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Louçã diz que a esquerda não deve aceitar que se façam despedimentos na Caixa Geral de Depósitos

Francisco Louçã considera que o Orçamento Retificativo, que reflete o plano de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, não vai ter grandes problemas em passar na Assembleia da República. No entanto, o ex-dirigente bloquista tem dúvidas sobre o impacto que esse plano vai ter nas operações do banco e diz mesmo que os partidos de esquerda devem opor-se à redução prevista de 2.500 trabalhadores.

 

 

No plano, “o que não está claro e é muito importante é o significado nas operações da Caixa”, disse Louçã esta sexta-feira no habitual espaço de comentário da SIC Notícias. “A comissária europeia veio sublinhar, e a Comissão Europeia também, que haverá o encerramento de 300 balcões e o despedimento de muitas pessoas. Pode ser abaixo de 2.500, mas é um grande despedimento, sob formas variadas: reformas antecipadas, rescisões voluntárias. Mas entendamos bem, a rescisão voluntária é sempre uma forma de pressionar o trabalhador para sair”, disse.

 

 

O problema é que não fica certo, por causa destas razões, se a Caixa é muito prejudicada nas suas operações e se é muito marcada pelo Banco Central Europeu de forma ameaçadora. Isto é um problema, sobretudo para os partidos de esquerda, porque como não aceitaram no passado pressões para despedimentos deste tipo, não podem e não devem fazê-lonum contexto em que a Caixa merecia expandir e não reduzir as suas operações.”

 

 

Para Francisco Louçã, “é uma péssima notícia” que a Caixa se veja obrigada a fechar operações no estrangeiro, nomeadamente em Espanha. Isso “prova a que ponto pode chegar o arbítrio do gestor europeu, que decide quais são os bancos que podem operar em Espanha e que não podem. Porquê? Porque entende que o Santander e o La Caixa e outros bancos têm de ter o predomínio”, disse. E isso deixa incertezas sobre como será o futuro das operações da CGD.

 

 

Louçã considera que “não se pode deitar foguetes” sobre este plano de recapitzalização e criticou o Governo pela forma como conduziu o processo. “O Governo geriu muito mal” o dossiê, disse, referindo-se à “forma muito amadora como pareceu ser tratada a escolha da administração” e também à “sugestão de uma proposta de lei para favorecer pessoas específicas”, que “é uma coisa que não se faz, não tem nenhum sentido”. Essa ideia acabou por ser travada pela “oposição política”, disse Louçã, citando em seguida três entidades: o Presidente da República, o Bloco de Esquerda e o PCP.

 

 

Imagina o que os partidos já disseram da Caixa?

 

 

Os socialistas conseguiram manter a Caixa Geral de Depósitos totalmente pública, mas os avanços e recuos do processo de recapitalização desgastaram o Governo e o ministro das Finanças. O PSD já a quis privatizar ou dispersar parte do capital em Bolsa, mas desistiu. À esquerda, tanto o Bloco como o PCP criticam a gestão do dossiê e são contra uma série de decisões tomadas pelo Governo que suportam, o que não quer dizer que venham a inviabilizar o Orçamento Retificativo (que António Costa já disse não ser “retificativo”, contrariando o que disse Mário Centeno). O CDS reclama ter levado o PSD a desistir da privatização parcial.

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 2

Veja o que eles já discutiram, disseram e desdisseram sobre o banco público — e qual a importância disso para o futuro.

 

 

O processo que desgastou Centeno

 

 

Na última reunião que teve com os deputados do PS antes de ir de férias, no fim de julho, António Costa admitiu que o processo da Caixa Geral de Depósitos estava a levar demasiado tempo e não estava a correr como gostaria. João Galamba, o próprio porta-voz do PS, admitiu, numa entrevista ao Observador, que seria “impossível, a qualquer ministro das Finanças, conduzir uma negociação desta natureza, com esta duração, sem que de alguma forma saísse beliscado”. A imagem de Mário Centeno havia de ser afetada: “É inevitável que um ministro das Finanças sofra algum desgaste”, afirmou. João Galamba justificava os problemas de comunicação com as limitações que Centeno tinha por não poder dar informação ao mesmo tempo que negociava com as instituições europeias. No momento destas declarações, ainda faltava cerca de um mês para a dimensão do conselho de administração da CGD e os nomes de oito administradores serem chumbados pelo BCE.

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 3

Se o longo processo não tinha corrido bem, o último capítulo foi uma derrota para o Governo e um embaraço político para Costa e Centeno. Oito administradores não executivos, personalidades reconhecidas na vida económica e pública portuguesa, foram chumbados porque excediam o número de cargos permitido na lei bancária portuguesa. Mourinho Félix, secretário de Estado do Tesouro, ainda falou em mudar a lei, em linha com o espírito da diretiva, para que os administradores pudessem ser integrados, mas esbarrou na oposição do PCP, do Bloco e do Presidente da República.

 

 

Não se pode acusar o PS de incoerência: foi sempre contra a entrada de capital privado na Caixa Geral de Depósitos. No dia 16 de junho, numa ida quinzenal à Assembleia da República, o primeiro-ministro repetiu isso mesmo:

 

Queremos uma Caixa Geral de Depósitos 100% pública, 100% do Estado e 100% capacitada com o capital necessário para cumprir a sua função”.

 

 

Mas recusou sempre avançar números sobre os valores a injetar. E nunca falou na possibilidade da emissão de dívida subordinada para os privados financiarem uma parte da operação. Para acalmar os parceiros de esquerda, João Galamba apressou-se a explicar, esta semana, que estes investidores privados seriam os primeiros a perder tudo se houvesse umbail in do banco, e que esse capital nunca seria convertido em capital social. Ou seja, a Caixa nunca ficaria na mão daqueles investidores privados.

 

 

Naquele debate parlamentar, o primeiro-ministro deixou, no entanto, algumas pistas sobre detalhes que ainda não são conhecidos. Por exemplo: o fecho ou a redução drástica da operação em Espanha. “Deve estudar-se, na posição internacional da Caixa, quais são os mercados estrategicamente relevantes para a Caixa e para o País”, e quais não são, afirmou António Costa. “É preciso olhar para as diferentes posições internacionais da Caixa, e perceber onde é que a presença é estratégica e onde é que ela não é estratégica e aí, sim, pode haver efetivamente uma redução de balcões”, admitiu no Parlamento.

 

 

Também disse que “não estão previstos despedimentos, o que está previsto é uma rotação normal, tendo em conta as reformas”. Não mencionou, porém, as rescisões amigáveis para — em conjunto com as reformas antecipadas — reduzir 2.500 trabalhadores.

 

 

Para rematar uma semana difícil, Costa havia de contrariar Mário Centeno: na conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, o ministro das Finanças disse que, se a operação de recapitalização fosse realizada em 2016, era necessário em Orçamento Retificativo. Mais: não deu a certeza sobre um eventual impacto no défice. No dia seguinte, o primeiro-ministro foi definitivo em relação ao seu ministro: “[A operação] não atinge défice nenhum”. E o retificativo “não é verdadeiramente um orçamento retificativo”, mas sim “uma alteração técnica ao conteúdo contabilístico necessária para reforçar um capítulo do orçamento que nos permita fazer a capitalização da Caixa”.

 

 

A exigência de uma recapitalização totalmente pública

 

 

A banca pública é uma bandeira da esquerda. Juntamente com o PCP, o Bloco tem sido uma das principais vozes contra qualquer forma de privatização da Caixa. Na sua atual função de parceiro parlamentar do Governo, os bloquistas têm sido críticos e traçado linhas vermelhas, mas o Governo precisa do BE e do PCP para aprovar uma retificação ao Orçamento do Estado para incluir a injeção de capital na CGD. Da vez anterior, não resultou. No último retificativo, em dezembro de 2015, por causa da resolução do Banif, o PS teve de contar com a ajuda do PSD para aprovar o documento.

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 4

Na passada quinta-feira, numa reação gerida com pinças à notícia sobre o acordo alcançado entre Bruxelas e o Governo — uma operação que vai até 5.160 milhões de euros e que implica uma injeção de 2,7 milhões de euros da parte do Estado — o BE deixou claras três ideias: é a favor de uma capitalização do banco com dinheiros públicos e o retificativo é a “consequência natural” dessa operação; o BE não aceita despedimentos de trabalhadores; e quer que o Governo explique, “com transparência”, quais são exatamente os problemas da Caixa que justificam a injeção de 2,7 milhões com dinheiro dos contribuintes.

 

 

A questão fundamental da qual os bloquistas não abdicam é que não haja mão privada no banco público. O programa eleitoral do Bloco é claro:

A existência de um serviço público financeiro – um sistema bancário detido pelo Estado e submetido a critérios e objetivos determinados pelo mandato político e não pelo estrito interesse de acionistas privados – é essencial à democracia”.

 

 

A posição do partido não tem fugido muito a estas linhas. No debate quinzenal com o primeiro-ministro no passado dia 16 de junho, que foi inteiramente dedicado ao tema, Catarina Martins foi assertiva na necessidade de capitalizar o banco, mantendo-o público, e nas críticas à Comissão Europeia: “A posição do Bloco de Esquerda tem sido a de que a recapitalização pública é prioritária porque a Caixa tem de ser integralmente pública, e sabemos dos obstáculos da Comissão Europeia à recapitalização pública da Caixa”. Ou seja, se a Comissão Europeia viesse a colocar entraves à capitalização com ajudas do Estado e o Governo perdesse esse braço de ferro, o BE estava fora.

 

 

No mesmo debate, Catarina Martins afirmou que “há um outro problema que fragiliza a Caixa e a recapitalização: achar que a recapitalização tem de estar sujeita a condicionalismos de mercado”. Acontece que, com o que se conhece do atual plano de capitalização, do bolo total haverá mil milhões de euros que serão captados através de instrumentos de dívida subordinada, ou seja, da venda de obrigações a investidores privados. E mais: metade desta emissão, no valor de 500 milhões de euros, terá de ser feita ao mesmo tempo que entra o dinheiro do acionista público. Esta simultaneidade terá sido uma condição de Bruxelas e funcionará como um teste de mercado que ajuda a provar o racional do investimento público que a Comissão Europeia considera não ser uma ajuda de Estado.

 

 

Tal não implica que estes instrumentos se transformem em capital social, ou seja, que os investidores privados tenham alguma palavra a dizer na gestão da Caixa, mas pode implicar que o processo de recapitalização não seja inteiramente público. E esse sempre foi um pré-requisito de ouro para os bloquistas: “A recapitalização integralmente pública da Caixa é prioritária”, disse a líder bloquista no Parlamento. Ora, há uma parte do esforço, mil milhões de euros, que vem dos privados. E ainda que não beneficie o capital principal da Caixa, o Core Tier 1, vai contribuir para o reforço dos rácios do banco.

 

 

Outro ponto que o BE tem dito e reafirmado é a questão dos eventuais despedimentos ou encerramento de balcões. “Entendamo-nos: despedir trabalhadores e aumentar salários de administradores não é a forma de reestruturar a Caixa, é a forma de fragilizar a Caixa Geral de Depósitos”, disse Catarina Martins, no plenário, ao primeiro-ministro. Mário Centeno já disse que o plano de reestruturação da Caixa, que vai ser aprovado pela nova administração, passa por uma redução de trabalhadores, mas apenas por via de reformas antecipadas e de rescisões por mútuo acordo. Resta saber se essas rescisões não forem suficientes para fazer a reestruturação vista como necessária.

 

 

PCP. Ou a CGD é pública ou não é nacional

 

 

“A Caixa ou é pública ou não é nacional”, lê-se num folheto divulgado pelo PCP este verão. Há dois pontos de partida a ter em conta no discurso dos comunistas sobre o dossiê. Primeiro, a banca pública é a pedra basilar; depois, o PCP opõe-se a qualquer “ingerência” das instituições europeias ou internacionais nos assuntos do Estado. “A recapitalização não pode ser feita para satisfazer as imposições da Comissão Europeia ou do BCE”, assim como “não pode servir para enfraquecer, para reduzir atividade, balcões e para despedir trabalhadores”, disse Jerónimo de Sousa em junho, logo na abertura do debate quinzenal com o primeiro-ministro. São estes os limites do PCP e têm-se mantido ao longo da discussão.

 

 

Daí que o Governo tenha de gerir a questão com cuidados redobrados, sob pena de perder parceiros parlamentares pelo caminho. Os comunistas querem perceber de onde provêm as insuficiências financeiras e querem conhecer os contornos do plano de reestruturação, cujos detalhes não são públicos. O Governo não esconde que qualquer processo de reestruturação da banca implica redução de custos, nomeadamente com pessoal, mas o PCP tem muitas dúvidas sobre uma reestruturação imposta pela União Europeia.

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“Se a recapitalização tiver de ser acompanhada por uma reestruturação da Caixa, ela não deve ser orientada por imposições europeias com a intenção de criar um espaço de negócio para a banca privada à custa do enfraquecimento da Caixa; tem de ser feita com o objetivo de reforçar a Caixa como instrumento público de política de investimento de concessão de crédito às empresas e às famílias”, dizia Jerónimo de Sousa no Parlamento. Agora, o dirigente comunista Jorge Pires reforça que o PCP quer saber quais são as contrapartidas: se o plano incluir despedimentos ou redução da atividade do banco, o PCP é contra.

 

 

Há dois meses, o PCP queria ver esclarecida a origem dos problemas da Caixa, mas apontava para a direita. “Alguns dos problemas que hoje estão a vir ao de cima deveriam ter sido resolvidos pelo Governo PSD/CDS na recapitalização feita em 2012 e, nessa altura, optaram por ignorá-los”, acusou Jerónimo no Parlamento.

