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O aeroporto de Lisboa já se chama “obviamente” Humberto Delgado

Ao meio-dia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, puxa a corda que tapa o pano branco e as letras fixadas na fachada do aeroporto de Lisboa surgem diante dos olhos de todos: Aeroporto Humberto Delgado. Ouvem-se palmas. Uma vez lá dentro, na zona das chegadas, o Chefe de Estado considera simbólico que este momento seja assinalado por um Governo de esquerda e um Presidente de centro-direita. O “general sem medo” foi elogiado por todos, em todas as facetas, a de aviador, responsável pela criação da aviação comercial em Portugal e a de homem que lutou pela liberdade. Pelo contributo que deu à democracia.

 

 

Os discursos seguiram-se à exibição de um vídeo sobre a vida de Humberto Delgado, que se candidatou às eleições presidenciais de 1958 e que, quando questionado sobre o que faria a Salazar caso fosse eleito, respondeu a célebre frase: “Obviamente, demito-o.”

 

 

Quando se comemoram 110 anos do nascimento de Humberto Delgado, Marcelo Rebelo de Sousa começou por saudar os netos e bisnetos, entre outros familiares do general sem medo, presentes na cerimónia, porque os mais novos são o “futuro”. Elogiou o homem que “amava a liberdade e por ela voava tão alto como os aviões que pilotou”. Um homem “livre, totalmente livre”, corajoso, com “coragem física” que enfrentou “tudo e todos”, um homem que se tornou “consensual”. Por isso, considerou “simbólico” que a cerimónia juntasse um Governo de esquerda e um Presidente de centro-direita. Humberto Delgado, disse, foi “um arrojado sonhador da nossa democracia”.

 

 

Voar e liberdade

 

 

Também o primeiro-ministro, António Costa, afirmou que se estava a cumprir “um acto de justiça histórica”. Salientou que, no imaginário do ser humano, a capacidade de voar sempre esteve associada à liberdade. Falou na audácia, na coragem, na resistência, na determinação de Humberto Delgado, no “sacrifício pela liberdade” que fez. A mudança de nome do aeroporto é, referiu também, um acto “pedagógico”, para que as novas gerações perguntem quem foi o vulto. E “ficarão a saber”, sublinhou o primeiro-ministro, que muitos portugueses morreram para termos “a liberdade que hoje nos é tão natural como o ar que respiramos”. Humberto Delgado foi, reiterou, um “pioneiro da aviação comercial” e um “herói da liberdade”. E o novo nome do aeroporto simboliza, defendeu, o Portugal democrático que nasceu depois de Abril.

 

 

O discurso do autarca de Lisboa, Fernando Medina, alinhou no mesmo sentido. Também recordou que foi o actual primeiro-ministro, quando era ainda presidente da Câmara de Lisboa, que sugeriu a mudança de nome de Aeroporto da Portela para Humberto Delgado – mudança confirmada este ano em Conselho de Ministros.

 

 

Salientou que o nome vai estar “na porta de entrada e saída do país”, o que vai fazer com que muitos se questionem sobre quem foi este homem “barbaramente assassinado” pela PIDE. “Vão ficar a saber que os portugueses são, mais cedo ou mais tarde, verdadeiramente um povo sem medo”, disse.

 

 

Na cerimónia, também o falou o filho, o comandante Humberto Rosa Delgado, lembrando que o pai “abdicou da sua individualidade pelo todo” e lamentando que a mãe, que morreu com 105 anos, não assistisse a este momento. A cerimónia incluiu ainda um momento em que vários convidados carimbaram e assinaram um postal dos CTT, alusivo ao momento, e visitaram a exposição Humberto Delgado e a Liberdade dos Céus.

 

 

Antes, tinha discursado Nicolas Notebaert, presidente da Vinci Airports, que salientou que “2015 foi um ano de recordes para toda a rede de aeroportos portugueses”: “Lisboa não foi excepção a esta regra, atingindo um novo recorde de 20 milhões de passageiros. Estes resultados de sucesso foram alcançados graças ao excelente relacionamento com as autoridades públicas, em particular com o Governo e com a Câmara Municipal de Lisboa, ao longo destes três últimos anos. Por isso, esperamos encontrar em conjunto soluções para garantir a continuidade deste enorme crescimento, sem limitações ou restrições”, disse, acrescentando que esses resultados “devem-se também à atractividade do destino Lisboa, da localização do aeroporto próximo do centro da cidade e à existência do hub de Lisboa, que é vital preservar e desenvolver”: “Estamos preparados para definir com o Governo qual será a melhor oferta adicional de capacidade para a região de Lisboa”, frisou.

 

 

Retrospectiva

 

 

 

Em fevereiro, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, batizar o aeroporto de Lisboa com o nome do general, seguindo a proposta da Câmara de Lisboa, aprovada um ano antes, quando o atual primeiro-ministro, António Costa, ainda estava à frente do município.

 

 

Na moção aprovada, por unanimidade, a 11 de fevereiro de 2015, em reunião camarária, António Costa sustentava que Humberto Delgado “foi uma figura notável do país político do seculo XX”, assim como “um vulto maior da aviação comercial portuguesa”, destacando o facto de ter fundado a TAP.

 

 

Humberto Delgado nasceu a 15 de maio de 1906 em Boquilobo, Torres Novas, e foi assassinado a 13 de fevereiro de 1965, encontrando-se sepultado no Panteão Nacional.

 

 

O militar estudou aeronáutica, foi adido militar de Portugal, em Washington, além de membro do comité dos representantes da Associação do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).

 

 

Em 1958, Humberto Delgado aceitou o convite  da oposição para ser candidato presidencial – contra Américo Tomás -, desafiando o regime, e recebeu manifestações de apoio um pouco por todo o país, que eram seguidas de perto e reprimidas pela PIDE (polícia política).

 

 

Questionado sobre o que faria com Salazar se ganhasse as eleições, respondeu ‘obviamente, demito-o’, uma vez que o Presidente da República nomeava e podia demitir o chefe de Governo.

 

 

Mesmo com fraude eleitoral, Humberto Delgado obteve 23,5% dos votos e passou a ser uma das figuras mais temidas do regime.

 

 

A 13 de fevereiro de 1965, o general e a sua secretária Arajaryr Campos foram assassinados perto de Badajoz, por uma brigada da PIDE, que o atraiu a este local convencendo-o de que se ia encontrar com militares oposicionistas.

 

 

 

TPT com: Maria João Lopes//Daniel Rocha/Público/Expresso// 15 de Maio de 2016

 

 

 

Celebrações do Dia de Portugal em Newark 2016 já começaram

A comissão organizadora das celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas 2016, na cidade de Newark, estado de New Jersey, que vão ter lugar nos dias 10, 11 e 12 de Junho nesta cidade, levou a efeito a tradicional imposição das faixas de “Grande Marshall” e “Jovem do Ano”, em cerimónia que decorreu durante o jantar designado como “Noite Portuguesa”, cerimónia esta realizada no dia 6 de Maio no restaurante Mediterranean Manor, em Newark.

 

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Os nomeados para “Grande Marshall” e “Jovem do Ano” das Comemorações do Dia de Portugal em Newark/2016, são o empresário de restauração António Nobre e a jovem promissora aluna do East Side High School, de Newark, Samantha Cabrera, que tem raízes portuguesas.

 

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Estiveram presentes várias personalidades, políticas, culturais e empresariais da cidade, entre elas o Cônsul Geral de Portugal em Newark, Dr. Pedro Soares de Oliveira (1º na foto de pé à direita), Helena Oliveira, em representação do Xerifado do Condado de Essex, Augusto Amador, vereador da cidade de Newark,  Joseph Parlavechio, membro directivo do Partido Democrata, de New Jersey ((1º na foto à esquerda, sentado), Carlos M. Gonzalez, vereador da cidade de Newark, e ainda o consultor Pedro Belo, administrador da empresa PJBelo Consulting, LLC.

 

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Participou ainda nesta iniciativa a luso-americana Eliana Pintor Marin, legisladora do estado de New Jersey, aqui ladeada pelos membros da  “Portuguese American Police Association” (José Barros, à esquerda e Billy Correia, à direita), uma organização fundada em 1993 e constituída por elementos policiais luso-americanos que se encontram a prestar serviço em várias esquadras e departamentos policiais dos Estados Unidos da América e que tem como objectivo principal ser um dos elos de ligação entre a comunidade portuguesa e a sociedade americana.

 

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O East Side High School, que é um liceus mais emblemáticos de Newark, com uma população estudantil de mil e quinhentos alunos, esteve representado pelo seu director (“principal”).

Trata-se do Dr. Mário Santos, que também foi nomeado “Grand Marshall” do Dia de Portugal em Newark/2015, e que chegou acompanhado pela sua esposa.

 

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Fernando Grilo, presidente da União de Clubes Luso Americanos de New Jersey(1º na foto à esquerda), aqui acompanhado por Manuel Pereira, director do Rancho Folclórico “Barcuense”, também estiveram presentes na “Noite Portuguesa”.

De referir que Fernando Grilo foi o responsável pela realização do Dia de Portugal em Newark, após a “era Bernardino Coutinho”, o mentor desta iniciativa, e demitiu-se do cargo este ano, devido a divergências com o vereador luso-americano de Newark, Augusto Amador.

 

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O Sport Newark e Benfica, que foi fundado em 1969 e é a filial número 21, do Sport Lisboa e Benfica, também esteve representado por alguns dos seus membros directivos.

 

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Esta colectividade, para além do convívio social e cultural que proporciona aos seus sócios e amigos, é também o centro de uma importante actividade desportiva, voltada sobretudo para as camadas mais jovens e também para os veteranos.

 

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Entre os convidados da “Noite Portuguesa” estava também uma comitiva da região da Serra da Estrela, contituída por empresários e autarcas, entre eles, Carlos Santos, Dr. Albino Leitão, ex-presidente da Câmara Municipal de Manteigas, Dr. Paulo Langrouva, presidente da Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo, Arqº. António Saraiva,  Gabril Rodrigues, Carlos Andrade e Alexandrino Costa, presidente do Centro Cultural “Os Serranos” de Newark. O objectivo principal da sua presença nos Estados Unidos está relacionada com a promoção dos produtos da região da Serra da Estrela nos Estados Unidos. Uma iniciativa “que visa também ajudar Portugal, nestes tempos de crise”, disseram ao The Portugal Times.

