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A água potável é um dos recursos finitos que está em fim de ciclo no que toca à sua extração direta

De ameaça passou a crise. 7 biliões de pessoas partilham a ínfima parcela de água potável da Terra: 1%. O documentário Apocalipse Aquático aponta saídas para a sede do mundo.

 

 

O horizonte da água é a terra. É nela que se infiltra e sobre ela se condensa. Fonte de vida e alimento das coisas terrestres, é nuvem que circula na respiração, é chuva fértil a entranhar-se nos campos, é gelo puro acumulado nos mares, é lençol subterrâneo a sustentar o solo que pisamos.

 

 

É cada vez mais difícil encontrar água pura no mundo. Regiões inteiras precisam de investir milhões em tecnologia em estado embrionário que não garante a saciedade dos seus habitantes.

 

 

Com o aumento populacional, aumentam também as tensões internacionais que podem resultar numa crise de dimensão planetária. O último episódio da série Breakthrough, do National Geographic Channel, debruça-se sobre as novas formas de extrair água potável, hoje ao alcance da humanidade. Apocalipse Aquático tem a participação deAngela Bassett, que assina o documentário que estreia no próximo domingo, dia 13 de dezembro.

 

 

Os números são claros: os oceanos concentram 97% da totalidade da água do planeta; nos polos, os glaciares representam 2% dos recursos de água doce. Sobram assim os rios, os lagos, as lagoas e os lençóis subterrâneos que, em conjunto, totalizam 1% da água potável disponível para 7 mil milhões de pessoas e milhões de espécies de animais e plantas.

 

 

O panorama, já de si frágil, agrava-se em resultado das alterações climáticas. Um pouco por todo o mundo, cientistas e engenheiros deparam-se com dificuldades crescentes para encontrar soluções para os problemas da água potável. Querem garantir condições ambientais adequadas às gerações vindouras mas que tenham efeitos práticos agora. E como a água circula sem quaisquer barreiras geográficas, as soluções devem ser pensadas a nível global, regional e local.

 

 

Um relatório recentemente apresentado pelo departamento de investimento e consultoria do Bank of America, a Merrill Lynch, alerta para a iminência de uma crise da água, sublinhando que 750 milhões de pessoas deixaram de ter acesso a água potável. As previsões apontam para que, em 2030, a procura mundial possa ultrapassar a oferta num rácio de 40%.

 

 

Um dos autores, Sarbjit Nahal, dá conta das suas inquietações aoNational Geographic Channel: «Parece inevitável que a água se venha tornar um bem mais escasso do que o petróleo». Estes argumentos juntam-se a outros depoimentos reunidos no episódio Apocalipse Aquático, da série Breakthrough, que faz o balanço dos avanços tecnológicos e apresenta o estado da arte das descobertas mais ecológicas e aplicáveis às necessidades de cada região deficitária em água.

 

 

E as propostas são várias. Algumas passam pela dessalinização da água do mar e dos depósitos subterrâneos, outras exploram a potencialidade de captação da humidade acumulada na atmosfera. Como não poderia deixar de ser, a ecologia e a reciclagem continuam na ordem do dia por se assumirem como garantia no futuro da gestão de recursos.

 

 

Uma das tecnologias em maior expansão encontra-se ao largo da costa da Austrália e responde a duas necessidades urgentes. O sistema CETO 5 aponta, por um lado, para a sustentabilidade e a ecologia, ao contemplar a produção de uma energia livre de emissões de gases com efeito de estufa; por outro, produz água doce. Isto, numa só fábrica, onde o processo se inicia com boias submersas a capturarem a energia das ondas do mar para, de seguida, ser utilizada para bombear a água através de turbinas geradoras de eletricidade.

 

 

O líquido é então encaminhado para a um sistema de dessalinização por osmose inversa, uma membrana que remove o sal e os resíduos sólidos. Uma das grandes vantagens do CETO 5 é que gera a eletricidade necessária para bombear a água através do processo de dessalinização, em vez de recorrer a combustíveis fósseis para alimentar estações de bombeamento em terra.

 

 

O vale central da Califórnia oferece uma abordagem diferente para um problema semelhante: o sal. Esta região goza de uma grande abundância de água nas camadas subterrâneas, no entanto, é inutilizável quer para a agricultura, quer para o consumo direto, devido à sua alta salinidade. Mas a situação está prestes a mudar.

 

 

A empresa WaterFX construiu um protótipo à escala, que é uma verdadeira fábrica de dessalinização alimentada a energia solar, capaz de purificar a drenagem do solo e simultaneamente garantir a futura produção de 7 biliões de litros de água por ano. Em vez da tecnologia de purificação da água do mar por osmose, a WaterFX aposta na energia do Sol para aquecer os resíduos salgados, de modo a fazer evaporar a água que irá condensar-se de seguida como H2O puro.

 

 

No continente africano, o arquiteto italiano Arturo Vittori e a sua equipa encontraram uma solução inovadora para ajudar um dos países com maiores carências de água pura: a Etiópia. A Torre WarkaWater, assim batizada em homenagem a uma árvore indígena, eleva-se até aos 9 metros, exibindo uma enorme rede de malha que serve para capturar a humidade condensada do nevoeiro e do orvalho.

 

 

O processo de captação culmina com o encaminhamento da água para um tanque de armazenamento higienizado, que funciona como uma bica. De acordo com um artigo publicado este ano na revista Wired, os testes apontam para uma capacidade de retenção de água que varia entre os 60 e os 120 litros diários.

 

 

A torre tem um custo de construção de apenas 518€ e pode ser edificada em menos de uma semana com materiais disponíveis localmente. Num país onde as pessoas estão habituadas a percorrer quilómetros para retirar água de lagos contaminados com dejetos humanos, esta é uma inovação que pode, literalmente, salvar vidas.

 

 

A última inovação tem a voz da reciclagem e vem novamente do continente americano, mais precisamente da cidade de Peoria, situada no deserto do Arizona, onde a precipitação é tão rara que os cerca de 150.000 habitantes não podem dar-se ao luxo de desperdiçar a mínima gota de água que seja.

 

 

E é aqui que a empresa Butler Water Reclamation Facility desenvolve um dos seus projetos mais arrojados. As águas residuais contaminadas com uma fuligem negra, oriundas dos esgotos da cidade, passam por um processo de limpeza de seis etapas; incluindo telas que removem detritos e pequenas partículas, filtros de membrana projetados para limpar ainda mais a água, e um biorreator preenchido com bactérias úteis que consomem o material sólido remanescente.

 

 

Na conclusão do ciclo, a purificação passa pelo recurso a raios ultravioleta para desinfetar a água, que é então bombeada para um aquífero subterrâneo onde fica armazenada para futura reutilização.

 

 

As ideias que recebemos do episódio Apocalipse Aquático têm em comum a procura, a captação, a reutilização e a purificação da água, mas são apenas parte da solução. A chave do problema passará provavelmente por uma mudança paralela e substancial da própria organização das sociedades modernas.

 

A água potável é um recurso finito que está em fim de ciclo no que toca à sua extração direta 2

Uma renovação civilizacional é precisa, para que se possa reduzir o consumo global de água e os desperdícios com soluções tão simples como encher autoclismos com a recuperação da água da chuva.

 

 

Amanhã, será ainda a água, a seiva do mundo que sobreviverá ao deserto, à erosão do tempo e dos homens, apesar das nascentes ameaçadas, dos oceanos poluídos e dos lagos que secam. Para que a água se conserve como líquido precioso e indispensável à vida da humanidade, para que chegue a todos os continentes e a todos os povos, para que irrigue terras férteis e dissolva resíduos nocivos, é preciso ter consciência dos perigos que ameaçam o equilíbrio ecológico do planeta e os recursos hídricos globais.

 

 

A ação, no sentido de remediar erros, encontrar soluções e assegurar condições ambientais adequadas às gerações vindouras, pode encontrar inspiração neste documentário do National Geographic Channel.

 

 

Breakthrough – Apocalipse Aquático

 

 

National Geographic Channels/Brendan Bannon/OBS/TPT/24/1/2016

 

 

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente eleito, pede convergências e eficácia ao Governo

O Presidente eleito garante que será um Presidente cooperante, mas “atuante”, mas pede que não se ponha em causa a estabilidade financeira pela qual “tantos portugueses se sacrificaram”.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa não quis chamar “Marcelistão”, preferiu chamar-lhe “Portugalistão”. Na altura, algures no final da primeira semana de campanha, o candidato ainda pensava que a abstenção o podia levar a uma segunda volta. Não mudou no discurso. Tal como nesta noite eleitoral pouco mudou. Garantiu às centenas de presentes na Faculdade de Direito de Lisboa que será o Presidente “dos compromissos”, mas que é preciso que “não se comprometa a solidez financeira pela qual tantos portugueses se sacrificaram”. O Presidente Marcelo promete ser cooperante, mas “atuante” e ter um “estilo” próprio. Vão começar os cinco anos que o candidato agora eleito promete que “não serão tempo perdido”.

 

 

Ainda não é Presidente da República, mas enquanto a Assembleia da República discute o Orçamento do Estado para 2016, o Presidente eleito, pede que se equilibre a justiça social com a estabilidade financeira, mas também quer assumir um relacionamento “frutuoso” entre os órgãos de soberania. Foram dois dos cinco desígnios para futuro deixados no discurso, alguns deles cadernos de encargos para o Governo. “Não se pode comprometer a solidez financeira pela qual tantos portugueses se sacrificaram”, disse. Ou, por “palavras simples”:“No tempo que aí vem a opção é clara: ou crescemos economicamente de forma sustentável, criando justiça social, combatendo a exclusão a pobreza e a desigualdade enquanto moralizamos a vida pública e combatemos a corrupção, ou só contribuiremos para agravar as tensões sociais e os radicalismos políticos”, defendeu. Contudo, Marcelo fez questão de dizer que não há ninguém que mais queira que  haja um “Governo com eficácia”.

