Vinho verde da adega de Monção está cada vez mais na boca dos americanos e não só

Nos Estados Unidos, como em Portugal, os meses de verão sempre são mais refrescantes se tivermos como companhia uma taça de vinho verde, fresco e leve, perfeito para uma boa conversa ou para acompanhar pratos de mariscos, entre outras refeições e petiscos.

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Recentemente, teve lugar no restaurante Taste of Portugal, em Newark, New Jersey, um jantar de degustação, no qual participaram cerca de cem pessoas, entre elas vários empresários portugueses, ligados ao mercado do vinho e da restauração. Esta iniciativa,  revelou uma bem conseguida e inovadora simbiose, entre os sabores da cozinha tradicional portuguesa e os vinhos verdes aqui apresentados.

 

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De referir que não é por acaso que o restaurante Taste of Portugal, em Newark, para além da tradicional gastronomia portuguesa, tem na sua sala de jantar uma das melhores cartas de vinho da cidade, privilegiando os verdes, mas não esquecendo as outras regiões de Portugal como o Douro, o Dão e o Alentejo.

 

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Esta iniciativa que foi da responsabilidade da empresa de importação de vinhos AIDIL WINES, com sede em Newark, contou também com a colaboração da Adega de Monção, aqui representada pelo seu presidente Armando Rodrigues Fontainhas e pelo Gestor Comercial Rui Machado Miranda. A finalidade principal da AIDIL WINES, foi a de apresentar e divulgar os vinhos verdes e a nossa gastronomia em termos qualitativos neste país, dando a conhecer a americanos e não só, produtos de qualidade e a sua denominação de origem.

 

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Por sua vez, Armando Rodrigues Fontainhas, presidente da Adega de Monção, bem como o seu  Gestor Comercial, Rui Machado Miranda, vieram aos Estados Unidos com o objectivo de ajudar a incrementar acções de divulgação, promoção e marketing dos vinhos verdes, neste país, participando também em outras iniciativas do género, levadas a cabo nas cidades de Boston, New Bedford e Fall River, no estado de Massachusetts. “Esta é uma boa forma de dar a conhecer os nossos vinhos a novos públicos, embora queiramos também dar-lhes a conhecer os novos produtos que temos”, disse ao The Portugal Times o presidente da Adega de Monção.

 

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Em 2015, as exportações de vinho verde ascenderam a 52 milhões de euros, mais 10% face ao ano anterior. Os Estados Unidos foram o destino de uma em cada quatro garrafas que ultrapassaram a fronteira rumo a 106 países, tendo superado pela primeira vez a barreira da centena de mercados externos.

 

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No ano passado, a casta Alvarinho cresceu cerca de 15%, enquanto os rosados representam já 5% do negócio do vinho verde.

As exportações representam mais de 40% do volume de negócios e os principais mercados de destino são os Estados Unidos, Alemanha, França, Canadá e Brasil.

 

 

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Nesta prova de vinhos verdes foi ainda apresentado o vinho verde tinto “Vinhão”, da Adega de Monção.

“Acima de tudo, também queremos ajudar a cimentar o papel dos vinhos verdes como embaixadores da marca Portugal neste país”, disse ao The Portugal Pedro Carvalho, director de vendas da AIDIL WINES, que reconhece ser importante  o facto de os EUA se terem tornado o principal mercado de exportação portuguesa fora da União Europeia.

 

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O vinho verde tinto “Vinhão”  da Adega de Monção, também está a acompanhar um movimento muito positivo das exportações portuguesas para este país.

Sobre a sua identidade, é a cor que singulariza e diferencia o Vinhão, de cor negro-azulada e quase impenetrável à luz. É a casta tinta mais cultivada na região do Vinho Verde, oferecendo vinhos rústicos, de acidez muito elevada, notórios pela acidez inquieta.

 

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O impacto mediático destas provas de gastronomia e vinhos portugueses, está a fazer destes certames uma janela de oportunidades, para que estes produtos sejam cada vez mais solicitados e apreciados, nos Estados Unidos da América, como é o caso.

 

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A frescura vibrante, a elegância e leveza, a expressão aromática e gustativa, com destaque para as suas notas frutadas e florais, são as características que definem e diferenciam o vinho verde.

 

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Em conversa com o The Portugal Times, Pedro Nogueira, administrador do Taste of Portugal, em Newark, referiu que o papel e importância deste evento da autoria da AIDIL WINES, “para além dos aspectos comerciais, sempre decisivos neste tipo de iniciativas, também não falta a oportunidade de, para além de desenvolver em simultâneo, o desenrolar do certame propriamente dito, as pessoas podem usufruir ainda de uma atmosfera de saudável convívio”.

 

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Para quem gosta de bom vinho, seja ele maduro ou verde, estas iniciativas da AIDIL WINES, são também oportunidades imperdíveis de conhecer algumas marcas de qualidade. E segundo o engenheiro luso-americano António Gomes, que também esteve presente nesta iniciativa, “gostar de vinho é algo tão natural como apreciar um bom prato e, hoje em dia, um número cada vez maior de pessoas se interessa pela cozinha gastronómica e pelo desfrutar dos prazeres associados à prova de vinhos”, concluiu.

 

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“O vinho verde é único no mundo”, diziam os convidados. Neste jantar, também não faltaram os “provadores”, que entusiasmados, iam analisando o grau e o paladar que os vinhos verdes iam deixando.

 

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E sendo o vinho, cultura, gastronomia e economia, bem como um produto de excelência da agricultura portuguesa, os responsáveis da Adega de Monção e da empresa AIDIL WINES, querem manter o crescimento em notoriedade e vendas dos vinhos verdes em mercados orgânicos, com o presidente da Adega de Monção, Armando Rodrigues Fontainhas, a reforçar o seu posicionamento na continuidade do investimento na promoção externa, e a eleger como mercados-alvo de promoção Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Brasil, Suíça, Reino Unido, Noruega, Suécia e Japão, “novidade que acresce maior dinamismo e orientação de vendas externas”, disse.

 

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A cultura do vinho verde remonta ao século 12, mas foi a partir dos séculos seguintes que a viticultura floresceu na região do Minho. Há documentos que dão conta de que o verde foi um dos primeiros estilos de vinho português a ser exportado e hoje, à parte disputas entre produtores de outras regiões, é um dos produtos de maior orgulho do país, além do fado de Amália Rodrigues e da bacalhoada.

 

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O vinho verde, produzido na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, em Portugal, constitui uma denominação de origem controlada e cuja demarcação remonta a 1908.

Mas só em 1949 é que o vinho verde foi reconhecido internacionalmente como produto com denominação de origem controlada.

 

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Naturalmente leve e fresco, produzido na província do Minho, no noroeste de Portugal, uma região costeira geograficamente bem localizada para a produção de excelentes vinhos brancos. Berço da carismática casta Alvarinho e produtora de vinhos de lote únicos, a Região dos Vinhos Verdes oferece um conjunto ímpar de vinhos muito gastronómicos.

Com moderado teor alcoólico, e portanto menos calórico, o Vinho Verde é um vinho frutado, fácil de beber, óptimo como aperitivo ou em harmonização com refeições leves e equilibradas.

 

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A Região dos Vinhos Verdes, situada a norte do País, estende-se desde o rio Minho até sul do rio Douro, e representa 15% do total da área vitícola nacional com os seus 21 mil hectares de vinhedos, segundo a CVRVV Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.

 

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Com nove sub-regiões, algumas das quais associadas aos rios que a atravessam, nomeadamente Ave, Cávado, Lima, Paiva e Sousa, este território distingue-se pelos seus vinhos brancos diversos em que sobressaem alguns varietais a partir das suas castas autóctones: Alvarinho e Loureiro, em primeira instância, a que se seguem Trajadura e Avesso. Os vinhos tintos, em que predomina a casta Vinhão, são sobretudo consumidos regionalmente associados à gastronomia tradicional.

 

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“Agora, o que é preciso continuar a fazer, é que o vinho verde ganhe mais adeptos, dando-o a conhecer cada vez mais para que ganhe a projeção que se pretende e merece”, concluiu Pedro Carvalho.

 

 

JM//The Portugal Times// 19 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Estudantes protestam contra porte de armas na universidade do Texas, com brinquedos sexuais

Era o primeiro dia de aulas de um novo semestre na Universidade do Texas. O primeiro dia em que os alunos poderiam ir à escola na posse de armas, desde que estas não fossem visíveis. No entanto, para além de livros, material de escrita e portáteis, alguns alunos optaram não por levar uma arma, mas por se fazerem acompanhar por outro objeto que consideravam igualmente ridículo: um dildo, um brinquedo sexual com a forma de um pénis.

 

 

O resultado da manifestação foi, segundo o Washington Post, a exibição de cerca de 4.500 brinquedos sexuais de todas as cores e tamanhos nocampus da Universidade do Texas esta quarta-feira.

Jessica Jin, uma das pessoas à frente do protesto, explicou ao New York Times o motivo do protesto com recurso a brinquedos sexuais: “Estas leis não protegem ninguém. Os estudantes não as querem. É um absurdo. Por isso, eu pensei, temos de combater o absurdo com absurdo“.

 

 

Esta quarta-feira, alunos da universidade distribuíram os brinquedos sexuais a centenas de alunos que se encontravam a protestar contra a lei que entrou em vigor no dia 1 de agosto. Um dos organizadores do protesto considerou “obsceno” que o Estado permita que armas entrem no campus, acrescentando ainda: “Que melhor maneira de mostrar como nos sentimos que esta”?

 

 

Uma das manifestantes, Rosie Zander, explicou que enquanto as armas forem permitidas no campus os dildos também lá vão continuar, acrescentando ainda: “Se estão desconfortáveis com o meu dildo, não podem imaginar quão desconfortável eu estou com a vossa arma”.

 

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Milhares de estudantes tiraram fotografias e fizeram publicações nas redes sociais com os “brinquedos”. O protesto ficou conhecido na Internet como @CocksNotGlocks — uma brincadeira com o nome de um tipo de pistolas, a Glock, e o pénis.

 

 

Bob Harkins, vice-presidente da segurança no campus, relembra que mostrar publicamente um brinquedo sexual pode ser ilegal no estado do Texas, caso a pessoa que o transporte esteja a agir de uma forma obscena. A polícia que se encontrava no local não procurou fazer nenhuma detenção por os alunos estarem a manifestar uma posição política, acrescentou o vice-presidente.

 

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O primeiro dia de manifestação foi marcado na página de Facebook do movimento. Na publicação a apelar para que as pessoas assistissem ao protesto, podia ler-se: “Este evento ‘começa’ às oito da manhã porque esse é o primeiro bloco de aulas da Universidade do Texas. No entanto, este é um protesto contínuo — porquê deixar os teus dildos em casa se outras pessoas não deixam as armas delas em casa? Usa-os com orgulho até que a lei seja revogada”.

 

 

O presidente da Universidade do Texas já se mostrou contra a lei, mas diz que não teve escolha se não aceitar a decisão.

 

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Brian Bensimon, um dos alunos da Universidade do Texas, faz parte de um grupo nacional a favor de os alunos poderem exercer o seu direito a transportar armas nos campus universitários. O grupo diz que tem vários membros na universidade em Austin, mas Bensimon afirma que é o único.

 

 

O jovem envergou um cartaz na quarta-feira junto dos manifestantes que se mostravam contra a nova lei. “Posso não estar bem integrado nocampus, mas estou integrado no Estado”, afirmou o estudante.