 

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E enquanto isto, na entrada do salão efectuava-se a habitual recepção aos convidados. Segundo alguns elementos da organização com quem o The Portugal Times falou, mais de duzentas pessoas estiveram presentes para jantar, aplaudir os artistas e os homenageados da noite.

 

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Uma noite de boa disposição onde foi realçado o poderoso e significativo papel desenvolvido pela Comunidade Portuguesa neste país de acolhimento. Uma comunidade que criou positivas referências nos mais variados campos de actividade, que também dignificam e fortalecem Portugal.

 

Um destes exemplos é o Dr. Joaquim Correia, “ex-Grand Marshall do Dia de Portugal/2014”, que foi muito “assediado” pela comunicação social presente.

 

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Joaquim Correia, é natural de Ermesinde, Porto, e imigrou para os Estados Unidos no dia 4 de Setembro de 1973, juntamente com os pais, quando tinha apenas 13 anos de idade.

Mas, nessa altura, estava longe sequer de sonhar que haveria de estudar nas três melhores universidades dos Estados Unidos, e tornar-se um doutor, dos melhores.

 

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Joaquim Correia, que é actualmente um dos médicos Electrofisiologistas mais conceituados dos Estados Unidos, disse ao The Porugal Times que “chegou a hora de sem demagogias, render justiça aos emigrantes portugueses que nos Estados Unidos e no Mundo dignificam o nome de Portugal e com o seu trabalho honesto contribuem para a paz, o progresso e a prosperidade dos países que os acolheram”.

Após a conversa que manteve connosco, o Dr. Joaquim Correia dirigiu-se para a mesa da administração do Hospital Saint Michael’s Medical Center onde o esperavam, para juntos, degustarem o jantar da noite.

 

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Depois do jantar teve início o protocolo que esteve a cargo de Luís Pires, do qual fez  parte também a entoação dos hinos dos Estados Unidos e Portugal, aqui interpretados pela jovem Alexandra Marques.

 

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Após a entoação dos hinos nacionais, houve as habituais apresentações, seguindo-se a cerimónia da imposicão das faixas e os tradicionais discursos “da praxe”.

 

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O Dr. Pedro Soares de Oliveira, Cônsul Geral de Portugal em Newark, New Jersey, Delaware e Pennsylvania, referiu na sua mensagem que “sendo esta uma efeméride de todos, é de inteira justiça destacar o trabalho e a dedicação dos vários colectivos que ao longo dos anos e décadas assumiram a responsabilidade de as realizar e liderar, neste ano, a Comissão do Dia de Portugal. Gostaria ainda de valorizar a tradição enraizada de distinguir e homenagear personalidades que servem a comunidade e são motivo de orgulho para todos nós. Faço votos que as comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas sejam neste ano de 2016 partilhadas por ainda mais portugueses e luso-americanos, de todas as idades, para que o testemunho e a responsabilidade dessa herança floresça nas novas gerações e todos continuemos a representar a cultura e a língua portuguesa e a elevar o nome de Portugal”, concluiu o Cônsul Geral.

 

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Augusto Amador, vereador do Bairro Leste da cidade de Newark, também discursou e teceu alguns considerandos sobre a importância destas comemorações. Na sua mensagem, “puxou dos galões da sua veia poética” e dedicou um dos seus poemas a estas comemorações, referindo nele que “há uma terra para além do mar que me engole os olhos e me consome em dias de ausência.

 

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Há um país para cá do paredão que entendo ainda neste tempo de inverno. Na minha carne viva há anjos de fogo a arder. Há um canal de raiva que se prende em beijos ternos sempre que faço uma viagem”, disse Augusto Amador.

Abordado pelo The Portugal Times sobre se tinha mais algumas palavras a acrescentar sobre esta efeméride, o vereador respondeu que não.

 

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E a festa prosseguiu com os discursos de agradecimento de António Nobre, e Samantha Cabrera, respectivamente “Grande Marshall” e “Jovem do Ano”, das Comemorações do Dia de Portugal em Newark/2016.

António Nobre, empresário de restauração, alimentação e bebidas, é proprietário do conhecido restaurante Solmar, na cidade de Newark, e da empresa de importação e distribuição de vinhos portugueses Wine Enterprise, com sede nesta cidade.

 

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O “Grand Marsahall” do Dia de Portugal em Newark/2016, nasceu na Quinta de Riba Fria, freguesia de Lamas, concelho de Cadaval. Casou quando tinha 18 anos de idade e iniciou a sua vida profissional antes de ter ingressado na vida militar, onde prestou serviço durante 48 meses.

Com uma actividade ligada ao sector das carnes, com produção e comercialização em Portugal, António Nobre quando atingiu os 25 anos de idade tinha já sob a sua responsabilidade duzentos e vinte e dois empregados(222). Mas, segundo este, “por razões diversas e políticas”, acabou por fechar toda a sua actividade em Portugal.

Em 1982 tomou a decisão de emigrar para os Estados Unidos onde ingressou na actividade da restauração. O seu primeiro emprego foi no ex-Portuguese Pavillion Restaurante, em Newark, New Jersey.

 

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António Nobre conta ainda que se aventurou pela área da construção civil, mas voltou para a área da restauração comprando um “lunch truk” onde se manteve durante seis anos. Em 1991 comprou o Solmar Restaurante que é considerado actualmente um dos restaurantes mais afamados de Newark, onde confecciona e divulga o melhor da gastronomia portuguesa, factores que lhe têm proporcionado a conquista de vários prémios, fazendo parte da sua enorme lista de clientes, individualidades do “jet set” da política e da cultura portuguesa e americana.

 

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António Nobre, após a imposição da faixa de “Grande Marshall”, valorizou ainda o apoio que sempre recebeu da família e deu a entender aos convidados presentes que  “a sorte vem depois de muito trabalho e que nada cai do céu”.

 

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Samantha Cabrera, tem 17 anos de idade. Nasceu na cidade de Rahway, no estado de New Jersey e tem raízes portuguesas. Não fala português, mas o sentir é igual. Tem orgulho na sua ascendência e para ela há linguagens “especiais” que são iguais em qualquer parte do mundo.

Samantha é uma criança que passou uma infância sofrida. Apresenta-se como uma rapariga humilde e trabalhadora que sonha vencer os desafios impostos pela vida. Dos pais, não guarda boas recordações e faz questão de referir que foi criada e educada pelos avós.

 

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Segundo alguns elementos da Comissão do Dia de Portugal em Newark/2016, “os feitos demonstrados por Samantha A. Cabrera, ao longo dos seus 17 anos de idade, mereceram-lhe a nomeação de “Jovem do Ano”. Samantha Cabrera redescobre força e energia e queremos ajudar a transmitir-lhe ousadia para se colocar no mundo de forma activa e positiva”.

E a marcha para que o seu sonho se torne uma realidade já começou. Samantha vai iniciar a carreira académica na universidade de “Seaton Hall”, no estado de New Jersey.

Em conversa com o The Portugal Times, Samantha agradeceu a todos quantos tornaram possível este sonho e disse que “o processo não é fácil, mas é possível”.

 

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Depois das homenagens e do jantar, segui-se a parte cultural da “Noite Portuguesa”: Eduardo Marques, Anita Guerreiro e o Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez, fizeram a festa.

 

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Eduardo Marques, que continua a mostrar interdisciplinaridade na sua classe vocal, iniciou a sua actuação recordando Paulo de Carvalho, um nome incontornável na música portuguesa das últimas décadas.

 

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Prosseguindo com o espectáculo, que foi curto, Eduardo Marques mostrou uma pequena parte do talento que o levou a participar como actor e cantor, nos musicais Navio dos rebeldes ( nomeado para os Globos de Ouro), Peter Pan, Fame, High-School Musical, Phantom of the Opera e Les Miserables.

 

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Depois de Eduardo Marques, seguiu-se a ctuação de Anita Guerreiro,  uma das mais carismáticas e populares artistas do fado, do teatro e da televisão portuguesa.  “Anita Guerreiro é Lisboa”, dizem!

 

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Actualmente mais na televisão, onde participa regularmente em telenovelas e séries de comédia, Anita Guerreiro continua a ser muito estimada pelo público.

Tal como muitos outros, Anita Guerreiro, cujo nome de baptismo é  Bebiana Guerreiro Rocha Cardinalli, começou, com apenas sete anos de idade, por ser uma das fadistas infantis que mais se identificava com o bairro de onde vinha, – sendo por isso conhecida como “a miúda do Intendente”, bairro onde nascera no dia 13 de Novembro de 1936.

A Anita Guerreiro se deve a criação de um fado-canção que ficou na boca do povo e até Amália gravou: Cheira a Lisboa, que criou em 1969 na revista Peço a Palavra.

 

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Ironicamente e pouco depois desse sucesso colossal, que obteve na sua carreira artística, nomeadamente no teatro de revista, Anita Guerreiro teve necessidade de se afastar durante um longo período de tempo. Nesse período de afastamento, Anita Guerreiro manteve-se a cantar Fado, gravando e actuando no estrangeiro, em longas temporadas na Europa, Canadá e nos Estados Unidos da América, locais onde recebeu os aplausos do público, nomeadamente das comunidades de emigrantes. Reflexo desse êxito são os Óscares de Popularidade que Anita recebeu em 1987 e 1988, em Fall River, Estados Unidos, país onde casou.

 

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E porque Anita nos trouxe mais uma vez o fado que foi partilhado por fidalgos, por vadios e marinheiros, e que a aristocracia boémia sentiu pelas ruas e vielas de Lisboa, bem como pelas tabernas e pelas mulheres, Anita Guerreiro recebeu mais uma vez os calorosos aplausos dos portugueses e portuguesas que participaram nesta noite de festa na cidade de Newark, em honra e Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

 

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E como festa portuguesa sem folclore não é festa, após a actuação de Anita Guerreiro entrou no salão do Mediterranean Manor o conceituado Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez, que tem a sua sede em Newark, New Jersey.

 

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Fundado no dia 15 de Janeiro de 2010, o Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez-USA tem já muitos adeptos.