 

 

Neste curto discurso, Marcelo mostrou que o “estilo” do novo Presidente será também ele novo. Foi o próprio que o garantiu. Num discurso amenizador, em que disse que os outros candidatos nunca foram adversários, Marcelo quis dar o exemplo daquilo que quer que sejam os seus cinco anos de magistratura: um longo compromisso. Disse Marcelo que “não há vencidos nestas eleições presidenciais” e que por isso será, claro está, “o Presidente de todas as portuguesas e de todos os portugueses”. Frase batida de todos os presidentes eleitos a que o vencedor destas presidenciais de 2016 acrescentou adjetivos. Será “um Presidente livre e isento, cujo único compromisso que assume é tratar dos os portugueses por igual sem discriminações”.

 

 

Os portugueses presentes na Faculdade de Direito de Lisboa gostaram. A maioria deles anónimos esperaram desde as sete da tarde pelo candidato que só apareceu já todos os outros tinham discursado e os resultados batido os 99% de freguesias. Marcelo apareceu e pela primeira vez apareceram também seguranças. Afinal, tinha acabado de ser eleito Presidente e o átrio da Faculdade onde sempre deu aulas era pequeno para tanta gente.

 

 

No bolso, Marcelo tinha mais quatro desígnios que quer ver cumpridos. O primeiro foi o de “fomentar a unidade nacional”, que passa por“voltar a página e recriar a desdramatização e pacificação económica e política em Portugal”, diz. Tudo porque o país “não se pode dar ao luxo de desperdiçar energias”, acrescentou.

 

 

Em segundo lugar, o Presidente Marcelo quer garantir a “coesão social”. Neste ponto, Marcelo diz que será “atuante” sobretudo junto aos mais pobres e lembra as palavras do Papa Francisco. Como terceiro ponto, o próximo chefe de Estado carregou na ideia de “promover as convergências políticas”, diz Marcelo que assume que nos últimos anos “perdeu-se” a política dos compromissos e por isso é necessário “refundar e refazer todos os dias a cultura do compromisso” pelo interesse nacional. “Ninguém pode diminuir ou desvalorizar os partidos políticos, mas ninguém perceberia os interesses partidários à frente dos desígnios nacionais”, acrescentou.

 

 

E os partidos que o apoiaram fizeram representar-se, mas de modo discreto. Do CDS esteve Telmo Correia e Filipe Lobo d’Ávila, dois dirigentes do partido, para dizer que esta “não é uma vitória dos partidos” e que espera um Presidente “de proximidade e de “afetividade”. Do PSD não apareceu ninguém da direção. Apenas os ex-ministros Rui Machete, Teresa Morais, e os deputados Duarte Pacheco e Leitão Amaro. Machete fez uma nuance ao discurso dizendo que com Marcelo na Presidência está assegurado o “pluralismo” nos órgãos de soberania.

 

 

 

 Não houve segunda volta

 

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa venceu, à primeira volta, as eleições presidenciais de hoje, quando estavam escrutinados 98,77% dos votos, pelas 22:10, segundo os resultados provisórios.

 

Marcelo Rebelo de Sousa vencedor pede convergências e eficácia ao Governo 2

De acordo com os dados divulgados pela secretaria-geral do Ministério da Administração Interna – Administração Eleitoral, Marcelo obteve 52% dos votos, tornando-se no quinto Presidente da República portuguesa desde o 25 de Abril de 1974, e vai suceder a Aníbal Cavaco Silva.

 

 

Outros candidatos, como Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém, reconheceram a vitória de Marcelo Rebelo de Sousa, que também já reclamou ter sido eleito Presidente. Marcelo Rebelo de Sousa afirmou hoje querer partilhar com todos “a alegria” da sua eleição como Presidente da República, a partir da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, como gesto de reconhecimento pela instituição onde foi aluno e professor.

 

 

“É natural que queira a partir daqui partilhar com todos a alegria desta eleição e a responsabilidade do mandato que os portugueses acabam de me confiar. É um gesto simbólico de profundo reconhecimento para com esta faculdade”, afirmou.

 

 

António Sampaio da Nóvoa foi o segundo mais votado, com 22,76%, seguido de Marisa Matias, com 10,72%, Maria de Belém 4,28%, Edgar Silva 3,93%, Vitorino Silva 3,38%, Paulo de Morais 2,11%, Henrique Neto 0,81%, Jorge Sequeira 0,30% e Cândido Ferreira 0,23%.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa, o comentador que chegou a Belém

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa anunciou em Celorico de Basto, terra da sua avó Joaquina, a 09 de outubro, a sua candidatura à Presidência da República por considerar ter de pagar ao país o que dele recebeu e por ter o desprendimento exigido de quem não precisa de “lugares, promoções e popularidades”.

 

 

Celorico de Basto, no distrito de Braga, foi também o local escolhido para encerrar a campanha eleitoral e foi onde Marcelo exerceu o direito.

 

Marcelo Rebelo de Sousa vencedor pede convergências e eficácia ao Governo 3

“Cumprirei o meu dever moral de pagar a Portugal o que Portugal me deu. Serei candidato à Presidência da República de Portugal”, afirmou a 9 de outubro, dizendo que de outro modo “sentiria o remorso de ter falhado por omissão”, disse no discurso de anúncio da candidatura.

 

 

Com dois filhos e cinco netos, Marcelo Rebelo de Sousa nasceu em Lisboa a 12 de dezembro de 1948, filho de um médico e de uma assistente social. A primeira escola que frequentou foi o Lar da Criança, para onde entrou com apenas ano e meio e teve como colega o cirurgião Alfredo Barroso. Dali, Marcelo saiu para o Liceu Pedro Nunes, onde foi o melhor aluno. Já na Faculdade de Direito de Lisboa continuou o percurso de aluno brilhante, terminando o curso com 19 valores.

 

 

Mas, ao contrário de muitos outros, não foi na faculdade que teve o primeiro contacto com a política. Marcelo Rebelo de Sousa nasceu e cresceu no meio dela e conviveu desde cedo com a família do então primeiro-ministro do Estado Novo, Marcello Caetano, devido ao envolvimento político do pai, Baltazar Rebelo de Sousa, que foi ministro das Corporações e do Ultramar.

 

 

O seu percurso no PSD também começou cedo. Militante desde 1974, ficou responsável pela implementação do então PPD no sul do país. Vinte anos depois, em 1996, no pós-cavaquismo, chegou à liderança do partido, cargo que ocupou durante três anos, saindo depois do fracasso da tentativa de reeditar a Aliança Democrática, com Paulo Portas no CDS-PP.

 

 

A sua ascensão à presidência do PSD ficou para sempre marcada por uma frase que até hoje ‘persegue’ Marcelo Rebelo de Sousa. Pouco tempo antes do congresso de Santa Maria da Feira, quando questionado se algum dia seria candidato à liderança do partido, o ‘professor’ foi perentório: “Nem que cristo desça à terra”.

 

 

Antes, em 1989, o agora candidato presidencial disputou as suas primeiras eleições como número um da lista do PSD e do CDS-PP à Câmara de Lisboa. É nessa campanha eleitoral que protagonizou um episódio até hoje recordado. Confrontado com alguma falta de notoriedade, Marcelo decide fazer alguma coisa de diferente e mergulha no Tejo em frente às câmaras de televisão para mostrar como o rio estava poluído. O gesto deu que falar, mas nem por isso lhe valeu a vitória.

 

 

Mas, além da liderança do partido e da experiência autárquica, não só em Lisboa, como em Cascais e Celorico de Basto, os ‘corredores do poder’ são bem conhecidos de Marcelo Rebelo de Sousa que foi deputado à Assembleia Constituinte, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros do VIII Governo Constitucional, vice-presidente do Partido Popular Europeu entre 1997 e 1999 e membro do Conselho de Estado há quase 10 anos.

 

 

Profissionalmente, além da longa carreira como professor catedrático, não só na Faculdade de Direito de Lisboa, mas também na Universidade Católica, Marcelo Rebelo de Sousa passou também pelo Expresso, nos tempos iniciais do semanário fundado pelo militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão.

 

 

Dessa altura vem também outro episódio caricato, quando foi publicada na secção ‘Gente’ do semanário, no meio de um texto, uma frase da autoria de Marcelo fora de qualquer contexto: “O Balsemão é ‘lelé’ da cuca”.

 

 

Mais tarde, a relação entre os dois volta a sofrer novo abalo, quando Marcelo estava à frente do Expresso e Balsemão liderava o Governo, com os mais duros ataques ao executivo a surgirem precisamente naquele semanário.

 

 

Paulo Portas foi outros dos alvos das ‘brincadeiras’ de Marcelo, quando o atual líder do CDS-PP dirigia o semanário Independente. À saída de uma reunião com o então Presidente da República Mário Soares, Marcelo terá contado a Paulo Portas que tinha sido servida uma ‘vichyssoise’, uma informação que posteriormente se veio a confirmar ser falsa e que, anos mais tarde, começou a ser usada como exemplo de que Marcelo seria uma pessoa pouco fiável.

 

 

Essa é, aliás, uma das críticas mais repetidas à sua personalidade, a par de ser uma pessoa instável e demasiado imprevisível.

 

 

Simultaneamente todos o reconhecem como uma pessoa de grande inteligência, simpático, divertido, emotivo e um verdadeiro estratega político.

 

 

Nestas eleições, uma surpresa chamada Tino

 

 

Foi o único candidato a apresentar-se sem qualquer curso superior. Tem 44 anos, a sua profissão é calceteiro, ganhou atenção mediática quando em Fevereiro de 1999, subiu ao palanque do 11º congresso do PS para um inflamado discurso que culminou com o famoso abraço ao então líder, António Guterres, e tornou-se a maior surpresa destas eleições presidenciais com o seu desempenho.

Marcelo Rebelo de Sousa vencedor pede convergências e eficácia ao Governo 4

Chama-se Vitorino Francisco da Rocha e Silva, mas todos o conhecem como Tino de Rans, o homem do povo que fez toda a sua campanha com base na sua condição popular e o apelo ao voto dirigido ao cidadão comum. Face ao lugar de evidência que conquistou, não é difícil perceber que terá garantido o estatuto de voto de protesto entre muitos eleitores portugueses.

