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Futuro da Soares da Costa nas mãos de alguns bancos nacionais e angolanos

Ao longo de quase 100 anos de história, a Soares da Costa já esteve várias vezes à beira do precipício, mas não caiu. Esta terça-feira, a construtora decidiu avançar com um Processo Especial de Revitalização (PER), o que lhe permite iniciar negociações com os credores com vista a viabilizar um plano de recuperação, indispensável à sua sobrevivência.

 

 

O PER é um processo especial, criado pelo Código da Insolvência e da Recuperação de empresas, que permite a empresas em situação de dificuldade iniciar negociações com os seus credores, com vista à sua viabilização, travando eventuais pedidos de insolvência avançados pelos credores. A construtora está há vários anos em profunda crise financeira, com forte queda da carteira de obras e com centenas de trabalhadores com salários em atraso.

 

 

A garantia de sobrevivência da empresa, detida em 66% pelo empresário angolano António Mosquito, implicará o perdão de boa parte dos créditos (que ascendem a centenas de milhões de euros). A banca nacional e angolana está entre os maiores credores e foi envolvida no avanço do PER, aprovado esta terça-feira em assembleia geral de accionistas da Soares da Costa Construção SGPS, que detém 100% do capital da Sociedade de Construções Soares da Costa.

 

 

Joaquim Fitas, presidente executivo da construtora, assumiu esse envolvimento, ao afirmar, em declarações à Lusa, que “este é o caminho que melhor acautela os interesses dos trabalhadores, dos accionistas, dos clientes e dos fornecedores e por isso, [feito] em profunda articulação com os principais credores”.

 

 

CGD e BCP no topo dos credores

 

 

A Caixa Geral de Depósitos e o Banco Comercial Português lideram os credores bancários nacionais, e nas várias instituições angolanas destaca-se o Banco de Fomento de Angola (BFA), detido maioritariamente pelo BPI (e que tem como sócio a Unitel, dominada por Isabel dos Santos).

 

 

Fonte próxima da empresa explicou ao PÚBLICO que o PER pode ser uma exigência dos bancos credores, no âmbito do plano de reestruturação que a empresa tem vindo a negociar (onde se insere o plano de despedimento colectivo de cerca de 500 trabalhadores, anunciado no final do ano passado), uma vez que é necessária a entrada de capital. “Não faz sentido injectar dinheiro fresco numa empresa com um passivo muito elevado”, admitiu a mesma fonte, sob anonimato.

 

 

O PER, entregue no Tribunal do Comércio de Vila Nova de Gaia, suspende as negociações para a venda dos 33% que a SDC Investimento detém na construtora, de acordo com um comunicado enviado pela empresa controlada pelo empresário Manuel Fino à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

 

O comprador era o empresário angolano, que dessa forma ficaria a controlar a totalidade da empresa que já foi uma das maiores construtoras nacionais, mas que agora tem boa parte da sua actividade no mercado africano, com destaque para Angola.

Futuro da Soares da Costa nas mãos de bancos nacionais e angolanos 2

Em comunicado, a Soares da Costa adianta que “nos termos legais, irá apresentar um plano de viabilização que garanta a manutenção de uma empresa a caminho de um século de história”.

 

 

O presidente executivo da construtora, Joaquim Fitas, disse à Lusa que, com este plano, “criam-se condições para que sejam desbloqueados os meios financeiros para que a situação dos trabalhadores, dos salários em atraso, seja regularizada”, acrescentando que “o objectivo é que nos próximos dias os trabalhadores recebam praticamente a totalidade dos salários que se encontram em atraso”. “Nós esperamos que entre esta semana e a próxima, o mais tardar, essa situação fique completamente regularizada”, declarou  ainda o gestor.

 

 

Sindicatos pouco optimistas

 

 

A primeira reacção das estruturas sindicais é negativa. Em nota à imprensa, o Sindicato da Construção de Portugal refere que 80% das empresas do sector que recorreram a um PER não tiveram sucesso”, considerando que “ é a mesma coisa que estar ligado a uma máquina de cuidados intensivos”.

 

Futuro da Soares da Costa nas mãos de bancos nacionais e angolanos 3

Luís Pinto, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras do Norte (Site-Norte) também disse à Lusa não estar “nada optimista”, referindo que, pela sua experiência, “a maioria das empresas não teve grande sucesso, contam-se pelos dedos as que foram recuperadas”.

 

 

Por sua vez, no comunicado enviado, a administração da Soares da Costa lembra que, no último ano e meio, desenvolveu “um conjunto de diligências com vista à manutenção da actividade”, destacando “a reestruturação interna”, que permitiu reduzir os custos de estrutura em cerca de 30% e o lançamento “das bases para um mais vasto plano de realocação e redução de recursos, condição fundamental para a viabilização da empresa”.

 

 

O comunicado da construtora refere ainda “o incremento assinável” da actividade operacional, “tendo sido adjudicadas nos últimos meses diversas novas obras num valor total de aproximadamente duzentos milhões de euros, distribuídas por Angola, Moçambique e Portugal”, que “estão activos e são a garantia de que existe futuro”.

 

 

Ao longo dos mais de 90 anos de história, a construtora já mudou de mãos várias vezes. Por conversão de dívidas em capital, o BCP chegou a ter uma elevada participação accionista na construtora. Já a entrada de Manuel Fino na empresa foi feita no âmbito de um processo de reestruturação liderado pelo próprio banco, e que permitiu a sua saída do BCP da estrutura accionista. A entrada de António Mosquito foi feita no âmbito de uma nova reestruturação financeira liderada pelo BCP e pela CGD.

 

 

Para além da construtora, o empresário angolano detém em Portugal uma participação de 27% na Global Media, detentora de vários órgãos de comunicação, entre os quais o Diário de NotíciasJornal de Notícias e TSF. Em Angola, possui negócios na área do comércio automóvel, imobiliário e participações financeiras, como uma posição no banco que a CGD detém neste país.

 

 

TPT com: AFP//Económico//JN//Lusa//Rosa Soares//Nelson Garrido//Público// 11 de Agosto de 2016

 

 

 

 

CGD com prejuízo de 205 milhões de euros no primeiro semestre deste ano

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) teve um prejuízo de 205,2 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano. Este resultado compara com o lucro de 47,1 milhões de euros que o banco público tinha registado no primeiro semestre do ano passado.

 

 

Nos primeiros três meses deste ano, a CGD já tinha reportado um prejuízo de 74,2 milhões de euros. A informação divulgada esta quarta-feira mostra que o período de Abril a Junho foi responsável por um resultado líquido negativo de 131 milhões de euros.

 

 

O comunicado enviado pelo banco afirma que os resultados das operações financeiras foram negativos em 47,4 milhões de euros (uma variação negativa de 349 milhões em termos homólogos), “influenciados pela elevada volatilidade sentida nos mercados financeiros internacionais, incluíndo a dívida pública” associada ao Brexit. Houve também um maior impacto negativo das provisões e imparidade, que subiram 2,1% no semestre, atingindo os 328,4 milhões.