 

 

Desde o dia 1 de agosto que se tornou legal transportar armas escondidas no campus universitário do estado do Texas, onde já era permitido transportar armas escondidas na rua. A permissão de levar armas para o espaço universitário já existia em sete estados americanos: Oregon, Idaho, Utah, Colorado, Wisconsin, Kansas e Mississípi.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//CNN//Washington Post//New York Times//Observador//26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

José Eduardo dos Santos foi reconduzido no cargo de Presidente de Angola com 99,6% dos votos

O líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) foi reconduzido no cargo com 99,6% dos votos, no VII congresso ordinário do partido. José Eduardo dos Santos, único candidato à presidência do partido, foi eleito com 2.543 votos a favor, cinco contra e cinco abstenções.

 

 

No poder há praticamente 37 anos, o líder e Chefe de Estado anunciou em março a sua saída da vida política. Numa recente reunião do Comité Central, José Eduardo dos Santos disse que em 2002, em eleições gerais, foi eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. “Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política ativa em 2018”, disse na altura.

 

 

Em simultâneo, foi também votada a única lista de 363 membros do Comité Central, que passou com 2.511 votos a favor, 37 contra e sete abstenções, correspondente a 98,35% da votação.

 

Líder do MPLA reconduzido no cargo com 99,6% dos votos 2

Num momento em que persistem dúvidas sobre a sucessão na liderança do partido e na candidatura do MPLA às eleições gerais de agosto de 2017, destaca-se a estreia de dois dos filhos de José Eduardo dos Santos no Comité Central. José Filomeno dos Santos (conhecido como Zenu) chega a este órgão proposto pela estrutura da juventude do partido, a JMPLA, e Welwitchia dos Santos (conhecida como Tchizé), proposta pela estrutura feminina do partido, a Organização da Mulher Angolana (OMA).

 

 

Os dados avançados à imprensa pelo porta-voz do congresso, Manuel Rabelais, dão conta que a eleição, pela primeira vez por voto eletrónico, decorreu “dentro do maior civismo e foi marcada pela transparência e democracia”. A estreia de novas tecnologias no conclave, segundo o porta-voz, garantiu “maior precisão de votos, lisura e economia de tempo”.

 

 

No terceiro dia de trabalhos do congresso, foram discutidas e aprovadas a resolução sobre a Moção de Estratégia do líder do partido para 2017-2021, o relatório dos Estatutos do Partido, os documentos finais Moção de Apoio ao Presidente Eleito pela dedicação ao MPLA, ao país e à pátria. Foram também aprovadas a Moção de Reconhecimento dos membros do Comité Central que cessaram o mandato, pela sua dedicação e empenho, a Moção de Agradecimento às individualidades intelectuais e coletivas que apoiaram a realizaram do VII congresso ordinário do partido, bem como apreciaram e aprovaram a Resolução Final, cujo conteúdo foi divulgado na cerimónia de encerramento.

 

 

À margem do congresso foi realizado um seminário, em que participaram membros das 27 delegações estrangeiras convidadas ao congresso sobre os Caminhos para a Consolidação da democracia e da diversificação da economia. Segundo o porta-voz, os trabalhos têm estado a decorrer num espírito de profunda discussão, participação ativa dos delegados e de respeito pelos princípios democráticos e no contraditório. “Está a ser um congresso produtivo e demonstrativo da grande força e da coesão interna do partido”, referiu.

 

 

UNITA repudia posição assumida por enviado do PCP no VII congresso do MPLA

 

 

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolana, repudiou nos “termos mais enérgicos” a posição assumida em Angola por Rui Fernandes do Partido Comunista Português (PCP). A reação da UNITA surge na sequência de uma referência que fez àquele partido na sua mensagem ao VII congresso ordinário do MPLA, partido no poder, que decorreu em Luanda.

 

 

A mensagem do PCP lembrava que aquele partido foi sempre solidário com Angola “na sua luta pelo fim do colonialismo português, pelo fim da agressão do ‘apartheid’ da África do Sul, pelo fim da ingerência do imperialismo e da ação criminosa da UNITA, pela conquista da paz e pela reconstrução do país”.

 

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Em comunicado, a UNITA lembrou que foi o PCP que “arquitetou a violação dos Acordos de Alvor, celebrados entre Portugal, então potência colonial, e os três movimentos de libertação nacional de Angola, ocasionando o fracasso do processo de descolonização de Angola e dando origem à guerra civil que devastou o país por longos anos”.

 

 

O documento acrescenta que num ato de coragem e maturidade patrióticas, os irmãos angolanos antes desavindos assumiram a responsabilidade histórica de pôr fim ao conflito que os opunha, proporcionando ao país e ao seu povo a oportunidade de viver em paz e reconciliados.

 

 

O maior partido da oposição angolana sublinha que é parte signatária dos Acordos de Bicesse, celebrados com o Governo de Angola, em maio de 1991, que abriu caminho ao multipartidarismo, além do Protocolo de Lusaca e do Memorando de Entendimento do Luena, que puseram fim à guerra civil angolana.

 

 

A UNITA entende que as declarações de Rui Fernandes em relação ao seu partido, que “procura com muito sacrifício manter e consolidar a paz e o espírito de reconciliação nacional, são uma ingerência inaceitável nos assuntos internos de um país independente, bem como um atentado à soberania e uma posição instigadora de novos conflitos”.

 

 

A terminar, a UNITA reitera o seu posicionamento favorável à manutenção das boas relações de amizade, irmandade e cooperação com o povo português e com as suas instituições democráticas. “A UNITA não tolerará nunca que agentes do mal, que estiveram na base do conflito que dividiu os angolanos procurem, outra vez, semear discórdia, inviabilizando a felicidade e o bem-estar da maioria dos angolanos”, lê-se no documento.

 

 

Na sua mensagem, o PCP manifestou-se solidário com o MPLA na defesa da soberania, da integridade territorial, da unidade e independência do país, da paz, dos direitos e do progresso social do povo angolano, rejeitando operações de desestabilização contra Angola, considerando que cabe ao povo angolano decidir soberanamente do seu presente e futuro liberto de quaisquer ingerências externas.

 

 

Jornalistas de Angola acusam MPLA de querer “censurar” as redes sociais

 

 

A criação de uma Entidade Reguladora da Comunicação Social em Angola (ERCA) está a preocupar os jornalistas angolanos. A medida foi aprovada em Conselho de Ministros, no final de junho, e a nova entidade surge para substituir o antigo Conselho Nacional de Comunicação Social.

 

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A ERCA terá como função garantir a objetividade e a isenção na informação, salvaguardar a liberdade de expressão e assegurar que a atividade dos media angolanos está em consonância com a Constituição. Mas o que está a deixar os jornalistas preocupados é a composição do órgão. Informação avançada pela agência Lusa no início deste mês revelava que o Conselho Geral da ERCA será constituído por 11 elementos. Cinco nomeados pelo partido com a maioria dos assentos parlamentares (o MPLA), dois pelos restantes partidos, dois membros do Governo e dois jornalistas indicados por organizações representativos da profissão.

 

 

A reação do MISA-Angola (Instituto de Comunicação Social da África Austral – Angola), que luta pela liberdade de expressão em África, chegou rapidamente pela voz do seu presidente, Alexandre Solombe. “Está-se logo a ver à partida que o partido que tiver a maioria no parlamento vai continuar a dominar o nível deste órgão”, lamentou o responsável, avisando que a entidade tem de ser “independente até na sua composição”. Em declarações à Lusa, Alexandre Solombe advertiu que a entidade reguladora não pode ser “politicamente alinhada com o regime”.

 

 

As críticas mais ferozes têm vindo do Maka Angola, o site criado pelo jornalista Rafael Marques para denunciar a corrupção no país. Num texto publicado na plataforma, o analista jurídico e professor de direito Rui Verde assegura: “Os jornalistas vão passar a ser escolhidos pelo MPLA”. O analista apelida até a ERCA de “Polícia da Comunicação Social”. O organismo, além das funções de regulador, terá ainda a função de atribuir as carteiras profissionais aos jornalistas. O título que permite a um jornalista exercer a profissão será retirado “sempre que o portador deixe de reunir as condições exigidas por lei para a sua aquisição”, o que é, para Rui Verde, “uma formulação devidamente genérica para deixar ampla margem de discricionariedade à ERCA”. O analisa vai mais longe: “Obviamente que a liberdade jornalística em Angola termina com esta lei”.

 

 

Rui Verde explica, noutro texto no Maka Angola, que “uma entidade que assume poderes de supervisão é uma entidade que fica dotada de poderes administrativos de intervenção direta, designadamente como instância de recurso e com capacidades revogatórias”. O grande problema, sublinha o jurista, é que os textos das leis incluem “cláusulas gerais e indeterminadas”, que “remetem as decisões para os aplicadores”.

 

 

A nova legislação é particularmente feroz para os meios de comunicação online. José Eduardo dos Santos tinha, no ano passado, assumido que “o país devia adotar assim que possível legislação adequada” para regular as práticas inaceitáveis nas redes sociais, como “transmitir conteúdos degradantes ou moralmente ofensivos”, como lembra o Daily Mail. Estas declarações foram feitas na altura em que os 17 ativistas angolanos, entre os quais Luaty Beirão, foram presos e as redes sociais se inundavam de mensagens de apoio. Muitos apoiantes dos ativistas tiveram inclusivamente de acompanhar o julgamento através de meios online, devido à falta de cobertura feita pelos meios de comunicação angolanos.

 

 

O jornalista Rafael Marques, um dos principais críticos do regime angolano, que já chegou a estar preso por causa de artigos que escreveu, diz que o MPLA quer “controlar e censurar qualquer tentativa de ativistas políticos usarem as redes sociais e a internet para alertar para os exemplos mais escandalosos de corrupção, nepotismo e abuso de poder”, citado pelo jornal britânico The Guardian.

 

 

José Eduardo dos Santos, à frente de Angola desde 1979, conseguiu aprovar o pacote de medidas, que inclui propostas para a Lei de Imprensa, Estatuto do Jornalista, Exercício da Atividade de Radiodifusão, Exercício da Atividade de Televisão e, finalmente, a criação da ERCA, pouco antes do congresso do MPLA.

 

 

A ERCA deverá substituir definitivamente o Conselho Nacional de Comunicação Social até ao final deste ano, após ser apreciada pela Assembleia Nacional.

 

 

 

TPT com: AFP//Reuters//Lusa//JD//PAULO NOVAIS/EPA//João Francisco Gomes//Observador// 26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Turquia invade norte da Síria em ofensiva contra Estado Islâmico e curdos

Uma unidade de tanques do Exército da Turquia invadiu a zona fronteiriça a norte da Síria depois de bombardear a zona, alegadamente sob controlo do Estado Islâmico. A região invadida fica a meio caminho entre Gaziantep, a cidade turca alvo de dois atentados na passada semana, e Aleppo, a cidade síria fustigada pela guerra civil no país ainda governado por Bashar al-Assad.

 

 

Numa altura em que o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se prepara para visitar a Turquia, o primeiro responsável norte-americano a fazê-lo desde a tentativa de golpe de Estado que aconteceu no mês passado, o Exército turco faz uma das maiores ofensivas, pelo menos dos últimos tempos, avança a imprensa turca.

As forças armadas turcas terão atingido cerca de 70 alvos na região fronteiriça de Jarablus com recurso a rockets, ataques aéreos e a artilharia terrestre, enviando também as forças especiais turcas como parte da ofensiva.

 

 

O ataque, segundo o presidente turco, tem como alvos o grupo terrorista Estado Islâmico, mas também as forças curdas na região que estão a combater o Estado Islâmico. As forças curdas são consideradas terroristas pelo governo turco, apesar de serem aliados dos EUA na luta contra o Estado Islâmico e das forças mais eficazes no terreno contra os avanços do movimento terrorista.

 

 

As forças turcas já haviam lançado ataques contra as forças curdas esta semana. O objetivo será evitar que os curdos, que lutam por um Estado independente há várias décadas, preencham o vazio que possa ser deixado pelo Estado Islâmico.