 

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Constituído por mais de meia centena de elementos com idades compreendidas entre os 5 e os 70 anos, o Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez, nos Estados Unidos, faz questão de mostrar com alegria, que se quer juntar àqueles que divulgam com saber, as danças e os cantares da região do Minho, neste lado do Atlântico.

 

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A recolha e pesquisa da origem dos seus trajes e das suas danças, é fruto de um dedicado trabalho feito pela direcção deste grupo, tendo em conta as tradições do Baixo Minho.

 

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E é precisamente este legado cultural que os responsáveis do Rancho Folclórico da Casa de Arcos de Valdevez pretendem transmitir aos mais novos, que se mostram interessados em ocupar de uma forma diferente os seus tempos livres, depois do horário escolar americano, e muitos deles, também, após as aulas de português.

 

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Aqui, pais, filhos e netos, vivem o folclore com alegria, conscientes da importância do seu papel, na aprendizagem, preservação e divulgação, dos usos e costumes da região, dos seus ancestrais.

 

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Para finalizar a sua actuação, os elementos do Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez convidaram todos os presentes a “saltar para a roda” para darem uns passos de dança onde entrou também o Cônsul Geral de Portugal em Newark, Dr. Pedro Soares de Oliveira.

 

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E é assim, equipados desta forma, que os elementos do Rancho Folclórico da Casa do Concelho de Arcos de Valdevez, com sede em Newark, querem mostrar, na América do Norte, as danças e cantares, que reflectem a vida campesina da região do Minho.

Os aplausos dirigidos a este rancho folclórico são estímulos de coragem para continuar o trabalho iniciado e cujo futuro parece ser prometedor.

 

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Prometedoras são também as iniciativas do Sport Clube Português de Newark, cujos membros continuam a ajudar a manter um indiscutível e profundo significado de afirmação e identidade do nosso povo neste país de acolhimento.

 

 

Nesta “noite portuguesa”  e através do seu presidente Jack Costa, fizeram questão de realçar o simbolismo destas comemorações transportando  o busto de Luís de Camões, deste clube português para o salão onde decorreu o evento, ajudando a dar, desta forma, um ar mais formal e camoniano à sala.

 

 

De referir que Sport Clube Português de Newark foi fundado no dia 17 de Dezembro de 1921 e é um dos clubes portugueses que tem vindo a projectar no mundo luso dos Estados Unidos a obra dos nossos ilustres conterrâneos. São várias as condecorações recebidas e o seu Livro de Honra continua a guardar e a gravar testemunhos da passagem pelos Estados Unidos, de algumas das mais altas individualidades portuguesas, desde a política à literatura, à arte, ao desporto e à música.

 

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As comemorações do Dia de Portugal em Newark/2016  terminam no dia 12 de Junho com a realização de uma “parada cultural” que vai decorrer na Portugal Avenue ou Ferry Street.

 

 

Inserido nas Comemorações do Dia de Portugal em Newark/2016, e numa iniciativa do Cônsul Geral de Portugal, Dr. Pedro Soares de Oliveira, está também o concerto que Júlio Pereira vai apresentar no dia 4 de Junho à noite no New Jersey Performing Arts Center, em Newark.

 

 

Neste espectáculo Júlio Pereira será acompanhado por Sandra Martins (violoncelo), Miguel Veras (guitarras) e Fernando Barroso (bouzouki).

 

Neste contexto, realçamos ainda o facto de um dos descendentes do cavaquinho ser o americano ukulele, que abrirá este concerto pelas mãos e arte de James Hill, músico canadiano que devolve ao ukulele a sua plena dignidade sem nunca se tomar demasiado sério.

 

 

Este concerto, resulta de uma colaboração entre o NJPAC e o Consulado Geral de Portugal em Newark. Um espectáculo a não perder.

 

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Fazem parte da Comissão do Dia de Portugal em Newark/2016, (em baixo, esq./dir.), Rosemary Ruivo (presidente), Manuela Cardoso, Maria Ribeiro, Paula Cardoso e Glória Tortoriello. Em cima(esq./dir.); Daniel Santos, Augusto Amador, Tiago Gonçalves, António Nobre (Grand Marshall), Ana Grifo, George Marques, Carlos Paredes, e Ulisses Brito.

 

 

As comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, na cidade de Newark, visam ser uma referência da expressão cultural das gentes lusitanas que residem nos Estados Unidos da América.

Viva Portugal!!!…

 

 

 

JM/CM/The Portugal Times, 13 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

 

 

Presidente Michel Temer garante que o combate à corrupção é para levar até ao fim

“A Lava Jato tornou-se referência e deve ter prosseguimento e protecção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la”, afirmou o Presidente em exercício, que escolheu sete ministros envolvidos nessa investigação para o seu Governo.

 

 

Michel Temer acordou pouco depois das seis da manhã de quinta-feira com fogos de artifício e deu-se conta de que dali a algumas horas seria o novo Presidente do Brasil.  O Senado brasileiro acabara de aprovar, por ampla maioria, a suspensão do mandato da primeira mulher eleita para a Presidência da República. A sessão no Senado começou às dez da manhã de quarta-feira e só terminou depois de quase 20 horas de discursos, mas Michel Temer, que nos últimos cinco anos e meio foi vice-presidente de Dilma Rousseff, não ficou acordado para acompanhar a maratona, segundo a Folha de S. Paulo. Foi dormir por volta das três da manhã e só ligou a televisão, que transmitia a sessão no Senado em directo, quando ouviu os fogos de artifício.

 

 

A votação – 55 senadores votaram a favor da instauração de um processo deimpeachment contra Dilma Rousseff, e só 22 contra – tinha acabado há instantes. De resto, a maioria dos brasileiros também não assistiu: ao contrário da votação de 17 de Abril na Câmara dos Deputados, o desfecho no Senado era previsível para todos. Enquanto os senadores alternavam a vez nos microfones do plenário, do outro lado da rua, em Brasília, funcionários do palácio presidencial esvaziavam os gabinetes e encaixotavam pertences.

 

 

Senadores da oposição e aliados do governo votaram com a certeza de que oimpeachment ia ser aprovado. Não houve embates, apertos, cuspidelas, tributos às famílias e a Deus, homenagens a torturadores, bandeiras do Brasil ou cartazes dizendo “Tchau, querida”. Os senadores discursaram uns atrás dos outros, no tempo máximo de 15 minutos, e a longa sessão fez o plenário ficar vazio por várias vezes. A votação durou poucos minutos e foi feita por painel electrónico – ao contrário do que acontecera na Câmara dos Deputados, onde os mais de 500 parlamentares votaram, um a um, com declarações ao microfone.

 

 

Quando o presidente do Senado Renan Calheiros anunciou os 55 votos a favor do impeachment, pouco depois das seis e meia da manhã, houve aplausos, mas foram curtos. Não houve folclore. Mas houve “uma dessas oportunidades que só a política brasileira proporciona à História”, como escreveu a revistaÉpoca: Fernando Collor de Mello, afastado da Presidência há 24 anos por um processo análogo, votou a favor do impeachment da sua quarta sucessora. Foi o único discurso que o plenário fez silêncio para ouvir, com o respeito que se dá a figuras trágicas. Collor, que é senador pelo estado de Alagoas e é alvo de investigação na Operação Lava Jato por suspeitas de corrupção, disse que chegou a alertar Dilma para o risco de um impeachment, mas foi ignorado. “Ouvidos de mercador. Desconsideraram as minhas ponderações. Relegaram a minha experiência.”

 

 

Acusado de corrupção e tráfico de influências, Collor demitiu-se em Dezembro de 1992, dois meses depois de o Senado aprovar o seu afastamento do cargo, no dia em que o seu julgamento começou. Mas Dilma garantiu esta quinta-feira que vai “lutar com todos os instrumentos legais” para exercer o seu mandato até ao fim. “Até ao dia 31 de Dezembro de 2018”, precisou.

 

 

Dilma foi oficialmente notificada sobre a decisão do Senado às 11h da manhã e 15 minutos depois fez o seu último discurso no Palácio do Planalto, rodeada de membros do seu executivo, deputados do Partido dos Trabalhadores e outros partidos aliados – alguns dos quais se emocionaram ao ouvir a Presidente. “Nunca imaginei que seria necessário lutar de novo contra um golpe no meu país”, disse Dilma, que integrou a luta armada contra a ditadura brasileira, instaurada em 1964 por um golpe militar. Ela declarou estar a ser punida por um crime que não cometeu e ser vítima de “uma farsa jurídica e política”. “Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes. Não tenho contas no exterior. Não recebi subornos. Jamais compactuei com a corrupção. Esse é um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente.”

 

 

Afastada 17 meses depois de ter sido inaugurado o seu segundo mandato, Dilma é acusada de irresponsabilidade fiscal, por ter decretado aumentos orçamentais sem aprovação do Congresso e ter usado bancos estatais para pagar despesas públicas, mascarando o estado real das contas do Estado. Ela insistiu que essas acções foram legais e necessárias, além de também terem sido executadas pelos seus antecessores. “Jamais em democracia o mandato legítimo de um Presidente eleito pode ser afastado por actos legítimos de gestão orçamental. O Brasil não pode ser o primeiro país a fazer isso”, declarou.

 

 

Dilma saiu a pé do Palácio do Planalto e foi abraçada por aliados, incluindo um abatido Lula da Silva, o ministro nomeado que nunca chegou a sê-lo.  Cerca de três mil pessoas (estimativa da Polícia Federal) concentraram-se frente ao palácio presidencial e Dilma cumprimentou pessoalmente muitas das que estavam na frente, junto às barreiras de segurança, na sua maior parte mulheres. “Hoje para mim é um dia muito triste”, admitiu. “Mas vocês conseguem fazer com que a tristeza diminua”, disse. O Diário Oficial da União, equivalente ao português Diário da República, publicou esta quinta-feira a exoneração de 28 ministros do Governo de Dilma, incluindo Lula da Silva, nomeado ministro da Casa Civil em Março, mas cuja posse foi suspensa por decisão judicial e aguardava até agora uma decisão final do Supremo Tribunal Federal. A assinatura dos decretos das exonerações tinha a data de quarta-feira, sinalizando que Dilma já tinha a certeza de que seria afastada do cargo pelo Senado.