 

 

Já a margem financeira cresceu 5,5%, para 568.7 milhões, com os custos de financiamento a superarem a descida de juros nos empréstimos activos. No comunicado, a CGD destaca que “o resultado de exploração core (soma da margem financeira estrita e comissões, deduzida dos custos operativos) do grupo CGD aumento 19,1% para 159,6 milhões, influenciado pelo bom comportamento da margem financeira estrita e dos custos operativos”.

 

 

A actividade internacional do grupo (Macau, França, Espanha, Angola e Moçambique) teve um contributo positivo de 100 milhões de euros para o resultado líquido consolidado.

 

 

Estes são as últimas contas do banco do Estado antes da entrada da nova gestão, liderada por António Domingues (até aqui vice-presidente do BPI),que substitui a equipa de José de Matos. Os dados agora divulgados servirão certamente para suportar diversos argumentos para as várias forças políticas envolvidas na comissão de inquérito parlamentar que já arrancou e que será retomada após as férias de Agosto.

 

 

O Governo tem vindo a negociar com Bruxelas um novo plano de recapitalização para a CGD, desconhecendo-se ainda os valores finais envolvidos. O montante em causa servirá para cobrir imparidades, cumprir exigências regulatórias, e resolver o pagamento do capital contingente emprestado pelo Estado (os chamados CoCo’s, no valor de 900 milhões). Além disso, há que contar com o dinheiro necessário para o que o ministro das Finanças apelidou de “plano alargado” de reformas, ligado ao redimensionamento do banco do Estado. Este irá afectar a operação em Espanha, mas também a actividade da CGD em Portugal.

 

 

Os dados do banco do Estado juntam-se aos das restantes instituições financeiras que já apresentaram as suas contas. Tanto o Novo Banco como o BCP tiveram prejuízos, de 362,6 milhões e 197,3 milhões, respectivamente, agravando as contas face a idêntico período do ano passado. Já o BPI viu o lucro subir 39% para 105,9 milhões de euros, enquanto o Santander Totta (que adquiriu os melhores activos do Banif) teve um resultado líquido de 196,2 milhões, o que representa um crescimento de 89%.

 

 

TPT com: JN//Económico//Lusa//Luis VillaLobos//António Borges//Público//11 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Cármen Lúcia é a nova presidente do Supremo Tribunal Federal do Brasil

Os magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF) elegeram, na sessão plenária desta quarta-feira, por dez votos contra um, Cármen Lúcia para a presidência daquele tribunal para os próximos dois anos. A sucessora de Ricardo Lewandowski, que será a segunda mulher a exercer o cargo, ocupará também a Presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de controlo dos tribunais, e tomará posse a 12 de setembro.

 

 

Na mesma sessão, Dias Toffoli foi eleito para vice-presidente, igualmente para o biénio 2016/2018. A eleição foi protocolar, dado que o tribunal adota para a sucessão dos presidentes um sistema rotativo baseado na antiguidade.

 

 

De acordo com um comunicado do STF, “Cármen Lúcia agradeceu a confiança dos ministros [magistrados] e reiterou o juramento, feito há dez anos por ocasião da sua posse no Tribunal, de cumprir a Constituição, torná-la aplicável e bem servir aos jurisdicionados brasileiros”.

 

 

A futura presidente, que integra o STF desde 2006, exerceu o cargo de procuradora-geral do Estado de Minas Gerais e foi professora de Direito Constitucional e coordenadora do Núcleo de Direito Constitucional da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Foi também a primeira mulher a exercer o cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

 

Já Dias Toffoli, que também agradeceu a confiança dos colegas, integra o STF desde outubro de 2009, tendo atuado também como advogado-geral da União e como presidente do TSE.

 

 

Celso de Mello, decano do STF, salientou que, neste momento em que o Brasil enfrenta “gravíssimos desafios”, Cármen Lúcia e Dias Toffoli “saberão agir com prudência, segurança e sabedoria para assegurar que o STF estará atento à sua responsabilidade institucional”, mantendo o “desempenho isento, independente e imparcial da jurisdição e fazendo sempre prevalecer os valores da ordem democrática”.

 

 

O STF tem tido um papel central no processo de destituição da Presidente com mandato suspenso, Dilma Rousseff, com o presidente do órgão, Ricardo Lewandowski, a comandar os trabalhos do julgamento final, que deverá ocorrer no final de agosto.

 

 

O presidente do STF também liderou a sessão de terça-feira em que os senadores debateram o processo e decidiram levar Dilma Rousseff a julgamento, por 59 votos contra 21.

 

 

 

TPT com: Folha de S. Paulo//Lusa//Andreas Gebert//EPA//Observador// 10 de Agosto de 2016

 

 

 

 

O inferno desceu à cidade do Funchal espalhando destruição e aflição por onde passava

Dois feridos graves, um dos quais evacuado para Lisboa, 147 ligeiros, um sem número de habitações destruídas e uma tempestade de caos bem no centro do Funchal. O balanço dos incêndios que lavram desde a véspera na capital madeirense contabiliza ainda os mais de 300 desalojados, o Hospital dos Marmeleiros evacuado, os armazéns industriais consumidos pelo fogo e as unidades fabris devastadas.

 

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Mas é o balanço possível e provisório, porque o incêndio, que começou sem quase ninguém dar por ele numa das encostas da cidade, já prometeu acalmar-se várias vezes e nunca cumpriu. Surgiu sempre mais violento, alimentado pelo vento forte e seco do Norte de África, que fez os termómetros subirem aos 37 graus. Coisa rara, mesmo em Agosto, na Madeira.

 

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As previsões meteorológicas para as próximas horas não são animadoras, e a Madeira teme mais uma madrugada terrível como a de segunda para terça-feira. No final da tarde, o executivo madeirense pediu ajuda a Lisboa. O primeiro-ministro, António Costa, que estava reunido com o comando nacional da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), garantiu o envio ainda nesta terça-feira de uma equipa constituída por dez elementos do Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR, dez da Força Especial de Bombeiros, dez voluntários e cinco elementos do INEM, para auxiliar os meios já mobilizados pelo governo insular.

 

 

A equipa, que tinha a partida agendada para a noite desta terça-feira num avião da Força Aérea, será chefiada pelo segundo comandante da ANPC, mas já durante a noite, à medida que o incêndio alastrava pela cidade, foi decidido reforçar os meios. Aos 35 homens iniciais vão juntar-se mais 40 especialistas em fogos urbanos, que aterram na Madeira às 3h da madrugada, e mais quatro dezenas de bombeiros que chegam ao Funchal pelas 8h da manhã. Ao todo, serão cerca de 110 os elementos enviados pelo Governo da República para reforçar os meios de combate aos incêndios na Madeira.