 

 

A região chamada de Curdistão abrange partes da Turquia, Síria, Iraque e Irão, sendo que a maior parte do território, que não é um país e só tinha autonomia em algumas partes do Iraque, está na Turquia.

 

 

Turquia promete maior intervenção na Síria, mas quer Assad longe

 

 

O primeiro-ministro turco anunciou que o país vai assumir um papel “mais ativo” na resolução da guerra civil na Síria durante os próximos seis meses. Binali Yildirim quer “reduzir a instabilidade” e resolver o “conflito étnico” que se verifica no país.

 

Turquia invade norte da Síria em ofensiva contra Estado Islâmico e curdos 2

“O derramamento de sangue tem de parar. Nem bebés, nem crianças, nem pessoas inocentes devem morrer. É por isso que a Turquia vai assumir um papel mais ativo nos próximos seis meses para evitar que o perigo se agrave”, explicou o responsável.

 

 

O objetivo é pôr fim à guerra civil que há cinco anos afeta a Síria. A Turquia é um dos países mais afetados pelo conflito — faz fronteira com a Síria e recebe mais de 2,7 milhões de refugiados sírios, o que já resultou em 15,7 milhões de dólares de custos (quase 14 milhões de euros), disse o governo à AFP.

 

 

Uma das condições para o apoio turco é a não intervenção de Bashar al-Assad — uma figura que, defende o responsável turco, deve estar afastada do futuro daquele país. “Nós acreditamos que o Daesh e Assad não devem estar no futuro da Síria”, disse, referindo-se ao Estado Islâmico e ao presidente da Síria, sublinhando que “fora de questão” encetar um diálogo com Assad, escreve a Reuters. Ainda assim, Binali Yildirim aceita que Assad fique “temporariamente”, durante uma transição, porque “quer gostemos ou não, [Assad] é um dos atores principais na situação”.

 

 

O objetivo da participação “mais ativa” da Turquia é também evitar que a Síria fique dividida por um “conflito de etnias”. “O nosso apoio implica que a Síria não se divida com base em etnias”, sublinhou Yildirim. Nos últimos 5 anos os grupos curdos ganharam terreno, resultando em alguns conflitos com grupos da maioria árabe na Síria.

 

 

Na sexta-feira, nota a Reuters, as autoridades curdas evacuaram milhares de civis de áreas detidas pelos curdos devido aos ataques aéreos encetados pelo governo sírio. Ainda no fim desta semana em Hasaka, cidade síria, um novo confronto entre a milícia curda e o governo de Damasco resultou no conflito “mais violento” de sempre entre aquelas duas forças.

 

 

Carro armadilhado explode junto a edifício policial na Turquia e faz pelo menos onze mortos

 

 

 

Um veículo armadilhado explodiu hoje junto a um edifício policial situado a 50 metros de uma esquadra, em Cizre, na Turquia, por volta das sete da manhã (4h00 em Lisboa).

 

Turquia invade norte da Síria em ofensiva contra Estado Islâmico e curdos 3

A agência noticiosa do estado turco, a Anadolu, anunciou que morreram onze polícias e dezenas de pessoas ficaram feridas na cidade junto à fronteira com a Síria.

 

 

A Anadolu afirmou que militantes curdos com ligação ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) foram responsáveis pelo ataque, embora o ataque não tenha ainda sido reivindicado.

 

 

Pelo menos doze ambulâncias e dois helicópteros foram enviados para o local, informou o ministro da Saúde.

Em meses recentes, o PKK levou a cabo uma série de ataques com carros armadilhados na Turquia.

 

 

TPT com: Reuters//Nuno André Martins//Catarina Marques Rodrigues//Observador// 26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

O país transalpino está a ser frequentemente muito afetado por terramotos. Porque treme Itália?

Nos últimos onze anos, Itália foi abalada por 28.300 sismos com magnitude igual ou superior a dois graus na escala de Richter. A grande maioria destes terramotos não provocou danos nem sequer foi sentida, mas o volume de ocorrências dá uma ideia de como o país é vulnerável à atividade sísmica. Não é muito frequente mas, de tempos a tempos, dá-se um abalo mais forte que deixa um rasto de destruição e vítimas. Aconteceu em 2009, quando mais de 300 pessoas morreram num sismo que arruinou L’Aquila, uma cidade do século XIII. Aconteceu novamente em 2012, a norte da cidade de Bolonha. Morreram 16 pessoas e mais de 350 ficaram feridas.

 

 

O sismo de L’Aquila teve uma magnitude de 6,9 na escala de Richter. O de Amatrice teve uma magnitude “que não é nada de excecional”, mas aconteceu “muito próximo da superfície [a 10 quilómetros de profundidade] e muito próximo de zonas habitadas”, explica ao Observador Fernando Carrilho, chefe da Divisão de Geofísica no Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Além disso, muitos destes sismos acontecem próximo de localidades que têm zonas históricas muito grandes e que não estão preparadas para resistir aos abalos sísmicos mais fortes.

 

 

Neste mapa estão os maiores terramotos sentidos em Itália durante o século XX. Desde 1908 — quando a terra abanou na Sicília e matou mais de 80 mil pessoas — até esta quarta-feira, morreram cerca de 120 mil pessoas na sequência de sismos.

 

 

Uma parte significativa do território italiano tem um nível elevado de perigosidade sísmica, sobretudo na região central e do sul. Isto deve-se ao facto de o país estar num local da Terra onde se encontram duas placas tectónicas: a euro-asiática e a sub-placa do Mar Adriático. Foi da colisão dessas duas estruturas que nasceram as montanhas dos Apeninos, que atravessam Itália de norte a sul. Essas placas continuam a mover-se e, por isso, os sismos são frequentes. O terramoto de L’Aquila foi provocado pelo afastamento abrupto das placas; o de Bolonha, em 2012, deveu-se ao movimento contrário, o choque. Agora, foi novamente o afastamento das placas que provocou o sismo.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 2

Todos os anos há entre seis a sete mil sismos em Itália, segundo os dados do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia daquele país. Mas há anos que escapam a estas estatísticas, como 2009, em que se registaram perto de 23 mil abalos, 17 mil dos quais na região em redor de L’Aquila.

 

 

Porque é que a Terra abana?

 

 

O planeta Terra é composto por camadas: a crosta terrestre, o manto e o núcleo, todas elas separadas por fronteiras a que os geólogos chamam “descontinuidades”. A crosta terrestre é semelhante a um puzzle, em que cada uma das peças chama-se “placa tectónica”. Em alguns casos, essas placas chocam entre si — são as placas convergentes, onde a crosta terrestre se destrói. Noutros casos, as placas afastam-se uma da outra — são as placas divergentes, onde a crosta terrestre se renova. E ainda há locais onde elas não se afastam nem aproximam, mas roçam uma na outra — são as placas conservativas.

 

 

É então fácil de perceber que a crosta terrestre nunca está quieta. Ela mexe-se porque está assente numa camada plástica. Essa camada é o manto, onde está armazenado o magma que é expelido pelos vulcões. A 70 quilómetros de profundidade, a Terra não está mais sossegada do que cá em cima. Lá em baixo, o magma está numa constante circulação lenta. Isto acontece porque as rochas que existem no manto estão a temperaturas diferentes umas das outras: na parte mais profunda do manto, mais próxima ao núcleo terrestre, as rochas estão a temperaturas muito mais altas (algo como 4800ºC). Mas na parte mais superficial do manto, próxima à crosta terrestre, as temperaturas são mais baixas (rondam os 150ºC). Ora, o magma a temperatura mais alta é também menos denso, por isso sobem para os patamares mais superficiais do manto. O magma a temperatura mais baixa, por ser mais denso, afunda-se para as zonas mais profundas do manto.

 

 

Isto provoca uma corrente: são as correntes de convecção. O magma menos denso, ao chegar à zona mais superficial do manto, aferrece e torna-se mais denso, tendendo portanto a voltar a afundar-se. Ao mesmo tempo, o magma mais denso aquece quando chega às profundidades do manto, tornando-se menos denso, o que o obriga a subir.

 

 

Toda esta dança que ocorre no manto faz com que as placas tectónicas, que assentam sobre ele, se movimentem. Durante esse movimento de placas ocorre uma verdadeira luta onde umas exercem pressão sobre as outras, conforme explica a Teoria do Ressalto Elástico. As rochas são materiais pacientes: todas elas têm um limite elástico, que é a tensão máxima que um material pode suportar, armazenando energia, sem sofrer deformações. Mas a paciência tem limites, até quando falamos de pedras. Quando o material terrestre fica submetido a uma tensão que ultrapassa o seu limite elástico pode comportar-se de duas maneiras: dobra-se ou fratura-se. É neste último caso que ocorrem os sismos, que não são mais que a libertação de toda a energia que as rochas próximas às fronteiras das placas acumularam ao longo de um determinado período de tempo. Como é nos limites das placas convergentes e das placas conservativas que os níveis de tensão a que as rochas estão sujeitas são maiores, é nessas onde a atividade sísmica é mais frequente e mais intensa.

 

 


Número de mortos até ao momento sobe para 250

 

 

O sismo de magnitude 6,2 que abalou a região central de Itália na madrugada desta quarta-feira já provocou a morte de 250 pessoas, segundo um novo balanço feito pela presidente da Proteção Civil italiana, Immacolata Postiglione. O ministro da Saúde italiano admite que há várias crianças entre as vítimas.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 3

De acordo com Postiglione, o balanço é ainda provisório, uma vez que se teme que existam outros mortos nos escombros das localidades mais afetadas. A presidente adiantou ainda que o número de feridos hospitalizados é de 365.

 

 

Os últimos dados oficiais, também divulgados pela Proteção Civil, apontavam para 247 vítimas mortais. Segundo o jornal italiano Corriere della Serra, 215 pessoas foram retiradas vivas dos escombros pelas equipas de salvamento, que trabalharam durante toda a noite.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 4

Uma nova réplica de magnitude 4,3 na escala de Richter fez-se sentir no início da tarde desta quinta-feira na região de Amatrice, provocando o colapso de edifícios que já estavam danificados. As equipas médicas foram chamadas ao local.

 

 

O comandante nacional da Proteção Civil, Fabrizio Curcio, admitiu num programa no canal de televisão Rai 1 que “as operações ainda estão a decorrer, pelo que o número deverá subir”. Numa outra entrevista, à SkyTg24, Curcio admitiu “não ficar surpreendido” se o número de mortos exceder o do sismo de Áquila, em que morreram pelo menos 300 pessoas.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 5

De acordo com informações dos ministérios dos negócios estrangeiros de Espanha e da Roménia, entre as vítimas mortais encontram-se um espanhol e dois romenos. O número total de desaparecidos ainda está por determinar.

 

 

Vários milhares de pessoas ficaram desalojadas. Os últimos dados apontam para 2.500 pessoas, a maioria nas localidades de Pescara e Arquata del Tronto.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 6

O sismo teve epicentro (vermelho) a dois quilómetros de Accumoli (verde), tendo afetado ainda Amatrice (amarelo) e Arquata del Tronto (azul). A região afetada fica a mais de 100 quilómetros a nordeste da capital, Roma.

 

 

As buscas envolvem neste momento 880 bombeiros, apoiados por 250 viaturas. No total, há 4.370 pessoas envolvidas nas operações de resgate, nove helicópteros e ainda 50 brigadas caninas, detalhou o ministro do Interior, Angelino Alfano, em comunicado. O Papa Francisco enviou seis bombeiros da pequena brigada do Vaticano para ajudar nas operações.

 

 

Ao Corriere della Sera, as autoridades admitiram que “ainda podem estar cerca de dez pessoas” debaixo dos escombros do hotel Roma, em Amatrice, que tinha pelo menos 70 hóspedes na altura. Já foram recuperados sete cadáveres, mas as autoridades já explicaram que muitos dos hóspedes tinham conseguido fugir do hotel.

