 

 

Bloco de Esquerda critica declarações de António Costa sobre professores

Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, considera que o “argumento demográfico” dado por António Costa para a emigração dos professores cria uma “similitude” com o que foi dito por Passos Coelho em 2011. Mais, o partido alega ainda que se baseia numa “falsidade”.

 

 

“Manter-se o uso do argumento demográfico faz uma similitude que preferíamos que não acontecesse e espero bem que o senhor primeiro-ministro vá consultar os números sobre a redução de número de alunos e professores“, frisou Catarina Martins, que falava aos jornalistas em Lisboa à margem de uma audição pública sobre assédio no local de trabalho.

 

 

Para a bloquista, o “maior erro” no que se refere aos docentes sem trabalho e às palavras sobre os mesmos é “tentar juntar o problema demográfico ao problema do crescente desemprego de professores”. “Esse é um argumento que não colhe com a realidade: nos últimos anos o número de alunos em Portugal desceu 6% e o número de professores em Portugal desceu 20%. Por isso, o desemprego dos professores não é uma questão demográfica mas é sim resultado de uma escolha política”, adverte a porta-voz do BE.

 

 

Também Jorge Costa, deputado e dirigente bloquista, comentou as declarações do primeiro-ministro, usando o seu perfil de Facebook para se exprimir. “O primeiro-ministro diz que o ensino da língua portuguesa nas escolas francesas “é uma oportunidade de trabalho para muitos professores de português que, por via das alterações demográficas, não têm trabalho em Portugal”. A frase é infeliz por vários motivos, mas o principal é que se baseia numa falsidade. Entre 2008 e 2014, o número de alunos do pré-escolar, básico e secundário caiu 6%; no mesmo período, o número de professores nesses escalões caiu 20%. O desemprego docente é fruto de alterações políticas e não de ‘alterações demográficas’”, considerou o deputado.

 

 

PCP propõe revogação da propina do ensino do Português no estrangeiro

 

 

Um projeto de lei do grupo parlamentar do PCP esta terça-feira divulgado propõe a revogação da propina do ensino de Português no estrangeiro, por constituir um “sério entrave” à frequência dos cursos de Ensino Português no Estrangeiro (EPE).

 

 

Presentemente, o valor da propina, fixado através da portaria 102/2013, de 11 de março, cifra-se em 100 euros.

 

Bloco de Esquerda critica declarações de António Costa sobre professores2

“O PCP entende que apostar no ensino da Língua e Cultura Portuguesas no estrangeiro é uma opção estratégica, pelo que não deve ser encarada como uma despesa mas sim como um investimento necessário para o presente e para o futuro de Portugal”, refere o PCP na exposição dos motivos do diploma.

 

 

Investimento que, de acordo com o PCP, faz ainda mais sentido no atual contexto de forte emigração, pois, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, nos últimos quatro anos saíram de Portugal cerca de 500 mil portugueses, muitos dos quais levam consigo a família e descendentes.

 

 

Os comunistas lembram que as sucessivas medidas tomadas pelo anterior Governo PSD/CDS-PP traduziram-se numa “tendência para o desinvestimento e para a desvalorização” do ensino da Língua e da Cultura Portuguesas, criando obstáculos que dificultaram a sua aprendizagem por parte dos alunos portugueses e dos lusodescendentes, como a criação da propina bem o demonstra.

 

 

“O Governo PSD/CDS, por intermédio do Secretário de Estado das Comunidades, depois de muita trapalhada e propaganda, justificou a introdução da propina para fazer face aos custos da certificação dos cursos”, criticam os comunistas.

 

 

No entender do PCP, a introdução da propina não só ignora disposições constitucionais que apontam para a gratuitidade do ensino como trata de “forma discriminatória e injusta” os portugueses que residem fora do país.

 

 

Os alunos do EPE são os únicos portugueses que pagam propina para a frequência do ensino básico e secundário, diz o PCP.

 

 

Segundo os autores do diploma, a introdução da propina no EPE tem sido contestada pelas comunidades portuguesas, pelo Conselho das Comunidades Portuguesas e pelas comissões e associações de pais, contestação essa que tem sido acompanhada pelo Grupo Parlamentar do PCP.