 

 

Mobilização total

 

 

António Costa não rejeita qualquer cenário. “Gostaria de dizer também que tomámos a decisão de accionar o pré-alerta para o mecanismo europeu de protecção civil, assim como o acordo bilateral com a Federação Russa, tendo em vista a eventual necessidade de accionar meios, caso durante o próximo fim-de-semana e feriado, dia 15, venhamos a ter uma situação que justifique”, anunciou o primeiro-ministro, explicando que o alerta ainda não foi feito. Trata-se de um “pré-alerta”, de forma a precaver qualquer eventualidades, numa altura em que este mecanismo europeu está com uma capacidade limitada de apoio.

 

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Na Madeira, os serviços de protecção civil estão também no limite. Foi activado o Plano Regional de Emergência e declarada a situação de contingência, que na prática significa a mobilização total dos meios disponíveis.

 

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No terreno — ou melhor, nos terrenos —, a situação, que parecia controlada por volta das 18h, tornou-se caótica. As chamas, que andaram todo o dia nas zonas mais elevadas do Funchal, desceram à cidade espalhando destruição e aflição por onde passavam. E passavam por todo o lado. Já ao início da noite, os incêndios começaram a atingir prédios na baixa da cidade.

 

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Em pânico, apesar dos apelos do governo, a população entupiu as estradas para fugir do fogo, aumentando assim o caos e complicando a circulação dos veículos de emergência. Pessoas tentavam atravessar a cidade para resgatar familiares. Outras apenas queriam regressar a casa. À medida que as horas foram passando, já poucos lugares seguros existiam na cidade

 

 

Populares em fuga

 

 

Em pânico, apesar dos apelos do governo, a população entupiu as estradas para fugir do fogo, aumentando assim o caos e complicando a circulação dos veículos de emergência.

 

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Pessoas tentavam atravessar a cidade para resgatar familiares. Outras apenas queriam regressar a casa. À medida que as horas foram passando, já poucos lugares seguros existiam na cidade.

 

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O centro histórico do Funchal era um deles, mas anoiteceu a arder. A capital madeirense parecia uma cidade sitiada, onde o ruído do vento era entrecortado, aqui e ali, por uma explosão de botijas de gás e pelas sirenes de bombeiros. Em pânico, sempre o pânico, a população desceu para junto do mar, onde o anfiteatro que circunda a cidade era desolador.

 

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Para quem não conhece o Funchal, para quem nunca percorreu as estradas sinuosas que recortam a paisagem madeirense, os números dos meios técnicos e humanos mobilizados para o combate aos incêndios podem até não impressionar. Falar de 100 ou mesmo 150 homens parece curto, principalmente quando comparamos com as centenas de bombeiros que, nesta época em que o país arde, nos entram pelas televisões e ilustram jornais a enfrentar hectares e hectares de fogo.

 

 

É preciso, por isso, viajar até à baixa do Funchal, ali junto ao mar, e olhar para a cidade a crescer, serra acima, por entre lombos e falésias que foram verdes, e agora estão pintadas de cinza e chamas, para melhor medir a dimensão dos fogos. É preciso olhar para a densa nuvem de fumo, respirar o ar carregado de cinza que torna o céu vermelho-fogo, para entender que, mesmo sem os hectares dos incêndios que atingem o continente, as consequências são mais dramáticas.

 

 

No Funchal, existem duas cidades. Aquela junto ao mar, de avenidas largas e ruas entrelaçadas de esplanadas e turistas, e a outra, as que os funchalenses chamam de zonas altas, onde a malha urbana divide o pouco espaço, por entre becos e ruelas, com manchas de floresta e mato. Foi ali, nas freguesias de São Roque, Monte e Santo António, que os incêndios começaram por andar, por entre as casas, postos de abastecimento de combustível e armazéns industriais. Na baixa, o fogo nunca tinha aparecido com tamanha violência, até esta terça-feira.

 

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Depois de uma madrugada de desespero e de uma manhã aterradora, a noite chegou ainda mais escaldante. O fogo ganhou vida. Reacendeu-se onde o julgavam morto. Apareceu onde não o esperavam. Destruiu casas, consumiu fábricas, andou por quintais, lambeu paredes de postos de abastecimento. Ouviram-se explosões de gás, pessoas a fugir, e outras, que não queriam ir embora com medo de perder a casa, foram forçadas a sair pela polícia

 

 

O fogo ganhou vida

 

 

Depois de uma madrugada de desespero e de uma manhã aterradora, a noite chegou ainda mais escaldante. O fogo ganhou vida. Reacendeu-se onde o julgavam morto. Apareceu onde não o esperavam. Destruiu casas, consumiu fábricas, andou por quintais, lambeu paredes de postos de abastecimento. Ouviram-se explosões de gás, pessoas a fugir, e outras, que não queriam ir embora com medo de perder a casa, foram forçadas a sair pela polícia.

 

 

Cerca da meia-noite, o presidente da Câmara do Funchal, em declarações à SIC-Notícias, anunciou que centenas de pessoas, entre elas muitos turistas, foram retiradas de duas unidades hoteleiras na baixa da cidade e encaminhadas para o Estádio dos Barreiros — casa do Marítimo, que devido aos fogos cancelou a apresentação oficial ao sócios marcada para esta quarta-feira —, onde deverão pernoitar. Mais tarde, Paulo Cafôfo confirmou em declarações ao Diário de Notícias da Madeira que um outro hotel, o emblemático Choupana Hills, localizado na zona com o mesmo nome, foi totalmente consumido pelas chamas.

 

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Questionado sobre o cansaço do efectivo que combate as chamas, o presidente da autarquia afirmou: “Não vamos descansar. Temos muitas pessoas cansadas, mas enquanto o Funchal não estiver seguro não descansaremos.”

 

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À mesma hora, o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, reconhecia que os fogos “não estão debelados” e que a situação é “periclitante”. O incêndio mantinha-se às 00h desta quarta-feira com múltiplas frentes activas. Miguel Albuquerque fala em “avultados” danos materiais.

 

 

“A prioridade é para atender à salvaguarda de vidas humanas”, disse o governante, sublinhando que será necessário “tentar socorrer da ajuda do Estado para fazer face a danos de natureza pública e privada”.

 

 

Um testemunho recolhido pelo jornal Público, relatava que não há sinal de rádio. Segundo a SIC-Notícias, que dá conta de 37 casas afectadas pelo fogo, um centro comercial junto à igreja de São Pedro, no centro histórico do Funchal, está a arder.

 

 

O governo regional anunciou entretanto a dispensa, nesta quarta-feira de manhã, dos funcionários públicos que trabalham no centro da capital madeirense, para evitar um grande afluxo de pessoas na cidade. Também o trânsito estava caótico ao final da noite desta terça-feira, com muitos congestionamentos na baixa do Funchal, tendo a PSP encerrado as entradas da cidade, segundo presenciou a agência Lusa.

 

 

Durante tarde, o presidente do governo regional anunciou a criação de um fundo de apoio de 163 mil euros para a reconstrução de habitações destruídas ou danificadas nos incêndios e para a reavaliação de alojamentos. Mas, pelo evoluir da situação, a verba será curta para tanta destruição, que não se resume ao Funchal.

 

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Ao longo de todo o dia, as chamas atingiram outros locais da ilha. Os concelhos da Ponta do Sol, Câmara de Lobos e Calheta (todos a Oeste do Funchal) foram os mais atingidos, com os bombeiros a andarem num constante vaivém entre as várias frentes.