 

 

Enquanto Dilma discursava, Michel Temer foi notificado da decisão do Senado. “Ele recebeu com naturalidade, muito elegante, muito formal, mas a gente percebe no sorriso que ele está muito entusiasmado”, disse à imprensa Vicentinho Alves, o senador que entregou o comunicado oficial a Temer que o tornou Presidente interino do Brasil. A essa hora, já se sabia a composição do novo governo, um executivo exclusivamente masculino e branco, ou seja, ignorando duas maiorias da população brasileira – mulheres (51,5%) e negros (54%). O governo de Temer é o primeiro sem mulheres desde a ditadura militar e a presidência do general Ernesto Gleiser (1974-1979).

 

 

De resto, foi essa a imagem que o Brasil viu, na cerimónia de posse dos seus ministros ao final da tarde de quinta-feira: 24 homens de fato e gravata assinando termos de posse num ambiente festivo e auto-congratulatório. Temer, cuja equipa antecipara uma transição discreta e sóbria, estava sorridente. O novo Presidente brasileiro, que é do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), voltou a ouvir fogos de artifício quando entrou no Palácio do Planalto.

 

 

No seu primeiro discurso como Presidente em exercício, Temer sinalizou que o seu maior desafio é “estancar o processo de queda livre da economia” brasileira e reequilibrar as contas públicas num cenário de desemprego, inflação e défice elevados. Prometeu manter os programas sociais criados pelos governos do Partido dos Trabalhadores, como o Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, dizendo que “deram certo” e que “o Brasil, lamentavelmente, ainda é um país pobre”. Defendeu uma redução da intervenção do Estado e o incentivo da iniciativa privada. Reservou uma linha para o combate à corrupção: “A Lava Jato tornou-se referência e deve ter prosseguimento e protecção contra qualquer tentativa de enfraquecê-la”.

 

 

Enquanto discursava, ouviu-se um “panelaço” – protesto que consiste em bater em panelas – em bairros do Rio de Janeiro, juntamente com gritos de “golpista” e “Fora Temer”. Foi assim que, no último ano, os críticos de Dilma reagiram sempre que ela fazia importantes discursos à nação.

 

 

O Governo de Temer

 

 

Finanças: Henrique Meirelles (ex-presidente do banco central)

 

Planeamento: Romero Jucá (PMDB)

 

Desenvolvimento, Indústria e Comércio: Marcos Pereira

 

Relações Exteriores (inclui comércio exterior): José Serra (PSDB)

 

Casa Civil: Eliseu Padilha (PMDB)

 

Secretaria de Governo: Geddel Vieira Lima (PMDB)

 

Secretaria de Segurança Institucional: Sérgio Etchegoyen

 

Educação: Mendonça Filho (DEM)

 

Saúde: Ricardo Barros (PP)

 

Justiça e Cidadania: Alexandre de Moraes

 

Agricultura: Blairo Maggi (PP)

 

Trabalho: Ronaldo Nogueira (PTB)

 

Desenvolvimento Social e Agrário: Osmar Terra (PMDB)

 

Meio Ambiente: Sarney Filho (PV)

 

Cidades: Bruno Araújo (PSDB)

 

Ciência, Tecnologia e Comunicações: Gilberto Kasssab (PSD)

 

Transportes: Maurício Quintella (PR)

 

Advocacia-Geral da União: Fabio Medina Osório (especialista em combate à corrupção)

 

Fiscalização, Transparência e Controlo: Fabiano Augusto Martins Silveira

 

Defesa: Raul Jungmann (PPS)

 

Turismo: Henrique Alves (PMDB)

 

Desporto: Leonardo Picciani (PMDB)

 

Minas e Energia: Fernando Bezerra Filho (PSB)

 

Integração Nacional: Eduardo Braga (PMDB)

 

 

Katheleen Gomes/Público/Rio de Janeiro/ 14 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

Os casos que vão levar o arguido Miguel Macedo a julgamento

Miguel Macedo tinha sido acusado no dia 13 de novembro de 2015 pelo Ministério Público (MP) da prática de três crimes de prevaricação e um crime de tráfico de influências no exercício das funções de ministro da Administração Interna. Esta quinta-feira foi pronunciado para julgamento pelo juiz Carlos Alexandre juntamente com os restantes 16 arguidos do processo que ficou conhecido com o caso dos ‘vistos gold’.

 

 

O magistrado do Tribunal Central de Instrução Criminal aderiu totalmente às imputações que a procuradora Susana Figueiredo fez no despacho de acusação. O melhor exemplo disso mesmo é o facto de ter transcrito uma frase do despacho de acusação, assumindo também como sua a seguinte posição:

 

 

O muito grave e acentuado desrespeito pelos deveres funcionais e pelos ético-profissionais de conduta, evidenciando total falta de competência e honorabilidade profissionais, a natureza e a extrema gravidade dos crimes imputados, a personalidade do arguido manifestada nos factos praticados e o elevado grau e culpa colidem com os fins institucionais do cargo público de que Miguel Macedo era titular, cujas atribuições assumem elevadíssima importância para o Estado português, donde resulta a incompatibilidade absoluta entre a ação praticada e a manutenção de qualquer outro cargo público exercido pressuponha a observância de especiais deveres de prossecução do interesse público, de isenção, de imparcialidade, de zelo e lealdade”, lê-se na decisão instrutória de Carlos Alexandre a que o Observador teve acesso.

 

 

Os crimes imputados a Macedo traduzem-se, segundo a decisão instrutória, em quatro situações:

 

 

Our man in Beijing

 

 

Todos os crimes imputados a Miguel Macedo, que terão de ser provados em julgamento, têm em comum uma pessoa: Jaime Gomes. Este empresário, que também será julgado por um crime de corrupção passiva para ato ilícito, um crime de prevaricação e dois crimes de tráfico de influência, é um dos melhores amigos de Macedo e está na origem de todos crimes imputados ao ex-ministro da Administração Interna. O MP diz mesmo que se conhecem desde a adolescência e que se tratam por “irmãos”.

 

 

Miguel Macedo e Jaime Gomes tinham também negócios antigos que, segundo o MP, o próprio Macedo nunca terá declarado ao Tribunal Constitucional enquanto deputado e ministro do PSD na X e XI Legislatura. Como “facilitadores de contactos com entidades públicas e privadas”, os dois terão tido contrato com o grupo Often (2008), assim como terão sido estabelecidos contactos entre ambos com José Santa Clara (Grupo Bragaparques) com o propósito de explorar (sem sucesso) hipóteses de negócio na área de Parcerias Público-Privadas no Brasil.

 

 

Macedo e Gomes terão sido igualmente sócios de uma empresa brasileira chamada Tecnobras. Terá sido mesmo constituída em julho de 2011, já depois de Macedo ter tomado posse como ministro da Administração Interna do Governo de Passos Coelho, tendo como sócios, segundo o MP, António Figueiredo, Jaime Gomes, Miguel Macedo e o luso-brasileiro Paulo Elísio de Souza, presidente da Câmara do Comércio e Indústria do Rio de Janeiro.

 

 

Regressando ao caso ‘vistos gold’. Jaime Gomes, juntamente com António Figueiredo (ex-presidente do Instituto de Registos e Notariado) e o empresário chinês Zhu Xhiadong, serão a base da rede dos ‘vistos gold’.

 

 

A ideia da rede era simples: realizar negócios imobiliários lucrativos com os empresários estrangeiros que manifestavam interesse em obter uma Autorização de Residência para Investimento (ARI) – nome técnico do ‘visto gold’. Segundo o MP, a ideia original pertencerá a António Figueiredo e a Zhu Xhiadong, juntando-se-lhe Jaime Gomes a partir de agosto de 2013.

 

 

Gomes e Xhiadong terão concebido no final de 2013 o plano de abrirem na China uma empresa comercial, designada como “Agência de Imigração/Vistos Gold”, para oferecerem aos empresários interessados o serviço completo: um portfólio de investimentos imobiliários em Portugal e um acesso rápido, eficaz e com sucesso garantido ao processo burocrático do ‘visto gold’. Para isso era fulcral a criação de um posto diplomático de Oficial de Ligação (OLI) e a nomeação de uma pessoa de confiança para tal cargo.

 

 

É precisamente aqui que entra Miguel Macedo, pois a criação de tal posto depende sempre da indicação do ministro da Administração Interna. Assim, Jaime Gomes terá solicitado a Miguel Macedo, que tutelava do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a criação do posto de Oficial de Ligação na embaixada portuguesa em Pequim e a respectiva nomeação de um funcionário de confiança daquele organismo. Macedo terá ordenado verbalmente a Manuel Palos, então diretor do SEF e igualmente arguido neste processo, que lhe propusesse a criação de tal posto em março de 2013. Palos obedeceu mas Miguel Macedo não chegou a assinar o documento final. Segundo a procuradora Susana Figueiredo, verificou-se uma fuga de informação sobre a existência da investigação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que fez os arguidos congelarem os seus planos.

 

 

Um dos indícios mais fortes que o MP entende ter contra Miguel Macedo diz respeito a um sms enviado pelo então ministro para António Figueiredo no dia 5 de novembro de 2013: “Sempre a facturar… já dei a volta ao assunto da China. Abraço”. Para os procuradores responsáveis pela acusação, Macedo está a referir-se à criação do cargo OLI na embaixada em Pequim.

 

 

José Cesário, então secretário de Estado das Comunidades, chegou a estar envolvido neste processo administrativo, tendo Miguel Macedo admitido mesmo publicamente (mais concretamente na Assembleia da República a 17 de dezembro de 2013) que o posto OLI em Pequim seria mesmo criado.

 

 

O MP entende que a prática do crime de prevaricação por parte de Macedo foi alegadamente consumada com a ordem verbal que deu a Manuel Palos para propor a criação de um posto diplomático que não existia na embaixada em Pequim. O crime imputado: prevaricação de titular de cargo político em regime de co-autoria com António Figueiredo, Manuel Palos e Jaime Gomes

 

 

No ex-paraíso de Khadafi

 

 

A Líbia é centro do segundo alegado crime de prevaricação que é imputado a Miguel Macedo. Mais uma vez, Jaime Gomes representa o papel de intermediário. Neste caso, está em causa um negócio de Gomes com a Intelligent Life Solutions (ILS), de Paulo Lallanda Castro — também patrão de José Sócrates no mesmo período.