 

 

No caso da recapitalização e da necessidade de aprovar um orçamento retificativo, o PCP tem-se mantido cauteloso, optando por esperar para ver. Já no que respeita à nomeação dos novos administradores e do regime remuneratório que o Governo queria aplicar, o PCP foi frontalmente contra. “Todo o processo foi intolerável”, tem dito o PCP, sejam dirigentes ou o próprio secretário-geral.

 

 

PSD. Da privatização à comissão de inquérito

 

 

O PSD de Pedro Passos Coelho foi mudando de posição em relação à Caixa Geral de Depósitos. Antes de ser líder, Passos não via por que razão é que o banco não podia ser privado. Depois, passou a defender a dispersão de uma parte do capital em Bolsa. Deu uma entrevista à Reuters em março de 2011 e inscreveu essa intenção no programa eleitoral do partido para as legislativas desse ano. Um dos objetivos era o “reforço imediato da autonomia de gestão da CGD em relação ao poder político”, mas o programa do partido ressalvava que, durante o período de vigência da troika, não se devia proceder a essa “abertura parcial do capital a pequenos acionistas privados.”

 

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Num momento posterior, podia ler-se no programa social-democrata, “a CGD poderá ser levada à Bolsa, a fim de dispersar uma parte minoritária do seu capital social, dentro dos objetivos estratégicos de uma maior eficiência, redução do potencial de interferências políticas e contributo para a redução da dívida pública do Estado e o reforço dos seus rácios de capital.” O PSD ressalvava que nenhum acionista a título individual deveria “deter uma participação de capital votante superior a um nível a fixar, numa ótica de dispersão acionista.”

 

 

Entretanto, este plano não avançaria, em parte pela oposição do CDS — que levou o PSD a suprimir esse ponto do programa do Governo — e em parte por causa da situação geral da banca. Nunca mais, depois disto, o PSD conseguiu livrar-se das acusações à esquerda de querer privatizar o banco público, assumidamente ou de forma camuflada. Em agosto de 2015, numa entrevista ao jornal Sol, António Costa, que ainda não era primeiro-ministro, acusava Passos Coelho de criticar a CGD com segundas intenções: “A única explicação racional para o inqualificável ataque do primeiro-ministro à Caixa é desvalorizá-la para a seguir a privatizar”. Dias antes, numa entrevista ao Jornal de Negócios, Passos Coelho tinha-se afirmado “preocupado” por a CGD ser o único banco que ainda não tinha começado a devolver o capital contingente (CoCos) de 900 milhões de euros que lhe tinha sido emprestado.

 

 

“Como chefe do Governo, não tenho que estar a discriminar os bancos pelo facto de serem públicos ou privados”, sublinhou o então primeiro-ministro, acrescentando que as administrações “devem, nas suas contas, pensar na melhor forma de devolver ao Estado aquilo que foi a injeção de capital que em tempos extraordinários aconteceu”. Enquanto não o fizerem, alertou, “ficarão a pagar juros muito elevados”. Passos Coelho considerava útil que a CGD reembolsasse o Estado, “até para estar sujeita às regulares avaliações da Direcção-Geral de Concorrência [Europeia]”. Mas um reembolso dos CoCos com a Caixa no vermelho (prejuízos nos últimos cinco anos) iria pressionar ainda mais os rácios, potenciando as necessidades de capital. E, suspeitavam os críticos, esta entrada de recurso seria um alibi para abrir a porta do banco ao capital privado.

 

 

Em 2012, o Governo PSD/CDS tinha recapitalizado a Caixa com 1.650 milhões de euros na Caixa, dos quais cerca de 900 milhões eram “CoCos” — instrumentos de dívida que contam para os rácios de capital e que podem ser convertidos em capital se não forem reembolsados. E o recurso parcial à linha da troika, através dos CoCos, fez com que a a operação fosse considerada uma ajuda de Estado, colocando a Caixa na alçada na Concorrência europeia.

 

 

Agora, Passos Coelho classifica como “intolerável” o que o Governo está a fazer com a Caixa Geral de Depósitos e na quinta-feira lançou críticas ao ministro das Finanças: “Ontem [quarta-feira], o ministro das Finanças, que tem sido parco em explicações e anúncios sobre esta matéria, lá veio tentar explicar em que é que consiste o acordo de princípio que foi atingido com a Comissão Europeia”, disse. E acrescentou:

 

“Eu estive uns anos no Governo, tenho uma noção razoável da situação da Caixa Geral de Depósitos e confesso que não entendi nada do que o ministro das Finanças disse, porque ele não disse nada. Foi a segunda vez que falou sobre a CGD e não disse nada”.

 

 

Quando se começou a discutir o processo de recapitalização, o PSD enviou 30 perguntas ao Governo sobre a CGD. Quase em simultâneo, havia de anunciar a criação de uma comissão de inquérito potestativa à Caixa (que acabou por gerar um conflito entre a bancada social-democrata e Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia, que o PSD acusou de criar obstáculos ao processo). Em junho, na Assembleia da República, o líder parlamentar Luís Montenegro procurava alinhar-se num raro consenso com as restantes bancadas: “Para termos um debate sério, o PSD entende que não está em causa a natureza pública da Caixa Geral de Depósitos”. A seguir, sugeriu, em forma de pergunta, se era o crédito mal parado que estava na origem das necessidades de recapitalização da CGD. E disse mesmo que “mais de cinco mil milhões de euros de imparidades que foram para o balanço estavam escondidas na Caixa Geral de Depósitos.”

 

 

O PSD anunciou então a criação dessa comissão de inquérito, que arrancou em julho, para investigar a gestão da Caixa Geral de Depósitos desde o ano 2000, abordando também o processo de recapitalização.

 

 

CDS. Sem contrariar a natureza pública da CGD

 

 

Se o PSD defendeu em certo ponto o caminho para a privatização da Caixa, o CDS sempre se vangloriou por nunca o ter feito. Uma fonte dos centristas até recordou ao Observador que foi Paulo Portas quem fez com que o PSD deixasse cair a proposta de privatização parcialda Caixa no acordo para o Governo de coligação em 2011. A troika também queria privatizar a Caixa, mas o governo socialista da altura conseguiu que esta operação ficasse de fora do memorando inicial.

 

Louçã diz que esquerda não deve aceitar despedimentos na Caixa 7

Em junho deste ano, quando o tema se instalou no Parlamento, Assunção Cristas rematou o assunto com uma rara manifestação de convergência. “Todas as bancadas perguntaram e eu própria o fiz, várias vezes, sobre quanto é que os contribuintes vão pagar para a Caixa Geral de Depósitos ser recapitalizada, matéria onde, como sabe, temos convergência de pontos de vista, e sempre tivemos, nomeadamente sobre a natureza pública da Caixa Geral de Depósitos”, disse a líder centrista.

 

 

Meses antes, à entrada para um conselho nacional do CDS, em abril, Cristas alertava para a importância de Governo e Comissão Europeia chegarem a um entendimento e a um montante para a capitalização, defendendo sempre que a Caixa “precisa de ser capitalizada”. “É importante clarificarmos de quanto estamos a falar e é importante também saber se na Europa a DG COM nos deixa fazer a capitalização totalmente pública como eu acho, e neste aspeto de acordo com o Governo, que tem de ser”, disse na altura.

 

 

Com o arrastar do processo, começaram as críticas. Os centristas sempre se opuseram ao aumento do teto salarial para os gestores, numa altura em que estavam a ser equacionadas saídas de funcionários da Caixa. Perante o chumbo do BCE aos nomes escolhidos para a nova administração, acusaram o Executivo de “incompetência” e de estar a protagonizar uma “trapalhada”.

 

 

Quando o PSD propôs a realização de uma auditoria e de uma comissão de inquérito à recapitalização da Caixa, o CDS juntou-se ao apelo e os ex-parceiros de coligação propuseram-se a analisar ao detalhe todos os créditos concedidos pela Caixa desde o ano 2000, para apurar responsabilidades. Depois de alguns entraves políticos e burocráticos, nomeadamente da parte do Presidente da Assembleia da República, o PSD apresentou o requerimento a título potestativo, e a comissão de inquérito tomou posse com caráter obrigatório.

 

 

E em exame vai estar a recapitalização, mas também o processo que conduziu a necessidades de capital superiores a cinco mil milhões de euros, o que inclui as operações de crédito de alto do passado, mas também as decisões ou falta delas no período anterior a 2016, quando a Caixa devia ter sido reestruturada e reforçada para hoje estar a dar lucros.

 

 

TPT com: Tiago Petinga//Lusa//Vitor Matos//Rita Dinis//Ana Suspiro//João Pedro Pincha//Observador// 27 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue

A Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos anunciou que vão ser feitos testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue no país.

Até agora, aqueles testes eram feitos apenas nas doações feitas em locais onde havia registo de casos.

 

 

A FDA anunciou a nova medida para aumentar as precauções perante o desconhecimento que ainda existe sobre o vírus e as novas suspeitas que apontam estudos científicos.

Os testes, que já se fazem em áreas de transmissão local do Zika como a Flórida e o Porto Rico, vão continuar “até que o risco de transmissão por transfusão diminua”.

“Dada a nova informação científica e epidemiológica sobre o Zika, é claro que é necessário tomar medidas adicionais de precaução”, afirmou, em comunicado, Luciana Borio, cientista chefe da FDA.

 

 

Casos de zika em Miami Beach. Autoridades alertam grávidas para não viajarem para a cidade

 

 

Casos de infeção pelo vírus zika, transmitido por mosquitos, foram detetados em Miami Beach, Florida, nos Estados Unidos. As autoridades alertaram as mulheres grávidas para evitarem viajar para esta zona. A ameaça deste vírus poderá atingir outras zonas do estado da Florida e poderá, por este motivo, afetar outras grávidas do estado norte-americano, afirmaram os responsáveis locais pela saúde.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 2

Foram identificados dois casos de zika e um deles refere-se a um turista que visitou zona há cerca de duas semanas. O outro, atingiu um habitante de Miami.

Estes não são os primeiros casos de zika que surgem na cidade. No início de agosto registaram-se 15 casos de pessoas infetadas em Miami. A epidemia do zika tem-se espalhado pela a América do Sul durante 2016. No Brasil, já afetou mais de 1.800 bebés, que nasceram com microcefalia.

 

 

As autoridades locais apontam o bairro de Wynwood como o principal local de transmissão do vírus e 25 dos 35 casos de transmissão local na Florida estão ligados a este bairro. Contudo, o mayor de Miami, Philip Levine, afirmou que “é esperado que apareçam alguns casos, mas não se trata de nenhuma epidemia”.

Miami Beach tem cerca de 90 mil habitantes e acolhe milhões de turistas todos os anos. Só em 2015, foi de sete milhões o número das pessoas que visitaram a zona balnear. Mais de metade dos turistas teve origem no Brasil.

 

 

Zika pode causar perda de memória

 

 

Um novo estudo feito por um grupo de investigadores da Califórnia aponta que o zika pode causar perdas de memória parecidas àquelas que são provocadas pelo Alzheimer.

 

Ainda não tinha sido estudada a hipótese de o vírus afetar os adultos com a infeção de células cerebrais. “O zika pode instalar-se no cérebro de um adulto e causar sérios danos”, disse Sujan Shresta, membro da equipa do Instituto de Imunologia da Califórnia, apesar de confessar que é um processo “complexo e raro”.

 

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As experiências feitas em ratos mostram que o vírus ataca células imaturas do cérebro, prejudicando a memória. Com o tempo, os efeitos podem ser semelhantes aos da doença de Alzheimer. O grupo de investigadores considera, ainda, que é importante que a monitorização do vírus não seja apenas feita em mulheres grávidas, mas em todas as pessoas.

 

 

Microcefalia não é o único problema causado pelo zika

 

 

Uma infeção com o vírus zika é particularmente perigosa para as mulheres grávidas pelo risco de poder  causar microcefalia (perímetro do crânio menor do que esperado) no bebé. Agora, um artigo publicado na revista científica Radiology mostra outros tipos de anomalias que foram detetados em recém-nascidos infetados com o vírus.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 4

A microcefalia, que se revela por um tamanho do crânio inferior ao normal, é causada pelo desenvolvimento anormal do cérebro. No caso da infeção com zika, o vírus parece perturbar a normal multiplicação das células do cérebro ou a diferenciação e desenvolvimento deste órgão. A microcefalia pode ter consequências no desenvolvimento cognitivo da criança e pode mesmo provocar-lhe uma morte precoce.

 

 

As anomalias agora reportadas incluem também um aumento da quantidade de líquido nas cavidades cranianas (mesmo quando o tamanho geral do crânio parecia normal), perda de volume da massa cinzenta e massa branca do cérebro, defeitos no tronco cerebral e nocorpus callosum (que faz a ligação entre os dois hemisférios cerebrais), colapso do próprio crânio originando pregas de pele na cabeça e calcificações em zonas do cérebro que desregulam a formação de novas células neuronais, como descreve o jornal americano The New York Times. Nalguns casos também foram identificados problemas oculares e no corpo.

 

 

De um ponto de vista imagiológico, as anomalias no cérebro são muito graves quando comparadas com as de outras infeções congénitas”, disse Deborah Levine, professora de radiologia na Harvard Medical School e coautora do estudo, citada pelo The Guardian.

 

 

Identificar os vários tipos de anomalias e a sua imagem radiológica pode ajudar a identificar precocemente o aparecimento de problemas no embrião durante a gestação. Os investigadores alertam que algumas das alterações e problemas podem surgir mesmo depois do nascimento, numa fase em que o cérebro da criança ainda está em desenvolvimento.