 

 

Os mais de 300 desalojados, entre os quais os doentes evacuados dos hospitais dos Marmeleiros e Dr. João de Almada, foram transportados para o Regimento de Guarnição n.º 3 do Exército. Aqui, enfermeiros e psicólogos prestam apoio aos desalojados, num quartel que, nos últimos anos, tem sido o porto seguro das populações em momentos de catástrofe, com foram os incêndios no Funchal em 2013 ou o temporal de 20 de Fevereiro de 2010. À noite foram também deslocados alguns civis para um abrigo na escola básica da Nazaré.

 

 

 O balanço do que já se sabe que as chamas levaram e provocaram na Ilha da Madeira

 

 

 

TRÊS MORTOS

 

As vítimas mortais são pessoas idosas apanhadas pelas chamas na zona da Pena, em Santa Luzia.

 

 

327 PESSOAS FORAM ÀS URGÊNCIAS

 

 

A grande maioria, pormenorizou Miguel Albuquerque, foram assistidas devido a intoxicações e a pequenas queimaduras; 80 pessoas continuam internadas.

 

 

950 PESSOAS REALOJADOS

 

Além das famílias que ficaram sem casa, este número incluem casos em que devido à proximidade do fogo, as autoridades optaram por retirar as pessoas das habitações e colocá-las em locais mais seguros. Segundo o Governo regional, 600 estão alojadas no Regime de Guarnição n.º 3 (RG3), no Funchal, outras 300 foram colocadas no estádio dos Barreiros e 50 no centro cívico de São Martinho.

 

 

PELO MENOS 37 CASAS DESTRUÍDAS

 

O número deverá aumentar nas próximas horas, uma vez que a contagem apenas inclui as freguesias de Santo António, São Roque e Monte. Em conferência de impresa, o presidente da região autónoma lembrou que algumas das habitações consumidas pelas chamas podem ser edifícios desabitados.

 

 

 

PELO MENOS DETIDOS TRÊS SUSPEITOS

 

Um suspeito foi detido e encontra-se em prisão preventiva. Miguel Albuquerque sublinhou que “era muito estranho” três incêndios começarem praticamente no mesmo sítio, em São Roque.

 

 

Há ainda mais duas pessoas suspeitas de fogo posto, que foram “apanhadas em flagrante delito”. O presidente da região autónoma não fez mais comentários e remeteu os esclarecimentos para as autoridades.

 

 

DOIS HOSPITAIS, DUAS CLÍNICAS E DOIS LARES EVACUADOS

 

Na terça-feira, o Hospital do Marmeleiro e o Hospital Dr. João de Almada foram evacuados. A retirada de doentes da primeira unidade de saúde aconteceu ainda de madrugada, pouco passava das 5h, quando 200 pacientes foram transferidos para Hospital Central do Funchal. Ao final da tarde, já perto das 19h, o incêndio no Funchal obrigou à retirada de 300 doentes do Hospital Dr. João de Almada, uma unidade destinada a idosos acamados e alguns deles a precisar de cuidados paliativos.

 

 

Também se procedeu à evacuação dos lares de Santa Isabel e do Vale Formoso, bem como das clínicas de Santa Luzia e Santa Catarina. A situação já foi normalizada nestes seis locais.

 

 

 

120 BOMBEIROS DE LISBOA E 30 DOS AÇORES

 

A Autoridade Nacional de Proteção Civil mobilizou 120 operacionais, que se juntaram a 30 dos Açores, para apoio ao combate a incêndios na região autónoma da Madeira, informaram hoje fontes oficiais.

 

 

Segundo a agência Lusa, do continente seguiram 30 elementos do Grupo de Intervenção Proteção e Socorro da GNR, 40 do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, dez da Força Especial de Bombeiros (FEB), 30 bombeiros voluntários, cinco do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) e cinco da Proteção Civil, liderados pelo segundo comandante operacional nacional, adiantou a mesma fonte. Os operacionais dos Açores pertencem às corporações das ilhas de São Miguel e Terceira.

 

 

 

TPT com: AFP//Reuters//DN//SIC-Notícias//Lusa//Márcio Berenguer//Mariana Oliveira//Público//Marta Gonçalves//Expresso// 10 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Azedadas as relações com o ocidente, Presidente da Turquia regressa ao antigo aliado russo

No melhor dos casos, aos olhos do Presidente Recep Tayyip Erdogan e de uma Turquia em fervor patriótico, os aliados ocidentais chumbaram o teste de lealdade pela maneira como responderam à tentativa de sublevação do Exército no mês passado. Condenaram-na, mas não tanto como por estes dias criticam as purgas de dezenas de milhares de funcionários públicos, académicos, professores e militares que Erdogan e os seus aliados acusam de pertencer ao suposto Estado-paralelo de Fethullah Gülen, o imã no exílio que dizem ser o grande orquestrador do golpe.

 

 

Está criado um fosso entre os tradicionais aliados da Turquia na Europa e Estados Unidos. Os primeiros ameaçam bloquear o processo de adesão à União Europeia em resposta às purgas. Os segundos, incriminados na imprensa turca por supostas ligações ao golpe, recusam-se a extraditar Gülen sem provas da sua culpa. E esta terça-feira, no maior indício do azedar das relações a Ocidente, Erdogan viajou pela primeira vez depois do golpe para se encontrar com Vladimir Putin e remendar os laços com a Rússia, deixando de lado os seus parceiros da NATO.

 

 

Moscovo comportou-se como o aliado ideal dos anos anteriores, condenando prontamente a tentativa de golpe sem se alongar mais tarde em comentários sobre detenções arbitrárias ou violações do Estado de Direito – pediu apenas que a situação se resolvesse sem violência e de acordo com a ordem constitucional. E isto num momento em que os dois países estavam ainda de costas voltadas pelo abate de um caça russo na fronteira com a Síria, em Novembro, algo pelo qual Erdogan pedira desculpas uns dias antes das operações falhadas do Exército turco.

 

 

O incidente ficou arrumado no encontro desta terça-feira em São Petersburgo. Erdogan voltou a agradecer a chamada que lhe fez Putin – “o meu querido amigo” – pouco depois da tentativa de golpe. O Presidente russo devolveu a cortesia, saudando a viagem da sua delegação num momento tão “complexo”. Concordaram ambos em restabelecer a meta de 100 mil milhões de dólares em trocas comerciais e regressar a dois mega-projectos: a construção da primeira central nuclear turca e de uma linha de abastecimento de gás natural russo para a Europa.

 

 

Os dois líderes têm muito a ganhar com a reaproximação. Principalmente Erdogan, que teve de enfrentar uma profunda crise no sector do turismo no último ano, causada em parte pelo surto de ataques terroristas do grupo Estado Islâmico, mas também porque menos 3,5 milhões de turistas russos visitaram o país do que o habitual. O impacto das sanções económicas a produtos e contratos de construção turcos foi também substancial. Esta terça-feira, responsáveis de ambos os governos prometeram regressar à cooperação económica ao longo de um ano.