 

 

A ILS estabeleceu um contrato a 24 de Julho de 2013 com o Ministério da Saúde da Líbia para providenciar tratamentos médicos a 342 cidadãos líbios feridos na guerra civil que precedeu a queda do regime de Muammar al-Khadafi. A troco de um total de cerca de 18 milhões de euros, os doentes líbios seriam tratados em diferentes hospitais portugueses.

 

 

Contudo, eram necessários os respetivos vistos de entrada em Portugal. Para agilizar o processo burocrático junto das autoridades portuguesas, e tratar de toda a logística da estadia em território nacional, a ILS contratou a JAG – Consultoria e Gestão, sociedade de Jaime Gomes, por cerca de 961 mil euros brutos — dos quais só terá recebido cerca de 101 mil euros entre novembro de 2013 e maio de 2014.

 

 

Miguel Macedo aparece nesta história porque, segundo a acusação do MP, terá solicitado a Manuel Palos, diretor do SEF, que desse um tratamento de favor à ILS. Na sequência dessa alegada indicação, Palos terá elaborado um “pacote de medidas de natureza excepcional” para facilitar a entradas dos líbios em Portugal — medidas essas que terão tido parecer negativo e a oposição de diversos funcionários do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Embaixada de Portugal em Tripoli.

 

 

O MP evidencia mesmo nas provas que apresentou ao juiz Carlos Alexandre que a sociedade AMI – Hospital Privado de Guimarães, que foi pioneira em acordos idênticos com as autoridades da Líbia, teve de cumprir condições mais gravosas para conseguir os vistos para os seus pacientes.

 

 

Há mesmo uma situação em que Miguel Macedo, segundo o MP, terá falado com o seu colega ministro Rui Machete, de forma a que os pacientes da ILS continuassem a ter um tratamento excecional por parte dos serviços consulares da embaixada portuguesa da Tunísia — país para onde foram transferidos os funcionários da embaixada na Líbia depois desta ter sido encerrada em 2014 devido à guerra civil. Mais uma vez, diversas empresas portuguesas não tiveram direito ao mesmo tratamento que foi concedido à ILS.

 

 

Rui Machete manteve sempre um estatuto de testemunha ao longo do processo.

 

 

O IVA da empresa de Lalanda de Castro

 

 

A ILS de Paulo Lalanda de Castro, juntamente com Jaime Gomes, é também protagonista do crime de tráfico de influências imputado a Miguel Macedo.

 

 

Lalanda de Castro tinha um problema fiscal: não tinha cobrado IVA nas faturas de mais de 2,9 milhões de euros que emitiu por conta do contrato estabelecido com o Ministério da Saúde da Líbia, por entender que estava isento. A Autoridade Tributária (AT) não concordou e ordenou o pagamento de 677 mil euros do IVA em falta relativo ao ano fiscal de 2013.

 

 

O dono da ILS virou-se para Jaime Gomes que, por seu lado, solicitou ajuda a Miguel Macedo. O então ministro da Administração Interna falou com Paulo Núncio, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, para que recebesse Paulo Lalanda Castro e ouvisse os seus argumentos.

 

 

Refira-se que Núncio sempre foi testemunha, nunca tendo sido encarado pelo MP como suspeito de qualquer ilícito.

 

 

Emitidos diversos pareceres da AT, certo é que não só a ILS levou a sua avante, como, segundo o MP, poupou igualmente mais 1,1 milhões de euros de IVA para o ano fiscal de 2014. Total do imposto que a AT entendeu que não era devido: cerca de 1,8 mihões de euros.

 

 

Segundo o MP, foi esse o valor que o “Estado português deixou de arrecadar na íntegra”, segundo a procuradora Susana Figueiredo escreveu no despacho de acusação e que teve agora a concordância do juiz Carlos Alexandre.

 

 

Os helicópteros e a Bragaparques

 

 

O terceiro crime de prevaricação imputado a Miguel Macedo está relacionado com o concurso público internacional da gestão e manutenção dos meios aéreos de combate aos fogos florestais — assegurados pelos helicópteros Khamov.

 

 

A história é simples. O então ministro da Administração Interna terá enviado do seu endereço eletrónico oficial uma cópia do caderno de encargos para o seu amigo Jaime Gomes — alegadamente antes de tais documentos estarem disponíveis para os restantes concorrentes.

 

 

O problema é que a documentação acabou nas mãos dos responsáveis da empresa Everjets, adquirida pouco antes pelo grupo Bragaparques. Foi a empresa de Domingos Névoa que viria a ganhar o concurso, não tendo sequer levantado o caderno de encargos quando manifestou a sua intenção de participar na competição pela gestão dos meios aéreos do Estado.

 

 

O juiz Carlos Alexandre acompanhou a posição da procuradora Susana Figueiredo de que o acesso prévio ao caderno de encargos do concurso configura um tratamento de privilégio que colocou a Everjets numa situação de vantagem face aos restantes concorrentes.

 

 

Os outros arguidos

 

 

António Figueiredo já tinha conhecido a acusação mais pesada por parte do MP — estando mesmo preso preventivamente durante um ano — e foi esta quinta-feira pronunciado na mesma medida.

 

 

O ex-presidente do Instituto dos Registos e Notariado, dado pelo MP como o líder da rede dos ‘vistos gold’, vai responder em julgamento por:

 

 

  • 4 crimes de corrupção passiva para ato ilícito

 

  • 2 crimes de recebimento indevido de vantagem

 

  • 1 crime de peculato de uso

 

  • 3 crimes de tráfico de influência

 

  • 1 crime de branqueamento de capitais

 

  • 1 crime de peculato de uso

 

  • 1 crime de prevaricação (em co-autoria com Miguel Macedo, Manuel Palos e Jaime Gomes)

 

  • Manuel Palos, ex-director do SEF)

 

Manuel Palos, ex-diretor do SEF, responderá por:

 

  • 1 crime de corrupção passiva para ato ilícito (em co-autoria com António Figueiredo)

 

  • 2 crimes de prevaricação (um crime co-autoria com Miguel Macedo e o segundo crime em co-autoria com Miguel Macedo, António Figueiredo e Jaime Gomes)

 

Maria Antónia Anes, ex-secretária-geral do Ministério da Justiça, conheceu a seguinte pronúncia:

 

 

  • 1 crime corrupção ativa para a prática de ato ilícito

 

  • 1 crime corrupção passiva para a prática de ato ilícito

 

  • 2 crimes de tráfico de influência

 

O grupo de três empresários chineses que tinham sido detidos a 16 de novembro de 2014 e constituído arguidos, foram pronunciados pelos seguintes crimes em regime de co-autoria:

 

 

  • Zhu Xiadong: 1 crime de corrupção ativa e 1 crime de tráfico de influência

 

  • Zhu Baoe: 1 crime de corrupção ativa e 1 crime de tráfico de influência

 

  • Xia Baoling: 1 crime de corrupção ativa e 1 crime de tráfico de influência

 

Eliseu Bumba, empresário angolano sócio de António Figueiredo, foi pronunciado por um crime de corrupção ativa por ter alegadamente acordado com Figueiredo o pagamento de cerca de um milhão de euros para elaborar um conjunto de leis para a República de Angola.

 

 

Paulo Lalanda Castro foi pronunciado por dois crimes de tráfico de influência, enquanto que Jaime Gomes vai ser julgado pelos seguintes crimes:

 

 

  • 1 crime de corrupção passiva para ato ilícito (como cúmplice de António Figueiredo)

 

  • 1 crime de prevaricação (em co-autoria com Miguel Macedo, António Figueiredo e Manuel Palos)

 

  • 2 crimes de tráfico de influência (um deles em co-autoria com Miguel Macedo)

 

 

TPT com: António Cotrim/LUSA/Luís Rosa/Observador/ 14 de Maio de 2016

 

 

 

 

Uma bióloga portuguesa descobriu a origem do mistério das estruturas de lama e seda

 A bióloga portuguesa Ana Sofia Reboleira descobriu que uma espécie de milpés única em Portugal tece uma complexa estrutura de lama e seda em grutas, cuja origem misteriosa os cientistas tentavam desvendar há mais de um século.

 

 

As “estranhas estruturas circulares com um pequeno orifício” eram encontradas em grutas portuguesas, mas, segundo Sofia Reboleira, “durante mais de um século ninguém sabia quem as produzia”.

 

 

Trata-se, de acordo com a cientista, de “um tipo de câmara muda completamente nova no mundo animal, produzida por uma espécie de milpés (o Lusitanipus alternans) que só existe nas grutas do centro de Portugal”, e que foi reencontrada por Sofia Reboleira em 2006, mais de um século depois de ter sido descrita.

 

 

Descobrimos que estes milpés constroem estas estruturas para mudar, um processo fisiológico no qual se libertam do exoesqueleto [cobertura do corpo] antigo emergindo com um novo exoesqueleto maior e mais flexível que permite ao animal crescer”, explicou à agência Lusa.

 

 

Aparentemente formada por lama das grutas, esta é “uma complexa estrutura arquitetónica composta por lama processada pelas peças bocais do animal e intrincada por finíssimos filamentos de seda, mil vezes mais pequenos do que um milímetro”, já que, acrescentou, “os milpés, tal como as aranhas, produzem seda através de umas fieiras que têm no extremo posterior do seu corpo”.

 

 

A investigação revelou que os milpés “demoram cinco dias” a construir a estrutura onde “permanecem mais de um mês a salvo dos predadores, até que todo o processo de muda esteja completo e possam caminhar de novo no exterior, deixando a câmara através de um pequeno orifício”.

 

 

A mudança do esqueleto é “uma altura crítica na vida do animal, que fica num estado letárgico e completamente vulnerável aos predadores”. Para a bióloga, isto evidencia a importância daquelas construções de “grande resistência”.

 

 

A descoberta decorre de uma investigação desenvolvida no Museu de História Natural da Dinamarca, parte da Universidade de Copenhaga e publicada na quinta-feira na revista científica Arthropod Struture and Development.

 

 

Tivemos mais de 30 indivíduos em laboratório durante um ano, com condições de temperatura controlada e em obscuridade total, tal como nas grutas, que foram observados regularmente”, o que permitiu verificar pela primeira vez “numa ordem inteira de milpés como ocorre a muda de um juvenil para um indivíduo adulto, estudando em detalhe este processo e a formação das estruturas”.