 

 

Em Arquata del Tronto, uma das regiões mais afetadas em termos de infraestruturas, dois voluntários que estão a ajudar nas buscas disseram à imprensa italiana que os cães da polícia já não conseguem detetar sobreviventes nos escombros. “Obviamente, não é um bom sinal, mas ainda temos esperança”, disseram os voluntários.

 

 

Desde o sismo, que teve epicentro a sudeste de Norcia, cidade da província de Perugia (Umbria), a terra voltou a tremer mais de uma centena de vezes. A mais recente réplica, de 4,7 foi registada esta madrugada, a sete quilómetros a leste de Norcia.

 

 

O sismo já é um dos mais mortíferos das últimas décadas em Itália, com o número de vítimas a aproximar-se do sismo de Áquila, em 2009, que matou mais de 300 pessoas. Este sismo, com uma magnitude de 6,7, teve epicentro na cidade de Áquila, na região de Abruzos, deixou mais de mil feridos e pelo menos 60 mil pessoas ficaram desalojadas. Pode ver aqui a história de 40 anos de sismos em Itália.

 

 

TPT com: Reuters//EPA//Lusa//João Pedro Pincha//Maria Leite Ferreira//Observador// Rita Cipriano//João Francisco Gomes//26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Portugal despede-se do Rio de Janeiro com muitos diplomas e uma só medalha

 O bronze da judoca Telma Monteiro ‘coloriu’ a prestação portuguesa nos Jogos Olímpicos Rio2016, num conjunto de resultados em que ‘sobraram’ diplomas e lágrimas, faltaram medalhas e foram bem mais os que sobressaíram do que os dececionaram.

 

 

No geral, Portugal mostrou ter poucos atletas capazes de lutar por medalhas, mas muitos, em variadas modalidades, com qualidade, mesmo sem as condições de outros, para se baterem por muito honrosos lugares no ‘top 10’ – chegaram lá 19 e um recorde de 10 entre os seis melhores.

 

 

O ‘falhanço’ do canoísta Fernando Pimenta, que não logrou a anunciada medalha em K1 1.000 metros, ficando a sensação que a teria arrebatado com Emanuel Silva em K2, e as desistências – foram poucas – das maratonistas Sara Moreira e Jéssica Augusto foram o mais negativo, juntamente com a vela, de novo sem qualquer ‘Medal Race’.

 

 

Ainda assim, manteve-se a média de uma medalha por jogos, com 24 (quatro de outro, oito de prata e 12 de bronze) em 24 participações, com a segunda melhor pontuação de sempre: 41 pontos (de oito a um pontos do primeiro ao oitavo), contra os 44 de Atenas2004, a contrastar com 78.º lugar no ‘medalheiro’, o pior registo desde o ‘zero’ de Barcelona1992.

 

 

Em termos de modalidades, o judo ‘vence’, à custa do bronze de Telma Monteiro, mas foi a canoagem que voltou a apresentar o melhor conjunto de resultados, com um quarto lugar (K2 1.000), um quinto (K1 1.000) e um sexto (K4 1.000), contra os três sextos do atletismo, dois no triplo salto (Nelson Évora e Patrícia Mamona) e um nos 20km marcha (Ana Cabecinha).

 

 

O quinto lugar de Marcos Freitas, no ténis de mesa, da equipa de futebol, que veio muitíssimo desfalcada, e de João Pereira, no triatlo, e o sétimo do ciclista Nelson Oliveira, no contrarrelógio, merecem também nota muito alta.

 

 

Mais atrás, menção honrosa para Rui Bragança, com um nono lugar que devia ser quinto no taekwondo, e a cavaleira Luciana Diniz, demasiado penalizada por apenas um toque na final de saltos de obstáculos, que a atirou para nona.

 

 

Ainda no ‘top 10’, ficaram os judocas Sergiu Oleinic e Joana Ramos, Susana Costa, no triplo salto, Rui Costa, na prova de estrada de ciclismo, o par de ténis, composto por João Sousa e Gastão Elias, e a equipa de ténis de mesa, azarada no sorteio, que lhe colocou logo pela frente a Áustria.

 

 

Uma palavra de elogio também para os veteranos João Costa, que falhou por muito pouco as duas finais de tiro, e João Rodrigues, o porta-estandarte da Cerimónia de Abertura, o melhor da vela, com o 11.º lugar em RS:X.

 

 

Destaque ainda para o melhor resultado de sempre na ginástica artística, por Filipa Martins, o primeiro triunfo no ténis, selado por Gastão Elias e repetido por João Sousa e o par, e os recordes do nadador Alexis Santos.

 

 

Quanto ao badminton, a qualidade dos adversários não ‘deixou’ avançar Pedro Martins e Telma Santos, e os golfistas, os primeiros de sempre de Portugal, numa modalidade que regressou 112 anos depois, estiveram infelizes, acima do par, com Filipe Lima melhor do que Melo Gouveia, que foi último.

 

 

Presidente do COP assume responsabilidade por resultados aquém dos objetivos no Rio2016

 

 

“Creio que neste momento aquilo que é importante é avaliarmos os resultados alcançados e os resultados alcançados ficaram aquém das nossas expetativas”, disse à comunicação social o líder do COP, um dia após o encerramento dos Jogos, em que Portugal conquistou uma medalha de bronze, através da judoca Telma Monteiro.

 

Portugal despede-se do Rio com muitos diplomas e uma só medalha 2

Manifestando-se dividido, por um lado “feliz, satisfeito, pelo empenho, pelo esforço, pela dedicação, pela forma como a missão viveu nestes Jogos”, José Manuel Constantino diz, por outro lado, ter a obrigação, perante o país, de reconhecer que os objetivos não foram atingidos.

 

 

“O presidente do COP assumiu um compromisso quando celebrou com o Governo um programa de apoio à preparação olímpica. (…) Não há outro responsável. O primeiro responsável pelo facto de os objetivos não terem sido atingidos sou eu. (…) Não tenho de me queixar do Governo, nem deste nem do anterior. (…) Se tenho de me queixar, é de não ter sido suficientemente capaz de mobilizar todos aquele que envolvem a participação numa missão olímpica, para que os resultados pudessem corresponder áquilo que tínhamos estimado”, afirmou.

 

 

Eleito em março de 2013 para suceder a Vicente Moura, José Manuel Constantino disse ter já uma decisão tomada sobre o futuro, mas escusou-se a dizer se vai continuar no cargo no ciclo olímpico que termina com os Jogos de 2020, Tóquio.

 

 

“Acho que tenho a obrigação de lealdade e de respeito de ser a Comissão Executiva a primeira entidade a que devo dar conta quer da avaliação, quer do balanço, quer da minha decisão relativamente ao futuro. Tenho uma decisão tomada sobre o futuro”, assumiu.

 

 

O presidente do COP não desvaloriza a qualidade de alguns dos resultados obtidos no Rio de Janeiro, que considera extraordinários, mas insiste que as metas não foram alcançadas: “Nós tínhamos definido duas posições correspondentes aos três primeiros lugares [medalhas], conseguimos uma. Tínhamos definido 12 posições correspondentes aos lugares compreendidos entre o quarto e o oitavo, conseguimos 10. E tínhamos previsto entre o nono e o 12.º cerca de 12 posições e conseguimos 15. Portanto, dos três objetivos, apenas um foi cumprido”, detalhou.

 

 

Além da medalha de Telma Monteiro, a canoagem conseguiu um quarto lugar (K2 1.000), um quinto (K1 1.000) e um sexto (K4 1.000), no atletismo registaram-se dois sextos no triplo salto (Nelson Évora e Patrícia Mamona) e um nos 20 km marcha (Ana Cabecinha), enquanto Marcos Freitas, no ténis de mesa, João Pereira, no triatlo, e a seleção de futebol ficaram em quinto e o ciclista Nelson Oliveira foi sétimo no contrarrelógio.

 

 

Nas modalidades que à partida via com potencial para conquistar medalhas, a que mais desiludiu o presidente do COP foi o ténis de mesa, mas somente na vertente por equipas, em que foi eliminada na primeira ronda, perante a Áustria, campeã europeia.

 

 

“Relativamente ao Marcos Freitas, o comportamento foi extraordinário. O quinto lugar é extraordinário nos Jogos Olímpicos. (…) Eu faço uma avaliação em função dos objetivos que nós determinámos. E em função dos objetivos que determinámos, o resultado fica aquém daquilo que era estimando. Isso não significa que não tenham sido alcançados resultados como os referidos, que têm uma valor extraordinário”, explicou.

 

 

Chefe de Missão minimiza falta de medalhas nos Jogos Olímpicos

 

 

José Garcia, chefe de missão de Portugal nos Jogos Olímpicos, minimizou a falta de medalhas da delegação portuguesa no Rio de Janeiro. Em declaraçoes aos jornalistas após a final da Canoagem K4 1000 metros, em que Portugal terminou no sétimo lugar, este sábado, o dirigente afirma que esta foi a melhor participação de sempre em termos de resultados nos seis primeiros”.

 

Portugal despede-se do Rio com muitos diplomas e uma só medalha 3

O balanço é positivo. Temos uma participação que é a melhor de sempre em termos de resultados nos seis primeiros: temos dez. Temos uma medalha, a da Telma Monteiro, uma medalha merecida não só porque ela tem um currículo desportivo extremamente rico, mas também porque tem um nível que o comprovou. Além disso, temos uma missão que participou em 58 competições, e que das quais levamos daqui uma série de resultados com relevância”, justificou.

 

 

Garcia cita alguns dados que demonstram a melhoria nos resultados da delegação portuguesa em relação aos Jogos Olímpicos anteriores. “Destes sextos lugares, temos dez e dobramos Londres, quando tínhamos cinco. Por exemplo, em Atenas tivemos sete, Sidney [terminamos] com cinco. Das 58 provas que participamos, em onze delas conseguimos o diploma [olímpico], em 17 delas ficamos nos 10 primeiros, em 22 provas ficamos nos 16 primeiros. Portanto, revela-se uma melhoria no nível desportivo da equipa portuguesa”. O dirigente relembra ainda que “resultados de duas medalhas [na história dos Jogos Olímpicos] só aconteceram cinco vezes e resultados de três medalhas aconteceram três vezes”

 

 

Garcia reconhece, no entanto, que o país “não deu a melhor condição para os seus atletas comparado com outros países”. “Mas aquilo que se faz, fez-se bem”, comemora. “Há que relevar o fato de que há atletas que vieram aqui pela primeira vez e que são jovens, que participaram, que se empenharam e tentaram concretizar os seus sonhos”, defende.

 

 

Questionado se há perspetiva de melhoras nos resultados para o próximo ciclo olímpico, disse acreditar que esta é uma questão de “foro político”. “Caberá ao Secretario de Estado de Desporto e Juventude, ao Comité [Olímpico de Portugal], às federações, definir o melhor caminho para o desporto em Portugal”, sentenciou.

 

 

Garcia minimizou as críticas que alguns atletas portugueses fizeram sobre a falta de investimento do governo ao desporto de alto rendimento, citando o caso de Rui Bragança, no Taekwondo, que afirmou que só percorreria novamente o caminho olímpico “se houver condições”. “Ele referiu que já não consegue mais aguentar esta situação, que sem o apoio dos pais não conseguiria, mas também disse que sem o apoio da bolsa do próprio comité olímpico não tinha chegado aqui onde chegou. Estamos empenhados em criar as melhores condições para que eles consigam prolongar este apoio, porque seria uma grande perda para Portugal.”

 

 

O chefe de missão disse ser otimista quando ao futuro do desporto olímpico do país e faz um pedido aos portugueses: “Aqueles que, durante estes quatro anos, não acompanharam as nossas competições, não assistiram as competições dos nossos atletas, que o façam cada vez mais e que ajudem a valorizar o papel que estes atletas têm realmente em Portugal.”