 

 

As imagens publicadas foram baseadas na análise de 35 bebés — 17 cujas mães tinham sido infetadas com zika e 28 sem confirmação laboratorial, mas com sinais da infeção. O estudo foi conduzido pelo Instituto de Pesquisa, em Campina Grande, no estado de Paraíba. Este estado, no nordeste do Brasil, está localizado numa das zonas mais afetadas do país que tem o maior número de casos de infeção com zika e o maior número de casos de microcefalia causada pela infeção.

 

 

Hong Kong regista primeiro caso de vírus Zika

 

 

As autoridades de saúde de Hong Kong confirmaram esta quinta-feira o primeiro caso de infeção pelo vírus Zika, numa mulher de 38 anos que viajou recentemente para as Caraíbas.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 5

Segundo o jornal South China Morning Post, a paciente encontra-se estável, numa ala de isolamento no United Christian Hospital, em Kwun Tong.

Segundo as autoridades de saúde, a mulher foi picada por mosquitos durante a sua viagem.

Na China continental foram registados, até agora, 22 casos de Zika importados – sete destas pessoas passaram por Hong Kong quando regressavam da América do Sul, indica o jornal.

 

 

Transmitido pelo mosquito ‘Aedes aegypti’, o Zika surgiu no Brasil há cerca de dois anos e desde então espalhou-se rapidamente pelo país e parte do hemisfério sul.

Até ao momento, o maior foco de preocupação assenta no perigo que o Zika representa para grávidas e fetos, dado que surge associado a problemas congénitos quando ocorre infeção na gravidez, nomeadamente a microcefalia e a síndrome Guillain-Barré, uma doença autoimune.

 

 

Três vacinas para o vírus Zika mostraram-se eficazes em macacos

 

 

Três diferentes vacinas experimentais para o vírus Zika desenvolvidas nos Estados Unidos obtiveram resultados em macacos, abrindo caminho a ensaios em humanos nos próximos meses, anunciaram esta quinta-feira os investigadores.

 

EUA vai fazer testes ao vírus Zika em todas as doações de sangue 6

Um estudo publicado hoje pela revista científica Science surge numa altura em que a comunidade científica tenta encontrar uma forma de prevenir o vírus transmitido por mosquitos que pode causar malformações nos recém-nascidos, como microcefalia.

O vírus Zika encontra-se atualmente em cerca de 50 países e territórios, sobretudo na América Latina, Caraíbas e no estado norte-americano da Florida.

 

 

“Três vacinas conferem completa proteção contra o vírus Zika em primatas, que é o melhor modelo animal para iniciar ensaios clínicos”, afirmou o investigador Dan Barouch, professor de medicina na Harvard Medical School, citado pela agência France Presse.

A proteção para o vírus Zika em roedores e primatas “enche de otimismo” os investigadores quanto ao desenvolvimento de “uma vacina segura e efetiva para os seres humanos”.

 

 

A infeção por vírus Zika não é geralmente uma doença mortal, mas a incidência em mulheres grávidas tem sido relacionada com casos de microcefalia e outras malformações nos bebés.

 

 

TPT com: New York Times//AFP//Lusa//Branden Camp//Michael Reynolds//EPA//Vera Novais//Observador//26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Vinho verde da adega de Monção está cada vez mais na boca dos americanos e não só

Nos Estados Unidos, como em Portugal, os meses de verão sempre são mais refrescantes se tivermos como companhia uma taça de vinho verde, fresco e leve, perfeito para uma boa conversa ou para acompanhar pratos de mariscos, entre outras refeições e petiscos.

Vinho verde da adega de Monção está cada vez mais na boca dos americanos 2

Recentemente, teve lugar no restaurante Taste of Portugal, em Newark, New Jersey, um jantar de degustação, no qual participaram cerca de cem pessoas, entre elas vários empresários portugueses, ligados ao mercado do vinho e da restauração. Esta iniciativa,  revelou uma bem conseguida e inovadora simbiose, entre os sabores da cozinha tradicional portuguesa e os vinhos verdes aqui apresentados.

 

Vinho verde da adega de Monção está cada vez mais na boca dos americanos 3

De referir que não é por acaso que o restaurante Taste of Portugal, em Newark, para além da tradicional gastronomia portuguesa, tem na sua sala de jantar uma das melhores cartas de vinho da cidade, privilegiando os verdes, mas não esquecendo as outras regiões de Portugal como o Douro, o Dão e o Alentejo.

 

Vinho verde da adega de Monção está cada vez mais na boca dos americanos 4

Esta iniciativa que foi da responsabilidade da empresa de importação de vinhos AIDIL WINES, com sede em Newark, contou também com a colaboração da Adega de Monção, aqui representada pelo seu presidente Armando Rodrigues Fontainhas e pelo Gestor Comercial Rui Machado Miranda. A finalidade principal da AIDIL WINES, foi a de apresentar e divulgar os vinhos verdes e a nossa gastronomia em termos qualitativos neste país, dando a conhecer a americanos e não só, produtos de qualidade e a sua denominação de origem.

 

Vinho verde da adega de Monção está cada vez mais na boca dos americanos 5

Por sua vez, Armando Rodrigues Fontainhas, presidente da Adega de Monção, bem como o seu  Gestor Comercial, Rui Machado Miranda, vieram aos Estados Unidos com o objectivo de ajudar a incrementar acções de divulgação, promoção e marketing dos vinhos verdes, neste país, participando também em outras iniciativas do género, levadas a cabo nas cidades de Boston, New Bedford e Fall River, no estado de Massachusetts. “Esta é uma boa forma de dar a conhecer os nossos vinhos a novos públicos, embora queiramos também dar-lhes a conhecer os novos produtos que temos”, disse ao The Portugal Times o presidente da Adega de Monção.

 

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Em 2015, as exportações de vinho verde ascenderam a 52 milhões de euros, mais 10% face ao ano anterior. Os Estados Unidos foram o destino de uma em cada quatro garrafas que ultrapassaram a fronteira rumo a 106 países, tendo superado pela primeira vez a barreira da centena de mercados externos.

 

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No ano passado, a casta Alvarinho cresceu cerca de 15%, enquanto os rosados representam já 5% do negócio do vinho verde.

As exportações representam mais de 40% do volume de negócios e os principais mercados de destino são os Estados Unidos, Alemanha, França, Canadá e Brasil.

 

 

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Nesta prova de vinhos verdes foi ainda apresentado o vinho verde tinto “Vinhão”, da Adega de Monção.

“Acima de tudo, também queremos ajudar a cimentar o papel dos vinhos verdes como embaixadores da marca Portugal neste país”, disse ao The Portugal Pedro Carvalho, director de vendas da AIDIL WINES, que reconhece ser importante  o facto de os EUA se terem tornado o principal mercado de exportação portuguesa fora da União Europeia.

 

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O vinho verde tinto “Vinhão”  da Adega de Monção, também está a acompanhar um movimento muito positivo das exportações portuguesas para este país.

Sobre a sua identidade, é a cor que singulariza e diferencia o Vinhão, de cor negro-azulada e quase impenetrável à luz. É a casta tinta mais cultivada na região do Vinho Verde, oferecendo vinhos rústicos, de acidez muito elevada, notórios pela acidez inquieta.

 

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O impacto mediático destas provas de gastronomia e vinhos portugueses, está a fazer destes certames uma janela de oportunidades, para que estes produtos sejam cada vez mais solicitados e apreciados, nos Estados Unidos da América, como é o caso.

 

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A frescura vibrante, a elegância e leveza, a expressão aromática e gustativa, com destaque para as suas notas frutadas e florais, são as características que definem e diferenciam o vinho verde.

 

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Em conversa com o The Portugal Times, Pedro Nogueira, administrador do Taste of Portugal, em Newark, referiu que o papel e importância deste evento da autoria da AIDIL WINES, “para além dos aspectos comerciais, sempre decisivos neste tipo de iniciativas, também não falta a oportunidade de, para além de desenvolver em simultâneo, o desenrolar do certame propriamente dito, as pessoas podem usufruir ainda de uma atmosfera de saudável convívio”.

 

Vinho verde da adega de Monção está cada vez mais na boca dos americanos 13Vinho verde da adega de Monção está cada vez mais na boca dos americanos 14

Para quem gosta de bom vinho, seja ele maduro ou verde, estas iniciativas da AIDIL WINES, são também oportunidades imperdíveis de conhecer algumas marcas de qualidade. E segundo o engenheiro luso-americano António Gomes, que também esteve presente nesta iniciativa, “gostar de vinho é algo tão natural como apreciar um bom prato e, hoje em dia, um número cada vez maior de pessoas se interessa pela cozinha gastronómica e pelo desfrutar dos prazeres associados à prova de vinhos”, concluiu.

 

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“O vinho verde é único no mundo”, diziam os convidados. Neste jantar, também não faltaram os “provadores”, que entusiasmados, iam analisando o grau e o paladar que os vinhos verdes iam deixando.

 

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E sendo o vinho, cultura, gastronomia e economia, bem como um produto de excelência da agricultura portuguesa, os responsáveis da Adega de Monção e da empresa AIDIL WINES, querem manter o crescimento em notoriedade e vendas dos vinhos verdes em mercados orgânicos, com o presidente da Adega de Monção, Armando Rodrigues Fontainhas, a reforçar o seu posicionamento na continuidade do investimento na promoção externa, e a eleger como mercados-alvo de promoção Portugal, Estados Unidos, Alemanha, Canadá, Brasil, Suíça, Reino Unido, Noruega, Suécia e Japão, “novidade que acresce maior dinamismo e orientação de vendas externas”, disse.

 

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A cultura do vinho verde remonta ao século 12, mas foi a partir dos séculos seguintes que a viticultura floresceu na região do Minho. Há documentos que dão conta de que o verde foi um dos primeiros estilos de vinho português a ser exportado e hoje, à parte disputas entre produtores de outras regiões, é um dos produtos de maior orgulho do país, além do fado de Amália Rodrigues e da bacalhoada.

 

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O vinho verde, produzido na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, em Portugal, constitui uma denominação de origem controlada e cuja demarcação remonta a 1908.

Mas só em 1949 é que o vinho verde foi reconhecido internacionalmente como produto com denominação de origem controlada.

 

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Naturalmente leve e fresco, produzido na província do Minho, no noroeste de Portugal, uma região costeira geograficamente bem localizada para a produção de excelentes vinhos brancos. Berço da carismática casta Alvarinho e produtora de vinhos de lote únicos, a Região dos Vinhos Verdes oferece um conjunto ímpar de vinhos muito gastronómicos.

Com moderado teor alcoólico, e portanto menos calórico, o Vinho Verde é um vinho frutado, fácil de beber, óptimo como aperitivo ou em harmonização com refeições leves e equilibradas.

 

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A Região dos Vinhos Verdes, situada a norte do País, estende-se desde o rio Minho até sul do rio Douro, e representa 15% do total da área vitícola nacional com os seus 21 mil hectares de vinhedos, segundo a CVRVV Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes.

 

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Com nove sub-regiões, algumas das quais associadas aos rios que a atravessam, nomeadamente Ave, Cávado, Lima, Paiva e Sousa, este território distingue-se pelos seus vinhos brancos diversos em que sobressaem alguns varietais a partir das suas castas autóctones: Alvarinho e Loureiro, em primeira instância, a que se seguem Trajadura e Avesso. Os vinhos tintos, em que predomina a casta Vinhão, são sobretudo consumidos regionalmente associados à gastronomia tradicional.

 

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“Agora, o que é preciso continuar a fazer, é que o vinho verde ganhe mais adeptos, dando-o a conhecer cada vez mais para que ganhe a projeção que se pretende e merece”, concluiu Pedro Carvalho.

 

 

JM//The Portugal Times// 19 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Estudantes protestam contra porte de armas na universidade do Texas, com brinquedos sexuais

Era o primeiro dia de aulas de um novo semestre na Universidade do Texas. O primeiro dia em que os alunos poderiam ir à escola na posse de armas, desde que estas não fossem visíveis. No entanto, para além de livros, material de escrita e portáteis, alguns alunos optaram não por levar uma arma, mas por se fazerem acompanhar por outro objeto que consideravam igualmente ridículo: um dildo, um brinquedo sexual com a forma de um pénis.

 

 

O resultado da manifestação foi, segundo o Washington Post, a exibição de cerca de 4.500 brinquedos sexuais de todas as cores e tamanhos nocampus da Universidade do Texas esta quarta-feira.

Jessica Jin, uma das pessoas à frente do protesto, explicou ao New York Times o motivo do protesto com recurso a brinquedos sexuais: “Estas leis não protegem ninguém. Os estudantes não as querem. É um absurdo. Por isso, eu pensei, temos de combater o absurdo com absurdo“.

 

 

Esta quarta-feira, alunos da universidade distribuíram os brinquedos sexuais a centenas de alunos que se encontravam a protestar contra a lei que entrou em vigor no dia 1 de agosto. Um dos organizadores do protesto considerou “obsceno” que o Estado permita que armas entrem no campus, acrescentando ainda: “Que melhor maneira de mostrar como nos sentimos que esta”?

 

 

Uma das manifestantes, Rosie Zander, explicou que enquanto as armas forem permitidas no campus os dildos também lá vão continuar, acrescentando ainda: “Se estão desconfortáveis com o meu dildo, não podem imaginar quão desconfortável eu estou com a vossa arma”.

 

Estudantes protestam contra porte de armas na universidade do Texas, com brinquedos sexuais 2

Milhares de estudantes tiraram fotografias e fizeram publicações nas redes sociais com os “brinquedos”. O protesto ficou conhecido na Internet como @CocksNotGlocks — uma brincadeira com o nome de um tipo de pistolas, a Glock, e o pénis.