 

 

A investigação é resultado de um projeto liderado pela cientista portuguesa e financiado pelo Conselho Dinamarquês para a Investigação Independente e conta com a colaboração do professor Henrik Enghoff, da mesma instituição.

 

 

O objetivo era estudar a transmissão de fungos que só crescem naqueles animais, mas acabou por resultar numa “descoberta notável”, quando ainda “são raríssimos os estudos sobre o comportamento e o desenvolvimento dos invertebrados que habitam o meio subterrâneo”, ressalvou.

 

 

Isto porque “é muito difícil reproduzir as condições naturais em laboratório”, tal como “é difícil observá-los de forma sistemática no seu habitat”, acrescentou a bióloga.

 

 

No seu entender, as características biológicas, ecológicas e sobretudo a distribuição geográfica confinada às cavernas do centro de Portugal “são de tal forma relevantes que ditam a urgência da criação de medidas de proteção para esta espécie em si e para os habitats subterrâneos em geral”.

 

 

Nos últimos anos a investigadora foi responsável pela descoberta e descrição de 28 novas espécies para a ciência de grutas em Portugal, “um património nacional único que, ao contrário de outros países europeus, se encontra completamente desprotegido”.

 

 

Os milpés, conhecidos em Portugal como ‘maria-café’, pertencem à classe dos invertebrados e têm corpos cilíndricos e muitas patas, fazendo por vezes lembrar, à primeira vista, as centopeias.

 

 

TPT com: AFP/Reuters/Lusa/ NATURAL HISTORY MUSEUM DENMARK/ 8 de Maio de 2016

 

 

 

 

 

Militares reformados dos EUA consideram Trump incapaz de dirigir as Forças Armadas

Um grupo de oficiais reformados publicou uma declaração repudiando as afirmações de Donald Trump contra as Convenções de Genebra. Se o candidato à investidura republicana chegar à Casa Branca, dizem, não terá condições para exercer a função de chefe supremo das Forças Armadas.

 

 

Um denominador comum a vários subscritores do documento é o de apontarem Trump como um fanfarrão que nunca se viu confrontado com nenhuma guerra autêntica e por isso fala levianamente sobre temas militares. Nesse sentido, os oficiais que agora vieram a terreiro, situam Donald Trump na tradição dos “falcões-galinha” – políticos como George W. Bush ou Dick Cheney, sempre lestos a mandar tropas para a guerra, porque sempre tinham fugido a fazer as guerras do seu tempo – antes de mais a do Vietname, à qual conseguiram escapar com as mais variadas artimanhas burocráticas.

 

Steve Kleinman, coronel na reserva da Força Aérea e um dos subscritores da declaração, afirma, segundo citação do diário britânico Guardian, que “Donald Trump não conseguirá de modo algum entender [Genebra] porque não tem nem a experiência, nem a competência, nem a bússola moral para entender”.

 

Kleinman, que foi também um interrogador de prisioneiros, referiu-se às afirmações de Trump a favor da tortura sublinhando que as Convenções de Genebra “são uma construção moral e táctica fundamental que serve como fundamento para a lei do conflito armado, porque todas as guerras chegam ao fim, incluindo a guerra global contra o terror. Nós, como comunidade de nações, temos de lidar uns com os outros e não ficar separados pelo tratamento horrível, imoral, de um lado contra o outro”.

 

 

Paul Yingling, um coronel reformado do Exército, foi vice-comandante do regimento de Cavalaria que retomou a cidade iraquiana de Tall Afar, que tinha caído nas mãos dos insurrectos, mas já nessa altura tinha sobressaído pelas suas críticas a oficiais generais que conduziam a ocupação do Iraque.

 

Também ele lembrou que “os militares americanos, homens e mulheres, juram apoiar e defender a Constituição, incluindo as nossas obrigações de aderir a tratados sobre o tratamento dos não-combatentes”. E acrescentou que “prisioneiros de guerra e membros das famílias de suspeitos de terrorismo são não-combatentes. Torturar e assassinar não-combatentes são as acções de criminosos e cobardes. Os homens e mulheres das Forças Armadas dos EUA não são uma coisa nem outra”.

 

Segundo Yingling, “a convicção de que a tortura resulta está baseada em programas da televisão americana. Como um veterano de cinco missões de combate e um antigo instrutor de contra-terrorismo, a minha experiência limita-se à realidade”.

 

Christopher Harmer, um antigo piloto da Marinha, comentou: “Ao preconizar o assassínio de mulheres e crianças cujo único crime é o de pertencerem à família de terroristas, ao falar em bombardeamentos massivos de grandes faixas do Médio Oriente, ao opinar que o Japão, a Coreia do Sul e a Arábia Saudita deviam obter armas nucleares, Donald Trump emerge exactamente como o que é: uma vedeta de reality TV, que não tem a menor ideia sobre como funciona na prática a segurança dos EUA”.

 

Considerando que Trump está “monumentalmente impreparado” para o exercício das suas funções, Harmer afirmou ainda que “a sua candidatura é apenas um factor de embaraço para os Estados Unidos; se ele viesse realmente a tornar-se presidente, faria estragos imensos nas nossas relações estratégicas com os nossos aliados”.

 

 

TPT com: Mark Kauzlarich, Reuters/WP/RPT/AEP/ 8 de Maio de 2016

 

 

 

 

Cientistas descobrem três planetas parecidos com a Terra que poderão ser habitáveis

Os investigadores da Universidade de Liège (Bélgica) e do MIT de Boston (Estados Unidos) acabam de anunciar a descoberta dos três planetas com maior potencial para albergar vida extraterrestre na Via Láctea alguma vez encontrados na história da astronomia. Os corpos celestes que ainda não têm nome – são chamados pelos cientistas como TRAPPIST-1, TRAPPIST-1b e TRAPPIST-1c – orbitam uma estrela a 40 anos-luz da Terra, têm tamanhos semelhantes à Terra e ficam na posição relativa da constelação de Aquário.

 

 

Os planetas, observados pela primeira vez através de um telescópio localizado no Chile, têm condições extremamente parecidas com as da Terra. A distância à estrela que orbitam – também ela uma estrela anã, a mesma categoria a que o Sol pertence – permite-lhes ter condições de temperatura e exposição à radiação idênticas às do nosso planeta. Mas nem tudo é semelhante: a estrela é uma estrela anã ultrafria, tão pequena que não pode ser observada a olho nu. É pouco maior que Júpiter.

 

 

É a primeira vez que se encontra um sistema planetário em redor de um corpo com estas características (15% das estrelas da Via Láctea são anãs ultra frias). Normalmente, os exoplanetas descobertos pelos cientistas são sempre demasiado pequenos e acabam por ser ofuscados pela luz da estrela que orbitam, impedindo o seu estudo à distância. E é precisamente o estudo da atmosfera destes planetas que vai comprovar se eles são ou não habitáveis, porque dará informações sobre a estrela que orbitam, explica à Nature Michaël Gillon, um investigador envolvido na descoberta. No período de translação de um planeta à volta de uma estrela, a atmosfera bloqueia parte da luz que chega à superfície. Esse efeito depende da natureza da atmosfera: estudá-la de acordo com vários longitudes de onda vai permitir saber qual é a sua composição.

 

 

Ora, quanto mais pequena for a estrela em causa, maior a fração que a atmosfera do planeta consegue cobrir quando passa “à frente” dela. Além disso, o facto de a estrela ser pequena garante que o período de translação dos planetas também é menor. Sendo assim, os planetas em causa passarão mais vezes entre a Terra e a dita estrela, permitindo aos cientistas estudá-los com maior precisão. Se for detetada a presença de metano, ozono ou dióxido de carbono nas atmosferas do planetas, então eles poderão albergar vida. Mas esses são dados que os cientistas ainda não têm.

 

 

Dois dos planetas encontrados neste sistema estão muito perto da estrela que orbitam: um deles fica a 1,1% da distância entre a Terra e o Sol, enquanto outro fica a apenas 1,5%. Isto indica que esses dois planetas mais próximos da estrela poderão receber duas a quatro vezes mais radiação do que o nosso planeta recebe do Sol e isso significa que serão quentes demais para que um ser humano pudesse viver lá: é praticamente impossível que houvesse água em estado líquido na superfície.

 

 

Mas há um pormenor que os cientistas estão a levar em conta: estes planetas têm sempre a mesma face virada para o Sol. A outra face pode mesmo assim ser habitável e ter a temperatura certa para que exista água. É no terceiro planeta que estão as esperanças dos investigadores. Esse planeta recebe pouco menos da radiação que a Terra recebe do Sol, por isso pode mesmo ter água líquida na superfície.

 

 

TPT com: AFP/Reuters/Marta Leite Ferreira/Obs//8 de Maio de 2016

 

 

 

 

As mulheres de políticos que dividem o Brasil. Uma é recatada a outra não

O Brasil é presidido por uma mulher. Mas na última semana o país foi confrontado com dois tradicionais estereótipos femininos: a potencial nova primeira dama, casta e reservada, e a mulher do ministro do Turismo, Miss Bumbum 2013.

 

 

A Câmara dos Deputados em Brasília tinha acabado de votar maioritariamente pelo afastamento da Presidente Dilma Rousseff  quando o Brasil teve uma previsão da sua potencial nova primeira dama. Num artigo curto mas polémico, a revista semanal Veja traçou o perfil de Marcela Temer, a jovem mulher do não tão jovem vice-presidente Michel Temer, escalado para substituir Dilma na Presidência assim que o impeachment for votado pelo Senado, o que deverá ocorrer no próximo dia 11 de Maio.

 

 

Sob o título “Bela, recatada e do lar”, o artigo enaltecia um modelo feminino tradicional: a mulher casta (o vice-presidente foi o seu primeiro namorado) e reservada, cujos dias consistem em cuidar da casa e levar o filho à escola, e que vive na sombra do marido. A loira Marcela Temer, 32 anos, ou 43 anos mais nova do que o marido, é descrita pela Veja como “uma mulher de sorte”.

 

 

Nos dias seguintes, as redes sociais reagiram ao artigo com furor e ironia. Muitas mulheres – e homens – publicaram fotos suas no Facebook e no Instagram em poses mais ou menos atrevidas com o hashtag#belarecatadaedolar. Liliana Maiques, uma advogada de 42 anos, e quatro outras mulheres ligadas ao activismo feminista, decidiram criar um acto de protesto no centro do Rio de Janeiro a que chamaram, ironicamente, “Belas, Recatadas e do Lar”.