 

 

Turquia e Rússia partilham um mercado de 25 mil milhões de dólares anuais que ambos querem retomar e fazer crescer. Os seus líderes partilham para além disso a imagem de chefes de Estado isolados: Erdogan pelo seu recente desvio autoritário; Putin pelas intervenções militares na Ucrânia e em nome do regime sírio. “Querem mostrar aos outros parceiros que não estão isolados, que têm opções e amigos não ocidentais com quem criar laços”, dizia do encontro desta terça-feira Vladimir Frolov, colunista no portal russo Slon.ru, citado pelo New York Times.

 

 

A conexão síria

 

 

Poucos acreditavam que esta terça-feira fosse dia de grandes compromissos. Mas as atenções voltavam-se na mesma para tudo o que os dois líderes dissessem sobre a guerra civil na Síria, onde se têm enfrentado indirectamente nos últimos cinco anos, a Turquia financiando e armando os rebeldes islamistas no Norte do país e a Rússia bombardeando-os. “Acredito que é possível encontrar uma abordagem comum, pelo menos porque queremos ambos que a crise acabe”, disse Vladimir Putin. “Usaremos isto como uma base para soluções comuns.”

 

 

Parece existir margem de manobra para isso. A Turquia quer reduzir o apoio de Moscovo aos grupos curdos instalados na sua fronteira, por onde também quer que passem menos refugiados sírios, algo que poderia conseguir-se com menos bombardeamentos russos em Alepo, onde por estes dias se travam alguns dos combates mais violentos em todo o conflito. Como moeda de troca, a Turquia pode cortar no seu próprio apoio aos rebeldes extremistas, impedindo a passagem de novos combatentes e armas que possam atingir a aviação russa.

 

 

O encontro desta terça-feira entre Putin e Erdogan pode ser uma indicação de novas convergências, mas o consenso é o de que Ancara está ainda muito longe de uma completa viragem para Leste. “A relação da Turquia com os seus aliados ocidentais criou laços económicos e estruturais que datam de há décadas”, argumenta Asli Aydintasbas no think-tank European Council on Foreign Relations. “Está demasiado entrelaçada nas economias ocidentais e na arquitectura transatlântica de segurança para uma inversão de marcha tão súbita.”

 

 

TPT com: AFP// SERGEI KARPUKHIN/REUTERS//Felix Ribeiro//Público// 10 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

 

Rebelo de Sousa quer que as comemorações do Dia de Portugal 2018 sejam no Brasil

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, avançou hoje com a possibilidade de o Dia de Portugal ser comemorado no Brasil em 2018, coincidindo com a reabertura do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

 

 

“A minha ideia como Presidente de Portugal é celebrar o Dia de Portugal alternadamente em Portugal e fora de Portugal. Este ano foi em Paris, onde há uma grande comunidade portuguesa. É possível que daqui a dois anos possa ser no Brasil”, avançou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas.

 

 

No penúltimo dia da sua visita oficial de seis dias ao Brasil, o Chefe de Estado esteve com a comunidade portuguesa e luso-descente, na Casa de Portugal em São Paulo, em clima de 10 de Junho, com o hino nacional a ser entoado em jeito de fado pela cantora Fafá de Belém.

 

 

Marcelo começou o dia a depor uma coroa de flores no Monumento aos Fundadores da Cidade de São Paulo, acompanhado pelo prefeito da cidade, Fernando Haddad (PT), e visitou rapidamente o histórico edifício da Estação da Luz, onde funcionou o Museu da Língua Portuguesa desde a sua criação, em 2006, até em dezembro do ano passado ter sido destruído por um incêndio.

 

 

“Há o empenho do Estado português, o empenho do Instituto Camões, há a aposta do Governo Estadual. O projeto deve estar pronto até ao final deste ano, as obras devem começar no ano que vem e estará em condições de ser inaugurado em 2018”, declarou o Presidente aos jornalistas.

 

 

O Museu de celebração a língua portuguesa, caracterizado pela sua inovação e interatividade, foi criado e desenvolvido numa parceria entre a Fundação Roberto Marinho e o Governo do Estado de São Paulo, e terá a sua revitalização paga em cerca de dois terços pelo seguro que cobria o edifício.

 

 

Para o restante investimento necessário, o Presidente disse, sem especificar, que empresas portuguesas no Brasil já sinalizaram que darão um contributo.

 

 

O Presidente foi recebido antes na Casa de Portugal num ambiente festivo, entrando por um corredor formado por portugueses e luso-descendentes vestidos com trajes tradicionais do Minho, ao som do hino de Portugal, interpretado por Fafá de Belém.

 

 

A Casa de Portugal em São Paulo tem sido um local obrigatório para todos os chefes de Estado e de Governo em ditadura e democracia que visitaram a cidade, que tem uma comunidade portuguesa e luso-descendente de 250 mil pessoas.

 

 

As visitas dos Presidentes da República Craveiro Lopes, Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Aníbal Cavaco Silva estão documentadas em placas à entrada, bem como a do presidente do Conselho Marcelo Caetano, e dos primeiros-ministros Mário Soares, António Guterres, Durão Barroso e José Sócrates.

 

 

“Eles não vieram numa mera formalidade, para inaugurar uma lápide, não fosse, de repente faltar a lápide de algum deles. Estas lápides não são uma formalidade. São um testemunho de uma presença espiritual do Portugal que está lá, mas que e de todos, junto do Portugal que está cá. Cá vieram em várias décadas de várias orientações políticas, de vários partidos, de vários regimes. Não interessa, unia-os Portugal”, disse, perante a comunidade.

 

 

O Presidente começou a falar logo a seguir à entoação do hino e depois de cumprimentar Fafá de Belém, a quem agradeceu a interpretação que foi “um retrato da fraternidade luso-brasileira”, com “a doçura que só uma grande cantora brasileira, mas também portuguesa, no coração, pode ter”.

 

 

De vestido comprido vermelho integral pautado apenas com um coração dourado de Viana do Castelo a cantora emocionou-se com o elogio: “Queria fazer do hino aquilo que eu vejo em Portugal, o país mais ousado do mundo”, disse Fafá de Belém aos jornalistas.

 

 

“O português tem um jeito muito próprio, da conquista, de se jogar nas coisas, de ser às vezes um pouco bruto, ríspido, porque diz o que pensa”, contou a cantora que diz encontrar-se “em cada curva do Minho” e “cada céu de Lisboa”.

 

 

A visita do Presidente da República ao Brasil enquadra-se na realização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, onde esteve na cerimónia de abertura, incluindo também passagens por São Paulo e pelo Recife, de onde parte na segunda-feira para Portugal.

 

 

TPT com: AFP//Lusa//Observador//JN//DN// 7 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Marcelo anuncia missão ao Brasil em setembro na área económica e também empresarial

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que há uma “oportunidade bilateral única” no momento que Portugal e Brasil atravessam e anunciou uma missão pública portuguesa no domínio económico e empresarial em setembro.

