O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS) de ser “uma marioneta da China”, reafirmando as críticas à gestão da crise do coronavírus.
Interrogado sobre o futuro da contribuição financeira dos Estados Unidos para a OMS, Trump foi evasivo: “Vamos tomar uma decisão em breve.”
O Presidente dos EUA anunciou em meados de abril a suspensão dos pagamentos à OMS, que, nas suas palavras, “devia ter percebido e provavelmente percebeu” o que ia acontecer com a pandemia de covid-19, que já infetou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios, causando a morte a mais de 316 mil.
Depois de, no início do ano, ter elogiado a ação da OMS, Donald Trump tem-se desdobrado em críticas à atuação da organização, acusando-a de não ter alertado suficientemente cedo para os riscos da pandemia, de falta de transparência e de alegado favorecimento da China.
Donald Trump tem criticado repetidamente a China, por alegadamente ter encoberto o surto no período inicial. A doença transmitida por um novo coronavírus foi detetada no final de dezembro, na cidade chinesa de Wuhan.
Depois de, em fevereiro, a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados (cerca de 2,1 milhões). Os Estados Unidos são o país com mais mortos (ultrapassaram a barreira dos 90 mil) e mais casos de infeção confirmados (quase 1,5 milhões).
Na sexta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês, Wang Yi, criticou os políticos estrangeiros por “politizarem” a epidemia de covid-19, ao criticarem a gestão da OMS e pedirem responsabilidades à China.
Outros países, incluindo a Austrália, também pediram uma investigação independente sobre a origem da pandemia, levando a China a suspender a licença para exportação de grandes produtores de carne bovina australianos, numa aparente retaliação.
As tentativas de politizar a pandemia e de difamar a OMS são “uma grave violação dos princípios morais internacionais e minam os esforços internacionais antiepidémicos”, considerou o chefe da diplomacia chinesa.
A China “superou as suas próprias dificuldades, ofereceu apoio e assistência aos países relevantes, partilhou experiências e tratamentos de prevenção e controlo sem reservas e facilitou a compra de equipamento antiepidémico a vários países”, assinalou.
Esta guerra de palavras entre Estados Unidos e China está também a bloquear a ação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que, à exceção de uma videoconferência realizada em 09 de abril, tem mantido o silêncio sobre a mais grave crise desde a II Guerra Mundial.
O projecto de resolução franco-tunisino, que exige uma “coordenação reforçada” no combate à pandemia de covid-19, foi bloqueado, em 30 de abril, por Estados Unidos e China, membros permanentes do Conselho de Segurança. As divisões acentuaram-se por causa de um parágrafo relacionado com a OMS.
A votação, pedida há mais de um mês pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, é cada vez menos provável a curto prazo.
Contrariamente ao Conselho de Segurança, a Assembleia Geral da ONU (193 membros), cujo debate dos textos não se arrasta no tempo, já aprovou duas resoluções sobre a pandemia, uma para apelar à cooperação e outra para reclamar um acesso mais equitativo de todos os países às futuras vacinas.
Segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou, em todo o mundo, mais de 316 mil mortos e infectou mais de 4,7 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Donald Trump revela que está a tomar hidroxicloroquina
O presidente norte-americano disse esta segunda-feira que está a tomar hidroxicloroquina, o medicamento para combater a malária e doenças auto-imunes como a artrite reumatóide ou o lúpus, há mais de uma semana, por prevenção, caso comece a revelar sintomas.
A notícia está a ser avançada pela agência Associated Press (AP) e pelo The New York Times (NYT).
A AP avança que Trump revelou que o medicamento não lhe foi recomendado, mas que pediu prescrição ao médico da Casa Branca. E terá acrescentado: “Estou a tomar a hidroxicloroquina. Agora mesmo, sim. Penso que seja bom, ouvi histórias muito boas”, completou.
“Tudo o que vos posso dizer é que, até agora, estou bem”, disse, explicando que toma um comprimido por dia há uma semana e meia.
A Agência Europeia do Medicamento defendeu em abril que a utilização da hidroxicloroquina e de cloroquina no contexto da pandemia deveria ser limitada a ensaios clínicos ou protocolos nacionais validados e reforçou “a necessidade da manutenção da utilização destes fármacos nos doentes crónicos que deles necessitam, sublinhando a exigência de que a sua prescrição não deve ser aumentada (em termos de número de embalagens) para além do estritamente necessário em cada momento clínico”.