 

 

Bob Harkins, vice-presidente da segurança no campus, relembra que mostrar publicamente um brinquedo sexual pode ser ilegal no estado do Texas, caso a pessoa que o transporte esteja a agir de uma forma obscena. A polícia que se encontrava no local não procurou fazer nenhuma detenção por os alunos estarem a manifestar uma posição política, acrescentou o vice-presidente.

 

Estudantes protestam contra porte de armas na universidade do Texas, com brinquedos sexuais 3

O primeiro dia de manifestação foi marcado na página de Facebook do movimento. Na publicação a apelar para que as pessoas assistissem ao protesto, podia ler-se: “Este evento ‘começa’ às oito da manhã porque esse é o primeiro bloco de aulas da Universidade do Texas. No entanto, este é um protesto contínuo — porquê deixar os teus dildos em casa se outras pessoas não deixam as armas delas em casa? Usa-os com orgulho até que a lei seja revogada”.

 

 

O presidente da Universidade do Texas já se mostrou contra a lei, mas diz que não teve escolha se não aceitar a decisão.

 

Estudantes protestam contra porte de armas na universidade do Texas, com brinquedos sexuais 4

Brian Bensimon, um dos alunos da Universidade do Texas, faz parte de um grupo nacional a favor de os alunos poderem exercer o seu direito a transportar armas nos campus universitários. O grupo diz que tem vários membros na universidade em Austin, mas Bensimon afirma que é o único.

 

 

O jovem envergou um cartaz na quarta-feira junto dos manifestantes que se mostravam contra a nova lei. “Posso não estar bem integrado nocampus, mas estou integrado no Estado”, afirmou o estudante.

 

 

Desde o dia 1 de agosto que se tornou legal transportar armas escondidas no campus universitário do estado do Texas, onde já era permitido transportar armas escondidas na rua. A permissão de levar armas para o espaço universitário já existia em sete estados americanos: Oregon, Idaho, Utah, Colorado, Wisconsin, Kansas e Mississípi.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//CNN//Washington Post//New York Times//Observador//26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

José Eduardo dos Santos foi reconduzido no cargo de Presidente de Angola com 99,6% dos votos

O líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) foi reconduzido no cargo com 99,6% dos votos, no VII congresso ordinário do partido. José Eduardo dos Santos, único candidato à presidência do partido, foi eleito com 2.543 votos a favor, cinco contra e cinco abstenções.

 

 

No poder há praticamente 37 anos, o líder e Chefe de Estado anunciou em março a sua saída da vida política. Numa recente reunião do Comité Central, José Eduardo dos Santos disse que em 2002, em eleições gerais, foi eleito Presidente da República e empossado para cumprir um mandato que nos termos da Constituição da República termina em 2017. “Assim, eu tomei a decisão de deixar a vida política ativa em 2018”, disse na altura.

 

 

Em simultâneo, foi também votada a única lista de 363 membros do Comité Central, que passou com 2.511 votos a favor, 37 contra e sete abstenções, correspondente a 98,35% da votação.

 

Líder do MPLA reconduzido no cargo com 99,6% dos votos 2

Num momento em que persistem dúvidas sobre a sucessão na liderança do partido e na candidatura do MPLA às eleições gerais de agosto de 2017, destaca-se a estreia de dois dos filhos de José Eduardo dos Santos no Comité Central. José Filomeno dos Santos (conhecido como Zenu) chega a este órgão proposto pela estrutura da juventude do partido, a JMPLA, e Welwitchia dos Santos (conhecida como Tchizé), proposta pela estrutura feminina do partido, a Organização da Mulher Angolana (OMA).

 

 

Os dados avançados à imprensa pelo porta-voz do congresso, Manuel Rabelais, dão conta que a eleição, pela primeira vez por voto eletrónico, decorreu “dentro do maior civismo e foi marcada pela transparência e democracia”. A estreia de novas tecnologias no conclave, segundo o porta-voz, garantiu “maior precisão de votos, lisura e economia de tempo”.

 

 

No terceiro dia de trabalhos do congresso, foram discutidas e aprovadas a resolução sobre a Moção de Estratégia do líder do partido para 2017-2021, o relatório dos Estatutos do Partido, os documentos finais Moção de Apoio ao Presidente Eleito pela dedicação ao MPLA, ao país e à pátria. Foram também aprovadas a Moção de Reconhecimento dos membros do Comité Central que cessaram o mandato, pela sua dedicação e empenho, a Moção de Agradecimento às individualidades intelectuais e coletivas que apoiaram a realizaram do VII congresso ordinário do partido, bem como apreciaram e aprovaram a Resolução Final, cujo conteúdo foi divulgado na cerimónia de encerramento.

 

 

À margem do congresso foi realizado um seminário, em que participaram membros das 27 delegações estrangeiras convidadas ao congresso sobre os Caminhos para a Consolidação da democracia e da diversificação da economia. Segundo o porta-voz, os trabalhos têm estado a decorrer num espírito de profunda discussão, participação ativa dos delegados e de respeito pelos princípios democráticos e no contraditório. “Está a ser um congresso produtivo e demonstrativo da grande força e da coesão interna do partido”, referiu.

 

 

UNITA repudia posição assumida por enviado do PCP no VII congresso do MPLA

 

 

A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolana, repudiou nos “termos mais enérgicos” a posição assumida em Angola por Rui Fernandes do Partido Comunista Português (PCP). A reação da UNITA surge na sequência de uma referência que fez àquele partido na sua mensagem ao VII congresso ordinário do MPLA, partido no poder, que decorreu em Luanda.

 

 

A mensagem do PCP lembrava que aquele partido foi sempre solidário com Angola “na sua luta pelo fim do colonialismo português, pelo fim da agressão do ‘apartheid’ da África do Sul, pelo fim da ingerência do imperialismo e da ação criminosa da UNITA, pela conquista da paz e pela reconstrução do país”.

 

Líder do MPLA reconduzido no cargo com 99,6% dos votos 3

Em comunicado, a UNITA lembrou que foi o PCP que “arquitetou a violação dos Acordos de Alvor, celebrados entre Portugal, então potência colonial, e os três movimentos de libertação nacional de Angola, ocasionando o fracasso do processo de descolonização de Angola e dando origem à guerra civil que devastou o país por longos anos”.

 

 

O documento acrescenta que num ato de coragem e maturidade patrióticas, os irmãos angolanos antes desavindos assumiram a responsabilidade histórica de pôr fim ao conflito que os opunha, proporcionando ao país e ao seu povo a oportunidade de viver em paz e reconciliados.

 

 

O maior partido da oposição angolana sublinha que é parte signatária dos Acordos de Bicesse, celebrados com o Governo de Angola, em maio de 1991, que abriu caminho ao multipartidarismo, além do Protocolo de Lusaca e do Memorando de Entendimento do Luena, que puseram fim à guerra civil angolana.

 

 

A UNITA entende que as declarações de Rui Fernandes em relação ao seu partido, que “procura com muito sacrifício manter e consolidar a paz e o espírito de reconciliação nacional, são uma ingerência inaceitável nos assuntos internos de um país independente, bem como um atentado à soberania e uma posição instigadora de novos conflitos”.

 

 

A terminar, a UNITA reitera o seu posicionamento favorável à manutenção das boas relações de amizade, irmandade e cooperação com o povo português e com as suas instituições democráticas. “A UNITA não tolerará nunca que agentes do mal, que estiveram na base do conflito que dividiu os angolanos procurem, outra vez, semear discórdia, inviabilizando a felicidade e o bem-estar da maioria dos angolanos”, lê-se no documento.

 

 

Na sua mensagem, o PCP manifestou-se solidário com o MPLA na defesa da soberania, da integridade territorial, da unidade e independência do país, da paz, dos direitos e do progresso social do povo angolano, rejeitando operações de desestabilização contra Angola, considerando que cabe ao povo angolano decidir soberanamente do seu presente e futuro liberto de quaisquer ingerências externas.

 

 

Jornalistas de Angola acusam MPLA de querer “censurar” as redes sociais

 

 

A criação de uma Entidade Reguladora da Comunicação Social em Angola (ERCA) está a preocupar os jornalistas angolanos. A medida foi aprovada em Conselho de Ministros, no final de junho, e a nova entidade surge para substituir o antigo Conselho Nacional de Comunicação Social.

 

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A ERCA terá como função garantir a objetividade e a isenção na informação, salvaguardar a liberdade de expressão e assegurar que a atividade dos media angolanos está em consonância com a Constituição. Mas o que está a deixar os jornalistas preocupados é a composição do órgão. Informação avançada pela agência Lusa no início deste mês revelava que o Conselho Geral da ERCA será constituído por 11 elementos. Cinco nomeados pelo partido com a maioria dos assentos parlamentares (o MPLA), dois pelos restantes partidos, dois membros do Governo e dois jornalistas indicados por organizações representativos da profissão.

 

 

A reação do MISA-Angola (Instituto de Comunicação Social da África Austral – Angola), que luta pela liberdade de expressão em África, chegou rapidamente pela voz do seu presidente, Alexandre Solombe. “Está-se logo a ver à partida que o partido que tiver a maioria no parlamento vai continuar a dominar o nível deste órgão”, lamentou o responsável, avisando que a entidade tem de ser “independente até na sua composição”. Em declarações à Lusa, Alexandre Solombe advertiu que a entidade reguladora não pode ser “politicamente alinhada com o regime”.

 

 

As críticas mais ferozes têm vindo do Maka Angola, o site criado pelo jornalista Rafael Marques para denunciar a corrupção no país. Num texto publicado na plataforma, o analista jurídico e professor de direito Rui Verde assegura: “Os jornalistas vão passar a ser escolhidos pelo MPLA”. O analista apelida até a ERCA de “Polícia da Comunicação Social”. O organismo, além das funções de regulador, terá ainda a função de atribuir as carteiras profissionais aos jornalistas. O título que permite a um jornalista exercer a profissão será retirado “sempre que o portador deixe de reunir as condições exigidas por lei para a sua aquisição”, o que é, para Rui Verde, “uma formulação devidamente genérica para deixar ampla margem de discricionariedade à ERCA”. O analisa vai mais longe: “Obviamente que a liberdade jornalística em Angola termina com esta lei”.

 

 

Rui Verde explica, noutro texto no Maka Angola, que “uma entidade que assume poderes de supervisão é uma entidade que fica dotada de poderes administrativos de intervenção direta, designadamente como instância de recurso e com capacidades revogatórias”. O grande problema, sublinha o jurista, é que os textos das leis incluem “cláusulas gerais e indeterminadas”, que “remetem as decisões para os aplicadores”.

 

 

A nova legislação é particularmente feroz para os meios de comunicação online. José Eduardo dos Santos tinha, no ano passado, assumido que “o país devia adotar assim que possível legislação adequada” para regular as práticas inaceitáveis nas redes sociais, como “transmitir conteúdos degradantes ou moralmente ofensivos”, como lembra o Daily Mail. Estas declarações foram feitas na altura em que os 17 ativistas angolanos, entre os quais Luaty Beirão, foram presos e as redes sociais se inundavam de mensagens de apoio. Muitos apoiantes dos ativistas tiveram inclusivamente de acompanhar o julgamento através de meios online, devido à falta de cobertura feita pelos meios de comunicação angolanos.

 

 

O jornalista Rafael Marques, um dos principais críticos do regime angolano, que já chegou a estar preso por causa de artigos que escreveu, diz que o MPLA quer “controlar e censurar qualquer tentativa de ativistas políticos usarem as redes sociais e a internet para alertar para os exemplos mais escandalosos de corrupção, nepotismo e abuso de poder”, citado pelo jornal britânico The Guardian.

 

 

José Eduardo dos Santos, à frente de Angola desde 1979, conseguiu aprovar o pacote de medidas, que inclui propostas para a Lei de Imprensa, Estatuto do Jornalista, Exercício da Atividade de Radiodifusão, Exercício da Atividade de Televisão e, finalmente, a criação da ERCA, pouco antes do congresso do MPLA.

 

 

A ERCA deverá substituir definitivamente o Conselho Nacional de Comunicação Social até ao final deste ano, após ser apreciada pela Assembleia Nacional.

 

 

 

TPT com: AFP//Reuters//Lusa//JD//PAULO NOVAIS/EPA//João Francisco Gomes//Observador// 26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Turquia invade norte da Síria em ofensiva contra Estado Islâmico e curdos

Uma unidade de tanques do Exército da Turquia invadiu a zona fronteiriça a norte da Síria depois de bombardear a zona, alegadamente sob controlo do Estado Islâmico. A região invadida fica a meio caminho entre Gaziantep, a cidade turca alvo de dois atentados na passada semana, e Aleppo, a cidade síria fustigada pela guerra civil no país ainda governado por Bashar al-Assad.

 

 

Numa altura em que o vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se prepara para visitar a Turquia, o primeiro responsável norte-americano a fazê-lo desde a tentativa de golpe de Estado que aconteceu no mês passado, o Exército turco faz uma das maiores ofensivas, pelo menos dos últimos tempos, avança a imprensa turca.

As forças armadas turcas terão atingido cerca de 70 alvos na região fronteiriça de Jarablus com recurso a rockets, ataques aéreos e a artilharia terrestre, enviando também as forças especiais turcas como parte da ofensiva.

 

 

O ataque, segundo o presidente turco, tem como alvos o grupo terrorista Estado Islâmico, mas também as forças curdas na região que estão a combater o Estado Islâmico. As forças curdas são consideradas terroristas pelo governo turco, apesar de serem aliados dos EUA na luta contra o Estado Islâmico e das forças mais eficazes no terreno contra os avanços do movimento terrorista.