 

 

“Darei protagonismo à plebe” ou “alegria ao povo” foram algumas das expressões que o antigo presidente da Junta de Freguesia de Rans repetiu no caminho para o acto eleitoral. E também se afirmou disponível para “receber e sentar o povo em Belém”, chegando a considerar o seu perfil parecido com o de Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 

“Fiz tudo para que as pessoas fossem votar”, comentou, a propósito da taxa de abstenção, “e penso que os jovens votaram mais do que antigamente.”

 

Marcelo Rebelo de Sousa vencedor pede convergências e eficácia ao Governo 5

Nascido em Penafiel a 19 de Abril de 1971, Tino de Rans foi eleito para líder da Junta de Freguesia em 1993, cargo para o qual mereceu a reeleição em 1997. A memorável presença no congresso socialista permitiu-lhe editar um livro com prefácio do bispo D. Manuel Martins e devolveu-o ao interesse dos media – além de editar um disco, “Noites Marcianas” (SIC) foi o primeiro programa de TV em que participou, logo em 2001, seguindo-se “A Quinta das Celebridades”, na TVI, quatro anos mais tarde. Há cerca de três anos teve um regresso ao pequeno ecrã, outra vez na TVI, envolvendo-se no programa “Big Brother VIP”.

 

 

Abandonaria o PS e, em 2009, foi já como independente que se candidatou às autárquicas de 2009 em Valongo, onde habitava desde os anos 90, mas falhou a eleição.

 

 

Para ser candidato a estas eleições presidenciais, Tino apresentou 8.118 assinaturas, superando o mínimo legal de 7.500 com um número que, segundo a sua assessora, Margarida Loureiro, envolvia simbolismo: “Porque 81 é a idade da sua mãe e 18 a da sua filha”, contou Loureiro.

 

 

 

Liliana Valente/OBS/Paulo J. Ferreira/Económico/ EPA/TPT/ 24/1/2016

 

 

 

 

 

Mariano Rajoy declinou convite do Rei e Espanha está à beira de um governo à portuguesa

O Rei Felipe VI indigitou Mariano Rojoy, líder do Partido Popular, que venceu as eleições de 20 de Dezembro, para formar Governo, mas Rajoy que dificilmente conseguiria aprovação no parlamento espanhol, recusou.

 

 

De acordo, com o jornal El Mundo esta é a primeira vez na história de Espanha que o candidato proposto pelo Rei recusa a indigitação.

 

 

“Agradeci o gesto [do rei], mas disse que neste momento não estou em condições de me apresentar. Não apenas não tenho uma maioria de votos, tenho uma maioria absoluta contra mim, 180 deputados contra”, afirmou. Rajoy mantém, no entanto, a sua candidatura apesar de não ter os apoios para se submeter à investidura num primeiro momento.

 

 

O El Pais avança que o Rei Felipe VI vai iniciar uma nova rondo de contactos com vista a formação de governo na próxima quarta-feira.

 

 

O Rei Felipe VI já tinha admitido que, perante um cenário de recusa de Rajoy, a solução poderia passar por permitir que seja o líder do segundo partido mais votado, Pedro Sánchez do partido socialista PSOE.

 

 

O partido espanhol anti-austeridade Podemos revelou hoje a intenção de propor uma coligação à esquerda, juntando-se aos socialistas do PSOE e ao Esquerda Unida, num movimento que poderá pôr um ponto final à incerteza política em Espanha, após os resultados das eleições.

 

 

“Se o PSOE quiser poderá haver um governo de mudança”, disse Pablo Iglesias, líder do Podemos, em conferência de imprensa em Madrid e citado pelo “Financial Times”.”Decidimos dar o passo em frente”, acrescentou.

 

 

O líder do Podemos garantiu que estava preparado para aceitar Pedro Sánchez, líder do PSOE, como primeiro-ministro, reivindicando para si próprio o cargo de primeiro-ministro-adjunto.

 

 

 

El Mundo/Económico/TPT/22/1/2016

 

 

 

 

 

Rali de Portugal vai ter uma prova especial de classificativa na Baixa do Porto

A edição de 2016 do Rali de Portugal vai passar pelo Porto, de prego a fundo. A autarquia anunciou, esta segunda-feira, que vai ser corrida uma prova especial de classificação na Baixa da Invicta.

 

 

A “especial” vai ser realizada “na zona da avenida dos Aliados e envolvente”, no dia 20 de maio, indicou Nuno Santos, adjunto do presidente da autarquia.

 

 

Denominada “Porto Street Stage”, a prova “corresponderá a duas passagens sucessivas por uma classificativa, com uma extensão de 1850 metros”, revelou a autarquia numa nota informativa a que O JN teve acesso.

 

 

“A operação, que implica a montagem de um autêntico circuito de competição na Avenida dos Aliados e ruas envolventes, tem vindo a ser cuidadosamente estudada em todas as suas vertentes e aproveitará a experiência e materiais que a Porto Lazer possui, provenientes do antigo Circuito da Boavista”, esclarece o município.

 

 

A Câmara salienta ainda que a iniciativa nada tem a ver “com a demonstração realizada no Porto em 2010”, que “envolveu apenas nove carros e não contava para qualquer classificação”.

 

 

“Desta vez, a prova conta mesmo para a etapa portuguesa do Campeonato Mundial de Ralis e as exigências de segurança e organização são totalmente distintas, como prometem ser também o espetáculo e o retorno económico para o destino Porto”, nota a autarquia.

 

 

O município refere ainda que a classificativa “começou a ser preparada pela Câmara do Porto e pelo Automóvel Clube de Portugal (ACP) há meses e é a grande novidade da competição deste ano”, depois de o Porto ter ficado fora da organização da edição de 2015.

 

 

A Câmara sublinha que em 2015, sem a classificativa do Porto, “a despesa direta total gerada pelo WRC Vodafone Rally de Portugal na economia do turismo do Porto e Norte de Portugal, assegurada por adeptos e equipas, atingiu os 65,2 milhões de euros”.

 

Rali de Portugal vai ter uma prova especial de classificativa na Baixa do Porto 2

Os dados, esclarece o município, fazem parte de um estudo da autoria do Centro Internacional de Investigação em Território e Turismo da Universidade do Algarve em parceria com a Universidade do Minho.

 

 

“Além deste valor, a audiência acumulada da prova foi estimada em 73,5 milhões de espetadores, que geraram um impacto adicional indireto de 62,2 milhões de euros, dando assim origem a um volume total de 127,4 milhões de euros de retorno para a economia do turismo e imagem do destino”, observa a Câmara do Porto.

 

 

Tal como em 2015, o Rali de Portugal “realiza-se este ano no Norte de Portugal, entre 19 e 22 de maio, e faz pela primeira vez uma incursão no centro do Porto”, sublinha o município.

 

 

O traçado exato da competição será comunicado por Câmara do Porto e a ACP “assim que as duas entidades encerrem o dossier”.

 

 

JN/21/1/2016

 

 

 

 

Saiba quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro

O Tribunal Constitucional aceitou as dez candidaturas às eleições presidenciais que tinham sido formalizadas, o que constitui um recorde de candidatos neste tipo de sufrágio, uma vez que o máximo de candidatos em democracia foram seis em 1980, em 2006 e 2011.

 

 

 

Henrique Neto

 

 Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 2

Henrique Neto, 79 anos, foi o primeiro a anunciar a sua candidatura, a 25 de março de 2015. Militante e antigo deputado do PS, não conta com o apoio expresso de qualquer partido, tendo o secretário-geral socialista, António Costa, classificado a sua candidatura como “indiferente”. Conta, entre os apoiantes, com os ex-ministros Luís Campos e Cunha, João Salgueiro e Mira Amaral, o ex-líder do CDS José Ribeiro e Castro ou o economista Medina Carreira.

 

 

NOME: Henrique José de Sousa Neto

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 27 de abril de 1936

 

 

NATURALIDADE: Nasceu em Lisboa, mas cresceu na Marinha Grande

 

 

PROFISSÃO: Empresário, cofundador da empresa Iberomoldes

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Participou na campanha presidencial do general Humberto Delgado, em 1958, e foi membro da comissão de honra da candidatura presidencial de Mário Soares, em 2006. Pertenceu ao MUD (Movimento de Unidade Democrática) Juvenil e ao PCP, que deixou em 1975. Deputado pelo PS entre 1995 e 1999. Integrou a Comissão Política Nacional do PS durante a liderança de António Guterres e foi uma das vozes críticas internas durante a liderança de José Sócrates.

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: No plano internacional, Winston Churchill e o economista norte-americano John Kenneth Galbraith; no plano nacional, o padre António Vieira e José Henriques Vareda, advogado de Leiria.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “Todos os candidatos que estão nos jornais todos os dias são candidatos do sistema, foram ministros, primeiros-ministros. Tenho dúvidas de que, sendo do sistema, tenham a coragem, resistência necessária, para fazer as mudanças de que o país precisa (…) Esta, asseguro-vos, surge limpa de qualquer compromisso. Se fizermos coisas bem feitas, são da nossa responsabilidade, se fizermos coisas mal feitas, são da nossa responsabilidade”.

 

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa

 

 

Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 3

Marcelo Rebelo de Sousa, 66 anos, anunciou que se candidata a Presidente da República a 09 de outubro, o PSD e do CDS-PP recomendaram o voto no seu nome, na disputa eleitoral que decorrerá a 24 de janeiro. Entre 1996 e 1999 liderou o PSD. Além da liderança do partido e da experiência autárquica, não só em Lisboa, como em Cascais e Celorico de Basto, foi deputado à Assembleia Constituinte, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros do VIII Governo Constitucional, vice-presidente do Partido Popular Europeu entre 1997 e 1999 e é membro do Conselho de Estado há quase 10 anos.

 

 

NOME: Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 12 de dezembro de 1948

 

 

NATURALIDADE: Lisboa

 

 

PROFISSÃO: Professor catedrático, jurisconsulto, comentador político.

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Deputado à Assembleia Constituinte (1975), Presidente do PSD (1996/1999), ministro dos Assuntos Parlamentares (1992), Eurodeputado (1997) e Conselheiro de Estado 2000/2001.