 

 

Jogos Olímpicos. Portugal é mesmo uma casa (desportiva) onde não há pão?

 

 

Os atletas olímpicos pedem mais apoios ao Estado. E o Estado responde que não tem mais do que os que dá. Esta é uma história “com barbas” e que tem tido (alguns) epílogos felizes. Sorte? Superação?

 

Portugal despede-se do Rio com muitos diplomas e uma só medalha 4

No Rio2016, Nelson Évora não foi de meias palavras: “Vou ser sempre uma voz ativa para mudar as coisas. Não sou de dizer o que é melhor para o meu bolso; direi sempre o que é melhor para o atletismo”

 

 

Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. E entenda-se por “pão” — trazendo o ditado para o presente e o Rio2016 — as medalhas. Ou a ausência destas. Mas entenda-se sobretudo por “pão”, hoje, a ausência de tudo, ou de quase tudo, nas condições de treino, nos apoios financeiros, uma ausência de que os atletas olímpicos se queixam, culpabilizando o Estado. O Estado, por sua vez, afirma que está a fazer o possível para que tudo mude, que muito fez até aqui e muito mudou, e que mais não faz por faltar “pão”. E desta feita o “pão” é o mesmo que falta a todas as “mesas”, a dos atletas em particular, do país em geral: dinheiro.

 

 

Para alguns, portugueses comuns, os Jogos Olímpicos foram uma desilusão. Medalhas só houve uma, no singular, o bronze de Telma Monteiro no Judo. Mas a participação olímpica de Portugal no Rio2016 não foi uma desilusão. Quanto a resultados, e mesmo sem mais medalhas para trazer ao peito na volta, nunca Portugal teve tantos e tão bons resultados, com vários atletas a conseguirem diplomas olímpicos, ou seja, a chegar a finais e concluí-las nos oito primeiros lugares.

 

 

Mas mesmo os “desiludidos” deram por si, à hora de almoço, madrugada dentro, às vezes à tardinha, quando Agosto é mês de férias e de praia, de olhos colados na TV, para ver Filipa Martins na ginástica – ainda que para muitos um conner spin ou um backflip sejam pontas-de-lança paraguaios do Benfica  –; para ver Nelson Évora superar o calvário das lesões e tentar reeditar o ouro de Pequim2008; para ver Rui Bragança no taekwondo, estranhando-lhe toda aquela “coreografia” de pontapés no ar e gritinhos de mister Miyagi; ou, por fim, para ver Luciana Diniz e a égua Fit for Fun 13, a saltarem até à última pelas medalhas.

 

 

Muitos dos que os viram, dos que por eles torceram, nunca antes o haviam feito. Portugal não é, quer queiramos quer não, um país que tradicionalmente apoie o desporto. Portugal é um país de futebol, ponto. É pelo menos nisso que acredita o canoísta Fernando Pimenta, quando dele se exigiu uma medalha e acabou traído pelas algas.

 

 

“Há pessoas que talvez só se preocupem com modalidades na altura dos Jogos Olímpicos. E provavelmente nunca viram desporto sem ser o futebol”, lembrou Pimenta. E acrescentou: “Eu gostava que todas as modalidades não conquistassem diplomas, conquistassem medalhas. Mas, como o Rui Bragança referiu, enquanto a cultura desportiva em Portugal não melhorar em termos de apoios privados – e não falo só na canoagem, mas em nome de todas as modalidades -, é difícil.”

 

 

Do taekwondo ao triatlo, da natação ao triplo salto: todos querem mais para ser melhores

 

 

Falemos então, e à boleia de Pimenta, de Rui Bragança. Poucos como Bragança foram tão críticos do Estado e do apoio (ou falta dele) que este dá aos atletas. Rui Bragança foi duas vezes o melhor da Europa. Ainda é o campeão em título. Foi vice-campeão Mundial (na categoria -58kg) de taekwondo. À parte de ser atleta, é também estudante de medicina.

 

 

E embora os 24 anos lhe permitam ambicionar a mais na modalidade, quem sabe a uma medalha em Tóquio2020, Bragança pondera deixar de competir e dedicar-se, em exclusivo, à saúde e à profissão de médico. É que tudo a quanto vai, tudo quanto vence, é pago do seu bolso. Ou do bolso dos pais. E fez questão de o relembrar no final da sua participação no Rio de Janeiro.

 

 

“Os últimos dois anos para a qualificação foram incrivelmente duros. Agora tenho de recuperar, aliviar a cabeça e depois logo se vê. Só vou [aos próximos Jogos Olímpicos] se houver condições. Podia dar, voltar a pedir aos meus pais, mas… Tem a ver com patrocínios, apoios, porque estar a fazer as coisas à maluca e bola para a frente, assim não dá. Pode ser que as coisas mudem depois destes Jogos Olímpicos. Nós andávamos a ir competir em voos low cost, a andar em hostels… Eu e o Nuno [colega de treino] podíamos escrever um livro sobre isso”, lembrou.

 

 

Sucediam-se as críticas. O triatleta João Pereira, sexto no Rio de Janeiro, também o foi. “Sinto que para conseguir uma medalha temos de ter melhores condições de trabalho, melhor estrutura”, alertou. Pereira está há uma década a treinar no Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor. Mas diz que pouco mudou e muito há por mudar.

 

 

“Estou no CAR do Jamor há dez anos. Penso que aquilo estava igual há 30 anos e em dez anos não se fez nada de novo. Há novas técnicas de tratamento, como banhos de gelo, massagens, tudo o que possa melhor a recuperação. Em tudo o que seja recuperação, há muito que trabalhar. Sendo aquilo um centro nacional de treino, tinha todo o interesse em ter melhores condições. Se querem medalhas, têm de trabalhar para isso. Tem de haver condições para isso, porque nós fazemos o melhor a cada dia”, argumentou.

 

 

É tudo? Não. Na natação, Alexis Santos – o único português, a par do lendário Alexandre Yokochi, a conseguir uma medalha num Europeu; Alexis foi bronze e Yokochi prata – chegou à meia-final dos 200 metros estilos (a primeira em 28 anos) e conseguiu o terceiro melhor resultado português de sempre na modalidade. Mas Alexis Santos foi duro quando saiu da água. E esperançoso:

 

 

“Espero que agora haja uma mudança, mais apoio aos atletas, mais condições de treino, que isso é o que falta em Portugal, na minha opinião. E eu sinto na pele essa falta de apoio. Espero que em Tóquio possa ser diferente. Espero estar a lutar com estes atletas de topo, cara a cara, olhando para eles diretamente nos olhos.”

 

 

Mas se há voz, mais do que as anteriores, que deve ser escutada – e far-se-á escutar no “poder” –, é a de Nelson Évora, medalha de ouro no triplo salto em Pequim2008.

 

 

“Todos os atletas, os grandes atletas portugueses, pedem melhores condições, mas não se veem resultados. Nós sabemos que o poder é que manda nisto tudo. Nós, atletas, só somos válidos, só olham para nós, enquanto estamos na pista, enquanto entretemos as pessoas. É triste, mas é uma realidade. Nunca me vou conformar com isso. Vou ser sempre uma voz ativa para mudar as coisas. Não sou de dizer o que me convém, só porque é melhor para o meu bolso; direi sempre o que é melhor para o atletismo, pelo qual sou apaixonado desde os sete anos de idade”, atirou Nelson de chofre, desde da final em que participou e obteve o sexto lugar.

 

 

 

Aurora Cunha. No meu tempo é que (não) era bom

 

 

 

 

Mas foi sempre assim? Tão mau? Não. Foi pior. Muito pior. Que o diga Aurora Cunha, uma das melhores e mais medalhadas atletas portuguesas de sempre em corta-mato, meio-fundo e fundo. Isto, nas décadas de 1970 e 1980, quando o CAR do Jamor era só árvores e mato.

 

 

Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, Aurora conseguiu o 6º lugar nos 3.000 metros. Na maratona, foi a mais duas olimpíadas, em Seul1988 e Barcelona1992, mas haveria de desistir em ambas. À parte disso, foi campeã mundial de estrada em três anos consecutivos — 1984, 1985 e 1986 — e venceu as maratonas de Paris (1988) ou Tóquio (1988). Aos títulos nacionais perdeu-lhes a conta.

 

 

Em 1976, o treinador de então, Toninho “Serralheiro”, levou-a, e a mais cinco atletas, aos Nacionais, no Jamor. E ao Diário de Notícias, há poucos dias, Aurora recordou: “Corria porque gostava, nessa altura não sonhava com o que estava para vir. Para nós era uma alegria [ir aos Nacionais], só por irmos à capital. Mas não tínhamos dinheiro para ficar numa pensão ou num hotel, e os nossos pais também não podiam ajudar. Houve um primo do Toninho, que vivia em Monsanto, que se ofereceu para nos deixar ficar em casa dele e da mulher.”

 

 

Mas os problemas de Aurora não terminaram aí. “Esse lado estava resolvido. Depois, todas tivemos um problema com os nossos pais, por irmos acompanhadas com um homem casado. Teimámos, mas foi terrível! Um empresário que conhecia a minha irmã sabia das nossas dificuldades e deu-me 7$50 para eu comprar uns sapatos de bicos, que eu até aí corria com umas sapatilhas muito duras, desconfortáveis para correr. Lembro-me de que nem sequer havia o meu número, o 36, mas eu resolvi rapidamente a questão: comprei uns 37 e enchi a frente com jornais, de maneira que o sapato não saísse… E lá fomos, três para os 800 metros, outras três para os 1500″, explicou.

 

 

À época, em 1976, Aurora Cunha nunca havia pisado uma pista de atletismo. Corria à volta de um campo de futebol, no clube da terra, o Juventude de Ronfe, de onde se mudaria depois para o FC Porto. “Quando pisámos o tartã, nós não corríamos, voávamos! Sei que logo ali bati o recorde nacional, que era da Rosa [Mota]… Ainda brinquei com os jornalistas, apesar de ser muito tímida, quando lhes disse que tinha ganho por causa da biqueira dos sapatos 37, que chegava primeiro do que eu. Fomos festejar e, no dia seguinte, seguimos para os 3000 metros. Outro recorde nacional, na primeira ocasião que pisava uma pista”, contou Aurora ao Diário de Notícias.

 

 

No FC Porto, ganhava mensalmente 1.800 escudos. Um ordenado que lhe servia para comprar os equipamentos desportivos e pagar as viagens para as provas em que competia. Mais: Aurora Cunha, para além de ser atleta, trabalhava também numa empresa têxtil em Ronfe. Começou a trabalhar com 14 anos. E só após os Jogos Olímpicos de Los Angeles se tornou profissional de atletismo e deixou de “pegar todos os dias às oito da manhã”, mesmo voltando (do Porto) a Ronfe a altas horas e depois de treinar na noite anterior à chuva e ao frio.

 

 

A propósito de treino, Aurora Cunha chegou a treinar por correspondência. E essa é uma história que recorda muitas vezes: “Sim. Quando o professor Fonseca e Costa deixa o FC Porto e regressa a Lisboa, passámos a treinar por correspondência. Havia uma confiança muito grande entre técnico e atleta. Os planos eram traçados por antecipação e eu cumpria à risca, sabendo que, se não o fizesse, não estava lá o treinador para me chamar a atenção. Mas eu sabia que ele queria o melhor para mim.”