 

 

“A gente ficou muito indignada com a matéria da Veja sobre a esposa do vice-presidente. É uma matéria misógina, que quer recolocar a mulher no espaço privado, que é o lar, desprezando toda a mulher que não cabe nesse modelo”, disse Liliane na quarta-feira à tarde, durante a manifestação que juntou algumas centenas de mulheres de várias gerações. Em coro, percorrendo as ruas do centro do Rio, as mulheres gritaram slogans como “Nem recatada e nem do lar, eu estou na rua para lutar” ou “Se cuida seu machista, a América Latina vai ser toda feminista”.

 

 

Isabel Cristina Firmino, 51, técnica de enfermagem no Hospital Universitário António Pedro, viu as suas amigas deixarem a manifestação mais cedo – para cuidar dos filhos ou das famílias – mas continuou, levantando um cartaz bem acima da cabeça. Quando terminasse ali, ainda teria duas horas de comboio pela frente até chegar a casa. “Estou lutando contra a opressão. Sou mãe, sou negra, sou lésbica – tenho tudo para ser oprimida”, resumiu, num sorriso. O artigo da Veja, “uma revista que representa a elite do país”, é “uma afronta a nós mulheres trabalhadoras, batalhadoras”, disse. “Muitas de nós temos de criar as nossas famílias sozinhas, temos jornada dupla, jornada tripla [extensão de horas de trabalho por causa das tarefas domésticas]. Nós somos lutadoras, cara. Bela, para a gente, é a mulher que luta. A maioria das pessoas que estão aqui é isso.”

 

 

Jovens seguravam cartazes que diziam “Lugar da mulher é onde ela quiser”, o que poderia soar como uma reivindicação arcaica num país que elegeu uma mulher Presidente. O perfil de Marcela Temer na Veja não foi o único modelo feminino que emergiu de Brasília nos últimos dias. Na terça-feira, o Brasil conheceu a mulher do novo ministro do Turismo, vencedora do concurso Miss Bumbum em Miami em 2013. Voluptuosa e decotada, Milena Santos posou no novo gabinete do marido e publicou as fotografias no seu Facebook, descrevendo-se como a “primeira dama do Turismo”. As redes sociais e a imprensa também partilharam fotos de Milena Santos, feitas para o concurso Miss Bumbum, em que aparece quase nua posando frente ao Congresso Nacional, com uma faixa presidencial sobre o corpo.

 

 

Muitos dos críticos apontaram que a vulgaridade das fotos reforçava a percepção do Brasil como um destino de turismo sexual. Os sectores da direita ergueram Milena Santos a símbolo da mulher do PT [Partido dos Trabalhadores, à frente do Governo], por contraponto à “bela, recatada e do lar” Marcela Temer. Algumas mulheres lembraram que quem tinha criticado o perfil da revista Veja só podia defender Milena Santos, uma mulher que fez o que quis com o seu corpo. “Nós não somos moralistas. Mas a gente é contra a objectificação do corpo da mulher”, diz Liliana Maiques. “Se uma mulher quiser ser recatada e do lar, ela pode ser. A gente não é contra. A gente é contra uma revista dizer que essa mulher é que é boa. Porque está dizendo que todas as outras que não se enquadram nesse padrão não prestam. Daí que o nosso slogan aqui seja: ‘Lugar de mulher é onde ela quiser’. Inclusive nua, com uma faixa presidencial, se ela quiser.”

 

 

“Muitas pessoas criticaram dizendo que o Congresso não era o lugar para fazer aquelas fotos. Mas é um contrassenso: lá dentro é roubalheira, corrupção, todo o tipo de crime. As pessoas não têm o direito de santificar aquele lugar”, diz Isabel Firmino.

 

 

Há poucos meses o Brasil vivia o que chamou de “Primavera das Mulheres”, um movimento feminista que se impôs nas ruas e na Internet, chamando os machistas pelos seus nomes. Um dos mais expressivos e memoráveis protestos contra Eduardo Cunha, o mega-vilão da classe política brasileira, foi realizado por mulheres, em Novembro de 2015, por causa de um projecto-lei da autoria do Presidente da Câmara dos Deputados, o PL 659, que pretende penalizar e restringir ainda mais uma lei do aborto que já é severa e punitiva.

 

 

Mas Cunha não é mais alvo exclusivo do repúdio feminista. O deputado Jair Bolsonaro e o candidato favorito às eleições municipais de Outubro no Rio, Pedro Paulo, também foram incluídos nos protestos de quarta-feira. Bolsonaro, um evangélico ultra-conservador, foi o deputado que dedicou o seu voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos mais temidos torturadores da ditadura militar brasileira, que Dilma Rousseff conheceu quando esteve presa por causa das suas actividades de resistência. Na sua declaração, Bolsonaro descreveu Ustra como “o pavor de Dilma”. “Era um torturador que tinha técnicas específicas voltadas para as mulheres: introdução de ratos nas vaginas, violações, participação dos filhos pequenos nas sessões de tortura”, conta Liliana Maiques.

 

 

Quanto a Pedro Paulo, que também votou a favor do impeachment, é comum ver o seu nome em graffiti nos muros do Rio: “Pedro Paulo bate em mulher”. O candidato a presidente da Câmara do Rio agrediu a ex-mulher duas vezes, mas desvalorizou os episódios – e mantém-se na corrida eleitoral. “A nossa intenção é infernizar a vida dele”, diz Liliana.

 

 

TPT com: AFP/EVARISTO SA/ Kathleen Gomes/Pub// 8 de Maio de 2016

 

 

 

 

Há no mar Mediterrâneo uma ilha de contrastes naturais e com natureza intocada

Situada no coração do Mediterrâneo, com uma área muito próxima da do Alentejo, a Sardenha é uma terra suavemente montanhosa, sem grandes picos e com muito mar azul-esverdeado. A densidade populacional é baixa e não é raro fazer-se vários quilómetros na paisagem com a sensação de sermos os únicos seres humanos naquela terra.

 

 

Grandes são as áreas encontradas em estado natural, quase virgens: exuberantes florestas milenares, desertos rochosos ou zonas pantanosas são o habitat para uma fauna específica feita de gamos, cavalos selvagens e aves de rapina. Esta ilha italiana encerra um dos segredos mais bem guardados no que respeita à qualidade de vida – qual fonte da juventude eterna num mar que une as margens de três continentes. Um estudo recente, das Universidades de Cagliari e da Southampton Solent University, concluiu que os sardos gozam de melhor saúde psicológica e são menos propensos à depressão e ao strees do que os seus pares que vivem no Sul de Itália continental.

 

 

Mundialmente reconhecida, depois de uma reportagem publicada na década de 2000 pela revista norte-americana National Geographic, a comunidade de centenários da Sardenha é, juntamente com os congéneres de Loma Linda, na Califórnia, e os habitantes das ilhas de Okinawa, no Japão, uma das três comunidades com maior número de centenários em todo o mundo. Ancorada em tradições comunitárias, alimentação mediterrânica e atividade física regular, a população sarda recolhe os benefícios de uma morfologia e geografia únicas na Europa. Fale com eles, e peça-lhes que lhe expliquem os segredos do queijo de cabra, do vinho tinto e da agricultura de subsistência. Talvez até desvendem os segredos trazidos pelo vento Siroco.

 

 

Para isso tem de viajar até Cagliari, a capital regional, e instalar-se confortavelmente num dos hotéis da cidade se não preferir partir imediatamente para uma aldeia histórica ou para o ar puro da montanha. De qualquer forma, não precisa de planear muito, porque esteja na cidade ou na aldeia irá ter cobertura da rede Vodafone  para fazer telefonemas e aceder a dados, em qualquer lugar, sem precisar de se preocupar com as taxas de roaming.

 

Há no mar Mediterrâneo uma ilha de contrastes naturais e natureza intocada 2

Basta subscrever o tarifário Vodafone RED, que eliminou as tarifas deroaming nos países da União Europeia, para ficar sempre ligado e mais perto de Portugal enquanto viaja. Seja na cidade, seja na aldeia, irá ter uma cobertura de rede da Vodafone que lhe permite fazer telefonemas e aceder a dados em qualquer lugar sem a preocupação com as taxas de roaming. Com o fim destas tarifas em todos os países membros da União Europeia, os subscritores dos tarifários Vodafone estão mais perto de Portugal enquanto viajam, mas estão também garantidamente sempre ligados. Assim, é muito mais simples dar largas ao seu espírito de aventura e perder-se, encontrar-se e perder-se de novo nesta ilha montanhosa do Mediterrâneo.

 

 

Passear entre as serras, os planaltos e as praias da Sardenha na primavera é garantia de paisagens floridas e, para quem sentir nostalgia do burburinho urbano, as noites animadas e a qualidade gastronómica dos restaurantes não deixarão nem o mais exigente gourmet insatisfeito. Escute, pois, os conselhos dos centenários locais, e certamente irá ouvir falar de algumas das preciosidades que se seguem.

 

 

A Cala Mariolu é uma das praias mais spattacolari. Formada por pequenos seixos brancos, fica na costa leste da Sardenha, no Parque Nacional do Golfo de Orosei e del Gennargentu. Na mesma zona, a sul do Golfo de Orosei, encontra-se o Cala Goloritzé, um imponente monumento natural. Este marco geológico foi formado por um deslizamento de terras, em 1962, e tornou-se famoso pelo seu cume de 143 metros.

 

 

Terra adentro, passadas as encostas a caírem a pique sobre o mar, pode explorar a região de Gennargentu, o maior sistema montanhoso da Sardenha. Aqui, encontra paisagens cuja aura é tão ou mais brilhante que as maiores obras de arte que já viu em algum museu. Flora e fauna complementam-se e, se a paciência de um observador lhe assistir, poderá ver cabras selvagens, águias douradas, veados e outras espécies há muito extintas nas terras vizinhas.