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: Considera que foram marcantes para si Thomas More, Winston Churchill, Papa João XXIII, Padre António Vieira, Padre Abel Varzim, Francisco Sá Carneiro.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “Cumprirei o meu dever moral de pagar a Portugal o que Portugal me deu.”

 

 

 

 

Cândido Ferreira

 

 

Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 4

O médico Cândido Ferreira, 66 anos, apresentou a sua candidatura a 25 de abril de 2015. O antigo presidente da Federação de Leiria do PS não conta com o apoio expresso de qualquer partido.

 

 

NOME: Cândido Manuel Pereira Monteiro Ferreira

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 07 de abril de 1949

 

 

NATURALIDADE: Cantanhede (Coimbra)

 

 

PROFISSÃO: Médico nefrologista

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Filiou-se no PS em 1974, partido que viria a abandonar em 2011. Em 1976, foi mandatário-jovem do General Ramalho Eanes, candidato à presidência da República. Presidiu à Federação de Leiria do PS entre 1991 e 1995.

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: Luís de Camões, Antero de Quental, Mário Soares e Manuel de Arriaga e entre os estrangeiros o filósofo Sócrates, Jesus Cristo, Bertrand Russell e Noam Chomsky.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “Nunca tantos portugueses sofreram tanto às mãos de tão poucos e sem que o Presidente da República alguma vez tivesse tomado alguma atitude firme em prol do nosso povo”.

 

 

 

Marisa Matias                     

 

     

 Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 5

Marisa Matias, de 39 anos, é uma das duas mulheres que concorre às eleições presidenciais de 24 de janeiro de 2016, sendo a candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda, decisão anunciada pelo partido a 18 de outubro de 2015. Entre os apoios fora do partido, Marisa Matias conta com um dos fundadores do PS, atualmente desfiliado, Alfredo Barroso, vários deputados do Parlamento Europeu de diferentes países e nomes ligados à cultura como António Capelo, Ana Deus, Miguel Guedes, Carlos Mendes e Mário Moutinho.

 

 

NOME: Marisa Isabel dos Santos Matias

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 20 de Fevereiro de 1976

 

 

NATURALIDADE: Coimbra

 

 

PROFISSÃO: Socióloga

 

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Desde cedo que se envolveu em causas estudantis e cívicas, tendo sido mandatária nacional do “Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo Sim”, aquando do referendo nacional pela despenalização do aborto em 2007. Em 2009 foi eleita pela primeira vez eurodeputada do BE, cargo para o qual foi reeleita em 2014, quando foi cabeça de lista do partido nessas eleições.

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: No plano internacional, ex-presidente da África do Sul Nelson Mandela e, no plano nacional, a única mulher que desempenhou o cargo de primeiro-ministro em Portugal, Maria de Lourdes Pintasilgo e o ex-eurodeputado e fundador do BE Miguel Portas, que morreu em 2012.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “Num Palácio de Belém que cheira a bafio vai ser preciso abrir as janelas para entrar ar fresco. É a força da democracia que as vai abrir. É a vossa força”.

 

 

 

Paulo de Morais

 

 

Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 6

Para combater a corrupção, Paulo de Morais, de 52 anos, foi o primeiro candidato às eleições presidenciais a oficializar a corrida eleitoral junto do Tribunal Constitucional, escolhendo simbolicamente o dia 01 de dezembro de 2015. O professor universitário foi, entre 2002 e 2005, vice-presidente pelo PSD na Câmara do Porto, tendo nos últimos anos sido o combate contra a promiscuidade entre a política e os negócios e as denúncias sistemáticas de casos de corrupção – que diz ser o “maior dos males da vida política portuguesa” – que fizeram o candidato ser conhecido do grande público.

 

 

NOME: Paulo Alexandre Baptista Teixeira de Morais

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 22 de Dezembro de 1963

 

 

NATURALIDADE: Viana do Castelo

 

 

PROFISSÃO: Professor Auxiliar

 

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Paulo de Morais tem um longo percurso académico e entre 2002 e 2005 foi vice-presidente pelo PSD na Câmara do Porto conquistada então por Rui Rio aos socialistas, ficando com a tutela da habitação e da ação social e assumindo então dossiês polémicos. A 14 de março deste ano suspendeu o mandato – a seu pedido e por período indeterminado – do cargo de vice-presidente da direção da Transparência e Integridade, Associação Cívica, que exercia desde 2010. É desde 2011 presidente da Assembleia Geral da Associação Portugal-Moçambique e entre 1996 a 1999 foi tesoureiro nacional da CNIS.

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: A nível nacional e no passado D. João II e Marquês de Pombal, na atualidade Francisco Sá Carneiro e o general Pires Veloso. No plano internacional, Dalai Lama, papa Francisco e Gandhi.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “Procurei ao longo da minha vida denunciar, combater e atuar contra esse benefício de privados em detrimento do interesse de todos. Fi-lo enquanto dirigente partidário, no exercício de cargos públicos, nas minhas iniciativas de participação cívica na vida política portuguesa. Fá-lo-ei enquanto Presidente da República, num exercício de independência que sempre pautou a minha presença na vida pública”.

 

 

 

Sampaio da Nóvoa

 

 

 

 Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 7

Sampaio da Nóvoa, 61 anos, confirmou a 18 de abril de 2015 que iria ser candidato à Presidência da República. Apresentou a candidatura a 29 de abril, no Teatro da Trindade, em Lisboa. É apoiado pelos anteriores presidentes da República António Ramalho Eanes e Jorge Sampaio e por vários socialistas. Foi tratado como “amigo de longa data do PS” pelo secretário-geral dos socialistas, António Costa, que em agosto declarou: “Já há um candidato assumido e próximo da família socialista”. Confrontado, entretanto, com a candidatura da socialista Maria de Belém, o PS optou por conceder liberdade de voto aos seus militantes na primeira volta das presidenciais.

 

 

NOME: António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 12 de dezembro de 1954

 

 

NATURALIDADE: Nasceu em Valença, vive em Oeiras desde criança

 

 

PROFISSÃO: Professor catedrático

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Reitor da Universidade de Lisboa. Consultor para a educação do Presidente da República Jorge Sampaio.

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: Declara admiração pelos mandatos presidenciais de Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “O que faz falta, o que nos faz falta, é uma outra visão, uma outra ideia do que pode ser Portugal no século XXI. É em nome desse outro projeto, desse outro destino, que venho aqui, hoje, declarar-vos solenemente, e declarar a todo o país, que sou candidato a Presidente da República. Não venho para deixar tudo na mesma. Venho para juntar os portugueses em torno de um projeto de mudança, para restaurar a confiança na nossa democracia e no nosso futuro. Com esperança. Com determinação. Com a coragem que os portugueses sempre revelaram nos momentos mais difíceis da sua história”.

 

 

 

Vitorino Silva (Tino de Rans)

 

 

 Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 8

Vitorino Silva, 44 anos, escolheu a Escada das Verdades, no Porto, para anunciar a sua candidatura a Presidente da República, em outubro passado. Casado e com uma filha, Tino de Rans é o sexto de oito irmãos. É calceteiro, profissão que iniciou aos 15 anos, em Mogadouro, Bragança. Aos 22 anos, foi eleito presidente da junta de freguesia de Rans mas ficou conhecido a nível nacional por um discurso que fez no XI Congresso do Partido Socialista, em 1999, que pôs os militantes e dirigentes a rir. Participou nos `reality-shows” da TVI Quinta das Celebridades e Big Brother e no programa “Noites Marcianas”, da SIC, escreveu um livro, “De palanque em palanque”, e editou várias músicas.

 

 

NOME: Vitorino Francisco da Rocha e Silva

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 19 de abril de 1971

 

 

NATURALIDADE: Nasceu na freguesia de Rans, concelho de Penafiel, no distrito do Porto

 

 

PROFISSÃO: Calceteiro

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Presidente da Junta de freguesia de Rans, concelho de Penafiel.

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: A nível nacional, o candidato declara admiração pelo antigo bispo de Setúbal, Manuel Martins, enquanto internacionalmente destaca o grupo de estudantes que em 1989 se reuniu em protesto na praça de Tiananmen, em Pequim, capital chinesa, e “teve a coragem” de enfrentar os tanques do exército.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: Quer “devolver a alegria e dignidade que tiraram ao povo português, para que as pessoas se sintam pessoas e não números” e apresenta-se como “um homem livre que não está hipotecado às máquinas”. “A minha visão de país é a de um país com dignidade, que cumpra os acordos europeus e internacionais mas que defenda em primeiro lugar os interesses dos portugueses, como tal, não podemos dizer sim a tudo. Assumo a minha candidatura como a candidatura de todos os portugueses, incluindo aqueles que não votam e, por isso, quero que Belém seja o palácio que representa o povo português”.

 

 

 

Jorge Sequeira

 

 

 Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 9

Jorge Sequeira, de 49 anos, apresentou a sua candidatura a Presidente da República a 23 de julho em Vila Nova de Gaia, declarando que não está “preso” a nenhum partido, tendo como lema “Portugal como nós”.

 

 

NOME: Jorge Manuel Pais Seara Rodrigues Sequeira

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 21 de janeiro de 1966

 

 

NATURALIDADE: Nasceu em Tabuaço, região do Douro, distrito de Viseu

 

 

PROFISSÃO: Psicólogo, empresário

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Provedor do Adepto pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: Em Portugal, aponta a fadista Amália Rodrigues, o treinador de futebol José Mourinho e “a D. Fernanda, que todos os dias tem de atravessar o Tejo, ganha 500 euros por mês, consegue alimentar dois filhos e vive com dignidade”. A nível global, as personalidades que mais o impressionam são Gandhi, Nelson Mandela e Cristiano Ronaldo, que classifica como “uma superstar internacional”.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “São as pessoas que estão indignadas com uma classe política que não tem sido representante dos seus anseios. ‘Nós’ não somos ‘eles’. Há sempre um ‘eles’ desresponsabilizante. Em vez de termos sempre um discurso de contra os outros [referindo-se aos governantes] porque é que nós não devemos sair da cadeira? A sociedade civil, a sociedade não política, tem pessoas extremamente competentes. A meritocracia deveria ser o aspeto mais relevante a ter em conta quando se quer gerir um país”.