 

 

Hoje tudo é diferente do tempo em que Aurora competia. Muitos atletas são profissionais, no atletismo e não só. E os que não são, beneficiam (ainda assim) de uma legislação — Decreto-Lei n.o 123/96 de 10 de Agosto — que lhes reconhece o estatuto de atletas de alta competição. Esta legislação prevê, por exemplo, a isenção de IRS e de Segurança Social, o apoio no pagamento de propinas escolares, bem como patrocínios a longo prazo — como o da Santa Casa da Misericórdia, coordenado pelo Comité Olímpico de Portugal –, um salário mensal ou a inclusão no Centro de Alto Rendimento do Jamor, o tal de que João Pereira do triatlo falou.

Mas pode o Estado fazer mais por estes atletas?

 

 

O Estado português diz que “toda a gente reconhece que já estivemos muito pior”

 

 

Confrontado com as declarações de Rui Bragança, o Secretário de Estado do Desporto João Paulo Rebelo destacou que os apoios existentes por parte do Governo são os possíveis.

 

 

“Parto sempre deste princípio: olhar para trás, ver de onde vimos, onde estamos e, obviamente, ter a ambição do futuro. Os apoios são os que um país da nossa dimensão, com os nossos recursos; acho injusto compararmo-nos com outros países”, respondeu.

 

 

E enalteceu depois o atleta do taekwondo: “O que me apraz dizer é que, enquanto membro do Governo, não consigo dizer outra coisa que não seja que nós todos gostaríamos que os apoios fossem muito maiores. Agora há uma coisa que tenho certeza absoluta, o Rui Bragança é um desportista e um jovem que é um exemplo, porque é alguém que tem conseguido ter uma carreira dual, consegue ter um percurso académico exemplar e o desportivo que é muito conhecido por todos.”

 

 

O responsável pela tutela do desporto explicou ainda que os apoios são “sempre escassos porque os meios são sempre escassos”, mas salientou que há um esforço “muito grande do Estado em apoiar”. “Se olharmos para trás, certamente que toda a gente reconhece que já estivemos muito pior. Por isso, o nosso caminho no Governo deve ser esse, o da superação e procurarmos cada vez melhor”, reforçou.

 

 

Por sua vez, e concluída a participação portuguesa no Rio2016, o Chefe de Missão José Garcia destacou os resultados alcançados: “O balanço é positivo. Temos uma participação que é a melhor de sempre em termos de resultados nos seis primeiros lugares: temos dez atletas. E temos uma medalha, a da Telma [Monteiro].”

 

 

Mas Garcia reconhece, no entanto, que o Governo “não deu as melhores condições” aos seus atletas, “comparado com outros países”. “Mas aquilo que se faz, fez-se bem”, atira. Questionado sobre se há a perspetiva de melhorar os resultados para o próximo ciclo olímpico, o Chefe de Missão disse acreditar que esta é uma questão de “foro político”. “Caberá ao Secretario de Estado de Desporto e Juventude, ao Comité [Olímpico de Portugal], às federações, definir o melhor caminho para o desporto em Portugal.”

 

 

Quanto às críticas dos atletas, e sobretudo quanto às de Rui Bragança, optou por minimizar a situação: “Ele [Rui Bragança] referiu que já não consegue mais aguentar esta situação, que sem o apoio dos pais não conseguiria, mas também disse que sem o apoio da bolsa do próprio Comité Olímpico [de Portugal] não tinha chegado onde chegou. Estamos empenhados em criar as melhores condições para que os atletas consigam prolongar este apoio, porque seria uma grande perda para Portugal se acabasse.”

 

 

António Costa disse que a medalha de Telma merecia companhia

 

 

 

 

O primeiro-ministro felicitou hoje os atletas portugueses aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro numa mensagem enviada à vice-presidente do Comité Olímpico de Portugal Rosa Mota em que considera que a medalha de Telma Monteiro “merecia companhia.

 

Portugal despede-se do Rio com muitos diplomas e uma só medalha 5

“A medalha da Telma merecia companhia. Mas todos subiram ao pódio de Portugal. Uma homenagem merecida que não pode ser encoberta na contabilidade das medalhas”, refere António Costa, numa mensagem enviada a Rosa Mota, a que a comunicação social teve acesso.

 

 

António Costa saúda também toda a representação olímpica: “Muitos parabéns à representação olímpica. Pela sua dimensão, variedade de modalidades representadas e os resultados coletivamente alcançados, esta foi uma representação de todo o país e não só o fruto do génio de uma ou de um atleta”.

 

 

Portugal terminou a sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio2016 com uma única de medalha, o bronze de Telma Monteiro no judo, 19 atletas no ‘top 10’ e um recorde de 10 desportistas entre os seis melhores.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//Lusa//Diário Digital//Observador//SapoDesporto// 22 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Ex-líder do CDS irritou-se com as declarações de um deputado centrista que falou no congresso do MPLA

O ex-presidente do CDS, José Ribeiro e Castro, defendeu que o partido deve explicar as declarações do seu deputado Hélder Amaral no Congresso do MPLA, em Luanda, que classificou como “miserável” investidura de um partido único. “O que o CDS – com estas declarações – veio fazer foi investir o partido único, e isso é uma coisa miserável. Os angolanos, incluindo o MPLA, querem construir uma democracia pluripartidária e vem um partido estrangeiro ungir e investir um partido único como se não houvesse mais partidos em Angola. Isto, de facto, é outra vez um mau serviço que se faz aos angolanos: do mesmo calibre do tempo em que nos cafés em Lisboa as pessoas se entrincheiravam por trás dos partidos armados alimentando a guerra civil em Angola. Isto é muito negativo”, disse José Ribeiro e Castro.

 

 

O dirigente e deputado do CDS-PP, Hélder Amaral, disse na quarta-feira, em Luanda, que o partido está muito mais próximo do MPLA e, agora, com “muitos mais pontos em comum”.

 

 

Neste sentido, para o ex-líder centrista, o CDS-PP deve esclarecer as posições manifestadas pelo deputado centrista à margem do VII Congresso do MPLA porque é uma alteração brusca de posição em relação ao partido no poder em Angola.

 

 

“É uma colagem absoluta. É uma mudança radical de posição, que eu não sei se foi tomada por algum órgão do partido (CDS-PP). Creio que se trata de uma falta de respeito pelos militantes e pela estrutura do partido. É uma questão de grande relevância e que devia ser reavaliada pela Comissão Política ou porventura pelo Conselho Nacional”, sustentou.

 

 

Para Ribeiro e Castro, as declarações do membro da delegação do CDS ao Congresso do MPLA ultrapassam também a participação “discreta” de um observador, passando a ser um “realinhamento” que “vai além daquilo que é justificável ou compreensível”.

 

 

“Faço notar que não houve declarações tão encomiásticas nem factos tão encomiásticos de qualquer representante partidário, nem sequer daquele que é o parceiro histórico do MPLA: o Partido Comunista Português. Isto diz tudo da confusão e da perplexidade que estes factos lançam no eleitorado português”, frisou o antigo presidente do CDS-PP (2005-2007).

 

 

Quanto à presença de Paulo Portas, antigo vice-pimeiro-ministro do governo PSD/CDS-PP, Ribeiro e Castro nota que não representa os centristas mas que “os seus atos” recaem também sobre o partido. “A opinião pública e o eleitorado penaliza-nos por coisas que projectam indirectamente a imagem do CDS”, afirmou.

 

 

Ribeiro e Castro defendeu que a delegação do CDS-PP deveria verbalizar em Luanda, “sem ingerências”, a preocupação com questões relacionadas com direitos, liberdades e garantias em Angola e considerar que existem outras formações partidárias angolanas além do MPLA.

 

 

“O meu respeito por Angola, pelos angolanos e pela independência é total. José Eduardo dos Santos é o Presidente da República de Angola que deve ser tratado com respeito e consideração, sobretudo tratando-se de um país irmão”, referiu ainda Ribeiro e Castro, acrescentando que Angola só cumprirá “o seu destino” quando for uma democracia plena e se aproximar dos níveis da democracia em Cabo Verde, “um exemplo para todas as democracias africanas”.

 

 

José Ribeiro e Castro tem tomado posições públicas sobre direitos humanos em Angola, nomeadamente sobre os acontecimentos relacionados com os presos de consciência angolanos que foram acusados de tentativa de golpe de Estado em 2015.

 

 

Também o militante do CDS Pedro Pestana Bastos, um dos rostos da Alternativa e Responsabilidade (uma facção que se notabilizou por ser crítica da liderança de Paulo Portas), mostrou o seu desconforto com as palavras de Hélder Amaral. “O deputado Hélder Amaral está seguramente sob efeito de jet lag (só pode)”, escreveu na sua página de Facebook.

 

 

Para Pedro Pestana Bastos defende que “o CDS hoje nem tem muitos mais pontos em comum com o MPLA nem está muito mais próximo do MPLA. O CDS é um partido de centro direita com matriz personalista que nada tem a ver com o MPLA, a sua doutrina e a sua prática.”

 

 

“Dos piores problemas da política em Angola é a crescente promiscuidade entre o Estado e o MPLA. O CDS nada tem a ver com isso, combate a promiscuidade entre poder político e económico e não deve passar a mensagem errada de que tem cada vez mais pontos em comum com o MPLA”, acrescenta Pestana Bastos.

 

 

TPT com: AFP//JD//Lusa//Público// 22 de Agosto de 2016

 

 

 

 

António Guterres que quer ser o sucessor de Ban Ki-moon, vai a votos, pela terceira vez, a 29 de Agosto

Os membros do Conselho Segurança da ONU vão fazer em 29 de Agosto uma terceira votação informal sobre os candidatos a secretário-geral da organização, que incluem o ex-primeiro-ministro português António Guterres, confirmou fonte diplomática à Lusa. Nas primeiras duas votações, que ocorreram a 21 de Julho e 5 de Agosto em Nova Iorque, António Guterres foi o candidato mais apoiado.

 

 

Durante a votação, cada um dos 15 membros do Conselho de Segurança indica se “encoraja”, “desencoraja” ou se “não tem opinião” sobre os candidatos. Na primeira votação, Guterres recebeu 12 votos de encorajamento e nenhum de desencorajamento. Na segunda, teve 11 votos “encoraja”, dois votos “não tem opinião” e dois “desencoraja”.

 

 

Na primeira votação, o ex-primeiro-ministro português foi seguido pelo ex-presidente da Eslovénia, Danilo Turk, que desceu para o quarto lugar na segunda votação. Vuk Jeremic, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, alcançou o segundo lugar na segunda votação com oito votos favoráveis e quatro “desencoraja”.

 

 

Uma vez que o novo secretário-geral precisa da aprovação de todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China), o facto mais relevante na segunda votação foi a multiplicação de votos desfavoráveis.

 

 

Neste momento, existem 11 candidatos ao cargo, metade dos quais mulheres. Até ao momento, a ex-ministra croata Vesna Pusic foi a única que desistiu da corrida.

 

 

O Conselho de Segurança continuará a realizar votações informais sobre os candidatos até que um surja como consensual, devendo depois o conselho recomendar um nome para aprovação pela Assembleia-Geral da ONU, que reúne representantes de 193 países.

 

 

A organização espera ter encontrado o sucessor de Ban Ki-moon, que termina o seu segundo mandato no final do ano, durante o outono.

 

 

Apesar de ter uma função essencialmente de representação e mediação – o Conselho de Segurança é o órgão decisório das Nações Unidas – o secretário-geral da ONU comanda uma estrutura com 41.000 funcionários civis, com um orçamento anual de cerca de 2,7 mil milhões de dólares (2,41 mil milhões de euros) e coordena a administração das 16 operações de manutenção de paz (capacetes azuis) que a ONU tem atualmente no terreno, que mobilizam mais de 101.000 militares e polícias, com um orçamento de cerca de oito mil milhões de dólares (7,15 mil milhões de euros).