 

 

No coração do Gennargentu, pode optar por fazer diferentes atividades, como caminhadas e excursões a sítios arqueológicos e até mesmo esquiar nas encostas do Bruncu Spina, um dos picos mais altos, com os seus 1829, ou o Monte Spada, que abriga estações de esqui e uma ampla oferta de restauração. Já imaginou se a Serra da Estrela estivesse no meio do mar? Pois, seria assim mesmo.
Experimente por isso contar a sua aventura, teste a cobertura de rede Vodafone e telefone para os amigos a partir de uma montanha, no meio do Mediterrâneo. Já sabe que a sua chamada está livre de taxas deroaming. Nas imediações, encontra-se a Gola di su Gorropu que, de acordo com os sardos, encerra o espírito selvagem da ilha.

 

 

Visitar pelo menos uma vez na vida o desfiladeiro de Su Gorropu (Garganta de Gorropu) é obrigatório. Está localizada entre os municípios de Orgosolo e Urzulei e, com seus mais de 500 metros de altura e uma largura que varia entre algumas dezenas e 4 metros, é considerado um dos mais profundos desfiladeiros da Europa. É possível alcançá-lo ao cabo de uma caminhada de três horas ao longo do trilho de Sedda ar Baccas.

 

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Mais a norte, a caminho do Parque Nacional da Madalena, encontra-se Chia. Esta baía (que em italiano se diz Chia) situa-se no Golfo Aranci e é uma sucessão de praias e dunas. Entre as mais belas, destacam-se Giudeu e Cala Cipolla. E depois há toda a Costa Smeralda, que é um território que se tornou sinónimo de alta sociedade e tem como epicentro Porto Cervo. Integra parte da costa nordeste da ilha e é caracterizada por enseadas, pequenas praias e ilhas. Entre elas, a ilha da Maddalena é um destino popular para velejadores e mergulhadores, devido à beleza natural subaquática. A segunda ilha do arquipélago é Caprera e está repleta de pastagens e florestas de pinheiros. Abriga os lugares onde viveu uma das figuras da unificação nacional italiana, Giuseppe Garibaldi, que morreu, aos 74 anos, em 1882, nesta ilha. É possível visitar a sua casa, agora convertida em museu, num rico testemunho da vida do «herói de dois mundos» e partir matagal mediterrânico adentro, onde vários percursos pedestres estão sinalizados.

 

 

Se optar por um cruzeiro de Caprera ao Bocche di Bonifacio, irá ficar impressionado com a beleza da ilha Budelli, onde pode contemplar o mar. As praias de areais rosa são um ex-líbris da ilha, e provêm dos corais coloridos e das conchas singulares que despontam na zona de entre-marés.

 

 

Outro Parque Nacional digno de visita encontra-se na costa oposta da ilha, no extremo Noroeste, e ganha o nome da ilha que o acolhe: Asinara. As regras do parque são rigorosas, mas ainda pode desfrutar de uma variedade de atividades como caminhadas ao longo das rotas temáticas, ciclismo, equitação com cavalos nascidos e criados na ilha, passeios de barco à vela e mergulho. A contrastar com esta extensão impoluta e desumanizada está um dos destinos turísticos mais famosos da Sardenha: Stintino.

 

 

Esta vila combina o charme de uma aldeia piscatória com hotéis de luxo movimentados e cosmopolitas. Parecendo ter nascido do pincel de um artista, lembra muitos dos portos italianos continentais, pela beleza natural e de construção arquitetónica tradicional que soube harmoniosamente trazer o luxo com simplicidade a quem aqui vive ou está apenas de passagem. O casario branco contrasta com o azul do mar numa imagem de postal mediterrânico, mas vivo. Ofereça-se diversão: golfe, caminhadas, mergulho, passeios de bicicleta ou a cavalo. Outra das referências obrigatórias junto a Stintino é a praia de La Pelosa onde se eleva a torre homónima. A Torre Pelosa ostenta uma arquitetura aragonesa do século XVI e é uma das mais antigas torres de vigia da Sardenha.

 

 

A estrada costeira rumo a sudoeste, que vai de Alghero a Bosa, é ideal para quem viaje de carro, e um dos trechos mais apetecíveis da província de Alghero, pois oferece uma paisagem multifacetada: belas falésias com vista para o mar, natureza intocada e paisagens de cortar a respiração. Rumo a Sul, na região de Oristano, irá encontrar um dos sítios arqueológicos mais emblemáticos da ilha. Trata-se do complexo romano de Tharros, cujas ruínas, apesar de não serem muito espetaculares, oferecem um magnífico terraço num promontório aberto para um panorama marítimo de exceção.

 

 

Mais para sul e rumo ao centro da ilha, a riqueza assume-se também pelo património histórico. A cultura nurágica emerge entre 1700 e o século II º a.C. e deixou como legado monumentos únicos no mundo, feitos de grandes blocos de pedra, desenvolvidos em torno de uma torre central, que transmitem uma sensação de estabilidade e grandeza. São os nuragos. Estes sítios arqueológicos podem ser visitados, muitos dele sem marcação prévia. Entre eles, destaca-se o conjunto de aldeias nurágicas de Barumini, na província de Medio Campidano, classificados porPatrimónio Mundial da UNESCO.

 

 

Ao viajar por estas terras percebe-se como a ilha soube combinar mar, natureza, folclore, misticismo e até o exotismo dos misteriosos túmulos de gigantes ou das Domus de Janas (casas de bruxas) de Sulcis Iglesiente, antigas sepulturas escavadas na rocha que despontam na região. Estas torres de pedra são os monumentos megalíticos mais importantes em termos de tamanho e mais bem preservados da Europa. Su Nuraxi Barumini, na província de Medio Campidano, é um dos exemplares mais representativos. Foi declarado Património Mundial pela UNESCO.

 

 

Para terminar este périplo que poderia ser sugestão de um centenário sardo, não deixemos de voltar ao ponto de partida, e à capital regional da Sardenha, numa baía protegida e aberta ao sul. Na região de Cagliari, os ornitólogos ou simples apreciadores da fauna no seu ambiente natural não devem perder a oportunidade de admirar as numerosas colónias de flamingos da lagoa local. Mas é também aqui que se concentra a vida urbana da Sardenha, só que esta descoberta terá de ficar para outra visita. Por agora, que tal dar uma olhadela às fotografias que tem no seusmartphone para depois as enviar aos seus amigos e familiares, antes mesmo de regressar?

Já sabe, acabaram-se as taxas de roaming da Vodafone, também na Sardenha. Aproveite!

 

 

TPT com: Carolina Correia/Observador// 8 de Maio de 2016

 

 

 

 

Al-Falih substitui o histórico ministro do petróleo da Arábia Saudita

Al-Naimi foi ministro do petróleo do maior produtor do mundo durante mais de 20 anos. Vai ser substituído pelo presidente da Saudi Aramco mas não se esperam alterações de política da Arábia Saudita.

 

 

Assumiu a pasta do petróleo do Governo saudita em 1995 e sai num dos momentos mas difíceis para aquele que é o maior produtor de petróleo do mundo.

 

 

No âmbito de remodelação governamental, a Arábia Saudita anunciou que Ali Al-Naimi (na foto) vai ser substituído por Khalid Al-Falih, que é o presidente do conselho de administração da Saudi Aramco, a petrolífera estatal.

 

 

Quem segue o mercado petrolífero de perto há muito que está habituado a ouvir as declarações de Al-Naimi, que fazia mexer as cotações da matéria-prima como poucos.

 

 

Mas a saída de Al-Naimi não representa uma grande surpresa, já que o ex-ministro teria há muito pedido para deixar o cargo. Contudo, causa estranheza o “timing”, já que a saída de Al-Naimi acaba por ser pouco digna (no meio de uma remodelação do Governo) e porque está agendada para Junho uma importante reunião da OPEP.

 

 

Diz o Financial Times que a saída de Al-Naimi surge numa altura de maior oposição do ministro com o príncipe Mohammed bin Salman, que também vê os seus poderes reforçados com esta remodelação.

 

 

Foi precisamente o filho do rei saudita que delineou um plano para reduzir a dependência do reino do petróleo no espaço de 15 anos e e que passa, entre outras medidas, pela privatização da petrolífera estatal Saudi Aramco, que tem uma avaliação de 2 biliões de dólares.

 

 

A influência do príncipe Mohammed bin Salman no mercado petrolífero da Arábia Saudita tem crescido nos últimos meses, retirando margem ao todo poderoso Al-Naimi. Um exemplo foi a intervenção de última hora do príncipe que cancelou o plano para o congelamento da produção de petróleo por parte dos maiores produtores do mundo.

 

 

“O que aconteceu em Doha [onde decorreu a última reunião da OPEP] foi um claro sinal que já não era Al-Naimi a tomar as decisões importantes”, comentou ao Financial Times um especialista do sector.

 

 

Al-Naimi sempre foi um defensor de equilíbrio entre a procura e oferta de petróleo, uma situação que não se verifica nesta altura, pois a Arábia Saudita e outros membros da OPEP recusam baixar a produção com o objectivo de eliminar os novos produtores da matéria-prima, sobretudo nos Estados Unidos. Uma política que tem resultado numa queda nos preços do petróleo, já que a oferta é nesta altura superior à procura.

 

 

Agora o novo homem-forte do petróleo saudita é Khalid Al-Falih, que lidera a Saudi Aramco, empresa estatal onde trabalha há mais de 30 anos. Não é só o ministro que muda, já que o nome da pasta também foi alterado, passando para ministério da Energia, Indústria e Recursos Minerais.

 

 

Ainda assim, segundo nota a Bloomberg, não são de esperar grandes alterações na política da Arábia Saudita no mercado petrolífero, já que o reino tem mostrado poucas preocupações com a baixa cotação da matéria-prima. No início deste ano Al-Falih garantia que a Aramco poderia lidar com os baixos preços do petróleo “durante muito, muito tempo”.

 

 

Contudo, a baixa nas cotações do petróleo obrigou a Arábia Saudita a tomar medidas pouco habituais, como o aumento de impostos sobre os combustíveis e cortes na despesa pública. O défice orçamental do ano passado terá sido o mais elevado desde 1991 e o FMI estima que o PIB da Arábia Saudita cresça apenas 1,2% este ano (ritmo mais baixo desde 2002).

 

 

TPT com: Lisi Niesner//Bloomberg/Financial Times//Nuno Carregueiro//Jornal de Negócios/ 7 de Maio de 2016