 

 

“O Brasil está a sair de uma recessão económica e vai sair. Portugal está a sair de uma recessão económica e vai sair. Pela primeira vez há muito tempo não há um contraciclo entre Brasil e Portugal. Há agora uma oportunidade bilateral única”, defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 

Falando em São Paulo perante cerca de 400 convidados de um jantar oferecido pela Câmara de Comércio Portuguesa, ao qual chegou acompanhado pelo presidente da Embraer, Paulo César de Souza e Silva, o Chefe de Estado anunciou que em setembro, mês previsto para a realização da cimeira da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), chegará ao Brasil uma missão pública nos domínios económico e empresarial.

 

 

A missão integrará vários membros do executivo liderado por António Costa “para debater com o executivo brasileiro perspetivas de colaboração”, disse o Presidente.

 

 

Marcelo quis sublinhar que “o Presidente da República não tem funções executivas”, mas tem, num “sistema semipresidencialista, um papel importante, muito importante, em conjunto com o Governo, na política externa, e a política externa é hoje muito política económica, financeira, social”.

 

Marcelo anuncia missão ao Brasil em setembro na área económica e empresarial 1

O Presidente da República insistiu no desafio já lançado na sexta-feira para que o Brasil assuma a liderança da CPLP, reiterando também o desafio de que a nova estratégia a ser aprovada na próxima cimeira, que se realiza em setembro, ainda sem data definida, reforce a componente económica da instituição.

 

 

“Diplomaticamente, politicamente, mas também economicamente e empresarialmente, [a CPLP] é um trunfo. Mas só é um trunfo se o Brasil quiser”, declarou.

 

 

Numa altura em que Portugal candidata António Guterres a secretário-geral da ONU e o Brasil é candidato ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, Marcelo sublinhou que “a diplomacia dos dois países é indefetível atuando em conjunto”.

 

 

O Presidente defendeu, por outro lado, que “as câmaras de comércio têm um papel fundamental a desempenhar nas relações entre Portugal e o Brasil”, mas que vai ser preciso definir o seu estatuto jurídico.

 

 

“Para se saber exatamente quais são os seus fins, quais são os seus poderes, como se podem mover no direito do Brasil e no direito de Portugal”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 

O presidente das federações de câmaras de comércio portuguesas, Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente, participou do jantar, que decorreu num hotel de São Paulo.

 

 

Antes, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido pelo Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), durante cerca de 40 minutos no Palácio dos Bandeirantes, onde decorreu também uma receção com a comunidade portuguesa.

 

 

A revitalização do Museu da Língua Portuguesa, que sofreu um incêndio em dezembro de 2015, bem como a concretização de uma Escola Portuguesa em São Paulo foram dois dos temas que ambos revelaram terem sido abordados no encontro.

 

 

Questionado pelos jornalistas, Alckmin admitiu que a participação de Portugal nos conteúdos do projeto no novo museu possa ser reforçada, sublinhando que financeiramente a reconstrução ficou quase na totalidade assegurada pelo seguro da instituição, afeta à Fundação Roberto Marinho.

 

 

Presidente da República inaugurou exposição “Amália: Saudades do Brasil”

 

 

A exposição “Amália: Saudades do Brasil” foi inaugurada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, este sábado, na sala Fernando Pessoa, no Consulado-Geral de Portugal em São Paulo.

 

Marcelo anuncia missão ao Brasil em setembro na área económica e empresarial 2

A mostra visa dar “a conhecer a relação de Amália Rodrigues com o Brasil, a importância deste país na construção da sua presença no mundo”, segundo um comunicado da organização.

 

 

Amália Rodrigues (1920-1999) deslocou-se várias vezes ao Brasil, onde gravou discos pela primeira vez, e onde criou, entre outros, o “Fado Xuxu” e “Ai Mouraria”, ambos de Amadeu do Vale e Frederico Valério, e gravou o seu primeiro poema, “Corria atrás das cantigas”, no Fado Mouraria.

 

 

A exposição “dá a conhecer a relação de Amália Rodrigues com o Brasil, a importância deste país na construção da sua presença no mundo e a influência que a artista teve e continua a ter nas novas gerações de criadores, não só na área da música como também nas artes visuais”.

 

 

A mostra inclui cartazes, o fato da estreia de Amália no Casino de Copacabana, em 1944, as partituras de “Ai Mouraria”, e ainda “inúmeros registos inéditos de som e imagem e obras dos artistas contemporâneos Vik Muniz e Francesco Vezzolli inspiradas na diva do fado”, e estará patente em S. Paulo, até dia 26 de agosto.

 

 

No âmbito da exposição e numa parceria entre as editoras Valentim de Carvalho e Biscoito Fino, iniciar-se-á a edição da discografia de Amália Rodrigues no Brasil.

 

 

O título da exposição remete para uma composição de Vinicius de Moraes, “Saudades do Brasil em Portugal”, composta para a voz de Amália, e que a gravou em dezembro de 1969, quando o criador brasileiro visitou a fadista na sua casa em Lisboa, e ali se realizou uma tertúlia, em que entre outros, participaram Natália Correia, David Mourão-Ferreira e José Carlos Ary dos Santos.

 

 

A mostra descreve a trajetória da cantora desde a sua chegada ao Brasil em 1944, para a sua primeira digressão internacional, até aos seus últimos recitais nos anos 1990, passando pelos seus primeiros discos, em 1945; pelo filme “Vendaval maravilhoso” (1949), de Leitão de Barros, sobre o poeta brasileiro Castro Alves; pelas suas inúmeras atuações nas rádios e televisões brasileiras; ou até pela participação numa telenovela da TV Record em 1971, “Os deuses estão mortos”.

 

 

TPT com: AFP//JN//Lusa//Observador// 7 de Agosto de 2016

 

 

 

 

O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria reafirma que não quer a Turquia na UE

O chefe da diplomacia austríaca anunciou que a Áustria se oporá à abertura de novos capítulos nas negociações de adesão da Turquia à União Europeia, devido à repressão imposta desde o golpe de Estado falhado de Julho.

 

 

“Tenho voto no âmbito do Conselho [Europeu] dos ministros dos Negócios Estrangeiros, onde será decidido se será aberto um novo capítulo [de negociações] com a Turquia. E sou contra”, declarou Sebastian Kurz numa entrevista a publicar no domingo no diário Kurier.

As decisões do Conselho são tomadas por unanimidade.

 

 

Esta posição é partilhada pelo chanceler social-democrata, Christian Kern, que se esforçará, por sua vez, para “convencer outros chefes de Estado e de Governo de que é preciso pôr termo às negociações de adesão com a Turquia” na cimeira europeia de 16 de Setembro, acrescentou o ministro conservador.

 

Ministro dos Negócios Estrangeiros da Áustria reafirma que não quer Turquia na UE 2

O relançamento das negociações para a entrada da Turquia na União Europeia (UE) e a isenção de vistos de entrada na UE para os cidadãos turcos são as principais contrapartidas exigidas por Ancara para continuar a bloquear o fluxo de migrantes que se dirigem para o bloco europeu, nos termos de um acordo concluído com os 28 em Março.