 

 

Com Guterres são quatro as candidaturas de portugueses no âmbito da ONU

 

 

Algo mudou na frente diplomática de Portugal, contrariando a ideia de que um país pequeno tem, por arrasto dessa condição, ausência de protagonismo nos areópagos internacionais. Com António Guterres aspirante a secretário-geral das Nações Unidas, são quatro as candidaturas que envolvem portugueses para responsabilidades no âmbito da ONU.

 

António Guterres vai a votos, pela terceira vez, a 29 de Agosto 2

As duas primeiras votações secretas no Conselho de Segurança confirmaram a candidatura a secretário-geral do antigo primeiro-ministro português. Guterres passou estes primeiros dois exames, mas só no regresso de férias, no Outono, decorrerá o teste decisivo. Se o ex-Alto-Comissário para os Refugiados tomar posse em Janeiro como secretário-geral, o ano de 2017 pode marcar o início de um período de ouro de representantes portugueses nas Nações Unidas. Que, em boa parte, à excepção da candidatura pessoal de António Guterres – cuja responsabilidade é da sua iniciativa embora com o apoio da máquina diplomática portuguesa – foi definida em Dezembro de 2014 por Rui Machete, então ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Pedro Passos Coelho.

 

 

Quando a candidatura de Guterres entrar na recta final, outro português vai a votos. Em Novembro próximo, a Assembleia Geral das Nações Unidas decide sobre a aspiração de Patrícia Galvão Teles à Comissão de Direito Internacional para os anos de 2017 a 2021. Licenciada pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mestre e doutora em Direito Internacional pelo Institut Universitaire de Hautes Etudes Internationales de Genebra, Suíça, Patrícia Galvão Teles foi conselheira jurídica na Reper, Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia.

 

 

Dentro de menos de um ano, em Junho de 2017, na reunião dos Estados-partes da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, o comandante Aldino Campos pode ser eleito para a Comissão dos Limites da Plataforma Continental até 2022. Uma questão decisiva para Portugal e um tema em que este doutorado em 2009 pelo Instituto Superior Técnico, na área científica do processo de extensão da plataforma continental, trabalha desde 2003. Primeiro como coordenador da gestão nos grupos de trabalho de base de dados da plataforma continental e, em 2007, como coordenador da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental assessorando as áreas de sistemas de informação, geográfica, hidrografia e geodesia.

 

 

Finalmente, no Outono de 2017, Portugal pode ser eleito para o Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO. Acresce que, em 23 de Junho passado, José Manuel dos Santos Pais foi o candidato mais votado ao Comité de Direitos Humanos da ONU, na reunião de Nova Iorque dos Estados-partes do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos. O procurador-geral adjunto Santos Pais é o primeiro português a ser eleito para este órgão no que foi o reconhecimento da sua trajectória na área dos Direitos Humanos e da importância que a diplomacia de Portugal tem dado a esta matéria.

 

 

Se todas as candidaturas envolvendo personalidades portuguesas tiverem sucesso, 2017 seria, à partida, um ano de inusitado sucesso da diplomacia de Portugal. Recorde-se que, no final do ano passado, 113 portugueses trabalhavam nas três principais sedes das Nações Unidas em Nova Iorque, Genebra e Viena.

 

 

Aliás, ao longo das últimas décadas diversos cidadãos nacionais têm desempenhado funções destacadas nas Nações Unidas. Uma trajectória que começou, em 1995, com a presidência da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) de Diogo Freitas do Amaral. O fundador do CDS e antigo presidente do partido, primeiro-ministro interino após a morte, em Camarate, de Francisco Sá Carneiro, candidato às eleições presidenciais de 1986 e chefe da diplomacia num dos governos de José Sócrates, esteve à frente da AGNU até 1996.

 

 

Depois, durante uma década, entre 2005 e 2015, António Guterres foi Alto-Comissário para os Refugiados da ONU, num desempenho em tempo de crise migratória que lhe concedeu prestígio pela independência e visibilidade pela acção para a sua candidatura a secretário-geral das Nações Unidas.

 

 

Também Jorge Sampaio, antigo Presidente da República, foi no âmbito da ONU Enviado Especial contra a Tuberculose e Alto Representante para a Aliança das Civilizações, a iniciativa dos ex-primeiros ministros turco e espanhol, respectivamente Recep Erdogan e José Luís Rodriguez Zapatero, que recebeu o apoio de Kofi Annam, então secretário-geral das Nações Unidas.

 

 

Com menos visibilidade, Vitor Ângelo trabalhou durante mais de 30 anos para as Nações Unidas, trajectória que culminou com o cargo de chefe da Missão da ONU na República Centro Africana e Chade. Mais recentemente, Miguel de Serpa Soares foi nomeado sub scretário para Assuntos Jurídicos, Maria Santos Pais é assistente do secretário-geral Ban-Ki moon para a prevenção da violência contra as crianças e o intendente Luís Carrilho foi nomeado chefe da polícia da ONU na missão na República Centro Africana.

 

 

Ban Ki-moon diz que chefia da ONU deve ser entregue a uma mulher

 

 

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, defendeu que a próxima pessoa a ocupar o lugar deve ser uma mulher. “Já é altura”, disse o coreano, que deixa o lugar no final deste ano. O processo de selecção de um novo secretário-geral está em curso, tendo o português António Guterres sido o candidato que recebeu mais votos favoráveis entre os membros do Conselho de Segurança nas duas votações já realizadas, cujo resultado não é vinculativo.

 

António Guterres vai a votos, pela terceira vez, a 29 de Agosto 3

Até ao momento, há 11 candidatos ao cargo, seis homens e cinco mulheres. “Há muitas mulheres que são líderes respeitadas de governos, de organizações, de empresas e de outras áreas da nossa vida. Não há razão para que não [seja uma a dirigir] as Nações Unidas”, disse. “Há muitas mulheres que se destacam como líderes, que estão motivadas, que podem relacionar-se com os outros líderes do mundo. Esta é a minha humilde opinião, mas [a decisão] é dos membros [do Conselho de Segurança]”, disse.

 

 

Os candidatos, que este ano pela primeira vez foram submetidos a entrevistas na sede da organização em Nova Iorque, são avaliados pelos 15 membros do Conselho de Segurança – tendo os membros permanentes, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China, direito de veto sobre essas votações –, sendo a escolha deste órgão depois levada a votação na Assembleia Geral. A próxima votação está marcada para 29 de Agosto. Entre Setembro e Outubro o novo secretário-geral estará escolhido, sucedendo a Ban Ki-moon em Janeiro de 2017.

 

 

Na primeira votação, o ex-primeiro-ministro português (e ex-alto-comissário para os Refugiados) foi seguido pelo ex-presidente da Eslovénia Danilo Turk, que desceu para o quarto lugar na segunda votação. Vuk Jeremic, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, alcançou o segundo lugar na segunda votação com oito votos favoráveis. A mulher mais bem qualificada (terceiro lugar na segunda votação) foi a ministra dos Negócios Estrangeiros argentina, Susana Malcorra.

 

 

TPT com: AFP//Denis Balibouse//Reuters//Lusa//Nuno Ribeiro//Público// 17 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Sexto lugar no triplo salto com sabor a medalha para Nelson Évora que fez a sua melhor marca do ano

Foi bom, mas não foi tão bom que desse para chegar ao pódio. Na final do triplo salto, Nelson Évora obteve a sua melhor marca do ano, mas ficou longe dos adversários que preencheram os três primeiros lugares. O atleta português melhorou sucessivamente nos três saltos iniciais, garantindo um lugar entre os oito primeiros, que dá acesso à segunda fase do concurso. Aí tentou arriscar, mas três ensaios nulos fizeram com que terminasse a prova no sexto lugar, a 10cm da quarta posição mas a 55cm do bronze. A classificação de Évora vale a Portugal o sexto diploma olímpico no Rio.

 

Sexto lugar no triplo salto com sabor a medalha para Nelson Évora que fez a sua melhor marca do ano 2

O mais velho da final, com 32 anos, Nelson Évora mostrou-se bastante sereno durante a apresentação dos finalistas. Pediu o apoio do público no Estádio Olímpico do Rio de Janeiro antes de fazer o seu primeiro salto, abrindo o concurso com um ensaio a 16,90m – uma marca próxima do melhor que conseguiu este ano, e que o deixava provisoriamente no quarto lugar. Mas a concorrência já tinha mostrado ao que vinha, com o chinês Dong Bin a lograr um recorde pessoal em 17,58m. E ainda faltavam os norte-americanos: Will Claye obteve um novo recorde pessoal com 17,76m e antes o campeão olímpico e mundial em título, Christian Taylor, “voara” até aos 17,86m.

 

 

“Pensei sempre na medalha, não me deixei intimidar nunca”, vincou Nelson Évora aos jornalistas, após o final da prova. Mas nada que o português pudesse fazer seria suficiente para reentrar na luta pelos lugares do pódio. Melhorou no segundo salto para 16,93m, mas já tinha caído uma posição ao ser ultrapassado pelo colombiano John Murillo, que estabeleceu um novo recorde nacional em 17,09m. O português fez um terceiro salto a 17,03m, que lhe valeu a melhor marca do ano, mas foi insuficiente para subir na classificação.

Sexto lugar no triplo salto com sabor a medalha para Nelson Évora que fez a sua melhor marca do ano 3

Dentro dos oito primeiros, que têm direito a fazer mais três saltos, Nelson Évora passou circunstancialmente para sexto lugar quando Troy Doris, da Guiana, fez um belo quarto salto, a 17,33m. Seria recorde nacional, mas foi anulado. O português fez um quarto ensaio nulo e, na ronda seguinte, viu Cao Shuo subir de sexto para quarto classificado com 17,13m (melhor marca do ano para o chinês). Estava na hora de Nelson Évora arriscar. Mas o atleta português voltou a fazer um salto nulo. E, apesar do apoio que recebeu das bancadas, também não conseguiu um ensaio válido na derradeira ronda do concurso, terminando a prova no sexto lugar, com 17,03m.

 

Sexto lugar no triplo salto com sabor a medalha para Nelson Évora que fez a sua melhor marca do ano 4

“Foi a minha medalha desta época, sem dúvida. Depois de um ano com tantas dificuldades em encontrar bons saltos, consegui ter alguma consistência e arrisquei. Não consegui acertar nos últimos três ensaios, que foram nulos, mas eram saltos melhores. Não me preocupei com a tábua e tentei colocar todos os meus segredos de salto em prática, para saltar longe”, admitiu Nelson Évora. “Tentei combater o cansaço de dois dias de provas seguidos, com stress enorme e muita emoção. Abstraí-me disso e o meu corpo reagiu. Mas foram dois dias muito duros. Reagi bem, embora tivesse projectado muito mais do que isto. Acredito que ainda não dei o meu melhor”, acrescentou o campeão olímpico de Pequim 2008, campeão do mundo em 2007 e medalha de prata em 2009 e bronze em 2015 (ano em que conquistou o ouro nos Europeus de pista coberta, em Praga).

 

 

“Eles não tiveram metade dos problemas que eu tive, por isso não há que desanimar e achar que foi uma derrota”, frisou Nelson Évora, referindo-se ao calvário de lesões e operações que viveu nos últimos anos. “Terei sempre a mesma postura e lutarei sempre até ao fim para dignificar as cores nacionais”, vincou ainda o atleta português, após uma competição em que foi o único europeu a integrar o grupo de oito finalistas (há um mês, nos Europeus de atletismo, não passou à final do triplo salto). “O ‘velho’ conseguiu ser o melhor da Europa aqui nos Jogos Olímpicos. Foi uma boa prova, tenho de ficar feliz. Ambicionava mais, o meu treinador espelhou isso. Mas não se fazem milagres. Tentámos fazer, por Portugal e por tudo o que passámos. Valeu a pena esta luta”, sublinhou.