 

 

A par da introdução da propina, acusa ainda o PCP, o Governo anterior do PSD/CDS fez alterações substanciais no funcionamento da rede EPE e no trabalho dos professores que “são chamados cada vez mais a envolver-se e a desempenhar tarefas ao nível dos processos administrativos”, sendo responsáveis pela inscrição ou reinscrição dos alunos e pelo recebimento do pagamento da propina.

 

 

“Acresce-lhes ainda a responsabilidade de “angariar” o número de alunos tido como imprescindível para abertura do curso. Caso o professor não consiga alcançar tal desiderato será despedido”, alerta o PCP, observando que no decurso dos últimos quatro anos o Governo procedeu à redução da rede EPE por via da diminuição dos horários e de professores a lecionar.

 

 

“É preciso parar a destruição do EPE, é preciso valorizar o ensino da Língua e da Cultura Portuguesas. É preciso eliminar a propina”, diz o PCP, que propõe assim a revogação da taxa de certificação das aprendizagens e a taxa de frequência, designada por propina.

 

 

TPT com: AFP//António Cotrim//Lusa//Catarina Falcão//Observador/14 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

Cheias ocorridas em França vão custar entre 900 e 1.400 milhões de euros

As cheias ocorridas nos últimos dias no norte de França, em particular na região de Paris, com o transbordar do rio Sena e de alguns dos seus afluentes, terão um custo para as seguradoras de entre 900 e 1.400 milhões de euros.

 

 

Esta estimativa, que ainda é provisória, foi esta terça-feira feita pela Associação Francesa de Seguros (AFA) que, em comunicado, indicou ter recebido até agora 77.000 declarações de sinistro e que pensar que estas poderão chegar a 150.000.

 

 

As principais incertezas prendem-se com as condições e o rítmo a que os rios que transbordaram voltarão aos seus caudais, explicou a AFA.

 

Cheias ocorridas em França vão custar entre 900 e 1.400 milhões de euros 2

As seguradoras vão aceitar as declarações de sinistro até ao próximo dia 30, ou seja, além dos dez dias do prazo regulamentar e comprometeram-se a avançar indemnizações às pessoas em maior necessidade, em particular àquelas cujas principais residências ficaram inabitáveis durante mais de 24 horas.

 

 

A AFA disse também que quem sofreu prejuízos inferiores a 3.000 euros receberá a indemnização em dois meses, depois de recebida a avaliação completa do sinistro.

 

 

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, indicou esta terça-feira que o fundo de emergência para as inundações que o seu Governo criou, com uma quantia inicial de 30 milhões de euros, distribuirá cerca de 500 euros por família afetada.

 

 

O museu do Louvre que, como outros dos que estão junto ao Sena, em Paris, fechou a título preventivo quando o caudal do rio estava a subir de nível, na semana passada, indicou esta terça-feira que os quatro dias de encerramento representam um prejuízo de cerca de 1,5 milhões de euros, correspondentes a menos 120.000 visitantes.

 

 

Por outro lado, as fortes tempestades que esta tarde sacudiram o norte de França, desde a região de Lille até à Alsácia, na fronteira alemã, causaram a morte de um homem, que se afogou ao ser surpreendido pela subida do nível da água numa estrada em Mondicourt, no departamento de Pas de Calais.

 

 

O vice-governador de Pas de Calais contou na estação de rádio France Info que a direção do vento se deslocou de sul para norte e que o falecido, um septuagenário, tinha tentado circular num troço de estrada inundado, de onde não conseguiu escapar.

 

 

No total, 16 departamentos estavam esta terça-feira à tarde em alerta laranja devido a tempestades que, em alguns locais, foram de granizo, como em Estrasburgo, no nordeste do país.

 

 

TPT com: Christophe Petit Tesson//EPA//AFA//Reuters//Lusa//Observador// 7 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

Presidente da República dá afeto aos jogadores da seleção nacional antes da partida para o Euro 2016

Marcelo Rebelo de Sousa não é novo nas lides da seleção, já que acompanhou outros campeonatos como comentador, mas foi a primeira vez que recebeu a seleção no Palácio de Belém como Presidente da República. Não pediu a vitória no Europeu, pediu aquilo a que os jogadores já o habituaram. “Espero que sejam aquilo que são sempre, os melhores”, avisou.