 

 

Céptica há vários meses quanto ao mérito deste acordo obtido pela chanceler alemã, Angela Merkel, a Áustria multiplicou as trocas de palavras com Ancara nos últimos dias, endurecendo de dia para dia a sua posição, por causa da dimensão das purgas ordenadas pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

 

 

Na quarta-feira, Kern apelou à UE para cessar as conversações de adesão da Turquia, mas sem brandir abertamente a ameaça de um veto do seu país.

 

 

Por seu lado, o MNE austríaco instou repetidamente os seus homólogos europeus a organizarem a gestão do fluxo de refugiados de forma independente da Turquia, para não “depender” daquele Estado.

 

 

“O castelo de cartas da política migratória falhada na Europa está prestes a desmoronar-se”, advertiu na sexta-feira à noite na televisão austríaca.

 

 

Em contraste, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, referiu recentemente um “risco elevado” de se ver o acordo cair por terra e alertou na quinta-feira de que uma ruptura das negociações seria “um grave erro de política externa”.

 

 

A necessidade de firmeza em relação à Turquia é uma ideia que reúne um amplo consenso na classe política austríaca, tanto na grande coligação esquerda-direita no poder como entre os partidos da oposição FPÖ e Verdes, a dois meses de novas eleições presidenciais.

 

 

TPT com: AFP//Reuters//JN//Renascença//Lusa// 7 de Agosto de 2016

 

 

 

 

 

Marcelo discutiu CPLP, “relações económicas e também financeiras” com vice-Presidente de Angola

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi um “tema cimeiro” no encontro que teve esta sexta-feira com o vice-Presidente de Angola, além das relações económicas e financeiras.

 

 

“Esse foi um tema cimeiro [a CPLP], além das relações bilaterais económicas e financeiras entre Portugal e Angola, que são muito intensas”, afirmou aos jornalistas Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu esta sexta-feira o vice-presidente de Angola, Manuel Vicente, durante cerca de uma hora no consulado português no Rio de Janeiro, onde ambos se encontram para a abertura dos Jogos Olímpicos, num encontro que não estava previsto na agenda que foi divulgada da visita do Presidente português ao Brasil.

 

 

“Havendo uma nova estratégia para a CPLP com a presidência brasileira, Angola, tal como Portugal, tem aí um protagonismo muito importante. Portugal faz a ponte, com a União Europeia, e não se esqueçam que Portugal tem defendido o acordo entre a União Europeia e o Mercosul – e Angola tem um papel importante de ponte com a União Africana”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

 

 

“Se queremos uma plataforma entre continentes tem de ser uma plataforma global”, declarou o Chefe de Estado português que hoje instou o Brasil a assumir a liderança da CPLP e preconizou para a comunidade um cunho “mais económico”.

 

 

No encontro com Manuel Vicente estiveram também o ministro das Relações Exteriores de Angola, Georges Chikoti, e o embaixador de Angola no Brasil, Nelson Cosme.

 

 

À saída do Palácio de São Clemente, no bairro de Botafogo, Manuel Vicente recusou fazer declarações à imprensa.

 

 

Marcelo insta Brasil a assumir a liderança de uma CPLP “mais económica”

 

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu esta sexta-feira uma Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) “mais económica” e instou o Brasil a assumir a liderança, sublinhando que se trata de um “instrumento diplomático poderosíssimo”.

 

Marcelo discutiu CPLP e relações económicas e financeiras com vice-Presidente de Angola 2

“Todos nós esperamos, portugueses, e outros países irmãos da CPLP, que o Brasil assuma a liderança. Uma potência mundial tem de tirar proveito de todos os instrumentos diplomáticos que tem e a CPLP é um instrumento poderosíssimo que o Brasil deve utilizar”, afirmou aos jornalistas o Chefe de Estado português, no terceiro dia de uma visita de seis dias ao Brasil.

 

 

Antes de almoçar com cerca de 30 empresários luso-brasileiros, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou os sinais de crescimento que vê surgir na economia brasileira enquanto uma oportunidade para empresas portuguesas.

 

 

Questionado sobre a expectativa que tem para a cimeira da CPLP, que o Brasil organizará em novembro, em local e data ainda a definir, o Presidente respondeu: “Tenho uma expectativa muito lata, mas depende do Brasil. Está nas mãos do Brasil”.

 

 

“Há países de todos os continentes a querer entrar na CPLP como observadores – o Japão, a República Checa, a Hungria, países africanos, países asiáticos. Não faz sentido não aproveitar para redefinir a estratégia da CPLP. Tem de ser uma estratégia mais económica”, afirmou.

 

 

“A língua é fundamental, a cultura, a educação, tudo isso é importante, mas a economia, finanças, tecnologia, ciência, é o futuro”, frisou.

 

 

Marcelo vê sinais de crescimento na economia brasileira que considera importantes para Portugal: “Significa aumento de comércio, onde caiu foi importação/exportação, sobretudo exportação portuguesa para o Brasil”.

 

 

“Isso mudando, com o crescimento brasileiro, é importante para Portugal. Por outro lado, há projetos para aumentar a relação no plano do investimento. A AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo), em Portugal, ligada com as instituições brasileiras, estão agora a programar um salto em termos de projeto de investimento”, afirmou.

 

 

Esse investimento será em vários domínios, apontou, desde a “exploração de recursos naturais até às PME [pequenas e médias empresas] e o que se chama ‘start up’”.

 

 

“Em torno das Olimpíadas nós encontrámos empresas portuguesas na organização da abertura, nas medalhas, numa série de estruturas, que são empresas e PME que têm perspetivas. A construção civil tudo indica que vai aumentar no Brasil, isso é bom para as construtoras portuguesas”, sustentou.

 

 

Apesar de experiências anteriores como a da PT, Marcelo aconselharia empresas portuguesas a investirem no Brasil e defende que “há domínios em que é possível ir mais longe na colaboração”, mas que “não serão, porventura, as grandes empresas”.

 

“Há muitas médias empresas a entrar no Brasil”, disse.

 

Entre os empresários presentes no almoço oferecido por Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de São Clemente, o Consulado de Portugal no Rio de Janeiro que se situa no bairro de Botafogo, estiveram representantes do Grupo Guanabara Diesel, Supermercados Guanabara, Restaurantes Itahy, COBA Group, Petrogal Brasil, CASAIS Brasil, Universidade Lusófona Brasil.

 

 

A Teixeira Duarte, o Vila Galé Rio de Janeiro, os Supermercados Mundial, Supermercados Real, Transportes Galo Branco, Banco BBM, a FIRJAN Internacional, foram outras das empresas representadas, bem como a Associação Comercial do Rio de Janeiro, presidida por Paulo Protásio.