 

Sexto lugar no triplo salto com sabor a medalha para Nelson Évora que fez a sua melhor marca do ano 5

O pódio ficou definido logo na primeira ronda de saltos – Christian Taylor, Will Claye e Dong Bin obtiveram no salto inaugural as marcas que lhes valeram o ouro, prata e bronze, respectivamente. Foi mais uma etapa do domínio de Taylor na modalidade: o norte-americano, que já trazia na bagagem o ouro em Londres 2012 (com 17,81m) e também o título mundial em Pequim 2015 (18,21m), seria campeão olímpico no Rio de Janeiro com qualquer dos seus três saltos válidos. Iniciou o concurso com 17,86m, a sua melhor marca, à qual juntou dois ensaios a 17,77m. Will Claye – que ficou com a prata (tal como já tinha acontecido em Londres) – fez o melhor salto a 17,76m. E, no final, pediu a namorada Queen Harrison em casamento.

 

 

Classificação final do triplo salto

 

 

 

1.º Christian Taylor (EUA), 17,86m

 

2.º Will Claye (EUA) 17,76

 

 

3.º Dong Bin (China) 17,58

 

 

4.º Cao Shuo (China) 17,13

 

 

5.º Jhon Murillo (Colômbia) 17,09

 

 

6.º Nelson Evora (Portugal) 17,03

 

 

7.º Troy Doris (Guiana) 16,90

 

 

8º. Lazaro Martinez (Cuba) 16,68

 

 

9.º Alberto Alvarez (México) 16,56

 

 

10.º Benjamin Compaore (França) 16,54

 

 

11.º Xu Xiaolong (China) 16,41

 

 

12.º Karol Hoffmann (Polónia) 16,31

 

 

Quanto a Nelson Évora, não deixou certezas quanto aos Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, mas marcou encontro para os próximos campeonatos do mundo: “Com 32 anos temos de pensar ano a ano. Agora vou de férias e, depois sim, voltarei cheio de motivação, para treinar forte e sem lesões, para que seja um trabalho contínuo. Em Londres [nos Mundiais de 2017], estaremos lá”. Um salto de cada vez.

 

 

 

TPT com: AFP//SapoDesporto//JN//Tiago Pimentel//Público// 16 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Nos Jogos Olímpicos do Rio o canoísta português Fernando Pimenta ficou em quinto na final do K1-1000

Tudo o que podia controlar, dizia Fernando Pimenta, estava controlado. O que o canoísta português não conseguiu controlar foram as folhas das árvores na sua pista, que caíram do abundante arvoredo que rodeia a lagoa Rodrigo de Freitas. Pimenta acelerou para os 1000 metros da sua vida, mas perdeu velocidade por causa das malditas folhas que se colaram na frente do caiaque e no leme, e acabou por ficar em quinto na final de K1-1000 metros na canoagem olímpica do Rio de Janeiro, uma corrida que lhe parecia destinada, mas em que ficou fora das medalhas que pareciam ao seu alcance.

 

 

Antes da corrida, o homem de Ponte de Lima parecia tranquilo, confiante e muito optimista quanto às suas possibilidades. E assim parecia na partida dada exactamente às 10h12, hora do Rio. Pimenta na frente aos 250m, Pimenta na frente aos 500m, com quase um barco de distância para o segundo. Era o desafio lançado pelo português à restante concorrência: “Estou aqui na frente, se quiserem, venham atrás de mim”. Pouco depois de metade da prova, o caiaque de Pimenta começou a perder terreno e já passa aos 750m em quarto.

 

 

O ritmo da segunda metade da prova era o oposto ao da primeira, passando da prova de uma vida para a frustração de uma vida. À vista desarmada, Pimenta parecia ter sido atingido pelo proverbial “estoiro” e, na passagem aos 750m, já tinha descido para quarto e sem reacção visível. De trás veio então o jovem espanhol Marcus Walz, o mais novo dos oito finalistas, que disparou para a frente no último quarto da prova, ultrapassou a concorrência (saltou de quinto para primeiro) e apanhou a medalha de ouro. Dostal, o checo, ficou em segundo, e Anoshkin, o russo, acabou em terceiro. O australiano Stewart, que liderava aos 750m, desceu para quarto, e Pimenta, quebrado pelas folhas e pela frustração terminou bem longe do primeiro, a quase quatro segundos.

 

 

Passaram uns bons 45 minutos até que o português viesse explicar o que se passou. Percebia-se que tinha estado a chorar, não tinha limpado as lágrimas todas do rosto e voltaria a emocionar-se “on the record” quando falou de todos os sacrifícios que tinha feito para se apresentar no controlo total de tudo o que era controlável. Só não podia controlar as folhas na sua pista. “Ainda é difícil de acreditar no que aconteceu, os factores que eu podia controlar controlei-os muito bem. É muito estranho, ainda não consigo cair na real”, começou por dizer o atleta português.

 

 

Depois, as explicações. “Estava a sentir-me bem, fiz um arranque supertranquilo, consegui ganhar a frente da prova e, no momento em que estava a ganhar avanço sobre os adversários, apanhei algumas folhas das árvores e algumas agarraram-se à frente do barco. Perdi velocidade para tentar tirar as folhas da frente e senti o controlo do barco porque algumas devem ter ficado agarradas ao leme”, disse Pimenta, frustrado com o que aconteceu, mas sem arrependimentos sobre a forma como se preparou para esta segunda participação olímpica e revelando que já se tinha deparado com um problema semelhante no evento teste realizado em 2015 nesta lagoa no meio da cidade: “No ano passado, no teste olímpico aqui, andei a recolher algas 15 minutos antes da prova para que não acontecesse nada. Desta vez eram folhas que estavam soltas.”

 

 

A seguir, o desabafo do campeão europeu desta prova. “Foram quatro anos da minha vida. É frustrante, depois de passar por tantas dificuldades, obstáculos e desafios, chegar aqui e não ter a recompensa. Magoa-me muito”, reforçou Pimenta, que até estava disposto a voltar outra vez para a lagoa e repetir a final logo ali: “Não fui eu que rebentei ou deixei de ter energia. Estou com as baterias cheias e, se fosse necessário, fazia duas ou três provas. Preparei-me melhor do que nunca, bati os meus recordes nos treinos. Se fizéssemos isto à melhor de três, seria diferente.”

 

 

Foi, sem dúvida, um mau início de participação olímpica para Pimenta, que abandonou a dupla que formava com Emanuel Silva e que conquistou a medalha de prata em K2-1000 nos Jogos de Londres em 2012 para competir em K1. Mas os segundos Jogos de Pimenta não acabam aqui. Ainda terá o K4 com Silva, João Ribeiro e David Fernandes, para afastar a frustração e provar no palco olímpico a valia que a canoagem portuguesa tem apresentado em outras competições.

 

 

 

Pimenta quer usar a frustração como combustível para uma boa prestação no K4, que terá eliminatórias e meias-finais na próxima sexta-feira, e a final no sábado: “Estou mais do que em condições para o K4. Acho que isto vai jogar a meu favor e podem ter a certeza que vão ter um Fernando Pimenta ainda mais forte do que hoje. Vai dar-me ainda mais energia. Espero que os meus colegas do K4 confiem em mim. Acreditem que eu vou estar a mais de 100 por cento, porque eu não gosto de perder. Vou estar ainda mais furioso, mas a fazer provas com cabeça e não só com o coração.”

 

 

 

Em Ponte de Lima, Fernando Pimenta “vai ser recebido em braços”

 

 

 

Quase uma centena de amigos e familiares de Fernando Pimenta juntaram-se no Clube Náutico de Ponte de Lima para ver o canoísta a lutar por uma segunda medalha olímpica. Durante quase toda a prova, Pimenta foi aplaudido e incentivado pelo público, que parecia estar a assistir à corrida na lagoa Rodrigo de Freitas, mesmo nos momentos em que foi perdendo terreno para o espanhol Marcus Walz. No fim, a esperança deu lugar ao desânimo. Mas foi um desânimo fugaz. Não durou mais do que os 3m35,349s que canoísta da casa demorou até chegar à meta. O quinto lugar soube a pouco, mas o orgulho dos limianos não foi abalado.

 

O canoísta olímpico português Fernando Pimenta ficou em quinto na final do K1-1000 2

“Em todos os desportos individuais há a possibilidade de, numa fracção de segundo, tudo poder mudar”, diz o pai de Fernando Pimenta, que partilha o nome com o filho. Ainda que sem medalha nesta prova individual – o canoísta ainda vai participar na prova de K4 1000m –, o pai Pimenta não tem dúvidas de que, em Ponte de Lima, o filho “vai ser recebido em braços”.

 

 

Antes da prova, Fernando Pimenta pai estava sereno. Diz estar habituado aos dias de competição do filho e prefere manter a “cabeça no sítio”, afastando o “nervoso miudinho”, natural nestas alturas. Diz que o filho também é assim: encara qualquer competição com “naturalidade e sem ansiedade”. Valores que transmitiu ao filho desde que Fernando começou a praticar canoagem, aos 11 anos, depois de ter experimentado o atletismo.

 

 

Diz o pai que parte do sucesso do canoísta, formado no Clube Náutico de Ponte de Lima, está, precisamente, na estrutura familiar que sempre serviu de suporte em todos os momentos da carreira. A ligação a Ponte de Lima e a vontade de representar a terra é também um dos motores do seu êxito. Essa ligação à terra é, sublinha o pai, o único motivo para nunca ter aceitado qualquer convite de outro clube. “Para não estar tanto tempo sem cá vir, acabou por trocar o curso de Fisioterapia em Coimbra, pelo de Reabilitação Físico-Motora, numa universidade mais perto de casa”, conta o pai Fernando.

 

 

Para o vice-presidente do Clube Náutico de Ponte de Lima, José Carlos Gonçalves, a relação que Pimenta tem com o coordenador técnico dos limianos, Hélio Lucas, também seleccionador nacional, é uma das peças-chave para que o canoísta tenha coleccionado uma série de bons resultados ao longo dos últimos anos: “Existe uma aliança muito forte entre os dois”, refere. Gonçalves sublinha também o “grande espírito de família” que se vive dentro do clube, que actualmente conta com 250 atletas de diferentes escalões.

 

O canoísta olímpico português Fernando Pimenta ficou em quinto na final do K1-1000 3

O dirigente esperava que “esta família” festejasse, no próximo domingo, os 25 anos de existência do Náutico, com o presente trazido do Rio, para que o clube atingisse a marca de 40 medalhas ganhas. Não foi possível, mas o mais importante, diz, é destacar “o trabalho desenvolvido por um grupo que tenta despertar nos jovens o interesse pelos desportos náuticos, numa terra que tem o rio como centro da actividade diária”. Um projecto que está a ser realizado em parceria com as escolas do concelho, para promover o desporto escolar. De resto, foi através de um programa do mesmo género que Fernando Pimenta chegou ao Clube Náutico.

 

 

Outro caso semelhante é o de Duarte Silva, de 17 anos, que conheceu o clube através de um programa escolar desenvolvido em parceria com o Náutico.

 

 

Duarte começou aos 14 anos e, três anos depois, foi campeão júnior de K2, no Europeu deste ano, em Pontevedra, Espanha. Assistiu à final de K1 1000 metros com alguns dos colegas de equipa e diz ver em Fernando Pimenta um exemplo de motivação que o ajuda a traçar metas e a continuar no desporto. Tímido nas palavras, não esconde que um dos seus sonhos passa por um dia conseguir chegar a um nível olímpico. Por agora, quer dar um passo de cada vez e aproveitar a entreajuda que existe entre os atletas mais velhos, como é o caso de Pimenta, e os mais novos, que diz treinarem em conjunto sem distinções de palmarés: “Aqui no clube somos todos um.”

 

 

TPT com: REUTERS/DAMIR SAGOLJ//Marco Vaza//André Vieira//Público// 16 de Agosto de 2016