 

 

 

Edgar Silva

 

 

 Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 10

Edgar Silva, de 53 anos, foi anunciado como candidato presidencial apoiado pelo PCP em 08 de outubro. Dado o seu passado de padre católico na Madeira e ativista contra a exploração infantil no Funchal e arredores, tem diversos apoios ligados à Igreja como a ex-provedora da Casa Pia Catalina Pestana, entre outros.

 

 

NOME: Edgar Freitas Gomes Silva.

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 25 de setembro de 1962.

 

 

Naturalidade: Funchal.

 

 

PROFISSÃO: professor/teólogo.

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: licenciou-se em teologia pela Universidade Católica e exerceu o sacerdócio na Madeira, destacando-se em iniciativas sociais como o Movimento de Apoio à Criança ou a Escola Aberta. Deu aulas na Universidade Católica do Funchal e foi deputado da Assembleia Regional da Madeira. Tornou-se membro do PCP em 1998 e integrou o Comité Central comunista em 2000, sendo responsável pela organização do partido naquela região autónoma.

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: Álvaro Cunhal, Hélder Câmara (chamado de ‘O bispo vermelho’ um dos nomes da Teologia da Libertação) e Ignacio Ellacuría (padre jesuíta assassinado na sua Universidade em El Salvador).

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “É preciso afirmar Abril, através de um Presidente da República capaz de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa”.

 

 

 

Maria de Belém Roseira

 

 

 

 

Quem são os dez candidatos ao Palácio de Belém nas eleições de 24 de janeiro 11

Maria de Belém Roseira, 66 anos, anunciou a sua candidatura a 17 de agosto e é uma das duas mulheres que vai disputar as eleições presidenciais. Ex-presidente do PS e antiga ministra de governos socialistas, não tem o apoio expresso do partido que deu liberdade de voto aos militantes. Maria de Belém Roseira conta, contudo, entre os seus apoiantes com várias figuras ligadas ao PS, como o presidente honorário Almeida Santos, Jorge Coelho e Alberto Martins. Manuel Alegre, Vera Jardim, Marçal Grilo, Vítor Melícias, Simonetta Luz Afonso e Júlio Machado Vaz são outros dos seus apoiantes.

 

 

NOME: Maria de Belém Roseira Martins Coelho Henriques de Pina

 

 

DATA DE NASCIMENTO: 28 de julho de 1949

 

 

NATURALIDADE: Porto

 

 

PROFISSÃO: Jurista

 

 

PRINCIPAIS CARGOS PÚBLICOS E POLÍTICOS EXERCIDOS: Vice-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (1988 a 1992), administradora-delegada do Centro Regional de Lisboa do Instituto Português de Oncologia (1992 a 1995), ministra da Saúde (1995 a 1999), ministra para a Igualdade (1999 a 2000), deputada eleita pelo PS (1999 a 2015), presidente do Partido Socialista até 28 de Novembro (2011 a 2014).

 

 

PERSONALIDADE QUE MAIS ADMIRA: A nível internacional, Ghandi e Mandela e, atualmente o Papa Francisco. Em termos nacionais a Maria de Lurdes Pintasilgo.

 

 

CANDIDATA-SE PORQUE: “Portugal precisa de um Presidente que saiba ser independente, saiba interpretar a vontade do povo e dar voz às pessoas mais frágeis da nossa sociedade”.

 

 

 

O que precisa de saber sobre as Presidenciais

 

 

Mais de nove milhões de eleitores residentes em território nacional e no estrangeiro são chamados a votar nas eleições de 24 de janeiro para escolher o próximo Presidente da República.

 

 

A estas presidenciais concorrem dez candidatos, sendo a segunda vez na história destas eleições que duas mulheres constam do boletim de voto – Maria de Belém Roseira e Marisa Matias.

 

 

Este sufrágio é também o que terá o boletim de voto mais longo, quebrando o ‘recorde’ de seis candidatos registado nas eleições de 2006.

 

 

 

Número de eleitores

 

 

À data de referência de 31 de dezembro, existia um total de 9.741.792 eleitores inscritos nos cadernos eleitorais, segundo a Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI).

 

 

Em território nacional eram 9.439.510 os cidadãos recenseados, enquanto no círculo da Europa existiam 106.239 eleitores. No círculo Fora da Europa, o valor ascendia a 196.043 inscritos.

 

 

Quanto estimam os candidatos gastar na campanha

 

 

3,3 milhões de euros é o valor total que os candidatos presidenciais afirmam que pretendem gastar na campanha para estas eleições, que decorre entre os dias 10 e 22 de janeiro.

 

 

Total de despesas previstas por cada candidato:

 

 

Edgar Silva: 750 mil euros

 

 

Sampaio da Nóvoa: 742 mil euros

 

 

Maria de Belém Roseira: 650 mil euros

 

 

Marisa Matias: 455 mil euros

 

 

Henrique Neto: 275 mil euros

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa: 157 mil euros

 

 

Jorge Sequeira: 124 mil euros

 

 

Paulo de Morais: 93 mil euros

 

 

Cândido Ferreira: 60 mil euros

 

 

Vitorino Silva: 50 mil euros

 

 

 

Ordem dos candidatos no boletim de voto

 

 

1.º – Henrique José de Sousa Neto

 

 

2.º – António Manuel Seixas Sampaio da Nóvoa

 

 

3.º – Cândido Manuel Pereira Monteiro Ferreira

 

 

4.º – Edgar Freitas Gomes da Silva

 

 

5.º – Jorge Manuel Pais Seara Rodrigues Sequeira

 

 

6.º – Vitorino Francisco da Rocha e Silva

 

 

7.º – Marisa Isabel dos Santos Matias

 

 

8.º – Maria de Belém Roseira Martins Coelho Henriques de Pina

 

 

9.º – Marcelo Nuno Duarte Rebelo de Sousa

 

 

10.º – Paulo Alexandre Baptista Teixeira de Morais

 

 

 

Desistência dos candidatos

 

 

 

Os candidatos podem desistir da corrida a Belém até setenta e duas horas antes do dia da eleição.

 

 

Para isso, devem apresentar ao Presidente do Tribunal Constitucional (TC) uma declaração por ele escrita, com a assinatura reconhecida por um notário.

 

 

Verificada a regularidade da declaração de desistência, é afixada à porta do TC uma cópia do documento e é notificada a Comissão Nacional de Eleições, assim como a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna.

 

 

 

Saber onde votar

 

 

 

Caso não saiba onde está recenseado, assim como o número de eleitor, pode obter essa informação na junta de freguesia do seu local de residência, através da página da internet www.recenseamento.mai.gov.pt ou enviando uma mensagem escrita (SMS) para o número 3838, com a mensagem “RE (espaço) número de CC/BI (espaço) data de nascimento=aaaammdd”.

 

 

 

Votação no estrangeiro

 

 

 

Desde as eleições de janeiro de 2001 que os emigrantes portugueses podem votar para escolher o chefe de Estado.

 

 

Os cidadãos portugueses que residem e estão recenseados fora do território nacional exercem o seu direito de voto presencialmente junto das representações diplomáticas e consulados, ou nas delegações externas de ministérios e instituições públicas portuguesas. A votação decorre nos dias 23 e 24 de janeiro.

 

 

Os locais de voto estão disponíveis na página da CNE, podendo ser consultados através do ‘link’: http://cne.pt/sites/default/files/dl/pr_2016_assembleias-de-voto_estrangeiro_locais-e-desdobramentos.pdf

 

 

 

Em que horário estão abertas as urnas?

 

 

 

Será possível votar entre as 8 horas e as 19 horas. A CNE alerta que “depois desta hora, só podem votar os eleitores que se encontrem dentro da assembleia de voto”.

 

 

No estrangeiro, as assembleias de voto funcionam durante dois dias. A abertura acontece no dia anterior ao da eleição, sendo possível aos cidadãos exercer o direito de voto entre as 8:00 e as 19:00 (locais) no dia 23 e, no dia das eleições, entre as 08:00 locais e as 19:00 em território nacional.

 

 

 

AFP/EFE/OBS/TPT/21/1/2016

 

 

 

 

 

 

O dirigente da Renamo Manuel Bissopo foi baleado com gravidade na cidade da Beira

O quadro clinico do secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, baleado ao princípio da tarde de ontem na Beira, centro de Moçambique, continua preocupante, exigindo uma assistência “intensiva e especial”, disse fonte do maior partido da oposição.

 

 

Horácio Calavete, chefe da mobilização da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) na Beira, disse que a última informação clínica indicava que uma das balas perfurou a barriga, tendo atravessado os pulmões e se alojou entre duas costelas, carecendo de uma cirurgia especializada.

 

 

O dirigente da Renamo adiantou que o secretário-geral do seu partido e deputado se mantinha numa clínica privada da Beira, sem confirmar informações que dão conta da possibilidade de Bissopo ser transportado para a África do Sul.

 

 

O secretário-geral da Renamo foi baleado por desconhecidos no princípio da tarde de hoje na Beira, tendo o seu segurança morrido no local, segundo fontes oficiais do maior partido de oposição.

 

 

Ao contrário de informações que davam conta de que Bissopo tinha sido atingido no bairro da Munhava, um bastião da oposição, o incidente ocorreu no bairro da Ponta Gea, centro da Beira, quando saía de uma conferência de imprensa para denunciar alegados raptos e assassínios de quadros da Renamo.

 

 

Segundo jornalistas locais, os atiradores, que se faziam transportar em duas viaturas, bloquearam o carro em que seguia Bissopo e abriram fogo.

 

 

À entrada da clínica, Bissopo estava consciente e fez uma curta declaração à imprensa, descrevendo o incidente.

 

 

“Estava a passar em frente dos serviços de viação. Vi um carro de dupla cabine a virar e alguém a tirar uma [arma automática] Kalashnikov e disparar. Me atingiram”, disse Bissopo.

 

 

O guarda-costas do secretário-geral da Renamo morreu no local, tendo os outros ocupantes da viatura sofrido ferimentos ligeiros.