 

 

As forças turcas já haviam lançado ataques contra as forças curdas esta semana. O objetivo será evitar que os curdos, que lutam por um Estado independente há várias décadas, preencham o vazio que possa ser deixado pelo Estado Islâmico.

 

 

A região chamada de Curdistão abrange partes da Turquia, Síria, Iraque e Irão, sendo que a maior parte do território, que não é um país e só tinha autonomia em algumas partes do Iraque, está na Turquia.

 

 

Turquia promete maior intervenção na Síria, mas quer Assad longe

 

 

O primeiro-ministro turco anunciou que o país vai assumir um papel “mais ativo” na resolução da guerra civil na Síria durante os próximos seis meses. Binali Yildirim quer “reduzir a instabilidade” e resolver o “conflito étnico” que se verifica no país.

 

Turquia invade norte da Síria em ofensiva contra Estado Islâmico e curdos 2

“O derramamento de sangue tem de parar. Nem bebés, nem crianças, nem pessoas inocentes devem morrer. É por isso que a Turquia vai assumir um papel mais ativo nos próximos seis meses para evitar que o perigo se agrave”, explicou o responsável.

 

 

O objetivo é pôr fim à guerra civil que há cinco anos afeta a Síria. A Turquia é um dos países mais afetados pelo conflito — faz fronteira com a Síria e recebe mais de 2,7 milhões de refugiados sírios, o que já resultou em 15,7 milhões de dólares de custos (quase 14 milhões de euros), disse o governo à AFP.

 

 

Uma das condições para o apoio turco é a não intervenção de Bashar al-Assad — uma figura que, defende o responsável turco, deve estar afastada do futuro daquele país. “Nós acreditamos que o Daesh e Assad não devem estar no futuro da Síria”, disse, referindo-se ao Estado Islâmico e ao presidente da Síria, sublinhando que “fora de questão” encetar um diálogo com Assad, escreve a Reuters. Ainda assim, Binali Yildirim aceita que Assad fique “temporariamente”, durante uma transição, porque “quer gostemos ou não, [Assad] é um dos atores principais na situação”.

 

 

O objetivo da participação “mais ativa” da Turquia é também evitar que a Síria fique dividida por um “conflito de etnias”. “O nosso apoio implica que a Síria não se divida com base em etnias”, sublinhou Yildirim. Nos últimos 5 anos os grupos curdos ganharam terreno, resultando em alguns conflitos com grupos da maioria árabe na Síria.

 

 

Na sexta-feira, nota a Reuters, as autoridades curdas evacuaram milhares de civis de áreas detidas pelos curdos devido aos ataques aéreos encetados pelo governo sírio. Ainda no fim desta semana em Hasaka, cidade síria, um novo confronto entre a milícia curda e o governo de Damasco resultou no conflito “mais violento” de sempre entre aquelas duas forças.

 

 

Carro armadilhado explode junto a edifício policial na Turquia e faz pelo menos onze mortos

 

 

 

Um veículo armadilhado explodiu hoje junto a um edifício policial situado a 50 metros de uma esquadra, em Cizre, na Turquia, por volta das sete da manhã (4h00 em Lisboa).

 

Turquia invade norte da Síria em ofensiva contra Estado Islâmico e curdos 3

A agência noticiosa do estado turco, a Anadolu, anunciou que morreram onze polícias e dezenas de pessoas ficaram feridas na cidade junto à fronteira com a Síria.

 

 

A Anadolu afirmou que militantes curdos com ligação ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) foram responsáveis pelo ataque, embora o ataque não tenha ainda sido reivindicado.

 

 

Pelo menos doze ambulâncias e dois helicópteros foram enviados para o local, informou o ministro da Saúde.

Em meses recentes, o PKK levou a cabo uma série de ataques com carros armadilhados na Turquia.

 

 

TPT com: Reuters//Nuno André Martins//Catarina Marques Rodrigues//Observador// 26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

O país transalpino está a ser frequentemente muito afetado por terramotos. Porque treme Itália?

Nos últimos onze anos, Itália foi abalada por 28.300 sismos com magnitude igual ou superior a dois graus na escala de Richter. A grande maioria destes terramotos não provocou danos nem sequer foi sentida, mas o volume de ocorrências dá uma ideia de como o país é vulnerável à atividade sísmica. Não é muito frequente mas, de tempos a tempos, dá-se um abalo mais forte que deixa um rasto de destruição e vítimas. Aconteceu em 2009, quando mais de 300 pessoas morreram num sismo que arruinou L’Aquila, uma cidade do século XIII. Aconteceu novamente em 2012, a norte da cidade de Bolonha. Morreram 16 pessoas e mais de 350 ficaram feridas.

 

 

O sismo de L’Aquila teve uma magnitude de 6,9 na escala de Richter. O de Amatrice teve uma magnitude “que não é nada de excecional”, mas aconteceu “muito próximo da superfície [a 10 quilómetros de profundidade] e muito próximo de zonas habitadas”, explica ao Observador Fernando Carrilho, chefe da Divisão de Geofísica no Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Além disso, muitos destes sismos acontecem próximo de localidades que têm zonas históricas muito grandes e que não estão preparadas para resistir aos abalos sísmicos mais fortes.

 

 

Neste mapa estão os maiores terramotos sentidos em Itália durante o século XX. Desde 1908 — quando a terra abanou na Sicília e matou mais de 80 mil pessoas — até esta quarta-feira, morreram cerca de 120 mil pessoas na sequência de sismos.

 

 

Uma parte significativa do território italiano tem um nível elevado de perigosidade sísmica, sobretudo na região central e do sul. Isto deve-se ao facto de o país estar num local da Terra onde se encontram duas placas tectónicas: a euro-asiática e a sub-placa do Mar Adriático. Foi da colisão dessas duas estruturas que nasceram as montanhas dos Apeninos, que atravessam Itália de norte a sul. Essas placas continuam a mover-se e, por isso, os sismos são frequentes. O terramoto de L’Aquila foi provocado pelo afastamento abrupto das placas; o de Bolonha, em 2012, deveu-se ao movimento contrário, o choque. Agora, foi novamente o afastamento das placas que provocou o sismo.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 2

Todos os anos há entre seis a sete mil sismos em Itália, segundo os dados do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia daquele país. Mas há anos que escapam a estas estatísticas, como 2009, em que se registaram perto de 23 mil abalos, 17 mil dos quais na região em redor de L’Aquila.

 

 

Porque é que a Terra abana?

 

 

O planeta Terra é composto por camadas: a crosta terrestre, o manto e o núcleo, todas elas separadas por fronteiras a que os geólogos chamam “descontinuidades”. A crosta terrestre é semelhante a um puzzle, em que cada uma das peças chama-se “placa tectónica”. Em alguns casos, essas placas chocam entre si — são as placas convergentes, onde a crosta terrestre se destrói. Noutros casos, as placas afastam-se uma da outra — são as placas divergentes, onde a crosta terrestre se renova. E ainda há locais onde elas não se afastam nem aproximam, mas roçam uma na outra — são as placas conservativas.

 

 

É então fácil de perceber que a crosta terrestre nunca está quieta. Ela mexe-se porque está assente numa camada plástica. Essa camada é o manto, onde está armazenado o magma que é expelido pelos vulcões. A 70 quilómetros de profundidade, a Terra não está mais sossegada do que cá em cima. Lá em baixo, o magma está numa constante circulação lenta. Isto acontece porque as rochas que existem no manto estão a temperaturas diferentes umas das outras: na parte mais profunda do manto, mais próxima ao núcleo terrestre, as rochas estão a temperaturas muito mais altas (algo como 4800ºC). Mas na parte mais superficial do manto, próxima à crosta terrestre, as temperaturas são mais baixas (rondam os 150ºC). Ora, o magma a temperatura mais alta é também menos denso, por isso sobem para os patamares mais superficiais do manto. O magma a temperatura mais baixa, por ser mais denso, afunda-se para as zonas mais profundas do manto.

 

 

Isto provoca uma corrente: são as correntes de convecção. O magma menos denso, ao chegar à zona mais superficial do manto, aferrece e torna-se mais denso, tendendo portanto a voltar a afundar-se. Ao mesmo tempo, o magma mais denso aquece quando chega às profundidades do manto, tornando-se menos denso, o que o obriga a subir.

 

 

Toda esta dança que ocorre no manto faz com que as placas tectónicas, que assentam sobre ele, se movimentem. Durante esse movimento de placas ocorre uma verdadeira luta onde umas exercem pressão sobre as outras, conforme explica a Teoria do Ressalto Elástico. As rochas são materiais pacientes: todas elas têm um limite elástico, que é a tensão máxima que um material pode suportar, armazenando energia, sem sofrer deformações. Mas a paciência tem limites, até quando falamos de pedras. Quando o material terrestre fica submetido a uma tensão que ultrapassa o seu limite elástico pode comportar-se de duas maneiras: dobra-se ou fratura-se. É neste último caso que ocorrem os sismos, que não são mais que a libertação de toda a energia que as rochas próximas às fronteiras das placas acumularam ao longo de um determinado período de tempo. Como é nos limites das placas convergentes e das placas conservativas que os níveis de tensão a que as rochas estão sujeitas são maiores, é nessas onde a atividade sísmica é mais frequente e mais intensa.

 

 


Número de mortos até ao momento sobe para 250

 

 

O sismo de magnitude 6,2 que abalou a região central de Itália na madrugada desta quarta-feira já provocou a morte de 250 pessoas, segundo um novo balanço feito pela presidente da Proteção Civil italiana, Immacolata Postiglione. O ministro da Saúde italiano admite que há várias crianças entre as vítimas.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 3

De acordo com Postiglione, o balanço é ainda provisório, uma vez que se teme que existam outros mortos nos escombros das localidades mais afetadas. A presidente adiantou ainda que o número de feridos hospitalizados é de 365.

 

 

Os últimos dados oficiais, também divulgados pela Proteção Civil, apontavam para 247 vítimas mortais. Segundo o jornal italiano Corriere della Serra, 215 pessoas foram retiradas vivas dos escombros pelas equipas de salvamento, que trabalharam durante toda a noite.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 4

Uma nova réplica de magnitude 4,3 na escala de Richter fez-se sentir no início da tarde desta quinta-feira na região de Amatrice, provocando o colapso de edifícios que já estavam danificados. As equipas médicas foram chamadas ao local.

 

 

O comandante nacional da Proteção Civil, Fabrizio Curcio, admitiu num programa no canal de televisão Rai 1 que “as operações ainda estão a decorrer, pelo que o número deverá subir”. Numa outra entrevista, à SkyTg24, Curcio admitiu “não ficar surpreendido” se o número de mortos exceder o do sismo de Áquila, em que morreram pelo menos 300 pessoas.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 5

De acordo com informações dos ministérios dos negócios estrangeiros de Espanha e da Roménia, entre as vítimas mortais encontram-se um espanhol e dois romenos. O número total de desaparecidos ainda está por determinar.

 

 

Vários milhares de pessoas ficaram desalojadas. Os últimos dados apontam para 2.500 pessoas, a maioria nas localidades de Pescara e Arquata del Tronto.

 

O país transalpino é frequentemente afetado por terramotos. Porque treme Itália 6

O sismo teve epicentro (vermelho) a dois quilómetros de Accumoli (verde), tendo afetado ainda Amatrice (amarelo) e Arquata del Tronto (azul). A região afetada fica a mais de 100 quilómetros a nordeste da capital, Roma.

 

 

As buscas envolvem neste momento 880 bombeiros, apoiados por 250 viaturas. No total, há 4.370 pessoas envolvidas nas operações de resgate, nove helicópteros e ainda 50 brigadas caninas, detalhou o ministro do Interior, Angelino Alfano, em comunicado. O Papa Francisco enviou seis bombeiros da pequena brigada do Vaticano para ajudar nas operações.

 

 

Ao Corriere della Sera, as autoridades admitiram que “ainda podem estar cerca de dez pessoas” debaixo dos escombros do hotel Roma, em Amatrice, que tinha pelo menos 70 hóspedes na altura. Já foram recuperados sete cadáveres, mas as autoridades já explicaram que muitos dos hóspedes tinham conseguido fugir do hotel.

 

 

Em Arquata del Tronto, uma das regiões mais afetadas em termos de infraestruturas, dois voluntários que estão a ajudar nas buscas disseram à imprensa italiana que os cães da polícia já não conseguem detetar sobreviventes nos escombros. “Obviamente, não é um bom sinal, mas ainda temos esperança”, disseram os voluntários.

 

 

Desde o sismo, que teve epicentro a sudeste de Norcia, cidade da província de Perugia (Umbria), a terra voltou a tremer mais de uma centena de vezes. A mais recente réplica, de 4,7 foi registada esta madrugada, a sete quilómetros a leste de Norcia.

 

 

O sismo já é um dos mais mortíferos das últimas décadas em Itália, com o número de vítimas a aproximar-se do sismo de Áquila, em 2009, que matou mais de 300 pessoas. Este sismo, com uma magnitude de 6,7, teve epicentro na cidade de Áquila, na região de Abruzos, deixou mais de mil feridos e pelo menos 60 mil pessoas ficaram desalojadas. Pode ver aqui a história de 40 anos de sismos em Itália.