 

 

Numa despedida “muito afetuosa”, como a qualificou Marcelo Rebelo de Sousa, os 23 escolhidos da seleção nacional, o selecionador, toda a equipa técnica e os representantes da Federação Portuguesa de Futebol, foram recebidos esta tarde no Palácio de Belém para um jantar oferecido pelo Presidente. Marcelo Rebelo de Sousa diz que para além das suas funções atuais, é alguém que “acompanha” e “admira” os jogadores.

 

Marcelo dá afeto aos jogadores da seleção nacional antes da partida para o Euro 2016 2

“Não vos vou dizer que espero que ganhem campeonato. O primeiro-ministro já pediu isso. Eu sou mais contido. Espero que sejam aquilo que são sempre, os melhores”, disse o Presidente, lembrando aos jogadores a importância da seleção não só para os portugueses que vivem em Portugal, mas especialmente para os portugueses que vivem fora, especialmente em França.

 

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Depois do discurso, Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de dar um abraço apertado a todos os jogadores da seleção, lembrando a importância dos afetos e da proximidade antes da partida para França. Cristiano Ronaldo, no seu discurso, afirmou também que a seleção “vai tentar ganhar”, e que “tudo é possível” numa competição como o Europeu.

 

 

O Presidente da República destacou também a presença na cerimónia do presidente da FIFA, Gianni Infantino. “Vocês são campeões mesmo à partida, porque são do melhor que há no mundo. É também um prazer ter aqui o presidente da FIFA, um sinal de renovação e futuro. O que aqui está é do melhor que há no mundo, país pequenino que consegue ser muito. Acreditamos em vós como acreditamos em Portugal”, concluiu.

 

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Após os discursos, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes, uma camisola autografada pelos 23 jogadores convocados.

 

 

Fernando Santos diz que Ronaldo está em plenas condições para o Euro

 

O selecionador português de futebol disse esta terça-feira que Cristiano Ronaldo está muito bem fisicamente e com vontade de ajudar Portugal no Euro 2016, mostrando-se também feliz por ter toda a equipa à disposição.

 

 

“Está muito bem psicologicamente, muito bem moralmente, fisicamente, com muita vontade e ambição. Está igual a qualquer um dos outros. Felizmente, o relatório médico dos últimos cinco, seis dias esteve sempre a zero”, começou por dizer Fernando Santos na conferência de imprensa de antevisão ao último jogo de preparação frente à Estónia.

 

Marcelo dá afeto aos jogadores da seleção nacional antes da partida para o Euro 2016 5

Fernando Santos frisou que a confiança da equipa das ‘quinas’ não poderia estar melhor, sublinhando a ambição de jogar sempre para vencer.

 

 

“A confiança está em alta. Não vai depender do jogo com a Estónia ou com a Inglaterra ou do jogo com a Noruega. Os jogadores estão em alta no sentido de confiança e conhecem bem as suas capacidades. O grupo está forte e vamos jogar sempre para ganhar”, explicou.

 

 

O selecionador português disse ainda não ter um ‘onze’ definitivo para a primeira jornada do Euro 2016 frente à Islândia, salientando que na equipa portuguesa todos os jogadores são indispensáveis.

 

 

“Faltam cinco, seis dias para o primeiro jogo que vamos disputar no campeonato da Europa, portanto, até lá, decidirei o ‘onze’ a entrar. Esta equipa não tem titulares ou suplentes. Decidirei de acordo com aquilo que sentir”, afirmou.

 

 

Fernando Santos assegurou que o último jogo de preparação frente à Estónia servirá para ter todas as posições de campo ao mesmo nível, alertando para os potenciais perigos da equipa adversária.

 

 

“Amanhã (quarta-feira) vou apresentar um onze, procurando tentar evoluir no sentido de estarmos preparados em todas as opções para aquilo que serão os jogos do campeonato da Europa. Há necessidade de dar rítmo aos jogadores. Eles são uma equipa que defende bem e é rápida nas transições”, reiterou.