 

 

A polícia na Beira disse que continua a trabalhar para esclarecer o caso, sem mencionar o envolvimento do secretário-geral da Renamo nem de outros membros do partido.

 

 

A Frelimo e a Renamo têm vindo a acusar-se mutuamente de sequestro e assassínio dos seus dirigentes na província de Sofala.

 

 

Moçambique vive uma situação de incerteza política há vários meses e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ameaça tomar o poder em seis províncias do norte e centro do país, onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 2014.

 

 

Afonso Dhlakama não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.

 

 

Nos pronunciamentos públicos que tem feito nos últimos dias, Dhlakama afirma ter voltado para Sadjundjira, distrito de Gorongosa, mas alguns círculos questionam a fiabilidade dessa informação, tendo em conta uma alegada forte presença das forças de defesa e segurança moçambicanas nessa zona.

 

 

 

Moçambique à beira da guerra

 

 
A tentativa de assassínio do número dois da Renamo coincide com a proibição de várias atividades da Renamo na capital moçambicana, por parte do Governo.

 

O líder da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), Afonso Dlakhama, continua a constestar os resultados oficiais das legislativas de 2014. Recentemente Dlakhama anunciou pretender assumir o poder em seis das 11 províncias de Moçambique, se necessário pela força.

 

O paradeiro de Afonso Dhlakama é alvo de debate uma vez que não é visto em público desde 09 de outubro, quando a sua residência na Beira foi invadida pela polícia, que desarmou e deteve, por algumas horas, a sua guarda.

 

Confrontos entre forças governamentais e da Renamo, nas últimas semanas no centro do país, levaram já mais de 2000 pessoas a procurarem refúgio no vizinho Malawi.

 

Ivone Soares atribui à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) a autoria de todos os incidentes, acusando o partido no poder de tentativas repetidas de assassínio dos dirigentes da maior força de oposição.

 

 

“A morrer um por um”

 

 
Para a líder da bancada da Renamo, o caso de ontem envolvendo Manuel Bissopo vem no seguimento de incidentes anteriores com a comitiva do líder do seu partido, Afonso Dhlakama, no que descreve como um quadro de “terrorismo de estado”.

 

A chefe da bancada da Renamo acusou ainda as Nações Unidas de “assobiarem para o lado” face à situação política em Moçambique, bem como as principais missões diplomáticas em Maputo, referindo os casos concretos de Portugal, Estados Unidos, Reino Unido e Itália como símbolos de “um estranho silêncio”.

 

Para Ivone Soares, esta crise é motivada pela falta de justiça eleitoral, insistindo na acusação de fraude na votação de outubro de 2014.

 

“Fomos roubados em votos e agora estamos a morrer um por um”, afirmou a deputada, reafirmando a necessidade de uma intervenção urgente da comunidade internacional.

 

A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.

 

 

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama considera que não há mais nada a conversar depois de a Frelimo ter chumbado a revisão pontual da Constituição para acomodar as novas regiões administrativas reivindicadas pela oposição.

 

 

Obs/TPT/c/Lusa/21/1/2016

 

 

 

 

 

 

 

Por falta de condições de segurança parlamento da Guiné-Bissau foi suspenso

O presidente do parlamento da Guiné-Bissau, Cipriano Cassamá, suspendeu hoje a sessão extraordinária prevista para quinta-feira na qual devia ser apreciado o programa de Governo, alegando falta de condições de segurança.

 

Parlamento da Guiné-Bissau suspenso por falta de condições de segurança 2

Em comunicado, Cipriano Cassamá informa que o ambiente que se viveu nos últimos dias no parlamento “não é favorável” a um normal funcionamento do órgão, pelo que a sessão fica suspensa até nova indicação.

 

 

“As duas tentativas de realização das sessões extraordinárias redundaram num fracasso, motivado pela insuportável perturbação de foram alvo pelos 15 deputados que perderam os mandatos”, refere o comunicado.

 

 

O dirigente responsabiliza o grupo parlamentar do Partido da Renovação Social (PRS), que lidera oposição, nos desacatos que, diz o comunicado de Cipriano Cassamá, poderiam levar a confrontos generalizados no hemiciclo, caso as sessões não fossem suspensas.

 

 

“Perante a prevalência desta situação, persistir na realização da sessão seria uma atitude imprudente”, sublinha o comunicado do líder do Parlamento guineense, que promete anunciar uma nova data para a realização da sessão extraordinária.

 

 

 

PM de São Tomé diz-se preocupado com a crise política na Guiné-Bissau

 

 

O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, apelou aos responsáveis políticos daquele país à “calma e a respeitarem a estabilidade”.

 

Parlamento da Guiné-Bissau suspenso por falta de condições de segurança 3

“Estamos preocupados com a situação na Guiné-Bissau, esse país faz parte das nossas comunidades, quer dos PALOP (Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa), quer da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e apelamos a todos os autores políticos para a busca de consensos dentro do quadro constitucional”, disse Patrice Trovoada.

 

 

O chefe do Governo são-tomense falava no final da sessão parlamentar que aprovou na generalidade o Orçamento do Estado e as Grandes Opções de Plano para 2016.

 

 

Patrice Trovoada defendeu ainda que os guineenses devem “priorizar o diálogo porque se não for assim o país não terá estabilidade e não terá sobretudo as condições de apoio financeiro prometido pela comunidade internacional para o seu desenvolvimento”.

 

 

“Nós estamos de facto preocupados com a situação, mas só podemos apelar e disponibilizar tudo quanto está ao nosso alcance para ajudar as partes a um melhor entendimento”, disse o governante são-tomense.

 

 

A votação do programa de Governo da Guiné-Bissau foi suspensa esta semana por duas vezes, na segunda e na terça-feira, depois de um grupo de 15 deputados do PAIGC que perderam o mandato rejeitarem sair do Parlamento.

 

 

Este grupo e o maior partido da oposição (PRS) juntaram-se numa nova maioria que após suspensa a sessão e à revelia da mesa da Assembleia, elegeu uma nova liderança do Parlamento e aprovou moções de censura e de rejeição do programa de Governo, documentos entregues na Presidência da República para promulgação.

 

 

O chefe de Estado, José Mário Vaz, ainda não se pronunciou, enquanto o presidente da Assembleia, Cipriano Cassamá, considerou nulos todos os atos que se seguiram à suspensão da sessão.

 

 

 

Reuters/ANOP/TPT/21/1/2016

 

 

 

 

 

Marcelo tem o maior rendimento, Cândido é o mais rico e Belém omite cargos sociais

 Houve falhas nas declarações de rendimentos, património e cargos sociais, obrigatórias por lei, entregues pelos candidatos à Presidência. Paulo de Morais identifica mal os imóveis, Vitorino Silva não especifica conta bancária.

 

 

A maior parte dos dez candidatos presidenciais não conseguiu preencher de forma absolutamente inequívoca a declaração de rendimentos, património e cargos sociais que a lei obriga a entregar no Tribunal Constitucional (TC). Há falhas na descrição dos imóveis de que são proprietários, na enumeração das aplicações financeiras e contas bancárias e descrição de cargos sociais em instituições e entidades públicas ou empresariais, segundo detectou o PÚBLICO na consulta dos documentos disponíveis no TC.

 

 

A avaliar pelos rendimentos anuais declarados pelos candidatos à Presidência da República, trocar a vida actual pelo Palácio de Belém não compensa financeiramente para Marcelo Rebelo de Sousa e António Sampaio da Nóvoa. E atendendo ao património do ex-empresário Henrique Neto e muito especialmente ao de Cândido Ferreira, não é pelo que poderão amealhar que estão na corrida.

 

 

Este último, médico e antigo presidente da distrital do PS de Leiria, é o que reúne o melhor pé-de-meia no banco. São 2,936 milhões de euros em três dezenas de aplicações em bancos e seguradoras. A que se somam 15 imóveis com um valor patrimonial conjunto de, pelo menos, 2,668 milhões de euros. Em 2014 diz que ganhou 94.294 euros.

 

 

Apesar disso, Cândido não declara carro nem barco, mas mantém 910 acções do Benfica, 30% dos 500 mil euros do capital da Pombaldeal e 1275 acções da empresa Carvalhal da Urra, onde está a investir na construção de uma adega.

 

 

Henrique Neto segue a máxima da galinha que não deve guardar os ovos no mesmo ninho: entre o BCP, Novo Banco, BPI, Deutsche Bank e o suíço UBS Zurich, o empresário tem 1,3 milhões de euros. O seu património imobiliário é vasto, mas a lista não permite que se perceba o valor dos 15 imóveis urbanos que tem, sobretudo na Marinha Grande, mas também em Lisboa (onde mora), Algés, Carvalhal e Portimão. Neto tem um Mercedes e um barco Beneteau. Não declara qualquer quota em empresas, apenas o cargo social no Sport Operário Marinhense.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa ganhou em 2014 perto de 385 mil euros brutos e, além das poupanças bancárias (384 mil euros no BCP, BPI e Novo Banco), não tem qualquer outro património – nem mesmo casa. A comparação com outra declaração de 2012 (como conselheiro de Estado) permite perceber que o comentador e professor tem mantido as poupanças sempre ao mesmo nível.

 

 

O seu colega de universidade e agora concorrente António Sampaio da Nóvoa teve, em 2014, rendimentos de perto de 130 mil euros em trabalho dependente e independente. Na declaração há uma lista de património que herdou, entre terrenos, contas bancárias, certificados de aforro, um carro e até um jazigo, mas de que tem direito a apenas 3/20 avos. Tem dois automóveis.

 

 

As regras destas declarações são minuciosas e exigentes, mas a verdade é que o Tribunal Constitucional não tem por hábito controlar ao pormenor as informações que lá são inscritas. Os candidatos não explicam nem têm que explicar qualquer aparente disparidade entre os rendimentos e os bens que declaram.

 

 

Nenhum cargo a declarar, diz Belém

 

 
Maria de Belém declara apartamentos na Portela (Loures) e Vilamoura, assim como a sua quinta no Rodízio, em Colares (Sintra), junto à Praia Grande, e um terreno na mesma aldeia. Aliás, é na sua morada que tem sede a empresa de consultadoria Priorikey que mantém com o marido desde 2010, e da qual diz ter uma quota de 50%. Além dos rendimentos de 60.601 euros em 2014, declara ter dois carros Honda e 70.408 euros em contas à ordem no Novo Banco e CGD, a que se somam aplicações financeiras a prazo e PPR de 134 mil euros.