 

 

TPT com: Reuters//EPA//Lusa//João Pedro Pincha//Maria Leite Ferreira//Observador// Rita Cipriano//João Francisco Gomes//26 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Portugal despede-se do Rio de Janeiro com muitos diplomas e uma só medalha

 O bronze da judoca Telma Monteiro ‘coloriu’ a prestação portuguesa nos Jogos Olímpicos Rio2016, num conjunto de resultados em que ‘sobraram’ diplomas e lágrimas, faltaram medalhas e foram bem mais os que sobressaíram do que os dececionaram.

 

 

No geral, Portugal mostrou ter poucos atletas capazes de lutar por medalhas, mas muitos, em variadas modalidades, com qualidade, mesmo sem as condições de outros, para se baterem por muito honrosos lugares no ‘top 10’ – chegaram lá 19 e um recorde de 10 entre os seis melhores.

 

 

O ‘falhanço’ do canoísta Fernando Pimenta, que não logrou a anunciada medalha em K1 1.000 metros, ficando a sensação que a teria arrebatado com Emanuel Silva em K2, e as desistências – foram poucas – das maratonistas Sara Moreira e Jéssica Augusto foram o mais negativo, juntamente com a vela, de novo sem qualquer ‘Medal Race’.

 

 

Ainda assim, manteve-se a média de uma medalha por jogos, com 24 (quatro de outro, oito de prata e 12 de bronze) em 24 participações, com a segunda melhor pontuação de sempre: 41 pontos (de oito a um pontos do primeiro ao oitavo), contra os 44 de Atenas2004, a contrastar com 78.º lugar no ‘medalheiro’, o pior registo desde o ‘zero’ de Barcelona1992.

 

 

Em termos de modalidades, o judo ‘vence’, à custa do bronze de Telma Monteiro, mas foi a canoagem que voltou a apresentar o melhor conjunto de resultados, com um quarto lugar (K2 1.000), um quinto (K1 1.000) e um sexto (K4 1.000), contra os três sextos do atletismo, dois no triplo salto (Nelson Évora e Patrícia Mamona) e um nos 20km marcha (Ana Cabecinha).

 

 

O quinto lugar de Marcos Freitas, no ténis de mesa, da equipa de futebol, que veio muitíssimo desfalcada, e de João Pereira, no triatlo, e o sétimo do ciclista Nelson Oliveira, no contrarrelógio, merecem também nota muito alta.

 

 

Mais atrás, menção honrosa para Rui Bragança, com um nono lugar que devia ser quinto no taekwondo, e a cavaleira Luciana Diniz, demasiado penalizada por apenas um toque na final de saltos de obstáculos, que a atirou para nona.

 

 

Ainda no ‘top 10’, ficaram os judocas Sergiu Oleinic e Joana Ramos, Susana Costa, no triplo salto, Rui Costa, na prova de estrada de ciclismo, o par de ténis, composto por João Sousa e Gastão Elias, e a equipa de ténis de mesa, azarada no sorteio, que lhe colocou logo pela frente a Áustria.

 

 

Uma palavra de elogio também para os veteranos João Costa, que falhou por muito pouco as duas finais de tiro, e João Rodrigues, o porta-estandarte da Cerimónia de Abertura, o melhor da vela, com o 11.º lugar em RS:X.

 

 

Destaque ainda para o melhor resultado de sempre na ginástica artística, por Filipa Martins, o primeiro triunfo no ténis, selado por Gastão Elias e repetido por João Sousa e o par, e os recordes do nadador Alexis Santos.

 

 

Quanto ao badminton, a qualidade dos adversários não ‘deixou’ avançar Pedro Martins e Telma Santos, e os golfistas, os primeiros de sempre de Portugal, numa modalidade que regressou 112 anos depois, estiveram infelizes, acima do par, com Filipe Lima melhor do que Melo Gouveia, que foi último.

 

 

Presidente do COP assume responsabilidade por resultados aquém dos objetivos no Rio2016

 

 

“Creio que neste momento aquilo que é importante é avaliarmos os resultados alcançados e os resultados alcançados ficaram aquém das nossas expetativas”, disse à comunicação social o líder do COP, um dia após o encerramento dos Jogos, em que Portugal conquistou uma medalha de bronze, através da judoca Telma Monteiro.

 

Portugal despede-se do Rio com muitos diplomas e uma só medalha 2

Manifestando-se dividido, por um lado “feliz, satisfeito, pelo empenho, pelo esforço, pela dedicação, pela forma como a missão viveu nestes Jogos”, José Manuel Constantino diz, por outro lado, ter a obrigação, perante o país, de reconhecer que os objetivos não foram atingidos.

 

 

“O presidente do COP assumiu um compromisso quando celebrou com o Governo um programa de apoio à preparação olímpica. (…) Não há outro responsável. O primeiro responsável pelo facto de os objetivos não terem sido atingidos sou eu. (…) Não tenho de me queixar do Governo, nem deste nem do anterior. (…) Se tenho de me queixar, é de não ter sido suficientemente capaz de mobilizar todos aquele que envolvem a participação numa missão olímpica, para que os resultados pudessem corresponder áquilo que tínhamos estimado”, afirmou.

 

 

Eleito em março de 2013 para suceder a Vicente Moura, José Manuel Constantino disse ter já uma decisão tomada sobre o futuro, mas escusou-se a dizer se vai continuar no cargo no ciclo olímpico que termina com os Jogos de 2020, Tóquio.

 

 

“Acho que tenho a obrigação de lealdade e de respeito de ser a Comissão Executiva a primeira entidade a que devo dar conta quer da avaliação, quer do balanço, quer da minha decisão relativamente ao futuro. Tenho uma decisão tomada sobre o futuro”, assumiu.

 

 

O presidente do COP não desvaloriza a qualidade de alguns dos resultados obtidos no Rio de Janeiro, que considera extraordinários, mas insiste que as metas não foram alcançadas: “Nós tínhamos definido duas posições correspondentes aos três primeiros lugares [medalhas], conseguimos uma. Tínhamos definido 12 posições correspondentes aos lugares compreendidos entre o quarto e o oitavo, conseguimos 10. E tínhamos previsto entre o nono e o 12.º cerca de 12 posições e conseguimos 15. Portanto, dos três objetivos, apenas um foi cumprido”, detalhou.

 

 

Além da medalha de Telma Monteiro, a canoagem conseguiu um quarto lugar (K2 1.000), um quinto (K1 1.000) e um sexto (K4 1.000), no atletismo registaram-se dois sextos no triplo salto (Nelson Évora e Patrícia Mamona) e um nos 20 km marcha (Ana Cabecinha), enquanto Marcos Freitas, no ténis de mesa, João Pereira, no triatlo, e a seleção de futebol ficaram em quinto e o ciclista Nelson Oliveira foi sétimo no contrarrelógio.

 

 

Nas modalidades que à partida via com potencial para conquistar medalhas, a que mais desiludiu o presidente do COP foi o ténis de mesa, mas somente na vertente por equipas, em que foi eliminada na primeira ronda, perante a Áustria, campeã europeia.

 

 

“Relativamente ao Marcos Freitas, o comportamento foi extraordinário. O quinto lugar é extraordinário nos Jogos Olímpicos. (…) Eu faço uma avaliação em função dos objetivos que nós determinámos. E em função dos objetivos que determinámos, o resultado fica aquém daquilo que era estimando. Isso não significa que não tenham sido alcançados resultados como os referidos, que têm uma valor extraordinário”, explicou.

 

 

Chefe de Missão minimiza falta de medalhas nos Jogos Olímpicos

 

 

José Garcia, chefe de missão de Portugal nos Jogos Olímpicos, minimizou a falta de medalhas da delegação portuguesa no Rio de Janeiro. Em declaraçoes aos jornalistas após a final da Canoagem K4 1000 metros, em que Portugal terminou no sétimo lugar, este sábado, o dirigente afirma que esta foi a melhor participação de sempre em termos de resultados nos seis primeiros”.

 

Portugal despede-se do Rio com muitos diplomas e uma só medalha 3

O balanço é positivo. Temos uma participação que é a melhor de sempre em termos de resultados nos seis primeiros: temos dez. Temos uma medalha, a da Telma Monteiro, uma medalha merecida não só porque ela tem um currículo desportivo extremamente rico, mas também porque tem um nível que o comprovou. Além disso, temos uma missão que participou em 58 competições, e que das quais levamos daqui uma série de resultados com relevância”, justificou.

 

 

Garcia cita alguns dados que demonstram a melhoria nos resultados da delegação portuguesa em relação aos Jogos Olímpicos anteriores. “Destes sextos lugares, temos dez e dobramos Londres, quando tínhamos cinco. Por exemplo, em Atenas tivemos sete, Sidney [terminamos] com cinco. Das 58 provas que participamos, em onze delas conseguimos o diploma [olímpico], em 17 delas ficamos nos 10 primeiros, em 22 provas ficamos nos 16 primeiros. Portanto, revela-se uma melhoria no nível desportivo da equipa portuguesa”. O dirigente relembra ainda que “resultados de duas medalhas [na história dos Jogos Olímpicos] só aconteceram cinco vezes e resultados de três medalhas aconteceram três vezes”

 

 

Garcia reconhece, no entanto, que o país “não deu a melhor condição para os seus atletas comparado com outros países”. “Mas aquilo que se faz, fez-se bem”, comemora. “Há que relevar o fato de que há atletas que vieram aqui pela primeira vez e que são jovens, que participaram, que se empenharam e tentaram concretizar os seus sonhos”, defende.

 

 

Questionado se há perspetiva de melhoras nos resultados para o próximo ciclo olímpico, disse acreditar que esta é uma questão de “foro político”. “Caberá ao Secretario de Estado de Desporto e Juventude, ao Comité [Olímpico de Portugal], às federações, definir o melhor caminho para o desporto em Portugal”, sentenciou.

 

 

Garcia minimizou as críticas que alguns atletas portugueses fizeram sobre a falta de investimento do governo ao desporto de alto rendimento, citando o caso de Rui Bragança, no Taekwondo, que afirmou que só percorreria novamente o caminho olímpico “se houver condições”. “Ele referiu que já não consegue mais aguentar esta situação, que sem o apoio dos pais não conseguiria, mas também disse que sem o apoio da bolsa do próprio comité olímpico não tinha chegado aqui onde chegou. Estamos empenhados em criar as melhores condições para que eles consigam prolongar este apoio, porque seria uma grande perda para Portugal.”

 

 

O chefe de missão disse ser otimista quando ao futuro do desporto olímpico do país e faz um pedido aos portugueses: “Aqueles que, durante estes quatro anos, não acompanharam as nossas competições, não assistiram as competições dos nossos atletas, que o façam cada vez mais e que ajudem a valorizar o papel que estes atletas têm realmente em Portugal.”

 

 

Jogos Olímpicos. Portugal é mesmo uma casa (desportiva) onde não há pão?

 

 

Os atletas olímpicos pedem mais apoios ao Estado. E o Estado responde que não tem mais do que os que dá. Esta é uma história “com barbas” e que tem tido (alguns) epílogos felizes. Sorte? Superação?

 

Portugal despede-se do Rio com muitos diplomas e uma só medalha 4

No Rio2016, Nelson Évora não foi de meias palavras: “Vou ser sempre uma voz ativa para mudar as coisas. Não sou de dizer o que é melhor para o meu bolso; direi sempre o que é melhor para o atletismo”

 

 

Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. E entenda-se por “pão” — trazendo o ditado para o presente e o Rio2016 — as medalhas. Ou a ausência destas. Mas entenda-se sobretudo por “pão”, hoje, a ausência de tudo, ou de quase tudo, nas condições de treino, nos apoios financeiros, uma ausência de que os atletas olímpicos se queixam, culpabilizando o Estado. O Estado, por sua vez, afirma que está a fazer o possível para que tudo mude, que muito fez até aqui e muito mudou, e que mais não faz por faltar “pão”. E desta feita o “pão” é o mesmo que falta a todas as “mesas”, a dos atletas em particular, do país em geral: dinheiro.

 

 

Para alguns, portugueses comuns, os Jogos Olímpicos foram uma desilusão. Medalhas só houve uma, no singular, o bronze de Telma Monteiro no Judo. Mas a participação olímpica de Portugal no Rio2016 não foi uma desilusão. Quanto a resultados, e mesmo sem mais medalhas para trazer ao peito na volta, nunca Portugal teve tantos e tão bons resultados, com vários atletas a conseguirem diplomas olímpicos, ou seja, a chegar a finais e concluí-las nos oito primeiros lugares.

 

 

Mas mesmo os “desiludidos” deram por si, à hora de almoço, madrugada dentro, às vezes à tardinha, quando Agosto é mês de férias e de praia, de olhos colados na TV, para ver Filipa Martins na ginástica – ainda que para muitos um conner spin ou um backflip sejam pontas-de-lança paraguaios do Benfica  –; para ver Nelson Évora superar o calvário das lesões e tentar reeditar o ouro de Pequim2008; para ver Rui Bragança no taekwondo, estranhando-lhe toda aquela “coreografia” de pontapés no ar e gritinhos de mister Miyagi; ou, por fim, para ver Luciana Diniz e a égua Fit for Fun 13, a saltarem até à última pelas medalhas.

 

 

Muitos dos que os viram, dos que por eles torceram, nunca antes o haviam feito. Portugal não é, quer queiramos quer não, um país que tradicionalmente apoie o desporto. Portugal é um país de futebol, ponto. É pelo menos nisso que acredita o canoísta Fernando Pimenta, quando dele se exigiu uma medalha e acabou traído pelas algas.

 

 

“Há pessoas que talvez só se preocupem com modalidades na altura dos Jogos Olímpicos. E provavelmente nunca viram desporto sem ser o futebol”, lembrou Pimenta. E acrescentou: “Eu gostava que todas as modalidades não conquistassem diplomas, conquistassem medalhas. Mas, como o Rui Bragança referiu, enquanto a cultura desportiva em Portugal não melhorar em termos de apoios privados – e não falo só na canoagem, mas em nome de todas as modalidades -, é difícil.”