 

 

Questionado quanto à segurança em França no período em que decorrerá o Euro 2016, Fernando Santos não se mostrou preocupado, confiando na organização e nas forças de segurança destacadas.

 

 

“Nenhum de nós pensa nisso. Estamos seguros que a organização francesa do campeonato e as forças de segurança vão tratar do assunto. Estamos completamente seguros e tranquilos”, admitiu.

 

 

A terminar, o selecionador não esqueceu os emigrantes em França, lamentando que, por questões de segurança, não possam assistir ao treino em Marcoussis, em França.

 

 

“Tenho pena pelos emigrantes. Tínhamos preparado um treino aberto para cerca de 20.000 pessoas e queríamos chegar perto dos emigrantes. Por questões de segurança não o podemos fazer, temos que respeitar”, lastimou.

 

 

Portugal defronta a Estónia na quarta-feira, às 19:45, no Estádio da Luz, naquele que será o último encontro de preparação antes da estreia no Euro 2016, frente à Islândia, no dia 14, para o grupo F, no qual estão também inseridas a Hungria e a Áustria.

 

 

TPT com: AEP//José Sena Goulão//Lusa//Sapo//Catarina Falcão//Observador// 7 de Junho de 2016

 

 

 

 

 

O luso-americano Bruno Fernandes terminou o liceu com distinção e vai estudar na universidade onde Albert Einstein deu aulas

Emoção e orgulho marcaram a cerimónia de graduação dos 270 alunos, de várias nacionalidades e países, que finalizaram o liceu no “Seton Hall Preparatory School”, em West Orange, no estado de New Jersey.

 

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Diante dos familiares, professores e coordenadores, os estudantes celebraram a passagem para uma nova etapa escolar conquistada com dedicação e muito aprendizado.

 

 

Entre eles, estava o jovem luso-americano Bruno Fernandes, que recebeu várias distinções e vai estudar Engenharia Mecânica e Aeronáutica,  na Universidade de Princeton, com bolsa suportável a 100%.

 

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A cerimónia de graduação que decorreu no dia 22 de Maio, foi constituída por duas etapas. A primeira decorreu na Basílica do Sagrado Coração de Jesus, em Newark(na foto, Bruno Fernandes com o seu colega e amigo Gabriel Ribeiro), e a segunda, no ”Seton Hall Preparatory School”, onde foram recebidos prémios e proferidos discursos.

 

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A entrada de Bruno Fernandes no Ensino Superior constitui um passo importante para ele e sua família. Representa o iniciar de um novo projeto, que se faz acompanhar por múltiplos desafios, exigências e experiências de vida.

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Bruno Fernandes nasceu no Hospital Saint James, em Newark, e é filho de Irene e Gil Fernandes, naturais da freguesia de Cota, Concelho de Viseu.

 

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O Gil e a Irene Fernandes emigraram para os Estados Unidos há cerca de 25 anos. O Bruno frequentou a escola da Wilson Avenue, em Newark,  onde foi aluno exemplar. Conquistou ao serviço desta escola alguns importantes troféus, entre eles o “mat olimpics” por duas vezes consecutivas. O  empenho e o sucesso acompanharam-no no “Seton Hall Preparatory School”, onde se tornou um excelente aluno, conquistando os mais importantes prémios da escola.

 

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E não foi por acaso que Bruno Fernandes recebeu propostas de várias universidades de renome, entre elas a Universidade da Pennsylvania” (UPenn), em Philadelphia, Universidade de “North Eastern”, em Boston e a Universidade de Rutgers, em New Jersey.

 

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Mas, como ser estudante universitário é uma experiência completa e integrada, cuja trajetória dos jovens, representa o culminar do seu percurso escolar, o Bruno escolheu a universidade dos seus sonhos e vai para Princeton, como atrás referi, estudar Engenharia Mecânica e Aeronáutica,  “com bolsa suportável a cem por cento”.

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Consciente de que para dar resposta a tamanhos desafios, o estudante necessita desenvolver um conjunto de competências chave, que lhe permitem auxiliá-lo na adaptação bem sucedida à universidade e ainda, na transição para o mercado de trabalho, Bruno Fernandes faz questão de agradecer ao seu conselheiro Mr. Barnit, bem como a todos os professores e funcionários, que com ele lidaram ao longo dos últimos anos, e em especial ao presidente da escola católica “Seton Hall Preparatory School”, Monsenhor Kelly (na foto), que fez questão de elogiar o Bruno “pelos desafios superados”.