 

 

Mas quando se chega à descrição dos cargos sociais dos últimos dois anos – que só são obrigatórios divulgar no caso de serem em instituição de direito público ou, se forem pagos, em fundações ou associações de direito privado – Maria de Belém preferiu resguardar-se nas entrelinhas da lei e escrever: “Nenhum cargo social dos que exerço é remunerado.”

 

 

Em 2014, o professor Jorge Sequeira diz ter ganho 36 mil. Mas em 2015 fez investimentos em contas bancárias num valor bem superior: só no Montepio abriu quatro contas a prazo no último trimestre no valor total de 58 mil euros, e juntou algumas contas à ordem, ficando com um total de 111.752 euros. Refira-se que a maioria das contas à ordem não precisavam de ser comunicadas por serem inferiores a 25 salários mínimos.

 

 

Em dinheiro, Sequeira descreve ainda planos poupança de 45.640 euros e vários investimentos em PPR, fundos e carteiras de títulos de mais 41.328 euros. Tudo somado, o speaker profissional de Braga tem poupanças de 256.720 euros. Nos veículos, limita-se a declarar uma Vespa de 50CC. Tem um imóvel em Braga que não é a sua habitação. É sócio em três empresas, todas com sede em sua casa, no Porto.

 

 

Imóveis mal identificados

 
Paulo de Morais, o ex-vice-presidente da direcção da TIAC – Transparência e Integridade Associação Cívica que deixou o cargo para se candidatar a Belém e tem feito da transparência e do combate à corrupção a bandeira da sua campanha, acaba por ter uma declaração com zonas opacas. O património imobiliário (prédios rústicos ou urbanos) tem que estar identificado pela sua natureza e situação, inscrição matricial e ter uma descrição sumária. Paulo de Morais limita-se a dizer que é herdeiro de dois prédios rústicos nos concelhos de Sintra e Monção e tem uma fracção de prédio urbano em Viana do Castelo.

 

 

A somar a isso está o facto de ter deixado a Câmara do Porto em 2005, onde era vice-presidente de Rui Rio, mas só ter entregue a declaração de rendimentos de cessação de funções, obrigatória por lei, 10 anos depois. Morais fê-lo a 15 de Abril do ano passado, dias depois de anunciar que pretendia concorrer a Presidente da República. E a declaração de início de funções, em 2002, foi entregue já fora do prazo.

 

 

Em 2014 teve rendimentos de 57.579 euros (33.342 em trabalho independente), mas não tem contas bancárias a prazo ou aplicações financeiras, nem contas à ordem de valor superior a 25.250 euros. Mantém o mesmo Daewoo Nubira desde 2000.

 

 

A declaração de Vitorino Silva tem também deficiências na informação bancária: na parte em que lhe é pedido que identifique as contas à ordem superiores a 50 salários mínimos, limita-se a escrever o NIB quando deveria inscrever o montante, a instituição, o número da conta e a data de abertura. Mas há mais: Tino de Rans declara que ganhou, em 2014, 17.460,19 euros de salário dependente, a que se somam 278 euros de rendimentos comerciais e industrias e 1440 euros de prediais. Mas o calceteiro da câmara do Porto mantém três automóveis (é certo que todos com mais de 10 anos) – um MG, um BMW e uma Nissan Navara – e duas casas.

 

 

Edgar Silva sem património

 

 
O candidato apoiado pelo PCP já deixou o sacerdócio há quase 20 anos, mas mantém o desapego dos bens materiais. As folhas da sua declaração de rendimentos e património estão quase todas traçadas com uma linha de tinta preta na diagonal: Edgar Silva limita-se a comunicar que ganhou, em 2014, 46.098 euros em trabalho dependente (é deputado pela CDU na Assembleia Regional da Madeira) e nem mais uma letra ou um número.

 

 

Marisa Matias teve como único rendimento em 2014 os 97.392,24 euros de trabalho dependente como eurodeputada. Declara apenas a co-propriedade com o marido da casa onde reside em Coimbra, e no banco tem aplicações a prazo e em PPR no valor total de 28.875 euros. E mantém um crédito à habitação no BCP de 79.737 euros que finda em 2045.

 

 

 

Maria Lopes/Pub/TPT/20/1/2016

 

 

 

 

 

 

Ministro alemão apela a Angela Merkel para preparar encerramento de fronteiras

 Alexander Dobrindt, ministro alemão dos Transportes, afirma que a Alemanha tem de deixar de fazer “cara simpática” e, se não conseguir chegar a acordo com os outros países da União Europeia, terá de preparar um “plano B” e encerrar as fronteiras aos imigrantes.

 

 

Em entrevista ao jornal Muenchner Merkur, o ministro, membro da União Social Cristã da Baviera, CSU, partido irmão da CDU de Angela Merkel, usou as próprias palavras da chanceler, fazer “cara simpática”, para dizer que a Alemanha terá de agir sozinha se o número de refugiados e imigrantes não diminuir.

 

“Aconselho urgentemente: precisamos preparar-nos para não conseguir evitar o encerramento das fronteiras”, afirmou Dobrindt, numa entrevista que deverá ser publicada esta terça-feira. “Aconselho todos a preparar um plano B”, sublinhou o ministro alemão.

 

A Baviera é o principal ponto de entrada do fluxo migratório na Alemanha. Só em 2015 o país acolheu 1.1 milhões de pessoas, que requerem asilo.

 

Ministro alemão apela a Merkel para preparar encerramento de fronteiras 2

Apesar do Inverno ter feito abrandar o número de chegadas, os imigrantes e refugiados continuam a fazer a perigosa travessia do Mar Egeu até à Grécia. Dali continuam a caminhar, por campos gelados e cobertos de neve, tentando chegar ao centro da Europa. Nenhuma promessa de auxílio ou de abrigo parece detê-los.

 
O líder da CSU, Horst Seehofer, afirmou durante o fim-de-semana, ao Der Spiegel, que nas próximas duas semanas irá enviar uma carta escrita ao Governo federal, a solicitar o regresso de “condições ordeiras” nas fronteiras alemãs.

 

A chanceler já prometeu “reduzir consideravelmente” as entradas este ano na Alemanha, mas tem recusado impor limites, dizendo que estes seriam impossíveis de cumprir sem encerrar as fronteiras. Algo que, afirma, poria em risco o projeto europeu.

 

Dobrindt rejeita o argumento de Merkel. “Essa sentença, de que o encerramento das fronteiras seria o fracasso da Europa, é verdade, mas inversamente. Não encerrar a fronteira, continuando na mesma, fará a Europa cair de joelhos”, defende.

 

Ministro alemão apela a Merkel para preparar encerramento de fronteiras 3

A chanceler tem tentado convencer os outros Estados-membros da União a receber quotas de refugiados, procurado a construção de centros de acolhimento nos Estados limítrofes da União e liderado negociações com a Turquia para esta manter os refugiados dentro das suas fronteiras. Mas o progresso destas soluções tem sido escasso.

 

 

Marko Djurica/Reuters/19/1/2016

 

 

 

 

 

Filhas do membro da LUAR Camilo Mortágua são deputadas do Bloco no Parlamento

Na casa das irmãs Mortágua sempre se falou de política. “Não tanto de partidos, mas de política”, como gosta de frizar Joana Mortágua.

 

 

“Sempre se falou muito de política à mesa, porque os meus pais eram muito politizados e muito de Esquerda. Não se falava tanto do que se passava no Parlamento ou nos partidos, mas do que se passava na sociedade”, acrescenta.
Joana e Mariana Mortágua são irmãs gémeas, e filhas do membro da LUAR Camilo Mortágua. Mariana conhecida dos portugueses pela atuação nas comissões de inquérito ao caso BES, entrou na Assembleia da República aos 27 anos, em 2012, em substituição de Francisco Louçã.

 

 

Filhas do assaltante Camilo Mortágua são deputadas no Parlamento 2

Em 2013, substituiu a deputada do Bloco de Esquerda Ana Drago. Mariana, foi reeleita nas últimas legislativas. Joana só entrou agora no Parlamento, eleita pelo circulo eleitoral de Setúbal.

 

 

 

Falar da filiação política destas duas deputadas no Bloco de Esquerda é relevante porque várias ideias defendidas pela deputada e pelo seu partido já foram postas em prática pelo pai, com resultados desastrosos, designadamente na ocupação e gestão da Herdade da Torre Bela.

 

 

 

Filhas de peixe…

 

 

 

As gémeas de 29 anos são filhas de Camilo Mortágua, histórico resistente anti-fascista e membro da LUAR (Liga de Unidade e Ação Revolucionária). “Os meus pais conheceram-se na luta política. Foram os dois muito participativos dos momentos de luta política em Portugal”, conta Joana.

 

 

“Esta atitude política foi-nos sendo incorporada muito naturalmente.”
Se Mariana agora é mais conhecida da opinião pública, o percurso efetivo da irmã Joana na política e no Bloco de Esquerda começou mais cedo: “Eu e a Mariana tivemos percursos individuais, desde muito cedo, inclusive no Bloco”. “Entrámos em alturas diferentes no partido. Eu entrei primeiro”, esclarece a deputada eleita por Setúbal.

 

Apesar das notórias semelhanças físicas, Joana Mortágua diz que não vê, no Parlamento, a irmã Mariana, mas sim a deputada Mariana: “Não nos vejo como duas irmãs deputadas. Somos duas deputadas”.

 

E não esconde o orgulho que sente do trabalho da deputada Mariana Mortágua. “A Mariana fez uma excelente na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES. Foi bom para ela, que lhe deu notoriedade, foi bom para o Bloco de Esquerda e foi bom para o país”, sublinhou.

 

 

 

Quem é Camilo Mortágua?

 

 

 

Nasceu em Oliveira de Azeméis, a 29 de Janeiro de 1934. Sem inclinação para os estudos, como o próprio reconhece nas suas memórias, pegaram-lhe a alcunha de Batata. Aos 12 anos segue com os pais e as duas irmãs para Lisboa. Em 1951, emigra para a Venezuela.