 

 

Do taekwondo ao triatlo, da natação ao triplo salto: todos querem mais para ser melhores

 

 

Falemos então, e à boleia de Pimenta, de Rui Bragança. Poucos como Bragança foram tão críticos do Estado e do apoio (ou falta dele) que este dá aos atletas. Rui Bragança foi duas vezes o melhor da Europa. Ainda é o campeão em título. Foi vice-campeão Mundial (na categoria -58kg) de taekwondo. À parte de ser atleta, é também estudante de medicina.

 

 

E embora os 24 anos lhe permitam ambicionar a mais na modalidade, quem sabe a uma medalha em Tóquio2020, Bragança pondera deixar de competir e dedicar-se, em exclusivo, à saúde e à profissão de médico. É que tudo a quanto vai, tudo quanto vence, é pago do seu bolso. Ou do bolso dos pais. E fez questão de o relembrar no final da sua participação no Rio de Janeiro.

 

 

“Os últimos dois anos para a qualificação foram incrivelmente duros. Agora tenho de recuperar, aliviar a cabeça e depois logo se vê. Só vou [aos próximos Jogos Olímpicos] se houver condições. Podia dar, voltar a pedir aos meus pais, mas… Tem a ver com patrocínios, apoios, porque estar a fazer as coisas à maluca e bola para a frente, assim não dá. Pode ser que as coisas mudem depois destes Jogos Olímpicos. Nós andávamos a ir competir em voos low cost, a andar em hostels… Eu e o Nuno [colega de treino] podíamos escrever um livro sobre isso”, lembrou.

 

 

Sucediam-se as críticas. O triatleta João Pereira, sexto no Rio de Janeiro, também o foi. “Sinto que para conseguir uma medalha temos de ter melhores condições de trabalho, melhor estrutura”, alertou. Pereira está há uma década a treinar no Centro de Alto Rendimento (CAR) do Jamor. Mas diz que pouco mudou e muito há por mudar.

 

 

“Estou no CAR do Jamor há dez anos. Penso que aquilo estava igual há 30 anos e em dez anos não se fez nada de novo. Há novas técnicas de tratamento, como banhos de gelo, massagens, tudo o que possa melhor a recuperação. Em tudo o que seja recuperação, há muito que trabalhar. Sendo aquilo um centro nacional de treino, tinha todo o interesse em ter melhores condições. Se querem medalhas, têm de trabalhar para isso. Tem de haver condições para isso, porque nós fazemos o melhor a cada dia”, argumentou.

 

 

É tudo? Não. Na natação, Alexis Santos – o único português, a par do lendário Alexandre Yokochi, a conseguir uma medalha num Europeu; Alexis foi bronze e Yokochi prata – chegou à meia-final dos 200 metros estilos (a primeira em 28 anos) e conseguiu o terceiro melhor resultado português de sempre na modalidade. Mas Alexis Santos foi duro quando saiu da água. E esperançoso:

 

 

“Espero que agora haja uma mudança, mais apoio aos atletas, mais condições de treino, que isso é o que falta em Portugal, na minha opinião. E eu sinto na pele essa falta de apoio. Espero que em Tóquio possa ser diferente. Espero estar a lutar com estes atletas de topo, cara a cara, olhando para eles diretamente nos olhos.”

 

 

Mas se há voz, mais do que as anteriores, que deve ser escutada – e far-se-á escutar no “poder” –, é a de Nelson Évora, medalha de ouro no triplo salto em Pequim2008.

 

 

“Todos os atletas, os grandes atletas portugueses, pedem melhores condições, mas não se veem resultados. Nós sabemos que o poder é que manda nisto tudo. Nós, atletas, só somos válidos, só olham para nós, enquanto estamos na pista, enquanto entretemos as pessoas. É triste, mas é uma realidade. Nunca me vou conformar com isso. Vou ser sempre uma voz ativa para mudar as coisas. Não sou de dizer o que me convém, só porque é melhor para o meu bolso; direi sempre o que é melhor para o atletismo, pelo qual sou apaixonado desde os sete anos de idade”, atirou Nelson de chofre, desde da final em que participou e obteve o sexto lugar.

 

 

 

Aurora Cunha. No meu tempo é que (não) era bom

 

 

 

 

Mas foi sempre assim? Tão mau? Não. Foi pior. Muito pior. Que o diga Aurora Cunha, uma das melhores e mais medalhadas atletas portuguesas de sempre em corta-mato, meio-fundo e fundo. Isto, nas décadas de 1970 e 1980, quando o CAR do Jamor era só árvores e mato.

 

 

Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, em 1984, Aurora conseguiu o 6º lugar nos 3.000 metros. Na maratona, foi a mais duas olimpíadas, em Seul1988 e Barcelona1992, mas haveria de desistir em ambas. À parte disso, foi campeã mundial de estrada em três anos consecutivos — 1984, 1985 e 1986 — e venceu as maratonas de Paris (1988) ou Tóquio (1988). Aos títulos nacionais perdeu-lhes a conta.

 

 

Em 1976, o treinador de então, Toninho “Serralheiro”, levou-a, e a mais cinco atletas, aos Nacionais, no Jamor. E ao Diário de Notícias, há poucos dias, Aurora recordou: “Corria porque gostava, nessa altura não sonhava com o que estava para vir. Para nós era uma alegria [ir aos Nacionais], só por irmos à capital. Mas não tínhamos dinheiro para ficar numa pensão ou num hotel, e os nossos pais também não podiam ajudar. Houve um primo do Toninho, que vivia em Monsanto, que se ofereceu para nos deixar ficar em casa dele e da mulher.”

 

 

Mas os problemas de Aurora não terminaram aí. “Esse lado estava resolvido. Depois, todas tivemos um problema com os nossos pais, por irmos acompanhadas com um homem casado. Teimámos, mas foi terrível! Um empresário que conhecia a minha irmã sabia das nossas dificuldades e deu-me 7$50 para eu comprar uns sapatos de bicos, que eu até aí corria com umas sapatilhas muito duras, desconfortáveis para correr. Lembro-me de que nem sequer havia o meu número, o 36, mas eu resolvi rapidamente a questão: comprei uns 37 e enchi a frente com jornais, de maneira que o sapato não saísse… E lá fomos, três para os 800 metros, outras três para os 1500″, explicou.

 

 

À época, em 1976, Aurora Cunha nunca havia pisado uma pista de atletismo. Corria à volta de um campo de futebol, no clube da terra, o Juventude de Ronfe, de onde se mudaria depois para o FC Porto. “Quando pisámos o tartã, nós não corríamos, voávamos! Sei que logo ali bati o recorde nacional, que era da Rosa [Mota]… Ainda brinquei com os jornalistas, apesar de ser muito tímida, quando lhes disse que tinha ganho por causa da biqueira dos sapatos 37, que chegava primeiro do que eu. Fomos festejar e, no dia seguinte, seguimos para os 3000 metros. Outro recorde nacional, na primeira ocasião que pisava uma pista”, contou Aurora ao Diário de Notícias.

 

 

No FC Porto, ganhava mensalmente 1.800 escudos. Um ordenado que lhe servia para comprar os equipamentos desportivos e pagar as viagens para as provas em que competia. Mais: Aurora Cunha, para além de ser atleta, trabalhava também numa empresa têxtil em Ronfe. Começou a trabalhar com 14 anos. E só após os Jogos Olímpicos de Los Angeles se tornou profissional de atletismo e deixou de “pegar todos os dias às oito da manhã”, mesmo voltando (do Porto) a Ronfe a altas horas e depois de treinar na noite anterior à chuva e ao frio.

 

 

A propósito de treino, Aurora Cunha chegou a treinar por correspondência. E essa é uma história que recorda muitas vezes: “Sim. Quando o professor Fonseca e Costa deixa o FC Porto e regressa a Lisboa, passámos a treinar por correspondência. Havia uma confiança muito grande entre técnico e atleta. Os planos eram traçados por antecipação e eu cumpria à risca, sabendo que, se não o fizesse, não estava lá o treinador para me chamar a atenção. Mas eu sabia que ele queria o melhor para mim.”

 

 

Hoje tudo é diferente do tempo em que Aurora competia. Muitos atletas são profissionais, no atletismo e não só. E os que não são, beneficiam (ainda assim) de uma legislação — Decreto-Lei n.o 123/96 de 10 de Agosto — que lhes reconhece o estatuto de atletas de alta competição. Esta legislação prevê, por exemplo, a isenção de IRS e de Segurança Social, o apoio no pagamento de propinas escolares, bem como patrocínios a longo prazo — como o da Santa Casa da Misericórdia, coordenado pelo Comité Olímpico de Portugal –, um salário mensal ou a inclusão no Centro de Alto Rendimento do Jamor, o tal de que João Pereira do triatlo falou.

Mas pode o Estado fazer mais por estes atletas?

 

 

O Estado português diz que “toda a gente reconhece que já estivemos muito pior”

 

 

Confrontado com as declarações de Rui Bragança, o Secretário de Estado do Desporto João Paulo Rebelo destacou que os apoios existentes por parte do Governo são os possíveis.

 

 

“Parto sempre deste princípio: olhar para trás, ver de onde vimos, onde estamos e, obviamente, ter a ambição do futuro. Os apoios são os que um país da nossa dimensão, com os nossos recursos; acho injusto compararmo-nos com outros países”, respondeu.

 

 

E enalteceu depois o atleta do taekwondo: “O que me apraz dizer é que, enquanto membro do Governo, não consigo dizer outra coisa que não seja que nós todos gostaríamos que os apoios fossem muito maiores. Agora há uma coisa que tenho certeza absoluta, o Rui Bragança é um desportista e um jovem que é um exemplo, porque é alguém que tem conseguido ter uma carreira dual, consegue ter um percurso académico exemplar e o desportivo que é muito conhecido por todos.”

 

 

O responsável pela tutela do desporto explicou ainda que os apoios são “sempre escassos porque os meios são sempre escassos”, mas salientou que há um esforço “muito grande do Estado em apoiar”. “Se olharmos para trás, certamente que toda a gente reconhece que já estivemos muito pior. Por isso, o nosso caminho no Governo deve ser esse, o da superação e procurarmos cada vez melhor”, reforçou.

 

 

Por sua vez, e concluída a participação portuguesa no Rio2016, o Chefe de Missão José Garcia destacou os resultados alcançados: “O balanço é positivo. Temos uma participação que é a melhor de sempre em termos de resultados nos seis primeiros lugares: temos dez atletas. E temos uma medalha, a da Telma [Monteiro].”

 

 

Mas Garcia reconhece, no entanto, que o Governo “não deu as melhores condições” aos seus atletas, “comparado com outros países”. “Mas aquilo que se faz, fez-se bem”, atira. Questionado sobre se há a perspetiva de melhorar os resultados para o próximo ciclo olímpico, o Chefe de Missão disse acreditar que esta é uma questão de “foro político”. “Caberá ao Secretario de Estado de Desporto e Juventude, ao Comité [Olímpico de Portugal], às federações, definir o melhor caminho para o desporto em Portugal.”

 

 

Quanto às críticas dos atletas, e sobretudo quanto às de Rui Bragança, optou por minimizar a situação: “Ele [Rui Bragança] referiu que já não consegue mais aguentar esta situação, que sem o apoio dos pais não conseguiria, mas também disse que sem o apoio da bolsa do próprio Comité Olímpico [de Portugal] não tinha chegado onde chegou. Estamos empenhados em criar as melhores condições para que os atletas consigam prolongar este apoio, porque seria uma grande perda para Portugal se acabasse.”

 

 

António Costa disse que a medalha de Telma merecia companhia

 

 

 

 

O primeiro-ministro felicitou hoje os atletas portugueses aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro numa mensagem enviada à vice-presidente do Comité Olímpico de Portugal Rosa Mota em que considera que a medalha de Telma Monteiro “merecia companhia.

 

Portugal despede-se do Rio com muitos diplomas e uma só medalha 5

“A medalha da Telma merecia companhia. Mas todos subiram ao pódio de Portugal. Uma homenagem merecida que não pode ser encoberta na contabilidade das medalhas”, refere António Costa, numa mensagem enviada a Rosa Mota, a que a comunicação social teve acesso.

 

 

António Costa saúda também toda a representação olímpica: “Muitos parabéns à representação olímpica. Pela sua dimensão, variedade de modalidades representadas e os resultados coletivamente alcançados, esta foi uma representação de todo o país e não só o fruto do génio de uma ou de um atleta”.

 

 

Portugal terminou a sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio2016 com uma única de medalha, o bronze de Telma Monteiro no judo, 19 atletas no ‘top 10’ e um recorde de 10 desportistas entre os seis melhores.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//Lusa//Diário Digital//Observador//SapoDesporto// 22 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Ex-líder do CDS irritou-se com as declarações de um deputado centrista que falou no congresso do MPLA

O ex-presidente do CDS, José Ribeiro e Castro, defendeu que o partido deve explicar as declarações do seu deputado Hélder Amaral no Congresso do MPLA, em Luanda, que classificou como “miserável” investidura de um partido único. “O que o CDS – com estas declarações – veio fazer foi investir o partido único, e isso é uma coisa miserável. Os angolanos, incluindo o MPLA, querem construir uma democracia pluripartidária e vem um partido estrangeiro ungir e investir um partido único como se não houvesse mais partidos em Angola. Isto, de facto, é outra vez um mau serviço que se faz aos angolanos: do mesmo calibre do tempo em que nos cafés em Lisboa as pessoas se entrincheiravam por trás dos partidos armados alimentando a guerra civil em Angola. Isto é muito negativo”, disse José Ribeiro e Castro.