 

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Mr. Barnit (na foto), conselheiro do Bruno na “Seton Hall Preparatory School”, elogiou a trajectória de trabalho deste aluno luso-americano que após estes anos de estudo e desafios, recebeu o diploma da “Seton Hall Preparatory School”, que é um marco na vida de qualquer pessoa”.

 

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Para Mr. Sears (na foto), que é o director do “Griffin Bridges Programa Scholarship”, o Bruno merece que a Universidade de Princeton seja parte significativa da elaboração do seu projeto de carreira, de preparação para o exercício profissional, mas também de desenvolvimento pessoal e social, de conhecimentos e competências gerais e específicas. Porém, “tudo consiste em dedicação e a recompensa de qualquer aluno, depende do seu esforço”.

 

 

Segundo Gil Fernandes, pai do Bruno, “o desejo dele sempre foi seguir a carreira de engenheiro”. Uma profissão que vem ganhando cada vez mais força nos Estados Unidos e no Mundo. Agora, espero que o Bruno prossiga a sua carreira de engenharia mecânica e aeronáutica, dada a sua importância para o desenvolvimento do país e do mundo, e por ser uma área que também apresenta grandes desafios diários”, destacou.

 

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Dizem os professores que a escolha e a preparação para uma profissão são algo que se dá num tempo reduzido (realização de um curso). A carreira é algo que se concretiza num tempo extenso, dinâmico. É um projeto que tem início antes mesmo da graduação começar e que não acaba com a sua conclusão. “É um caminho a ser percorrido ao longo da vida de quem realiza um trabalho que lhe deverá trazer prazer, realização pessoal e profissional”.

 

 

“O Bruno é um bom aluno e merece continuar a carreira académica”, disse Helena Oliveira, sargento do Xerifado do Condado de Essex, estado de New Jersey (na foto). E por aquilo que dizem colegas e professores, o Bruno Fernandes vai dar continuidade à  carreira académica, dos seus sonhos, para desenvolver soluções inovadoras em prol da sociedade. “É que, para além das suas próprias expectativas, nele estão também investidas as expectativas da sua família, bem como as expectativas da sociedade para que o Bruno seja mais capaz, que se sinta mais realizado e que esteja sempre empenhado na construção de um mundo melhor”, disse a sargento.

 

 

Helena Oliveira, desejou ainda que os jovens continuem a estudar e a aprender cada vez mais, e destacou a importância do trabalho desenvolvido pelo “Seton Hall Preparatory School”, na preparação de alunos para as melhores universidades do mundo.

 

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A “Seton Hall Preparatory School”, geralmente chamado de “Seton Hall Prep” ou “O Prep”, é uma escola católica romana do ensino médio, localizada na comunidade suburbana de West Orange no Condado de Essex, New Jersey, e opera sob a supervisão da Arquidiocese de Newark.

 

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Fundada em 1856, a “Seton Hall Prep” foi originalmente localizado no campus da “Universidade Seton Hall”, onde se tornou conhecida como “Prep”. Uma maneira de se distinguir de “The University.”  Em 1985, o “Prep” mudou-se para a sua actual localização, que era, na época, a “West Orange High School”.

 

 

“Seton Hall Prep” tem uma população estudantil de 951 alunos e é a mais antiga escola preparatória, da faculdade católica em Nova Jersey.

 

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Profundamente entusiasmado com a história e com as relações estabelecidas com o mundo que o rodeia, o Bruno, agora estudante universitário, transporta consigo uma bagagem única, cujo conteúdo não o define, mas o explica.

 

 

Bruno Fernandes, chegou aqui seguindo o seu próprio itinerário, a caminho de um futuro que se desenhava ao longe e agora é já presente. A Universidade de Princeton saúda-o e acolhe-o, oferecendo-se como sua casa, para que o Bruno a ela se possa referir como “a minha universidade”.