 

Filhas do assaltante Camilo Mortágua são deputadas no Parlamento 3

Na madrugada de 22 de Janeiro de 1961, integra o grupo de revolucionários que, sob o comando de Henrique Galvão, toma de assalto o paquete Santa Maria. Durante o acto, o oficial Nascimento Costa é assassinado pelos assaltantes.

 

 

A tomada do navio, que transportava 600 turistas em viagem para Miami e mais de 300 tripulantes, foi preparada na Venezuela pelo Directório Revolucionário Ibérico de Libertação (DRIL). Era um organismo híbrido que nasceu da fusão entre o grupo de Galvão e um grupo de exilados espanhóis, dirigido por Jorge de Soutomayor, ex-combatente comunista na Guerra Civil de Espanha.

 

 

Aviões americanos acompanharam os movimentos do Santa Maria, que ostentava no castelo da proa a faixa “Santa Liberdade”, pintada à mão. Entretanto, enquanto decorriam as negociações, o corpo do piloto assassinado apodrecia no seu caixão, na capela do paquete.

 

 

Antes do assalto ao Santa Maria, o DRIL, que estava classificado pela CIA como “organização terrorista”, promovera atentados em várias cidades de Espanha. A bomba que o grupo fez explodir em 1960 na estação de Amara, em San Sebastián, matou uma criança de 2 anos, Begoña Urroz.

 

 

O crime foi atribuído por largo tempo à ETA, mas dados históricos revelados nos últimos meses em Espanha demonstram a autoria do DRIL. Era com esta gente que Mortágua e os outros democratas queriam combater as ditaduras ibéricas e apear do poder Salazar e Franco.

 

 

A 10 de Novembro de 1961, desvia à mão armada com Palma Inácio e mais uns tantos criminosos um avião da TAP, no voo Casablanca-Lisboa. Foi assim um pioneiro do terrorismo aéreo, com o objectivo singelo de sobrevoar Lisboa e outras cidades portuguesas a baixa altitude para lançar milhares de folhetos subversivos.

 

 

Se quisermos descobrir um rasgo verdadeiramente inovador nos oposicionistas ao Estado Novo, forçoso será recorrer à aeronáutica: o primeiro desvio de um avião comercial em todo o mundo. Os terroristas islâmicos regulam com atraso em relação aos nossos antifascistas, sempre na vanguarda.

 

 

 

O assalto ao Banco de Portugal

 

 

 

A 15 de Maio de 1967, Camilo Mortágua, Palma Inácio, António Barracosa e Luís Benvindo assaltam a filial do Banco de Portugal na Figueira da Foz. O golpe é comummente atribuído à LUAR, acrónimo de Liga de Unidade e Acção Revolucionária, mas tal não corresponde por inteiro à verdade.

 

 

Na data do assalto, a LUAR ainda não existia. Foi criada à pressa no mês seguinte, como reconheceu Emídio Guerreiro, um dos fundadores, “para dar uma cobertura política e credível ao assalto do banco” (‘Diário de Notícias’, 6/9/1999, pág. 15) e assim evitar e extradição para Portugal dos criminosos, que entretanto se haviam refugiado em França.

 

 

Em consequência do golpe, Palma Inácio foi monetariamente crismado de “Palma Massas”. E havia fundadas razões para isso. A operação rendeu cerca de 30 mil contos, uma fortuna para a época, equivalente a 9 milhões de euros de hoje, ainda que boa parte das notas tenha sido depois recuperada pela PIDE.

 

 

“Logo que se apanharam com o dinheiro, acabou o romantismo revolucionário”, acusou depois Emídio Guerreiro, em entrevista a O DIABO (22/9/1992, pág. 8). É o costume. O dinheiro sobe sempre à cabeça das pessoas. Deviam ter lido Marx e Kautsky antes de começarem a roubar.

 

 

A Torre Bela

 

 

A Herdade da Torre Bela, com 1700 hectares, a maior área de terra agrícola murada do País, pertencia ao duque de Lafões. A 23 de Abril de 1975, foi ocupada pelo “povo trabalhador” aos gritos de “a terra a quem a trabalha”.

 

 

Para comandar aquela tropa mista de camponeses, delinquentes e bêbados, aterrou na herdade ribatejana o revolucionário Camilo Mortágua, já grávido de ideias bloquistas.

 

Filhas do assaltante Camilo Mortágua são deputadas no Parlamento 4

O processo ficou documentado no filme “Torre Bela”, de Thomas Harlan (filho do cineasta Veit Harlan, com ligações ao regime nacional-socialista). Militante da extrema-esquerda, o alemão quis filmar a utopia socialista, mas dormia no quarto do duque. Era o único que tinha casa de banho privativa.

 

 

As imagens são divertidas e esclarecedoras: Mortágua e Wilson, outro ladrão de bancos, a doutrinar as massas sobre “latifundiários” e “cooperativas”; Zeca Afonso, Vitorino e o padre Fanhais, este também membro da LUAR, a cantar o Grândola de megafone, diante do povo aparvalhado; o inesquecível diálogo entre Wilson e o camponês avesso à “comprativa” [sic] sobre a enxada que “passa a ser de todos”; a inenarrável reunião em que o oficial do MFA incita à ocupação do palácio: “primeiro vocês ocupam e depois a lei há-de vir”; e os camponeses a experimentar as roupas dos patrões, remexendo-lhes as gavetas com um misto de culpa, curiosidade e desejo.

 

 

O filme é um documento notável de cinema directo, uma comédia do absurdo sobre a “reforma agrária”, processo de espoliação que nos custou os olhos da cara. Ainda há dias o Estado português foi condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem a pagar mais 1,5 milhões de euros de indemnização a famílias expropriadas.

 

 

Os desvarios de Abril não começaram com o BPN ou as PPP (Parcerias Público-Privadas). Tiveram início logo após a revolução, com as ocupações de terras e as nacionalizações selváticas, que ainda agora figuram – de forma mais velada – entre os objectivos do Bloco de Esquerda, da menina Mortágua.

 

 

E depois do adeus

 

 

Após a frustrada experiência na Torre Bela, os mais destacados membros da LUAR, como Mortágua e Palma Inácio, achegaram-se mais e mais aos partidos dominantes. Alguns membros da organização não gostaram. Um deles, Belmiro Martins, exprimiu o seu descontentamento ao jornal ‘Tal & Qual’ (5/9/1997, pág. 6): “Vejo que os chefes da LUAR se passam de armas e bagagens para o Poder […] Senti-me traído […] Decidi então que passaria a roubar para mim.”

 

 

Decidiu e cumpriu. Estabeleceu-se por conta própria no ramo dos furtos, secção de ourivesarias. Parece que assaltou mais de cem lojas. Afirma-se com orgulho o “maior assaltante de ourivesarias de todos os tempos”. Foi preso em 1977 e condenado, tendo cumprido 17 anos de cadeia. Foi libertado em 1994, mas logo se entusiasmou por outras montras a reluzir de ouro. De novo preso em 1997, saiu finalmente em 2006, quando oficiava de sacristão na cadeia de Pinheiro da Cruz.

 

 

Belmiro Martins chegou a integrar os órgãos sociais do Fórum Prisões, associação presidida pelo advogado de Otelo no caso das FP-25 de Abril, Romeu Francês, antigo militante do MRPP, que depois seria condenado em processos de burla, falsificação de documentos, abuso de confiança e fraude fiscal, que acabariam por ditar a sua expulsão da Ordem dos Advogados.

 

 

 

Mortágua, hoje

 

 

Um homem com a folha de serviços de Mortágua não podia deixar de ser homenageado pelo novo regime. A justiça democrática tarda, mas não falta. A 10 de Junho de 2005 foi-lhe atribuída a condecoração de Grande Oficial da Ordem da Liberdade, por Jorge Sampaio, então Presidente da República.

 

 

Camilo Mortágua, hoje com 81 anos, está estabelecido no Alvito, em pleno Alentejo, como empresário. É hoje um “agrário”, nome pejorativo que os revolucionários de antanho colavam na região aos proprietários de terras agrícolas.

 

 

Isto é um assalto

 

 

Mariana Mortágua nasceu em 1986. Licenciada em Economia, é mestra pelo ISCTE (‘where else?’) com uma dissertação sobre “O Papel da Caixa Geral de Depósitos na Recente Crise Económica (2007-11)”.

 

 

Militante do Bloco de Esquerda, a filha de Camilo Mortágua publicou dois livros a meias com Francisco Louçã.

 

 

Em 2012 editou “A Dívida(dura) – Portugal na crise do Euro” (Bertrand, 2012, 240 págs.) A obra foi apresentada na FNAC do Chiado por Marcelo Rebelo de Sousa, para escândalo dos bloquistas mais pedregosos.

 

 

Em Abril de 2013 lançou “Isto é um assalto: a história da dívida em banda desenhada” (Bertrand, 2013, 184 págs.), com ilustrações de Nuno Saraiva.

 

 

A contracapa informa que o livro ”descreve o assalto que Portugal está a sofrer”. Reconheça-se, antes de mais, a legitimidade do título. Em matéria de assaltos, os Mortáguas são especialistas. O roubo que Portugal está a sofrer começou logo após a revolução, com o papá Camilo e outros que tais, imbuídos de um ideário que Mariana não rejeita. Limita-se a defendê-lo com outros termos e balelas, que aprendeu no ISCTE e na Rua da Palma.

 

 

No pai e na filha, a mesma necessidade de lutar contra a “ditadura” (seja a de Salazar ou a da dívida), o mesmo ódio ao “adversário” (seja lá ele quem for), a mesma receita de nacionalizações (começa-se com herdades, depois bancos, energia, água, transportes e tudo o que aparecer à frente), o mesmo desrespeito à propriedade alheia e quase uma relação de amor e ódio com o “grande capital financeiro”: o pai assaltava bancos, a filha faz teses de mestrado sobre a Caixa Geral de Depósitos.

 

 

Diabo/TVI24/TPT/18/1/2016