 

 

O dirigente e deputado do CDS-PP, Hélder Amaral, disse na quarta-feira, em Luanda, que o partido está muito mais próximo do MPLA e, agora, com “muitos mais pontos em comum”.

 

 

Neste sentido, para o ex-líder centrista, o CDS-PP deve esclarecer as posições manifestadas pelo deputado centrista à margem do VII Congresso do MPLA porque é uma alteração brusca de posição em relação ao partido no poder em Angola.

 

 

“É uma colagem absoluta. É uma mudança radical de posição, que eu não sei se foi tomada por algum órgão do partido (CDS-PP). Creio que se trata de uma falta de respeito pelos militantes e pela estrutura do partido. É uma questão de grande relevância e que devia ser reavaliada pela Comissão Política ou porventura pelo Conselho Nacional”, sustentou.

 

 

Para Ribeiro e Castro, as declarações do membro da delegação do CDS ao Congresso do MPLA ultrapassam também a participação “discreta” de um observador, passando a ser um “realinhamento” que “vai além daquilo que é justificável ou compreensível”.

 

 

“Faço notar que não houve declarações tão encomiásticas nem factos tão encomiásticos de qualquer representante partidário, nem sequer daquele que é o parceiro histórico do MPLA: o Partido Comunista Português. Isto diz tudo da confusão e da perplexidade que estes factos lançam no eleitorado português”, frisou o antigo presidente do CDS-PP (2005-2007).

 

 

Quanto à presença de Paulo Portas, antigo vice-pimeiro-ministro do governo PSD/CDS-PP, Ribeiro e Castro nota que não representa os centristas mas que “os seus atos” recaem também sobre o partido. “A opinião pública e o eleitorado penaliza-nos por coisas que projectam indirectamente a imagem do CDS”, afirmou.

 

 

Ribeiro e Castro defendeu que a delegação do CDS-PP deveria verbalizar em Luanda, “sem ingerências”, a preocupação com questões relacionadas com direitos, liberdades e garantias em Angola e considerar que existem outras formações partidárias angolanas além do MPLA.

 

 

“O meu respeito por Angola, pelos angolanos e pela independência é total. José Eduardo dos Santos é o Presidente da República de Angola que deve ser tratado com respeito e consideração, sobretudo tratando-se de um país irmão”, referiu ainda Ribeiro e Castro, acrescentando que Angola só cumprirá “o seu destino” quando for uma democracia plena e se aproximar dos níveis da democracia em Cabo Verde, “um exemplo para todas as democracias africanas”.

 

 

José Ribeiro e Castro tem tomado posições públicas sobre direitos humanos em Angola, nomeadamente sobre os acontecimentos relacionados com os presos de consciência angolanos que foram acusados de tentativa de golpe de Estado em 2015.

 

 

Também o militante do CDS Pedro Pestana Bastos, um dos rostos da Alternativa e Responsabilidade (uma facção que se notabilizou por ser crítica da liderança de Paulo Portas), mostrou o seu desconforto com as palavras de Hélder Amaral. “O deputado Hélder Amaral está seguramente sob efeito de jet lag (só pode)”, escreveu na sua página de Facebook.

 

 

Para Pedro Pestana Bastos defende que “o CDS hoje nem tem muitos mais pontos em comum com o MPLA nem está muito mais próximo do MPLA. O CDS é um partido de centro direita com matriz personalista que nada tem a ver com o MPLA, a sua doutrina e a sua prática.”

 

 

“Dos piores problemas da política em Angola é a crescente promiscuidade entre o Estado e o MPLA. O CDS nada tem a ver com isso, combate a promiscuidade entre poder político e económico e não deve passar a mensagem errada de que tem cada vez mais pontos em comum com o MPLA”, acrescenta Pestana Bastos.

 

 

TPT com: AFP//JD//Lusa//Público// 22 de Agosto de 2016

 

 

 

 

António Guterres que quer ser o sucessor de Ban Ki-moon, vai a votos, pela terceira vez, a 29 de Agosto

Os membros do Conselho Segurança da ONU vão fazer em 29 de Agosto uma terceira votação informal sobre os candidatos a secretário-geral da organização, que incluem o ex-primeiro-ministro português António Guterres, confirmou fonte diplomática à Lusa. Nas primeiras duas votações, que ocorreram a 21 de Julho e 5 de Agosto em Nova Iorque, António Guterres foi o candidato mais apoiado.

 

 

Durante a votação, cada um dos 15 membros do Conselho de Segurança indica se “encoraja”, “desencoraja” ou se “não tem opinião” sobre os candidatos. Na primeira votação, Guterres recebeu 12 votos de encorajamento e nenhum de desencorajamento. Na segunda, teve 11 votos “encoraja”, dois votos “não tem opinião” e dois “desencoraja”.

 

 

Na primeira votação, o ex-primeiro-ministro português foi seguido pelo ex-presidente da Eslovénia, Danilo Turk, que desceu para o quarto lugar na segunda votação. Vuk Jeremic, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, alcançou o segundo lugar na segunda votação com oito votos favoráveis e quatro “desencoraja”.

 

 

Uma vez que o novo secretário-geral precisa da aprovação de todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China), o facto mais relevante na segunda votação foi a multiplicação de votos desfavoráveis.

 

 

Neste momento, existem 11 candidatos ao cargo, metade dos quais mulheres. Até ao momento, a ex-ministra croata Vesna Pusic foi a única que desistiu da corrida.

 

 

O Conselho de Segurança continuará a realizar votações informais sobre os candidatos até que um surja como consensual, devendo depois o conselho recomendar um nome para aprovação pela Assembleia-Geral da ONU, que reúne representantes de 193 países.

 

 

A organização espera ter encontrado o sucessor de Ban Ki-moon, que termina o seu segundo mandato no final do ano, durante o outono.

 

 

Apesar de ter uma função essencialmente de representação e mediação – o Conselho de Segurança é o órgão decisório das Nações Unidas – o secretário-geral da ONU comanda uma estrutura com 41.000 funcionários civis, com um orçamento anual de cerca de 2,7 mil milhões de dólares (2,41 mil milhões de euros) e coordena a administração das 16 operações de manutenção de paz (capacetes azuis) que a ONU tem atualmente no terreno, que mobilizam mais de 101.000 militares e polícias, com um orçamento de cerca de oito mil milhões de dólares (7,15 mil milhões de euros).

 

 

Com Guterres são quatro as candidaturas de portugueses no âmbito da ONU

 

 

Algo mudou na frente diplomática de Portugal, contrariando a ideia de que um país pequeno tem, por arrasto dessa condição, ausência de protagonismo nos areópagos internacionais. Com António Guterres aspirante a secretário-geral das Nações Unidas, são quatro as candidaturas que envolvem portugueses para responsabilidades no âmbito da ONU.

 

António Guterres vai a votos, pela terceira vez, a 29 de Agosto 2

As duas primeiras votações secretas no Conselho de Segurança confirmaram a candidatura a secretário-geral do antigo primeiro-ministro português. Guterres passou estes primeiros dois exames, mas só no regresso de férias, no Outono, decorrerá o teste decisivo. Se o ex-Alto-Comissário para os Refugiados tomar posse em Janeiro como secretário-geral, o ano de 2017 pode marcar o início de um período de ouro de representantes portugueses nas Nações Unidas. Que, em boa parte, à excepção da candidatura pessoal de António Guterres – cuja responsabilidade é da sua iniciativa embora com o apoio da máquina diplomática portuguesa – foi definida em Dezembro de 2014 por Rui Machete, então ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Pedro Passos Coelho.

 

 

Quando a candidatura de Guterres entrar na recta final, outro português vai a votos. Em Novembro próximo, a Assembleia Geral das Nações Unidas decide sobre a aspiração de Patrícia Galvão Teles à Comissão de Direito Internacional para os anos de 2017 a 2021. Licenciada pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, mestre e doutora em Direito Internacional pelo Institut Universitaire de Hautes Etudes Internationales de Genebra, Suíça, Patrícia Galvão Teles foi conselheira jurídica na Reper, Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia.

 

 

Dentro de menos de um ano, em Junho de 2017, na reunião dos Estados-partes da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, o comandante Aldino Campos pode ser eleito para a Comissão dos Limites da Plataforma Continental até 2022. Uma questão decisiva para Portugal e um tema em que este doutorado em 2009 pelo Instituto Superior Técnico, na área científica do processo de extensão da plataforma continental, trabalha desde 2003. Primeiro como coordenador da gestão nos grupos de trabalho de base de dados da plataforma continental e, em 2007, como coordenador da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental assessorando as áreas de sistemas de informação, geográfica, hidrografia e geodesia.

 

 

Finalmente, no Outono de 2017, Portugal pode ser eleito para o Conselho Executivo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO. Acresce que, em 23 de Junho passado, José Manuel dos Santos Pais foi o candidato mais votado ao Comité de Direitos Humanos da ONU, na reunião de Nova Iorque dos Estados-partes do Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos. O procurador-geral adjunto Santos Pais é o primeiro português a ser eleito para este órgão no que foi o reconhecimento da sua trajectória na área dos Direitos Humanos e da importância que a diplomacia de Portugal tem dado a esta matéria.

 

 

Se todas as candidaturas envolvendo personalidades portuguesas tiverem sucesso, 2017 seria, à partida, um ano de inusitado sucesso da diplomacia de Portugal. Recorde-se que, no final do ano passado, 113 portugueses trabalhavam nas três principais sedes das Nações Unidas em Nova Iorque, Genebra e Viena.

 

 

Aliás, ao longo das últimas décadas diversos cidadãos nacionais têm desempenhado funções destacadas nas Nações Unidas. Uma trajectória que começou, em 1995, com a presidência da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) de Diogo Freitas do Amaral. O fundador do CDS e antigo presidente do partido, primeiro-ministro interino após a morte, em Camarate, de Francisco Sá Carneiro, candidato às eleições presidenciais de 1986 e chefe da diplomacia num dos governos de José Sócrates, esteve à frente da AGNU até 1996.

 

 

Depois, durante uma década, entre 2005 e 2015, António Guterres foi Alto-Comissário para os Refugiados da ONU, num desempenho em tempo de crise migratória que lhe concedeu prestígio pela independência e visibilidade pela acção para a sua candidatura a secretário-geral das Nações Unidas.

 

 

Também Jorge Sampaio, antigo Presidente da República, foi no âmbito da ONU Enviado Especial contra a Tuberculose e Alto Representante para a Aliança das Civilizações, a iniciativa dos ex-primeiros ministros turco e espanhol, respectivamente Recep Erdogan e José Luís Rodriguez Zapatero, que recebeu o apoio de Kofi Annam, então secretário-geral das Nações Unidas.

 

 

Com menos visibilidade, Vitor Ângelo trabalhou durante mais de 30 anos para as Nações Unidas, trajectória que culminou com o cargo de chefe da Missão da ONU na República Centro Africana e Chade. Mais recentemente, Miguel de Serpa Soares foi nomeado sub scretário para Assuntos Jurídicos, Maria Santos Pais é assistente do secretário-geral Ban-Ki moon para a prevenção da violência contra as crianças e o intendente Luís Carrilho foi nomeado chefe da polícia da ONU na missão na República Centro Africana.

 

 

Ban Ki-moon diz que chefia da ONU deve ser entregue a uma mulher

 

 

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, defendeu que a próxima pessoa a ocupar o lugar deve ser uma mulher. “Já é altura”, disse o coreano, que deixa o lugar no final deste ano. O processo de selecção de um novo secretário-geral está em curso, tendo o português António Guterres sido o candidato que recebeu mais votos favoráveis entre os membros do Conselho de Segurança nas duas votações já realizadas, cujo resultado não é vinculativo.

 

António Guterres vai a votos, pela terceira vez, a 29 de Agosto 3

Até ao momento, há 11 candidatos ao cargo, seis homens e cinco mulheres. “Há muitas mulheres que são líderes respeitadas de governos, de organizações, de empresas e de outras áreas da nossa vida. Não há razão para que não [seja uma a dirigir] as Nações Unidas”, disse. “Há muitas mulheres que se destacam como líderes, que estão motivadas, que podem relacionar-se com os outros líderes do mundo. Esta é a minha humilde opinião, mas [a decisão] é dos membros [do Conselho de Segurança]”, disse.

 

 

Os candidatos, que este ano pela primeira vez foram submetidos a entrevistas na sede da organização em Nova Iorque, são avaliados pelos 15 membros do Conselho de Segurança – tendo os membros permanentes, Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China, direito de veto sobre essas votações –, sendo a escolha deste órgão depois levada a votação na Assembleia Geral. A próxima votação está marcada para 29 de Agosto. Entre Setembro e Outubro o novo secretário-geral estará escolhido, sucedendo a Ban Ki-moon em Janeiro de 2017.

 

 

Na primeira votação, o ex-primeiro-ministro português (e ex-alto-comissário para os Refugiados) foi seguido pelo ex-presidente da Eslovénia Danilo Turk, que desceu para o quarto lugar na segunda votação. Vuk Jeremic, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, alcançou o segundo lugar na segunda votação com oito votos favoráveis. A mulher mais bem qualificada (terceiro lugar na segunda votação) foi a ministra dos Negócios Estrangeiros argentina, Susana Malcorra.

 

 

TPT com: AFP//Denis Balibouse//Reuters//Lusa//Nuno Ribeiro//Público// 17 de Agosto de 2016