“Não me vai prejudicar. Existe há 40 anos para [tratar] a malária, lúpus e outras coisas. Eu tomei. Profissionais da linha frente tomam. Muitos médicos tomam. Eu tomo”, acrescentou Trump, citado pelo NYT.
Na conferência de imprensa da DGS na sexta-feira, questionada sobre a hidroxicloriquina, Graça Freitas salientou que “através do Infarmed sabemos que, até à data, não foram reportadas em Portugal reações adversas no âmbito do seu sistema de farmacovigilância”.
“As instituições nacionais e internacionais, obviamente, continuam a acompanhar a evolução da utilização deste medicamento em todo o mundo e vão ajustando as suas recomendações de acordo com essa evolução”, explicou a diretora-geral da Saúde. No entanto, a eficácia contra o novo coronavírus não está comprovada.
Em março, o presidente norte-americano tinha-se revelado otimista sobre o uso do medicamento no tratamento da covid-19.
“Vamos poder fazer com que esse medicamento esteja disponível quase de imediato”, disse Trump aos jornalistas numa conferência de imprensa na Casa Branca, fazendo referência aos resultados preliminares “muito, muito animadores”.
Banco central dos Estados Unidos afasta cenário de Grande depressão mas admite recuperação lenta
O chefe do Banco central dos EUA considerou que a crise económica provocada pela pandemia apresenta “diferenças fundamentais” com a Grande depressão e vaticinou que o crescimento deve ser retomado rapidamente, apesar do elevado desemprego e profunda recessão.
“Não creio de todo que seja um resultado provável”, disse Jerome Powell, no domingo, em entrevista à CBS numa referência a uma Grande depressão semelhante à registada na década de 1930, ao assinalar uma economia florescente antes da pandemia, bancos sólidos e uma reação adequada das autoridades.
No entanto, admitiu que a taxa de desemprego pode situar-se entre 20 e 25% e que a queda do Produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre estará “facilmente nos 20, nos 30%”.
À margem dos indicadores económicos que o Banco central recolhe e tenta antecipar, Powell sublinhou que a prioridade no momento actual consiste em controlar a pandemia, na ausência de uma vacina ou de um tratamento com provas terapêuticas.
Nos Estados Unidos instalou-se um intenso debate entre os defensores de uma rápida reabertura da economia e os que preferem uma abertura lenta e refletida para evitar uma segunda vaga de infeções.
“Aquilo que é mais conta de momento são os indicadores médicos. É a difusão do vírus. São todas estas coisas, e que estão associadas”, como por exemplo as medidas de distanciamento social, explicou Powell.
Para o governador do Banco central norte-americano, a recuperação da devastadora recessão apenas será possível a partir da segunda metade de 2020, “a partir do terceiro trimestre”, caso não se registe uma segunda vaga da pandemia.
No entanto, sugeriu que não será possível uma recuperação total antes da chegada da vacina.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 313.500 mortos e infetou mais de 4,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Mais de 1,6 milhões de doentes foram considerados curados.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (cerca de 90.00) e mais casos de infeção confirmados (quase de 1,5 milhões).
Seguem-se o Reino Unido (34.636 mortos, mais de 243 mil casos), Itália (31.908 mortos, mais de 225 mil casos), França (28.108 mortos, cerca de 180 mil casos) e Espanha (27.650 mortos, mais de 231 mil casos).
A Rússia, com menos mortos do que todos estes países (2.631), é, no entanto, o segundo país do mundo com mais infeções (mais de 281 mil).
Por regiões, a Europa soma mais de 166 mil mortos (quase 1,9 milhões de casos), Estados Unidos e Canadá mais de 95.000 mortos (mais de 1,5 milhões de casos), América Latina e Caribe mais de 28.700 mortos (mais de 500 mil casos), Ásia mais de 12.100 mortos (mais de 355 mil casos), Médio Oriente mais de 8.100 mortos (quase 280 mil casos), África 2.735 mortos (mais de 82.500 casos) e Oceânia com 126 mortos (quase 8.400 casos).
TPT com: AFP//CNN//AI//AEP//Reuters//NYT//WP//MadreMedia/Lusa// 18 de Maio de 2020