 

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Fundada no dia 22 de Outubro de 1746 como “College of New Jersey”, a Universidade Princeton é a quarta mais antiga dos Estados Unidos. Antes de se estabelecer na cidade que lhe deu o nome, em 1756, a instituição passou um ano na cidade de Elizabeth e outros nove na cidade de Newark até se estabelecer no “Nassau Hall”, num terreno doado por Nathaniel Fitz Randolph, membro de uma tradicional família da região.

 

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Em 1896, quando as ofertas do programa aumentaram, a então faculdade ganhou “status” de universidade.

O lema da universidade é “educar para que seus alunos sirvam a nação”. Como resultado, das suas salas de aulas saíram dois presidentes dos EUA, Woodrow Wilson (vencedor do Nobel da Paz de 1919) e James Madison, além de 44 governadores e centenas de legisladores estaduais. A Câmara dos Deputados, por exemplo, passou a receber um aluno de Princeton a cada ano desde 1789.

 

 

Princeton mantém-se entre as dez melhores universidades do mundo. No Academic Ranking of World Universities 2015 ocupa a 6ª posição; já no ranking da publicação britânica Times Higher Education (THE), aparece em 7ª.

 

 

Actualmente a instituição tem uma população estudantil de com mais de 7.500 alunos sendo 12% deles estrangeiros.  A Universidade de Princeton, possui cursos de graduação e pós-graduação, sendo reconhecida como uma das melhores universidades do mundo, principalmente nas áreas ligadas à matemática, física e astronomia, engenharia, economia, sociologia, história e filosofia.

 

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Estudar na Universidade de Princeton, custa cerca de 45 mil dólares por ano, apenas de mensalidade, sem incluir os gastos com moradia e alimentação. A universidade também aplica a política de “need blind” para todos os candidatos. Isto é, os alunos são aceites independentemente se podem ou não pagar as mensalidades. Em geral, àqueles que não têm condições de arcar com os custos, recebem bolsas de estudo. Cerca de 60% dos alunos da graduação recebem bolsas de estudos anuais de, em média, 48 mil dólares.

 

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Célebre pelo corpo de pesquisa, nos anos 1950 Princeton chegou a ter o físico alemão Albert Einstein como professor. Ele lecionava no Instituto de Estudos Avançados, alojado num de seus 180 prédios.

Entre os muitos grandes intelectuais que já passaram por seus corredores estão 38 vencedores do Nobel, incluindo John F. Nash, o matemático que inspirou o filme “Uma Mente Brilhante”; Daniel Kahneman, Paul Krugman, Mario Vargas Llosa e Angus Deaton, vencedor do Nobel de Economia de 2015.

 

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A Universidade de Princeton também está entre as mais ricas, recebendo por ano a quarta maior doação do mundo entre universidades, com mais de 11 bilhões de dólares. Através destes valores a Universidade de Princeton mantém importante museu com acervo permanente com obras raras, como as de Claude Monet e Andy Warhol, entre outros proeminentes artistas.

 

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Esta instituição de ensino norte-americana é constantemente mencionada na cultura popular, inclusive em filmes e séries como Gossip Girl; A Nova Cinderela; House, M.D.; The Big Bang Theory; Uma Mente Brilhante e The Fresh Prince of Bel-Air.

 

 

Entre outros famosos que estudaram na Universidade de Princeton estão também, Charles Conrad; Astronauta e terceiro homem a andar na Lua; Eric Schmidt, presidente do Google; Jeff Bezos, fundador da Amazon; F. Scott Fitzgerald, autor de “O Grande Gatsby”; e Michelle Obama, primeira-dama americana.

 

 

E é aqui neste espaço de ensino histórico que o jovem universitário Bruno Fernandes vai enfrenta dois grandes desafios: o da emancipação e autonomia, especialmente relativamente à família, e o da integração e pertença ao espaço social e cultural oferecido pela universidade no quadro da multiplicidade de relações com pessoas, ideias e projetos.

 

 

Como referiu Ann Landers: “as oportunidades normalmente apresentam-se disfarçadas de trabalho árduo e é por isso que muitos não as reconhecem”.

A equipa de The Portugal Times deseja ao Bruno Fernandes as maiores felicidades na sua carreira académica.

 

 

JM/The Portugal Times// 25 de Maio de 2016