 

 

TPT com: AFP//DD//Lusa//Público//Observador// 6 de Agosto de 2016

 

 

 

 

Onda recente de polémicas afunda Donald Trump nas sondagens para presidente dos Estados Unidos

O fosso nas sondagens entre Hillary Clinton e Donald Trump aumentou consideravelmente, com as sondagens a nível nacional a colocar a candidata democrata entre 9% e 14% acima do seu adversário do Partido Republicano. Ao nível dos estados, Donald Trump também perde terreno nalguns swing-states como a Florida, o Ohio ou a Pennsylvania.

 

 

Estes números surgem na sequência de Donald Trump ter posto em causa o discurso e a postura de Khizr Khan, um muçulmano cujo filho morreu a serviço dos EUA no Iraque, com quem acabou por se envolver numa troca de palavras. Além disso, demonstrou que não está inclinado para apoiar Paul Ryan e John McCain, duas das figuras mais destacadas do Partido Republicano, nas eleições primárias que enfrentam nos seus Estados.

 

 

Entre 3 e 4 de agosto foram publicadas três sondagens que provam que os mais recentes incidentes da campanha de Donald Trump prejudicaram os números da sua candidatura e resultaram numa subida de Hillary Clinton. Naquela que foi a primeira sondagem da Fox Newsrealizada após as convenções dos dois partidos, Hillary Clinton surge com 44% das preferências de voto a nível nacional, contra 35% para Donald Trump. Em terceiro, aparece Gary Johnson, do Partido Libertário, com 12%.

 

 

Na sondagem da NBC com o Wall Street Journal de 4 de agosto, ficou determinado que 47% dos eleitores vão votar em Hillary Clinton e 38% vão escolher Donald Trump. O fosso aumenta ainda mais na sondagem da McClatchy, lançada na mesma data, onde a candidata democrata aparece com 48% e o republicano com 33%. Ou seja, distam 15% um do outro — um resultado particularmente assinalável tendo em conta que numa sondagem realizada no mês anterior pela mesma agência, Hillary Clinton tinha apenas 3% de vantagem sobre Donald Trump.

 

 

Neste momento, de acordo com o Huffington Post Pollster, que agrega os resultados de todas as sondagens relevantes dos EUA e faz uma média delas todas, Donald Trump perderia nas eleições de 8 de novembro ao conquistar 39,8% dos votos, aquém dos 47,2% de Hillary Clinton.

 

 

A bem da comparação, recorde-se que Barack Obama venceu John McCain em 2008 com uma vantagem de 7,2%; e foi reeleito com mais 3,9% dos que Mitt Romney, em 2012. Mas nem sempre as percentagens a nível nacional são o indicador mais correto. Afinal de contas, em 2000, George W. Bush saiu vitorioso apesar de ter ficado com menos 0,5% do que Al Gore.

 

 

Por isso mesmo, importa ver as sondagens nalguns estados onde há pouca tradição de um único partido e que, por isso, podem pender para cada lado. São conhecidos como os swing-states — e, segundo as sondagens, também aqui o vento sopra a favor de Hillary Clinton. Entre estes, Hillary Clinton tem uma vantagem de 9% no Michigan; 11% naPennsylvania; e 15% no New Hampshire.

 

 

São boas notícias para Hillary Clinton. Mas não são as únicas. Na Florida, o estado que foi decisivo nas eleições de 2000, uma sondagem de 4 de agosto coloca-a com 6% de vantagem sobre Donald Trump. Segundo os cálculos do The New York Times, se Hillary Clinton vencer na Florida, é certo que será a 45º Presidente dos EUA.

 

 

Nos EUA, fala-se de uma possível desistência de Donald Trump

 

 

Vários membros destacados do Partido Republicano estão “a explorar, ativamente” o que aconteceria se Donald Trump desistisse da corrida pela Casa Branca, tal é a confusão e a frustração que muitos sentem perante a estratégia recente do candidato. A ABC News é apenas um dos órgãos de comunicação social nos EUA que escreve sobre esta possibilidade, mas Donald Trump garante que a sua campanha está “mais unida do que nunca”.

 

Onda recente de polémicas afunda o candidato republicano Donald Trump nas sondagens 2

A última semana foi terrível para Trump, algo que se poderá ter refletido nas sondagens — a CBS coloca-o bem atrás de Hillary Clinton (46% vs 39%), quando há poucas semanas apontava para um empate entre os dois candidatos. Em termos mediáticos, o caso mais penalizador terá sido as críticas de Trump à família de um soldado de origem muçulmana que se inscreveu no exército quatro dias depois do 11 de setembro e que morreu no Afeganistão.

 

 

Os familiares apareceram na Convenção Democrata para criticar Trump pela sua proposta de introduzir uma proibição temporária para a entrada de muçulmanos nos EUA, algo que Donald Trump criticou duramente.

 

 

Numa entrevista à ABC News, Donald Trump foi questionado pelo facto de ter dito que o pai do soldado Humayun Khan “não fez qualquer sacrifício” pelo país. Por seu turno, Trump, esse sim, sacrificou-se através do seu trabalho como empresário, que permitiu dar emprego “a milhares e milhares de pessoas”.

 

 

Trabalho muito, muito duramente. Criei milhares e milhares de empregos, dezenas de milhares, construí grandes estruturas. Tive um sucesso tremendo. Penso que conquistei muito”

 

 

Algumas das críticas mais fortes a Trump, por causa deste incidente, vieram do ex-candidato Republicano e senador John McCain. “Ainda que o nosso partido lhe tenha atribuído a nomeação, isso não significa que [Trump] tenha carta branca para difamar aqueles que estão entre os nossos melhores cidadãos. Não tenho palavras suficientes para vincar quanto eu discordo com a declaração do Sr. Trump”, afirmou John McCain, num comunicado emitido na segunda-feira.

 

 

A controvérsia terá sido um enorme tiro no pé por parte do candidato republicano, mas a gota de água para muitas pessoas no Partido Republicano foi a indicação por parte de Donald Trump de que não se sente confortável em apoiar Paul Ryan nas primárias do partido no Wisconsin, num processo eleitoral que está a decorrer para os organismos estaduais.

 

 

Nas últimas horas, surgiu a informação de que, ao contrário de Trump, o seu parceiro de corrida Mike Pence apoia Paul Ryan.

 

 

Pelo meio, o caso caricato de Donald Trump a pedir a uma mulher que abandonasse a sala onde estava a fazer um discurso, por ter ao colo um bebé que estava a chorar.

 

 

Mas como poderia Donald Trump desistir, ou ser forçado a desistir? Segundo a ABC News, o empresário teria de abandonar a corrida por sua própria iniciativa. Não existe qualquer mecanismo previsto para retirar a nomeação a Trump pelo que, segundo um especialista jurídico contactado pelo canal televisivo, Trump teria de desistir até setembro, para dar tempo ao Partido para encontrar um substituto.

 

 

Contudo, ao garantir que o partido “está mais unido do que nunca”, Trump parece descartar a hipótese de desistir. Isto apesar de notícias de que muita gente na campanha estava muito desanimada e que Trump estaria prestes a “meter a viola no saco”.

 

 

TPT com: AFP//Lusa//ABC News// João de Oliveira Dias//Edgar Caetano//Observador// 6 de Agosto de 2016